História The Call Of Insanity - Dyers Eve

A noite não podia melhorar. Todos estávamos nos divertindo, nos dando bem e pela primeira vez eu e James estávamos no mesmo cômodo sem brigar. Uma alegria enorme crescia cada vez mais dentro de mim.

Decidimos que iriamos até a praia. Sempre que bebemos um pouco temos uma louca mania de desejar locais abertos como parques ou praias. Pedi a eles que fosse comigo até a minha casa primeiro. Queria  colocar chinelos e se Tracy estivesse acordada chama-la para ir conosco.

O meu apartamento se localizava a uns 15 minutos de lá. Kirk e Lars cantavam como dois bêbados no meio da rua, o que me fazia rir como uma retardada. Cliff estava viajando no céu, árvores e casas, coisa normal de Cliff. James e eu caminhávamos lado a lado em silencio.

-Parabéns de novo pela apresentação –para a minha surpresa foi ele quem quebrou o silêncio.

-Obrigado... foi muito bom tê-los lá hoje –sorri

-É... Sabe, San Francisco não é a mesma sem você

-Uma paz muito grande deve ter chegado lá depois que vim para cá

-Talvez –ele riu e eu fiz o mesmo –mas não tenho mais com quem discutir

-Isso é mentira, ele discute com todo mundo o dia todo –Lars gritou enquanto corria de forma aleatória

Nos dois rimos daquilo. Era tão bom poder conversar com James sem ter de usar o meu tom de voz durão ou ter de ser defensiva a cada palavra que saia de sua boca. Éramos naquele momento como dois velhos amigos.

Não posso negar que tudo aquilo que sentia por ele não me fazia tremer e ter calafrios a cada som de sua voz. Apesar de longe, eu ainda guardava sentimentos por eles, mesmo ele não correspondendo.

Faltavam apenas alguns quarteirões para a minha casa.  No momento eu e Tracy estávamos morando em um simples complexo de apartamentos. Não era nada muito grande; dois quartos, um banheiro e uma sala que servia também como cozinha. Era o suficiente.

Subi os degraus e peguei a chave em minha bolsa. Ao abrir a porta notei que tudo estava apagado. Uma sensação muito estranha tomou conta de mim. Tracy não era o tipo de pessoa que deixava todas as luzes apagadas. Ela odiava a escuridão e sempre deixava pelo menos a luz do banheiro acesa. Fui até o meu quarto de troquei o meu sapato. Todos me esperavam na sala. Resolvi checar se Tracy ainda estava dormindo.

-Tracy? Você está acordada?

Ela não respondeu. Resolvi então entrar em seu quarto e acender a luz.

POV James

Estávamos todos na casa de Jade a esperando trocar de sapato. Era um lugar simples, mas tinha a sua cara. Alguns posters pregados na parede, vinis por todos os lados e é claro roupas jogadas pelo chão. Jade disse que iria checar se sua amiga ainda estava dormindo.

-TRACY! TRACY! –Jade gritava histericamente e eu não entendia o que estava acontecendo

Corremos todos para o quarto para ver o que estava acontecendo. Não conseguia acreditar no que via.

Tracy, a amiga de Jade, estava deitava sobre a sua cama de barriga para cima e com os olhos abertos. Havia restos de cocaína espalhados pela mesa do quarto e o nariz da tal garota estava com leves gotas de sangue.

-TRACY POR FAVOR ACORDA –Jade chorava desesperadamente enquanto sacodia a garota –EU SEI QUE VOCÊ NÃO FARIA ISSO COMIGO, VOCÊ PROMETEU!!

Eu não conseguia ver Jade daquele jeito. Suas lagrimas eram cada vez mais intensas e os seus olhos estavam cheios de desespero, dor e angustia. Tracy havia morrido de uma overdose, como Jade iria aceitar isso?

 -VAMOS, ACORDA, ANDA LOGO! –ela gritava enquanto se encolhia no canto do quarto

Sentia um grande aperto do peito, me aproximei de Jade e confortando em meus braços. Ela não relutou.  Colocou a sua cabeça sobre o meu peito e se pós a chorar. Eu passava minha mão sobre seus cabelos tentando acalma-la. Aquilo não podia estar acontecendo, justo quando a sua vida estava tomando rumo.

Suas lagrimas molhavam a minha camisa cada vez mais. Lars, Kirk, Cliff e Will estavam paralisados diante daquela situação. Ninguém sabia o que fazer ou falar, nem muito mesmo como ajudar Jade naquela hora.

-Alguém chama a porra da ambulância! –gritei agoniado

Will correu até o telefone e discou para o 911. Aquilo não parecia ser real. A garota estava lá, jogada. O seu estado era terrível. Seus olhos virados e sangue escorrendo pelo nariz. Tentei me levantar e levar Jade para outro lugar para que ela não precisasse mais ver aquela cena.

-NÃO JAMES, EU NÃO POSSO DEIXA-LA –ela relutava enquanto chorava

-Vamos para outro lugar, ficar aqui só vai te fazer mal –eu a puxava pela cintura enquanto ela tentava resistir

-Eu não posso deixa-la, eu prometi –ela se virou para mim e com os olhos cheios de lagrimas falou baixo e quase sem forças

-Você não vai deixa-la, mas agora quem precisa se acalmar é você – falei com um tom de voz suave e que a transmitisse calma

Ela simplesmente fez que sim com  a cabeça e nos dirigimos até a sala. Alguns minutos depois a ambulância chegou e a colocou em uma maca. Jade não possuía mais lagrimas, mas continuava a chorar encostada em meu ombro. Segundos depois da ambulância sair o tal Fred chegou.

-Jade, o que houve? –ele fala confuso

Jade se levantou e eu podia ver a raiva e magoa em seus olhos. Ela se aproximou dela e enxugou as lágrimas.

-UM DIA, UM DIA QUE EU PEDI PARA VOCÊ CUIDAR DELA PARA MIM –ela parou por um segundo sem folego –UMA MERDA DE DIA, E O QUE VOCÊ FAZ? A DEIXA SOZINHA

-Eu não queria...

-O QUE? VOCÊ NÃO QUERIA O QUE? SER BABÁ DE UMA EX VICIADA? –suas palavras eram fortes e eu podia ver o desespero nos olhos do rapaz

-Jade, se acalme... –tentei amenizar a situação

-NÃO JAMES, VOCÊ NÃO ENTENDE? UMA MERDA DE DIA QUE EU PEDI PARA ELE CUIDAR DELA PARA MIM PARA QUE EU PUDESSE ME DIVERTIR E OLHA O QUE ACONTECE! –ela caminhou até a porta –me escute bem Fred, eu quero que saia por essa porta e nunca, NUNCA mais me procure.

-Jade, eu sinto muito...

-Um “eu sinto muito” não trará a Tracy de volta –aquela frase saiu de forma curta, grossa e fria

O rapaz apenas caminhou cabisbaixo para fora do apartamento e Jade fechou a porta. Ela pegou a sua bolsa e saiu de casa. Todos fomos atrás para garantir que ela não fizesse nenhuma loucura.

-Jade, onde você vai? –disse tentado alcança-la

-Ao hospital

-E você sabe para qual estão a levando? –Lars completou

-Sei

Jade parecia fora de si. O seu rosto e olhos estão vermelhos e inchados. Ela praticamente corria  enquanto nos tentávamos segui-la.

Chegamos a um grande hospital e Jade entrou com pressa. Se dirigiu logo a recepção.

-Eu preciso ver Tracy Carter, ela acabou de dar entrada aqui por overdose.

-Claro, apenas preencha a papelada e...

-EU NÃO TENHO TEMPO PARA PORRA DE PAPELADA NENHUMA, EU PRECISO VÊ-LA –a atendente se assustou

-Jade, calma –me aproximei dela

-CALMA O CARALHO, ELA ESTÁ NAQUELAS CONDIÇÕES E QUEREM QUE EU PREENCHA PAPELADA –ela fala alto e com um tom de raiva

-Deixa que eu cuido disso –Will se manifestou –James, leva ela para se sentar

 A peguei pela mão e fomos até algumas cadeiras que estavam perto da maquina de doces. Suas mão tremiam e estavam frias.

-Jade, eu sei que quer estar perto dela, mas o melhor que pode fazer dessa situação é esperar

Ela pareceu entender, apesar de não gostar da ideia. Ficamos ali por um bom tempo. Jade por fim acabou adormecendo em meu ombro. Ela parecia cansada, cansada de tanto chorar e relutar. Depois de algumas horas um médico finalmente chegou.

-Responsáveis pela Sr. Tracy Carter?

Jade deu um pulo e correu em direção ao medico. Ela parecia aflita, preocupada e mesmo que parece inútil com uma mínima faísca de esperança.

-Sou eu doutor –ela falou ansiosa

-Bem, eu sinto muitíssimo em lhe informar, mas Tracy infelizmente não resistiu.

Naquele momento eu pude ver que tudo a sua volta desmoronou. A sua feição mudou completamente.