História The Case of White Cube - Forever my precious

Justin

Enquanto Dean Henderson é algemado por um policial olho para Faith e percebo em seus olhos lágrimas se acumulando, e a cada instante o brilho que emana deles corta um pouco mais o meu coração. Não sei definir se suas lágrimas são de felicidade por estar finalmente livre, se ela ouviu que a amiga morreu por nos ajudar ou se é um misto das duas coisas.

— Chore Faith, pode chorar eu estou aqui. — seus braços finos se enroscam em eu pescoço.

A vejo ficar sobre as pontas dos pés e enfiando seu rosto na curvatura de meu pescoço. Posso ouvir seu choro baixinho. Acaricio suas costas enquanto a deixo chorar. Às vezes palavras não ajudam e temos que apenas mostrar para a pessoa que estamos aqui para elas e por elas.

— Detetive Bieber, temos que recolher as provas. — sou desperto pela voz do outro poclial, que me encara sem graça pelo fato ter interrompido o meu momento com Faith. Procuro com meus olhos pela presença de Dean na enorme sala, mas não o vejo mais. — O’Conner quer pegar o depoimento das jovens e do réu hoje mesmo. Ele já mandou um mandado para fechar o local, preciso que a moça me acompanhe a viatura veio busca-la.

Faith aperta minha cintura em um claro sinal de quem não quer se separar de mim. O homem apaixonado e o homem protetor que existe dentro de mim também não quer deixa-la sozinha por um segundo a mais se quer, mas o homem racional sabe que existem protocolos a ser seguido, o que me lembra de que o caso precisa ser fechado.

— Faith. — a separo delicadamente de mim para que possa olhar dentro de seus olhos como se fosse uma criança, e no momento ela remete sim ser uma criança.

Faith está acuada e frágil, seus ombros não estão eretos e sim curvados, seus dedos enroscam um no outro... Deus, como eu a amo. Essa genuinidade foi um dos motivos que me fez ficar irrevogavelmente apaixonado pela mulher de olhos safiras.

— Você está segura agora, nada mais vai te ferir meu amor, vá com o policial, acabe com aquele desgraçado, chegou sua vez. — a vejo sorrir e isso faz com que eu sorria também. — Eu tenho que terminar algumas coisas aqui, mas logo estaremos dentro de um avião voltando para nossa casa. Eu amo você.

Dou-lhe um beijo escasso e o policial a acompanha para fora do apartamento. Não demora mais que dois minutos para que um analista e um hacker passem pelas portas duplas indo imediatamente para o quarto do nosso réu, e com poucos minutos conseguimos a senha de seu escritório sem ao menos precisar de um breve interrogatório.

O cômodo todo branco não tem nada de atrativo apenas um cofre e uma mesa luxuosa com uma cadeira majestosa toda em coro acolchoada. Reviro o lugar de ponta cabeça e tudo, exatamente tudo está ali. Desde o início de algumas coisas mascaradas, nada que a equipe investigativa do FBI possa revelar.

Pego um saco plástico e coloco todos os papéis com cuidado ali dentro e desço rapidamente as escadas indo para o primeiro andar. Vejo uma senhora com os olhos arregalados e posso ver perfeitamente que ela não entende nada do que está acontecendo. Paro em sua frente.

— Boa tarde senhora sugiro que comunique algum parente do senhor Henderson que ele está detido em nosso departamento. Eles decidiram o que irão fazer com os empregados, provavelmente os bens dele serão congelados e sinta-se livre para deixar o emprego, nada acarretará para senhora. Tenha um bom dia.

Sem mais delongas saio do apartamento vendo um carro disponível para mim e os dois homens que me ajudaram na recolha de provas. Entramos ali e logo a sirene dispara para que todos os carros nos dê passagem.

— Ficamos a par de sua história detetive, eu no seu lugar não sei o que faria. O senhor foi um homem honrado Bieber, mesmo tendo sua mulher traficada você manteve sua cabeça fria e a salvou de modo honroso. — a voz grossa do analista preenche o carro que está em silêncio.

Nem sempre me mantive de cabeça fria, porém a promessa que Faith me pediu de me manter em segurança e o pedido desesperado de seus olhos para a tirar dali sempre que a via, assim como sua coragem e determinação em não pensar somente em si, mas também em todas as mulheres dali me deu forças não só para salvar ela e sim derrubar a White Cube, e acabar com Dean Henderson.

— Acredite não foi fácil. Foi amor que sinto por ela me sustentou por todo este mês. —apenas digo isso e o vejo sorrir ao mesmo tempo em que vejo seus olhos se iluminarem.

— Eu espero ter isto um dia detetive Bieber, ter alguém que me transmita força. — sorrio de verdade ao me lembrar de quanto era zoado na delegacia por ser totalmente fiel e apaixonado pela minha mulher, e o tanto que Henry fugia desse sentimento chamado amor.

— Acredite, neste dia será o homem mais sortudo deste mundo. — olho para o jovem analista que está a poucos meses no FBI, e dou ao máximo vinte anos para ele. — Claro que depois de mim, pois a mulher mais linda e meiga já me pertence e acima de tudo eu tenho a fé na pessoa ao meu lado, eu tenho Faith. — digo um pouco descontraído e todos no carro gargalham.

Tudo que disse é verdade Faith não é qualquer mulher, tanto que seu nome tem um grande significado ‘fé’ e foi isso que fez nós dois, mas principalmente ela a ficar de pé quando tudo desmoronou oito meses atrás.

(...)

Ao entrar no departamento sorrio ao ver várias meninas se abraçando, outras com algum celular no ouvido enquanto choram, provavelmente conversando com algum familiar. Em um canto, sozinha e cabisbaixa vejo Faith triste. É, ela sabe que Luna está morta. Quando penso em ir até ela meu superior aparece no corredor.

— Vamos começar com o depoimento, me acompanhe detetive esse caso é seu. — assinto, para meu superior, mas no instante em que meu olhar se encontra com o de Faith eu digo:

— Com todo prazer O’Conner, mas antes eu preciso fazer uma coisa. — seu olhar acompanha o meu e ele parece entender sorrindo e fazendo um sinal positivo com sua cabeça.

Caminho rapidamente pelo corredor, ela me encara e não se contém, praticamente corre pelo corredor. Seu corpo bate contra o meu e nesse instante a abraço, logo lhe dando um beijo longo e apaixonado. Seu coração está acelerado, posso sentir o gosto salgado de suas lágrimas, e seus dedos apertam meu colete. Rio contra seus lábios quando as meninas que estão no corredor batem palmas e gargalham eufóricas, pela primeira vez uma gargalhada verdadeira. Separo-me de Faith pegando em seu queixo.

— Temos muito que conversar Faith. Mas, apenas aproveite um pouco com elas. Sei que está doendo sua perda, mas elas devem querer saber o que de fato aconteceu. Enquanto isso vou organizar como vamos tomar seus depoimentos.

Afasto-me e a vejo entrar na roda que se formou para ela, posso ouvir muitos obrigados, muitas perguntas curiosas, além de algumas até indiscretas e ouço um risinho de Faith. Sorrio. Fecho a porta ao entrar na sala que O´Conner está e o vejo olhando para mim sério como sempre porém vejo seus olhos felizes.

— Espero que goste de muita cafeína e rosquinhas açucaradas, temos uma longa noite pela frente detetive Bieber.

(....)

O’ Conner não estava brincando quando disse que a noite seria longa. O relógio marca exatamente dez da noite, meu corpo está cansado e a todo instante luto contra o desejo de fechar as pálpebras. Meus ombros doem, e a cadeira da sala de interrogatório tornou-se o meu pior pesadelo. Todas as mulheres de White Cube passaram pela sala de interrogatório contando suas histórias, que devo dizer, cada uma mais triste e infeliz do que a outra. Algumas foram abusadas por seus namorados, outras vendidas por suas famílias, e algumas já vendiam o corpo antes, mas foram arrancadas das ruas pelos capangas de Dean e obrigadas a trabalhar em White Cube.

— Chegou a hora Bieber, não podemos adiar mais. — o encaro fixamente, e solto um suspiro pesado. — Preciso ouvir o depoimento de sua esposa. — completa.

— Eu não posso fugir disso pra sempre.

— Não, não pode. — dito isso ele saí da sala, e sei que quando voltar estará acompanhado de Faith.

Durante todo o dia eu evitei esse momento, temendo o que irei ouvir. Depois de saber a história trágica de cada mulher ali presente ouvindo os detalhes cruéis de cada uma delas, isso me fez pensar se Faith também havia sofrido tanto. Eu sabia a história, mas apenas superficialmente. Nunca lhe perguntei os detalhes. Nunca tive coragem.

Ouço a porta se abrir, mas não direciono meu olhar em sua direção. Sei que devo lhe passar força, mas até mesmo os homens mais fortes têm direito a momentos de fraqueza.

— Senhorita Bieber, meu nome é Jack O’ Conner. — ouço o barulho da cadeira sendo arrastada, e de soslaio posso vê-la se sentar. — Eu sei que está cansada, e imagino que deva ser doloroso relembrar o passado, mas eu preciso que me conte exatamente o que aconteceu no dia que te pegaram.

O silêncio se faz presente, e mesmo sem encará-la sinto o peso de seus olhos sobre mim. Fecho minhas mãos em punho, apertando-as o máximo possível e me forço a erguer o olhar. Faith precisa de mim. Eu preciso ser forte. A passos largos eu caminho até ela, ajoelhando ao seu lado e pegando em sua mão, beijando a pele macia da mesma.

— Meu amor eu sei que é difícil, mas nós precisamos saber tudo. — ela assente.

— Eu estava em casa, era pouco mais de duas da tarde e eu ainda estava brava com Justin por causa da nossa briga. Pensei em ligar pra minha mãe, mas antes pudesse subir e pegar o celular a campainha tocou. — ela faz uma pausa e vejo seus olhos marejarem. — Tudo aconteceu muito rápido, assim que abri a porta um homem me agarrou. Eu tentei lutar. Tentei fugir, mas ele era muito mais forte do que eu.

— Esse homem era Joseph Morgan? — pergunta O’ Conner.

— Não, eu não sei quem era. Eu só conheci Joseph quando cheguei ao aeroporto de Chicago.

— Continue Faith. — peço, depositando outro beijo em sua mão.

— Eles me obrigaram a fazer uma mala, a ligar para minha mãe e escrever uma carta para meu marido. Não me lembro de muita coisa depois disso, tenho quase certeza de que fui dopada.

— Consegue identificar os homens que te sequestraram?

— Sim, eu jamais irei conseguir esquecer aqueles rostos. — uma lágrima solitária escorre por sua bochecha e rapidamente eu a limpa com meu polegar.

O’ Conner coloca um álbum sobre a mesa, bem na frente de Faith e logo a foto de Garcia aparece em seu campo de vista.

— Faith, esse é o homem que lhe fez? — a pergunta de O’ Conner é apenas uma formalidade eu sabia muito bem que foi Garcia quem a pegou, afinal o desgraçado teve a coragem de confessar isso na minha cara e claro, contei tudo a meu chefe.

— S-Sim, foi ele. — ela responde com dificuldade.

— Agora Faith eu só preciso que nos conte o que aconteceu com White Cube.

— Foi horrível. — ela começa a dizer. — Dean é doente, completamente louco. Ele bateu naquelas garotas. Ele bateu em mim, e me fez de sua boneca sexual. Eu tenho nojo daquele homem, ele é um monstro. — então ela chora, chora sem vergonha. Suas bochechas tornam-se vermelhas e ela inclina seu corpo para o lado me abraçando.

— Por favor, senhor já chega. Nós temos o suficiente. — peço com a voz mansa. Ele me encara por alguns instantes, até finalmente dizer:

— Tudo bem. — suspira. — Vou lhe dar cinco minutos com sua esposa, mas não mais do que isso. Ainda precisamos interrogar o Henderson.

No instante em que a porta é fechada e eu fico sozinha com minha mulher eu abraço Faith ainda mais, apertando-a contra meu corpo. Sinto minha camisa social ficar úmida, mas não me importo.

— Eu preciso saber o que houve com Luna. — ela sussurra.

— Faith...

— Não Justin, eu preciso saber. — insiste, afastando-se apenas o suficiente para poder me encarar.

Solto um longo e pesado suspiro.

— O corpo dela foi encontrado na zona leste da cidade, ela estava muito machucada. Quase não a reconheci.

— A culpa é minha. Luna ainda estaria viva se eu não a tivesse envolvido nisso.

— Nunca mais repita isso. — apenas do tom manso, minha fala soa ríspida. — O culpado aqui é o Dean, foi ele quem a matou.

— Ela era uma boa pessoa, Justin. — as lágrimas se fazem presente novamente.

— Eu sei, e sinto muito por sua perda. Mas, isso não é sua culpa.

Quando os cinco minutos de O’ Conner acabam eu peço para que Faith pegue a chave de meu apartamento e vá descansar, mas ela como a boa mulher teimosa que é insiste em que me esperar. Eu protesto, até mesmo discuto, mas é claro que ela bate o pé e se impõe. E por mais que eu realmente queira que ela descanse confesso que adorei nosso desentendimento, pois isso trás de volta a normalidade para nossas vidas. Senti falta de minha mulher teimosa, brigona e mimada. Senti falta dessa Faith.

— Então quer dizer que durante todo esse tempo você estava contra mim? — indaga Henserdon ao adentrar a sala de interrogatório com os pulsos algemados e uma expressão de poucos amigos.

— Você não é tão esperto quanto imagina Henderson. — ele se senta a minha frente.

— Parabéns detetive, eu o subestimei, mas isso não significa que o jogo tenha acabado. — balanço a cabeça negativamente.

— Está tudo acabado Henderson. Suas contas foram congeladas. White Cube está fechada e todas as garotas foram libertas. Esse jogo está definitivamente encerrado e a melhor parte é que você perdeu. — não posso evitar me sentir bem ao dizer tais coisas.

— É ai que você se engana detetive. — Dean relaxa os pulsos algemados sobre a mesa. — Eu posso passar anos na cadeia. White Cube pode estar fechada, e as minhas preciosas libertas, mas não importa o que aconteça eu sempre serei parte da vida delas, inclusive de Faith. Ela nunca irá me esquecer detetive, eu serei parte da vida da sua mulher pra sempre. Parte de mim sempre estará na mente de Faith, e não importa o que você faça ou quanto tempo passe, ela sempre se lembrará de que um dia foi minha preciosa.