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História The Change- Fillie - Capítulo 10


Escrita por: MabelSousa

Notas do Autor


Boa leitura ♥️

Capítulo 11 - Capítulo 10


Millie

Ouvir tudo aquilo me deixou em um estado único de transe.

Finn tinha um passado com alguém, um passado do qual ele não contou, e duvido muito que um dia contaria completamente, mas só com as simples informações que consegui obter era o suficiente para saber que algo terrível tinha acontecido com ele. Algo que havia lhe deixado marcas profundas e dolorosas.

 Percebi pela primeira vez o quanto o assunto o perturbava e o quanto era complicado me falar, porém suas palavras finais foram o bastante para me mostrar que apesar de tudo, Finn estava disposto a esquecer, ou como ele mesmo disse, encobrir a dor com uma outra coisa.

Eu queria fazer aquilo por ele, não sabia como, mas eu poderia ajudar de alguma forma. Quem quer que fosse aquela mulher, ela estava longe em um lugar que eu pretendia deixar até que fosse esquecida completamente.

Finn também queria, eu tive total certeza quando me joguei em seus braços e o beijei. Ele precisava disso talvez mais do que fosse capaz de admitir. Em outra situação provavelmente eu iria me sentir mal como uma espécie de prêmio de consolação ou que estivesse sendo usada, mas não naquela vez pois eu me doaria inteiramente e ele não precisava me pedir, eu iria de boa vontade.

Para comprovar isso, o beijei com tudo de mim como se com o nosso contato eu pudesse ir fazendo sua mente se perder dela e se fixar apenas em mim. Era isso que eu queria.

Ele segurou minhas costas me deixando deitada sobre seu corpo e nossas línguas giraram uma na boca do outro em movimentos lentos, molhados e precisos. No entanto, nada me parecia suficiente. Meu corpo estava quente, minha cabeça muito determinada, minhas mãos ansiosas e o meu tempo era limitado. Se eu não avançasse, se não ultrapassasse aquele limite, nada faria sentido algum. Eu precisava de mais.

Afastei nossas bocas e me sentei sobre ele o prendendo com minhas pernas. Finn me olhou confuso, a boca entreaberta passando o ar que eu havia sugado de seu corpo. Eu levei as mãos até a parte de trás do meu pescoço começando a desfazer o nó do biquíni. Seus olhos ficaram alarmados porém o choque foi tanto que Finn não conseguiu se mover para me parar a tempo. A parte de cima do biquíni caiu para frente expondo meus seios para fora e o vento frio da noite bateu sobre minha pele, a sensação do arrepio foi ainda mais devastadora do que nunca.

Finn deglutiu, mas seus olhos não saíram dos meus mesmo quando eu estava ali seminua em sua frente mordendo o lábio. Ele respirou fundo e usou uma mão para tocar no meu ombro.

-Você não precisa fazer isso. -Ele disse com um tom firme mas sua mão tremeu em contraste.

Como eu havia dito, Finn negava muito bem com palavras, mas seu corpo sempre lhe traia.

-Você está errado. -Eu neguei com a voz rouca. -Eu preciso e eu quero.

Sem esperar mais nenhuma palavra me deitei sobre ele novamente o beijando com ainda mais firmeza do que antes. Nossas peles agora na parte de cima estavam nuas e encostando uma na outra e a sensação levou uma onda quente até o interior das minhas pernas inquietas.

Me lembrei das palavras de Rose mais cedo, me dizendo que era cedo para dormirmos juntos e que quando acontecesse tinha que ser especial, porém não seria a quantidade de tempo esperado que determinaria isso. Estar com ele, de qualquer forma, onde fosse seria especial pelo simples fato de ser ele. Ninguém mais.

Como se tivesse pensado na mesma coisa, Finn trabalhou a mão em minhas costas soltando o último nó do biquíni me livrando completamente da peça. Eu gemi em aprovação e ele engoliu o som com perfeição.

Girei meu corpo para o lado caindo sobre a grama e o puxei para cima de mim rapidamente. Queria senti-lo e foi o que aconteceu quando Finn se estabeleceu no meio das minhas pernas. Por cima do biquíni senti a ereção me cutucar e forcei ainda mais nosso encontro enquanto beijava seu pescoço e ombros. Seu corpo tremeu com um espasmo e ele firmou os dedos em minhas coxas.

O calor estava se tornando cada vez mais infernal, mais impossível de controlar e meu corpo estava começando a ficar dolorido com a expectativa. Não me importava de parecer uma louca desesperada, por que a Millie de verdade não dava a mínima para nada, ela fazia o que queria e também sofria as consequências de seus atos. Exceto que, para aquilo que eu queria no momento, não havia nenhuma possível consequência capaz de me fazer parar.

Trabalhei minhas mãos em seu peito, sentindo cada músculo se enrijecer com o contato dos meus dedos até que cheguei no cós do calção molhado e Finn ficou ainda mais tenso soltando uma grande respiração em meu ouvido.

-Devemos esperar. -Ele sugeriu sem um pingo de segurança. -Quer dizer, eu não tenho camisinhas.

Eu contive a vontade de rir com aquele comentário, por que, sendo bem sincera, poucos caras naquela situação se incomodariam com isso. Ao invés disso, apenas sorri acariciei o seu peito.

-Não se preocupe, eu tomo pílula.

Até por que seria bastante idiota  confiar apenas nos caras mesmo que eu sempre mantivesse relações protegidas. Finn maneou a cabeça e um sorriso brincou em seus lábios.

-Sabe, não é só com isso que você deveria se preocupar. -Havia um traço de desapontamento naquela frase, o que eu compreendia muito bem.

-Eu sei. Você por acaso está me dizendo que estou correndo perigo? -Brinquei arqueando uma sobrancelha.

Finn colocou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.

-Não. Faço exames periódicos por causa da faculdade.

-Otimo. Eu também faço. -Eu respondi e o puxei novamente para mim

Finn desviou do meu beijo.

-Millie, mesmo assim...

-Finn, nós estamos bem. Eu confio em você... -Fiz uma pausa. -Você não confia em mim?

Ele balançou a cabeça negativamente.

-Não se trata disso. -Ponderou. -So que.. aqui não parece ser um lugar legal.

Eu parei para dar uma olhada ao meu redor. Estávamos deitados sobre a grama verde, árvores balançavam em nossas costas, a lua estava cheia e linda, o rio refletindo sua luz sobre a água.

-Aqui é perfeito. -Eu disse voltando a encara-lo. -Por favor, não me peça para esperar mais.

Finn tomou um fôlego e também deu uma olhada ao redor. Havia muito mais do que a insegurança sobre o lugar em sua mente, isso era perceptível e por um momento cogitei perguntar o que estava lhe deixando perturbado, porém a necessidade da pergunta sumiu quando ele me encarou novamente. Seus olhos brilhavam intensamente enquanto me fitava como se eu fosse um diamante raro.

-Voce merece ser adorada, primeiro.

Aquelas palavras levaram um novo choque de prazer para meu epicentro. Ninguém nunca havia dito aquilo, nem se quer tinham me olhado daquela forma. No entanto eu não precisei dizer mais nada. Finn tirou os óculos e os colocou delicadamente ao seu lado. Depois olhou para meu corpo pela primeira vez, começando pela minha boca em seguida para meus seios.

Eu já sabia que ele havia dito a verdade quando falou que nunca tinha olhado minhas fotos, e a forma como ele me encarou deixou esse fato ainda mais verdadeiro do que nunca.

Ele se se abaixou e afundou o rosto em mim, beijando ao longo do meu pescoço, eu deixei minha cabeça para o lado, concedendo o acesso necessário e chiei baixinho quando seus lábios se arrastaram em minha pele. Com aquele simples toque eu relaxei, desviando meus medos e insegurança para dar espaço apenas para a sensação de ser adorada.

Não parou por aí, no entanto. Seus beijos eram incessantes e delicados. Ele se certificou bem que nenhuma parte do meu pescoço fosse esquecida e logo menos seu rosto desceu pelo meu peito arrastando os lábios até se encontrarem com meu seio direito. O simples calor de seu hálito foi capaz de fazer com que meus mamilos se enrijecessem fissurados, desesperados por atenção e foi o que Finn fez no momento seguinte. Seus lábios circularam minha pele e ele gentilmente me beijou em cada um dos seios. Não havia nenhum pouco de alvoroço nem violência, eram beijos suaves e moderados o suficiente para me deixar molhada entre as pernas e morder os lábios contendo gemidos. Era tão bom ser adorada. Melhor do que qualquer coisa que eu havia experimentado na vida.

Eu acariciei a parte de trás dos seus cabelos com movimentos giratórios sentindo os fios macios em meus dedos, o estimulando a continuar sua adoração por todo o meu corpo. É claro que aquilo estava muito longe de acabar e o calor que me derretia virou lava incandescente quando seus lábios chegaram em minha barriga e desceram suavemente para a parte de baixo do meu biquíni, eu já estava com os olhos fechados apenas esperando seu próximo movimento.

Senti seus dedos desandando um por um dos nós laterais do meu biquíni, um beijo delicado foi depositado em cima do meu osso do quadril e meus dedos se enrolaram de prazer. Se tivesse coragem de abrir os olhos tinha certeza de que teria um orgasmo espontâneo apenas com a visão de seu rosto tão próximo de mim, de onde eu queria que estivesse naquele momento.

Seus movimentos eram tão calmos e leves que cheguei a pensar que Finn estava tentando se decidir se seria certo ou não, porém antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele ergueu levemente meus joelhos, os separando. E meu bom Deus. Sua língua me varreu inteiramente. Minhas costas se arquearam por completo pela surpresa deliciosa que aquele simples gesto me causou e meus dedos se pressionaram ainda mais em seus cabelos.

Ele manteve seu ritimo entre beijos de boca aberta e ocasionais pressões em pontos específicos, o que não era algo tão experiente, mas sendo sincera, foi melhor do que todas as vezes anteriores. Em segundos eu já estava na beira do precipício que antecipava um orgasmo avassalador, então tomei um fôlego e o puxei de volta para mim.

Meu desejo multiplicado exponencialmente a um nível ainda mais intenso. O beijei com força forçando minha língua a entrar e a sentir o gosto do meu sabor em sua boca. Agora nua, podia sentir com mais sensibilidade sua ereção roçando em mim e eu queria muito a sensação dele completamente nu também. Desci as mãos por suas costas enquanto ainda nos beijávamos e agarrei a parte de cima do calção de banho úmido.

Esperei que Finn me parasse, porém não foi o que ele fez, dando um comando silencioso para que eu o despisse. Desfiz o nó que prendia a peça de roupa em sua cintura e o escorreguei por suas pernas junto com o que achei ser sua cueca. Estava escuro e eu não conseguia ver muito além do brilho dos seus olhos, mesmo assim eu abri os meus e fui engolida pelo olhar negro enevoado de desejo me fitando.

Quando Finn finalmente tinha se livrado do restante da roupa eu senti a ponta de seu membro me tocar e revirei os olhos com a expectativa. Finn segurou minhas mãos nas dele, as levando um pouco para cima afim de que ficassem acima da minha cabeça.

Ele beijou suavemente meu queixo e puxou uma longa exalação de ar.

-Juntos, tudo bem? - Perguntou com a voz rouca ainda sem me invadir completamente.

Eu afirmei com a cabeça, mas ainda precisava dizer para confirmar minha completa certeza.

-Juntos, Finn.

Ele puxou meu lábio inferior suavemente com os dentes e entrou em mim vagarosamente, centímetro por centímetro esperando que meu corpo se adaptasse com seu tamanho. Minha carne estava apertando-o, pulsando e se alargando com calma e não senti nada que sugerisse um fiapo de dor, apenas um prazer inevitável.

Nossas mãos ficaram unidas, os dedos entrelaçados incapazes de se soltarem e embora eu quisesse toca-lo mais, quisesse retribuir sua seção inesquecível de adoração, estarmos juntos daquela forma era mais importante, talvez ainda mais para ele.

As investidas foram contidas, lentas e sensuais. Finn nunca saia completamente mas quando se encaixava me alcançava fundo fazendo meu peito subir e descer quando atingia uma parte sensível dentro de mim. Minha boca estava aberta, mal contento os apelos sussurrados e por vezes o seu nome que ecoava de minha garganta como um choramingo baixinho.

Era completamente inapropriado pensar naquilo, mas de repente tive a sensação de que embora nós dois não fôssemos mais virgens, aquela era a nossa primeira vez em muitos aspectos. Da minha parte, talvez por que nunca havia me preocupado em ir devagar e aproveitar o sexo como algo além disso e com Finn era exatamente isso. Muito mais do que sexo.

Meu prazer foi se construindo as poucos, de forma lenta e longa até o ponto em que a pressão gostosa começou a se formar em meu ventre. Vendo meu estado pre- orgasmo Finn aumentou um pouco o ritimo fazendo com que nosso atrito também ficasse mais forte. Meus dedos dos pés estavam se enrolando um no outro, minha cabeça caindo para trás enquanto ele beijava ao longo do meu pescoço. Fechei os olhos firmes e enfim deixei que o orgasmo de atingisse de vez sob ele. Meu mundo parou, mas não foi com desespero e euforia, foi longo, calmo e completamente exaustivo, no bom sentido. Meu corpo ficou leve, meu coração acelerado quase pulsando em meus ouvidos.

Abri os olhos saindo do estado de letargia momentos depois e encarei Finn sobre mim, seus movimentos haviam cessado pois de repente ele estava mais interessado em me olhar do que no seu próprio prazer. Eu tinha certeza que havia suor impregnado por todo o meu rosto e eu com certeza estava vermelha pelo esforço, ainda assim seus olhos em mim me queimavam, como se eu fosse a mulher mais linda de todo o mundo.

-Você é a mulher mais linda de todo o mundo. -Ele repetiu como se tivesse lido meus pensamentos.

Sim, Finn disse isso para mim. Não para nenhuma outra. Beleza poderia não significar muito em comparação as outras coisas, mas naquele momento serviu para que eu me sentisse única. Como se ele fosse capaz apenas de me enxergar e esquecer quem quer que estivesse em sua vida antes. Me agarrei aquele pensamento como uma bóia em meio a um dilúvio, algo pelo qual eu lutaria até não poder mais. Tive certeza de que embora as coisas fossem ficar complicadas com o tempo eu resistiria até o fim para tê-lo.

Momentos depois, seu corpo começou a ficar mais rígido e Finn apertou nossos dedos ainda juntos. Seus olhos se fecharam ao passo que minhas paredes internas o apertaram ainda mais. Ele engoliu minha boca segundos depois e praguejou sobre meus lábios quando sua liberação veio dentro de mim, me preenchendo.

Ficamos deitados na grama ainda durante muito tempo depois, tentando controlar nossas respirações e Finn me puxou para seus braços. A grama não era o lugar mais confortável do mundo, porém nenhum desconforto seria capaz de tirar de mim aquela sensação de paz que me mantinha a salvo.

Eu fechei meus olhos e beijei a linha do seu peito.

-E agora, no que está pensando? -Refiz a pergunta de mais cedo. Aquela que Finn havia desviado da resposta.

Com o movimento de seu peito eu soube que ele lembrou e riu.

-Em você. Só em você. -E beijou minha testa.

Ok, eu enfim consegui o que eu queria.

--

Na manhã seguinte acordei com batidas baixas, mas persistentes na porta.

-Millie! Millie! Abra por favor! -Era a voz de Rose.

Me mexi na cama com preguiça. Seja lá o que ela quisesse me falar, poderia ter esperado até que pelo menos eu descesse. Finn estava ao meu lado, depois que chegamos tarde da noite da nossa pequena fuga para o rio, não precisei de muito esforço a convence-lo a dormir comigo.

Eu sorri com a lembrança da nossa noite quente na beira do rio e também de quando chegamos no quarto. Ele ainda estava dormindo suavemente, com a mão enfiada dentro dos meus cabelos e era a melhor sensação do mundo. Eu iria ignorar as batidas de Rose, porém foram tantas que me vi obrigada a levantar, colocar um hobe e atender a porta, deixando Finn dormindo quando separei vagarosamente meus cabelos de sua mão. Ele nem se mexeu.

Abri a porta apenas em uma pequena fresta para que Rose não o visse lá dentro comigo, mas quando olhei em seu rosto percebi que aquela era sua última preocupação. Rose estava usando uma camisola branca que cobria até os joelhos, seus cabelos eram uma bagunça negra e ela estava apavorada.

-Ah, graças a Deus, você tem que ver isso. -Ela disse querendo puxar minha mão para fora do quarto.

-Rose, acalme-se. O que aconteceu?

Ela estava nitidamente tremendo e sua cabeça mexia de um lado para o outro atordoada. Eu saí do quarto deixando a porta fechada e segurei em seus ombros afim de acalma-la. Rose engoliu uma golfada de ar e me encarou.

-Não sei como aconteceu isso, mas você tem que saber que não tive nada a ver, acordei e eles já estavam lá fora. -Ela falou desesperada.

Eu juntei as sobrancelhas sem entender mais nada.

-Eles quem? Do que você está falando?

-É a imprensa! Tem uns cinco carros do lado de fora querendo falar com você.

Meu sangue parou de circular e por um segundo enxerguei escuro mesmo que estivesse claro e meus olhos estivessem bem abertos.

-Como... Como isso aconteceu? -Perguntei gaguejando quando o ar faltou.

Ela torceu as mãos e balançou a cabeça.

-Não faço ideia Millie, como eu disse quando acordei eles já estavam lá fora. Foi meu pai quem me mandou avisá-la.

Não podia ser verdade. Não mesmo. Eu ainda tinha um dia inteiro pela frente e ninguém sabia onde eu estava. Ainda cética, deixei Rose no corredor e corri até a janela mais próxima. A confirmação só me fez ficar ainda mais em choque. Cinco carros estavam parados no lado de fora da casa, sobre eles adesivos com o slogan do programa de Tv local, uma repórter estava na porta enquanto alguns fotógrafos pareciam distraídos tirando fotos ao redor da casa.

-O que você vai fazer? -Rose apareceu ao meu lado na janela e foi o momento exato em que um fotógrafo nos avistou debaixo.

Eu tombei automaticamente para trás, arrastando Rose comigo antes que nos flagrassem com fotos.

-Inferno! Isso não deveria ter acontecido! -Comecei a frase com um grito furioso, mas minha voz foi perdendo a intensidade ao me lembrar que Finn dormia do outro lado da porta.

Oh meu deus! O Finn!

Passei as mãos pelo rosto buscando uma forma de escapar daquela situação, porém nada parecia viável em minha mente.

-Millie, acho melhor você ligar para o David, ele deve saber o que fazer. -Rose dispersou meus pensamentos estendo para mim seu aparelho de celular.

David, claro. Ele era a única pessoa que poderia me salvar.

Peguei o celular rapidamente com as mãos trêmulas e fui direto para o contato dele. Graças a Deus ele atendeu no primeiro toque.

-Eu sei, eu sei. Já estou a caminho. -Falou ele do outro lado antes que eu falasse alguma coisa.

-David, o que aconteceu? Como souberam onde eu estava?

-Eu não faço ideia Millie, mas agora isso não é o mais importante. Arrume suas coisas o mais rápido possível e não apareça nas janelas. Já falei com Carter e ninguém deve atender a porta antes que eu chegue aí, está entendendo?

Ele falava tão depressa que eu mal tinha tempo de digerir as informações, quer dizer, apenas uma delas.

-Você vai me levar embora? -Perguntei sentindo minha voz se extinguir aos poucos com o medo.

David soltou uma lufada de ar.

-Sim, Millie, não tem mais como te manter aí, sinto muito. Esteja pronta para sair, te vejo em alguns minutos.

Em seguida David desligou. Minutos? Meu Deus, ele já estava tão perto assim? Voltei a discar o número de David mais vezes, ele não poderia me levar embora em alguns minutos, teria que ter outro jeito, porém foi inútil pois o sinal na estrada não lhe permitia mais receber minhas ligações.

Eu larguei o celular de Rose em cima da mesinha do corredor e fui deslizando de costas na parede ate estar sentada sobre o chão. Um frio terrível varreu meu corpo e eu fiquei paralisada.

Parecia um pesadelo aquilo ter acontecido de uma hora para outra, justo no último dia que me restava com Finn. Era minha última chance de convencê-lo de que poderíamos nos ver fora dali e agora estava tudo arruinado. Tive a impressão de que Rose se abaixou perto de mim e passou a mão pelos meus cabelos em seguida.

-Millie, eu sinto muito. -Ela disse enquanto eu só encarava a porta do quarto na minha frente. -O David vai te levar para casa, não vai?

Eu confirmei com a cabeça, incapaz de falar qualquer coisa. Rose respirou fundo e estendeu a mão para mim.

-Acho melhor você se preparar. De qualquer forma você não vai poder ficar muito tempo aqui. -Ela levantou do chão. -Vem, eu te ajudo.

Minha mão encontrou a dela com um movimento automático e eu levantei em silêncio. Fomos para o meu antigo quarto, onde as minhas coisas estavam e Rose se deu o trabalho de guardar todas as minhas roupas dentro da mala enquanto eu troquei de roupa com movimentos robóticos e completamente entorpecidos.

Minha mente tentava encontrar uma solução para aquilo, porém fui vencida pelas circunstâncias. Não tinha jeito, eu teria que ir embora por que nunca iriam me deixar em paz, nem mesmo um único dia.

Quando estava pronta, Rose saiu do quarto e voltou em seguida trazendo um casaco grande e preto, estendeu-o para mim.

-Vista isso. Tem um capuz grande, vai impedir que te vejam.

Eu aceitei, mas de repente o meu estupor passou e a tristeza enfim me engoliu por dentro. Rose se aproximou de me mim e me abraçou. Só me dei conta de que estava chorando quando senti seus dedos resvalando meu rosto.

-Você quer que eu o acorde? -Ela perguntou em um tom baixo.

Eu queria? Claro que sim, mas do que adiantaria? Não teria tempo de ter uma despedida decente nem queria que Finn me visse chorando. E por que eu estava chorando? Aquilo iria acontecer no dia seguinte de qualquer maneira.

Acontece que depois na noite de ontem se tornou uma ideia impossível me separar dele, tanto que eu não tinha pensado no fim. E agora eu não poderia fazer nada.

-Não. Melhor não. -Eu disse me afastando e limpando o restante das lágrimas fingindo força. -Ele vai ficar assustado com tudo isso e eu não tenho tempo para dizer nada que preste agora.

Ela assentiu com a cabeça e então eu vesti o casaco.

-Você sabe que não precisa ser assim, não é? Vocês podem se ver depois. Deixe seu endereço e o telefone e eu o entrego a ele. -ela sugeriu tentando manter um sorriso reconfortante.

Eu poderia deixar, mas que garantia eu tinha de que Finn ligaria? Ou sei lá, aparecesse na minha casa?

Mesmo assim me convenci a escrever tudo em um papel me prendendo a um único fio de esperança que me restava.

-Eu pensei sobre a sua proposta e decidi aceitar, mas nem tenho nada pronto ainda. -Rose disse quando estávamos descendo as escadas para a parte de baixo da casa.

-É melhor que você fique aqui hoje. O finn vai ficar muito confuso quando acordar... Depois eu peço para que alguém venha te buscar.

Eu não conseguia pensar em mais nada, mas ainda manteria minha palavra sobre ajudar Rose, de pé. Fiquei com vontade de subir novamente, uma última vez para vê-lo e beija-lo, mas não teria força para sair de lá caso fizesse isso, então apenas me encolhi no sofá, esperando David chegar.

A campainha tocava de cinco em cinco minutos e os sons de flahs praticamente rasgavam meus ouvidos. Era tão torturante saber que eu simplesmente não poderia ir lá fora e dar um basta naquilo, que se fizesse isso causaria um escândalo maior ainda. Eu queria literalmente sumir do mundo, ou quem sabe voltar no tempo e me congelar na noite anterior.

As lembranças ainda eram tão vívidas em minha mente. Eu não queria que nada acabasse.

 O som da porta se abrindo foi a única coisa que me tirou do estupor e eu virei minha cabeça para ver David rompendo por ela junto com outros três seguranças. Ele estava usando um terno claro e óculos escuros enquanto os outros estavam completamente de preto. Era uma visão que eu estava costumada a ver e em outro momento eu ficaria feliz em ver David, porém não naquela ocasião pois ele estava ali para me levar para casa.

-Façam uma barreira para que possamos passar em paz, não deixem que ninguém se aproxime. -David deu o comento aos seguranças que ficaram de prontidão na porta afastando a horda de fotógrafos insistentes.

-Oi, querida. Como você está? -Ele entrou me encontrando perto do sofá e abriu os braços para mim. -Não se preocupe, vou tirá-la daqui.

Contive a vontade de dizer que esse era exatamente o problema e apenas retribui o abraço me sentindo minúscula dentro dele.

-Tchau Millie, se cuide. Qualquer coisa você sabe que pode falar comigo, sim? -Rose falou quando David me libertou.

Eu afirmei com a cabeça e a puxei para um abraço.

-Por favor, diga a ele que não fui embora por que eu quis e diga que estarei esperando... Por qualquer coisa. -Eu sussurrei em seu ouvido sentindo a angústia me assolar.

Rose confirmou meu pedido e cobriu minha cabeça com o capuz grande do casaco.

-Vamos, não podemos demorar muito. -David passou um dos braços ao redor dos meus ombros e me levou em direção a porta.

Carter saiu na frente levando minha mala em direção ao carro e eu permaneci com a cabeça abaixada quase enfiada dentro do corpo de David como se ele pudesse me proteger. Ainda assim podia ver os flahs estourando ao meu redor, seguido por gritos, vozes e perguntas.

Millie, fale com a gente. Foi aqui que você se escondeu durante todo esse tempo?

Você já tem ideia de quem publicou as suas fotos?

Você ainda vai participar da franquia de olhares impiedosos?

Eu não levantei a cabeça, deixando que David me guiasse por dentro das pessoas como se fosse meu advogado e eu uma garota que acabara de sair da cadeia. O movimento ao meu redor me dizia que os seguranças tentavam afastar as pessoas de mim e me encolhi cada vez mais.

Geralmente eu falava com a imprensa sem medo, mas eu não queria fazer aquilo, estava triste, frustrada e furiosa por todos estarem ali e estragarem meus planos.

-Ela vai responder a tudo com mais calma depois, agora nos deixem passar, por favor. -David disse para uma das repórteres que atravessou a barreira e se enfiou na nossa frente, logo em seguida sendo afastada para longe pelo segurança.

Quase fiquei aliviada quando vi o carro de David já com a porta aberta para que eu entrasse, porém antes que eu fizesse isso alguém gritou e o som praticamente silenciou todos ao meu redor. Fiquei paralisada por um segundo depois virei minha cabeça para trás vendo Finn parado na porta de casa.

Ele estava usando apenas uma calça obviamente por ter levantado as pressas e vestido a primeira coisa que encontrou. Seus cabelos estavam bagunçados e seu rosto branco com uma mistura clara de pânico e dor.

Era o que faltava para que meu coração terminasse de se quebrar, para romper o único fio de esperança que eu estava segurando.

Ele correu até chegar perto de onde os repórteres estavam, tentando atravessar por eles para chegar até mim, porém logo vieram mais flashes dessa vez direcionados para ele e Finn tombou para trás sendo completamente engolido pelos fotógrafos. Eu me soltei rapidamente de David querendo tirar a atenção deles de Finn, porém David segurou firme em meu braço e continuou a me puxar aproveitando o momento para que eu entrasse no carro.

Rose gritou, pedindo que parassem com as fotos e ela correu na direção de Finn puxando ele para dentro da casa. Seu olhar cruzou com o meu pela última vez e eu pude sentir o peso insuportável do fim.

Meu corpo praticamente rolou por cima do banco do carro, a porta se fechou e eu olhei pela janela. A última coisa que vi antes do carro sair foi Rose empurrando um dos fotógrafos enquanto Finn finalmente entrava em casa, transtornado passando as mãos pelos cabelos.

Limpei a única lágrima que caiu do meu rosto antes que David percebesse e abracei meus joelhos sentindo o balançar do carro que me levava embora.

Só depois de muitos minutos em silêncio, David finalmente falou:

-Eu tinha quase me esquecido dessa sensação. -Ele soltou o ar de forma cansada. -Se lembra de quando foi a última vez que tivemos que fugir da imprensa desse jeito?

Havia um toque de diversão em sua voz, algo que ele estava fazendo apenas para diminuir a tensão, porém não foi o que aconteceu, eu apenas me encolhi ainda mais no banco.

-Ok. -Ele puxou minha mão das pernas. -Quer me dizer o que está acontecendo?

Eu o encarei e tive certeza de que ele viu em meu rosto algo que o assustou, pois imediatamente soltou minha mão.

-Você me prometeu que eu poderia ficar até amanhã. -Disparei me afastando dele o quanto eu podia.

Na verdade, não era culpa de David, mas minha cabeça tinha que por a culpa em alguem, de qualquer forma.

Ele cerrou as sobrancelhas.

-Eu sei o que prometi, mas você viu a situação Millie, você acha mesmo que eles iriam embora e te deixar em paz?

É claro que não. Eles iriam me infernizar até que eu cedesse a uma entrevista. Fiquei calada engolindo meu ressentimento. David tentou novamente.

-Você se deu bem com o Finn, parece. O jeito que ele gritou por você... Estou perdendo alguma coisa? -Ele arqueou uma sobrancelha.

Meu coração apertou, e por um momento cogitei contar tudo para David, mas não podia fazer isso. Não sabia se Finn ficaria chateado comigo então achei melhor tentar disfarçar.

-Nós somos amigos. Só isso.

David balançou a cabeça de forma cética mas não insistiu mais. Passamos o restante da viagem completamente em silêncio, David mexendo no celular e eu com os olhos fechados rezando para que apenas chegasse logo em casa.

Quando chegamos me arrependi imediatamente de ter desejado, quando vi o carro da minha mãe estacionado na frente da mansão. Já estava com a cabeça cheia demais e nenhum pouco preparada para uma hora de discussão com ela.

Durante dias não nos falamos e eu não sabia que ela já tinha chegado de Boston, com meu pai viajando e Ava na escola eu ficaria com minha mãe sozinha até o final do dia. Antes de entrar encarei David.

-Por favor, me leve para outro lugar. -Supliquei segurando sua mão.

David deu uma olhada ao redor do condomínio e reconheceu o carro dela ali compreendendo na hora o meu medo. Ele deu um sorriso forçado.

-Não posso Millie, sinto muito. Eles devem ter nos seguido e se sairmos vão atrás da gente para onde formos. -Ele tirou o capuz da minha cabeça. -Daqui dois dias viajaremos até Montreal e você vai ficar livre.

Ficar livre...merda nenhuma que eu ia ficar livre. Nunca ia ficar!

Me soltei dele e abri a porta planejando correr até estar segura atrás das paredes do meu quarto, porém minha mãe estava a minha espera sentada no enorme sofá da sala segurando o típico iPad no colo.

Seu rosto inexpressivo por trás da maquiagem quase formou uma careta quando ela varreu os olhos por todo o meu corpo. Havia nítida raiva, decepção, uma pontada de indiferença mas não saudade, não amor. Eu só queria que meu pai estivesse aqui.

-Oi, mãe. -Eu a cumprimentei e ia me aproximar para abraça-la, porém sua mão me parou.

As unhas estavam pintadas com um vermelho impecável que combinava perfeitamente com o terninho branco e com os cabelos loiros cortados abaixo do queixo.

-Você está um desastre, Millie. -Seus olhos dispararam direto em meus sapatos sujos de terra manchando o carpet.

-Kelly, que surpresa. Não sabia que já tinha chegado de Boston. -David falou, e dele ela aceitou um abraço.

-Ora, mas é claro que é uma surpresa. Tive dois desfiles cancelados e fui forçada a voltar para casa antes do previsto. -Minha mãe torceu a boca empertigada.

Aquela frase era para mim. Ela queria deixar bem claro que era culpa minha o fracasso de seu desfile. Se ela fosse qualquer outra não se importaria pois tínhamos mais dinheiro do que poderíamos contar e ela era uma empresária muito bem sucedida, mas Kelly Brown nunca estava satisfeita, especialmente se suas frustrações fossem minha culpa.

-Tenho certeza que novas oportunidades surgirão. -David interviu sorrindo casualmente

Minha mãe decidiu ignorar o comentário e pegou o iPad, deu alguns cliques e estendeu para David.

-Posso saber o que isso significa? Por que eu autorizei que levasse minha filha para passar uns dias na sua casa de campo, sob a sua proteção David, mas não me lembro de ter me falado nada sobre ela ficar com um garoto lá dentro! Veja isso! Já está em todos os sites!

Minha mãe praticamente gritou. Eu arregalei os olhos com a surpresa e fui para o lado de David ver com meus próprios olhos do que ela estava falando. O iPad estava aberto em uma página da internet e a manchete fez meu estômago revirar dentro da barriga.

Millie Bobby Brown passa férias em Tobermory com rapaz misterioso.

Seguido por uma foto de Finn tirada no momento em que ele gritou meu nome quando me viu saindo.

Coloquei a mão na boca abafando o grito de pavor que eu queria dar naquele momento. David fechou a cara e devolveu o iPad para minha mãe.

-Me desculpe Kelly, mas esse rapaz é meu sobrinho. Ele estava lá por que eu pedi, para fazer companhia a Millie. -Ele explicou limpando um rastro de suor na testa.

Era bastante óbvio que ele estava furioso por causa das fotos e ao mesmo tempo preocupado.

-David... O Finn.. ele..

Me interrompi pois não conseguia terminar de formular a frase. Finn iria me odiar para sempre por causa daquilo, suas fotos agora estavam espalhadas na internet e era tudo culpa da minha fama idiota. Talvez a maioria das pessoas não se importassem com isso, mas ele não. Finn tinha uma vida normal e eu tinha certeza de que aquilo acabaria com ele.

As pessoas iam inferniza-lo, persegui-lo até arrancar alguma informação.

David me olhou parecendo compartilhar do mesmo horror que eu e pegou o celular do bolso.

-Vocês me dêem licença. Tenho que fazer uma ligação. -Ele passou por nós duas saindo da casa.

Eu ia atrás dele quando senti a mão da minha mãe em meu braço.

-Ei, volte aqui. -Ela falou por cima do meu ombro. -Ainda temos o que conversar e eu não estou gostando nada da sua cara agora. Quem é esse moleque? Por que estão dizendo que vocês dois estão juntos?

Me soltei do aperto de seus dedos e a encarei.

-Eu não sei mãe! Não sei de nada! Por que você não me deixa em paz por um momento se quer? Eu sou adulta, não preciso que você se envolva na minha vida!  -Eu gritei. Algo que raramente fazia, mas tinha que dar um fim naquela conversa antes que ela me visse perder ainda mais a cabeça.

Eu saí correndo em direção as escadas e ela gritou de volta:

-Millie, volte aqui eu ainda não acabei!

-Mas eu sim.

Murmurei de uma forma que ela não me ouviu e segui meu caminho. Entrei no quarto as pressas e o tranquei com a chave.

Minha cama estava limpa e arrumada, intocada como se eu nunca tivesse dormido ali. Me deitei e enrolei meu corpo o máximo possível como um caracol vulnerável.

Nunca fui de reclamar da minha vida muito menos da minha fama, mas naquele momento a única coisa que eu queria era ser normal, ter uma família normal e não estragar a vida de mais ninguém.


Notas Finais


Pesado.

NÃO ME MATEM kkkk😪


até breve ♥️


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