História The Change- Fillie - Parte ll -The choice (A escolha)

Prólogo.

Ainda estava chovendo quando o carro parou em frente ao rio. Pedi de propósito ao motorista que passasse direto da casa de David e me deixasse ali sozinha. Estava muito ciente de que ele me encontraria facilmente em sua casa e precisava de tempo antes que também me achasse ali.

O homem insistiu que eu não deveria ficar sozinha, na chuva e no meio do nada. Mas eu o ignorei, como havia feito a viagem toda enquanto ele me perguntava tudo sobre minha vida. Eu já havia lhe dado uma jóia que valia mais que seu estúpido carro, não tinha que fazer mais nada.

Estava escuro e lama se formava nos meus pés enquanto eu andava afundando nela com os saltos. Meu vestido caro agora era um desastre úmido colado em meu corpo dormente que nem sentia o frio da noite.

Não fiquei com medo. Pela primeira vez em toda minha vida não tive medo de ser vista, não tive medo de me reconhecerem por que era a primeira vez que também estava completamente e incondicionalmente sozinha.

Tirei os sapatos com os calcanhares e entrei de vestido dentro daquela água macia. Só podia ver um único ponto de luz, distante quase inexistente que era a lua encoberta pelas nuvens.

Era como me sentia. Apagada e encoberta. Talvez eu não estivesse tão mal assim. Toda celebridade, alguma vez na vida perde a cabeça. Meu comportamento iria ser justificado rapidamente.

Deitei sobre a ponte de madeira mal conseguindo abrir os olhos por causa dos pingos de chuva. Aquilo era bom. Não queria ver a lua. Não queria ver nada.

Finn. Finn tinha escolhido ela ao invés de mim.

 Aquilo era um fato na minha cabeça que eu não demorei a acreditar. Lá dentro, em algum lugar de mim, eu sabia que era isso que ia acontecer quando ela voltasse. Talvez ele já tivesse a escolhido muito tempo antes e eu havia me feito de cega.

Mais alguns dias e eu o superaria. Minha vida voltaria ao normal e eu nem me lembraria mais do garoto estupido que havia partido meu coração, que tinha me feito viver meses de pura felicidade e amor e depois me pisoteou viva.

Aliás, amor não. Amor não dói. Ponto final.

Estava delirando. Perdendo a cabeça pouco a pouco enquanto fingia a mim mesma que não sentia amor por ele. Sentia. Sentia demais. E era exatamente por isso que estava ali bem onde havíamos estado a tão pouco tempo juntos. Aquele lugar no entanto, mesmo com as lembranças, era o único em que eu poderia ir para dar um ponto final definitivo. 

Lágrimas se misturavam com a água da chuva lavando meu rosto. Era a única coisa quente que eu conseguia sentir. Respirava. Inspirava. Errado na maioria das vezes por que simplesmente era difícil demais me ocupar em respirar tendo tanta coisa doendo ao mesmo tempo. 

Quis que a chuva engrossasse mais, que raios despencassem do céu e finalmente acabassem comigo logo de uma vez. Seria melhor. 

Passou-se algum tempo. Horas, talvez minutos. Ouvi barulhos de carros e gritos chamando meu nome. Mesmo assim não me movi ainda estirada na madeira. Quem quer que fosse eu só queria que me ignorasse ali e me deixassem em paz. 

As vozes não faziam sentido algum e eu não reconheci os braços que me levantaram do chão. 

Podia ser David. Meu pai. Ou algum segurança. Só sabia que definitivamente não era ele. 

Me levaram para algum lugar. Me deitaram em alguma cama. Eu não abri os olhos nenhuma vez, nem respondi a nada que me perguntavam. 

Adormeci. Talvez já tivesse feito aquilo a mais tempo e o processo de sair do rio e vir a este lugar não passasse de um sonho. Não fazia ideia. 

Estava entorpecida. 

Amor dói. E eu o amo. Ponto final.