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História The Change- Fillie - Capítulo 18


Escrita por: MabelSousa

Notas do Autor


Boa leitura ♥️

Capítulo 76 - Capítulo 18


Finn. 


-O que você está fazendo? -Pergunto, me escorando contra o batente da porta do closet.

Millie tem um sobressalto com o susto e leva a mão ao peito deixando que o vestido que segurava caísse aos seus pés. Pelo espelho grande na sua frente vejo a expressão de surpresa logo se transformar em um sorriso. Um sorriso diferente de todos os outros. O que é reservado só para mim.

-Oi... Hum.. eu estava vendo o que mais combinava com o meu anel. -Diz ela virando-se para mim erguendo a mão direita onde o diamante solitário descansa em deu dedo anelar.

Seus olhos brilham quase na mesma intensidade da jóia. Só que é um brilho muito mais bonito. Mais valioso. Que amo mais do que qualquer outra coisa.

Ela olha para a própria mão outra vez. Está fazendo isso desde que coloquei o anel na noite passada. Seu olhar é de quem está vendo a coisa mais preciosa de todos os tempos. Eu sei que não é. Deve custar bem menos do que qualquer jóia que ela tenha guardada no fundo de sua gaveta. Mas ela não está olhando por causa do preço. Está olhando porque ele significa muita coisa. Algo que talvez nem eu mesmo entenda.

-Quer saber... Combina com qualquer roupa. -Diz ela abrindo o sorriso de novo.

Eu sorrio de volta. É automático e não consigo evitar. Sua felicidade é a minha então fico extasiado ao ver que ela gostou do que escolhi.

Ela se abaixa e pega o vestido no chão. É uma peça bonita. Lilás de um tecido bem fino que me faz lembrar de algodão doce. Essa é a cor dela. A que faz sua pele ficar acesa e seus olhos ainda mais vívidos do que nunca.

O magnetismo que me atrai para ela é tão intenso que mal percebo quando estou me aproximando. Sua respiração muda como sempre acontece quando estou perto desse jeito. Seus olhos ficam em um tom de castanho mais quente, quase vermelhos e seus dedos apertam o vestido que ela carrega nas mãos.

Chego perto o suficiente para afastar a mecha de cabelo da frente de seu rosto e a coloco atrás de sua orelha. Ela suspira e automaticamente fecha os olhos com a respiração já acelerada enquanto espera com paciência que eu a beije.

Não faço isso de imediato. Ontem a noite quando cheguei e coloquei o anel em seu dedo mal tive tempo de olhar para ela pois logo estava em cima de seu corpo e dentro dele. Agora tudo o que quero é observa-la. Memorizar cada centímetro de seu rosto e de seu corpo que já tive muito em minhas mãos.

Seus lábios se entreabrem, ansiosos pela aproximação e suas costas batem ligeiramente contra o vidro do espelho.

Seguro seu queixo com um toque bem suave, mas a resposta de seu corpo é mais como se eu tivesse lhe transmitindo uma corrente elétrica fortíssima e ondas de choque percorrerem sua pele ao me sentir. Esses detalhes são o que mais me agradam. Perceber os efeitos involuntários que ela tem quando estou por perto. Sempre é assim. Não importa a quantidade de vezes que fizemos sexo ontem, nem o restante da noite que dormimos abraçados um ao lado do outro. Sua mente e seu corpo respondem de imediato outra vez, como se nunca fosse o suficiente.

-Você é tão linda. -Murmuro, encostando meus lábios contra os dela.

Ela ofega, soltando um chiado baixinho enquanto seu peito sobe e desce.

-Você que é. -Responde tentando se aproximar ainda mais.

Solto uma risada baixa. Achando lindo a forma como seu elogio me faz me sentir tão revigorado.

-Como você sabe? Nem está olhando para mim. -Provoco, deslizando os lábios ao longo que seu queixo até o pescoço.

Ela também ri e suas mãos envolvem meus ombros deixando que o vestido caia no chão outra vez.

-Sempre vejo você. Mesmo quando não estou vendo.

Suspiro por cima de sua pele e envolvo sua cintura com os braços colocando seu corpo com o meu. O que nos separa são dois tecidos grossos dos nossos roupões.

-Você sabe que isso não faz sentido. -Digo mordendo de levinho o lóbulo de sua orelha.

Ela respira mais forte, quase perdendo o equilíbrio mas se segura em mim.

-Eu sei. Mas é a verdade. Você não sai da minha cabeça.

Afasto-me de seu pescoço e seguro seu rosto com as mãos. Ela abre os olhos e coloca a mão direita em meu peito. A mão que carrega não só o anel, mas a promessa dos dias melhores que já estão por vir.

Sua outra mão se enfia por dentro do meu cabelo e puxa minha nuca até nossos lábios se encostarem de uma vez.

O beijo é intenso. Forte. Me deixa sem fôlego e com o corpo já preparado para avançar. Seguro sua coxa por baixo da toalha e ergo sua perna até a parte mais alta do meu quadril. Não precisamos de mais tempo. Já estamos prontos quando eu afasto o nó de seu roupão e entro dentro de seu corpo.

Sempre tão receptivo. Tão quente e tão irrevogavelmente meu.

Ela afasta nossos lábios para poder respirar depois que seu fôlego é tomado todo pelo esforço de suas pernas em se manterem firmes enquanto a penetro com cuidado. De pé e diante do espelho.

Sua cabeça cai para trás e eu a seguro mais firme, aumentando cada vez mais a potência dos meus movimentos afim de dar prazer a nós dois ao mesmo tempo.

Sua boca volta para a minha e suas mãos se prendem nos meus cabelos puxando os fios a cada vez que entro e saio.

Seu orgasmo é o que motiva o meu. Rápido, pois já estamos mais do que saciados, mas ainda intenso o suficiente para nos fazer tremer um nos braços do outro.

Tomamos banho juntos depois. Mais um. Pois havíamos acabado de sair do primeiro. Espero enquanto ela se arruma dentro do closet e vou para a sala.

Parece que já fazem séculos desde que cheguei aqui e não horas, mas ao mesmo tempo sinto que passou muito rápido. É a contradição eterna da minha vida porque estar com ela faz o tempo passar mais devagar e ainda assim nunca é o suficiente.

Olho para o apartamento dela por completo dessa vez, embora já tenha estado aqui antes ainda parece que não conheço esse lugar. A sala é espaçosa. Tem poucos móveis, mas o desing é feito propositalmente para parecer o mais intimista possível. É diferente da minha casa que está abarrotada com tudo que precisei comprar para morar com Sarah.

Millie mora sozinha e me pego pela primeira vez pensando em como as coisas serão daqui para a frente. Se vamos morar na mesma casa. Se ela vai aceitar dividir o espaço comigo e com uma criança. Uma criança que nem mesmo sei se vai permanecer comigo ou não. Se vai me perdoar ou não. Se é minha irmã ou não.

Todas essas dúvidas vem pairando em minha mente a dias e embora eu me sinta mais preparado para tudo, ainda é difícil abrir mão do controle da minha vida e colocar tudo pelo que um dia lutei para que o destino resolva sozinho.

Ao mesmo tempo a sensação de que esse peso não está mais só comigo é revitalizante. Um alívio para os dias em que me obriguei a tomar conta de tudo ao mesmo tempo sabendo que não podia fazer isso e que fiz errado. Colocando minhas vontades acima das de qualquer outra pessoa e deixei que o meu medo me engolisse por inteiro de uma só vez.

-Você está bem? -Millie pergunta, se aproximando de mim enquanto estou parado perto da janela do apartamento olhando a Vancouver minúscula lá em baixo e com a cabeça nas nuvens.

-Só estou pensando. -Respondo quando me viro para ela.

O vestido lilás está moldado em seu corpo. É longo, diferente do que imaginei e o tecido é tão fino e macio que se adaqua perfeitamente em suas curvas. Seus cabelos estão presos por um rabo de cavalo e apenas alguns fios escapam para fora emoldurando os lados de seu rosto.

Ela solta um suspiro fraquinho e se posiciona ao meu lado para encarar a vista também. Sempre há um momento de breve tensão quando estamos prestes a ter alguma conversa mais séria ou quando estamos perto de nos afastarmos.

No primeiro momento ninguém diz nada e passamos longos segundos em silêncio um ao lado do outro. Quando ela não suporta mais segurar, me pergunta:

-Como foi ontem na consulta com o Dr. Philips? -Seu tom é cauteloso, fazendo de tudo para parecer o mais casual possível enquanto olha para mim como se fosse apenas mais uma pergunta.

Lá dentro sei que ela está com medo da minha resposta. Ou até mesmo já está esperando que eu diga alguma coisa ruim. Não é sua culpa. Mesmo com a melhora que apresentei nos últimos dias é mais do que compreensível que Millie se sinta insegura comigo. É algo que só vai mudar com tempo. Bastante dele.

-Foi... Interessante. Ele me disse que o eu já sabia. Pediu para que eu tivesse paciência e calma para lidar com o problema com Sarah e me aconselhou a pensar bem antes de tomar qualquer decisão. -Explico, me mantendo mais firme possível enquanto ainda olho para a janela me lembrando da conversa com o psicólogo.

Millie tenta não parecer tão abalada com minha resposta, mas mesmo olhando de soslaio ainda consigo ver que seus ombros relaxam consideravelmente.

-Que bom... -Ela diz, deixando escapar um suspiro baixinho de alívio. -E a Sarah? Foi também?

Essa pergunta, embora eu estivesse esperando me deixa ligeiramente desconfortável. Ontem tentei ao máximo não forçar a barra, mas ficar longe de Sarah tem se tornado uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer.

-Eu não encontrei com ela exatamente. Ela não quis me ver então minha mãe a levou quando eu terminei a minha consulta. -Respondo, ignorando a pontada fria de dor que atravessa meu peito ao admitir que Sarah não quer me ver.

É uma das coisas que estou tentando fazer para me manter sob controle. Admitir e respeitar a decisão dos outros, mesmo que eu não queira nada disso. Se eu não estivesse melhor, teria feito Sarah conversar comigo a força e teria ignorado que ela não quer fazer isso.

Outra vez Millie suspira igualmente aliviada, mas orgulhosa também com o meu comportamento e minha forma de falar.

Ela dá um ligeiro passo para o lado e envolve seu braço no meu, encostando sua cabeça em meu ombro enquanto ainda também olha para a janela. Fica em silêncio por um tempo, talvez tentando assimilar as coisas em sua mente.

-Você conversou com o Marvin, depois disso?

É mais uma das coisas que eu estava esperando e talvez o ponto mais crítico da nossa conversa. Aperto seu braço com o meu e faço que não.

-Preferi esperar até hoje. Aproveitei o tempo de ontem para comprar seu anel. O dr. Philips me disse para fazer uma coisa de cada vez e já que eu e a Sarah já passamos por ele, achei melhor esperar.

Ela acena com a cabeça demonstrando que compreendeu e ergue a mão novamente para olhar para o anel em seu dedo.

-Eu gostei tanto. É maravilhoso. -Diz ela erguendo a mão para que eu possa ver também.

Sob a luz do sol o diamante parece ainda mais reluzente embora seja delicado e pequeno. O ouro branco do anel quase desparece em torno do seu dedo embora seja bastante brilhante também.

Em sua mão ele combina perfeitamente aliado a cor do esmalte branco clarinho em suas unhas. Quando comprei, havia a possibilidade de ter escolhido algo maior, mais compatível com o poder e com a riqueza que ela possui, mas no final decidi pedir para que o modelador da loja fizesse um modelo especialmente para ela. Um diamante com corte redondo e no centro dele uma pequena pedra de quartzo. O lilás da pedra se acentua com o branco do diamante encrustado nele. Algo que não é padrão para um anel de noivado, mas nós dois nunca fizemos nada dentro dos padrões.

Pego sua mão onde o anel está e me viro para ela.

-Sabe o que ele significa? -Pergunto, alisando meu dedo em cima da pedra.

Ela parece não conseguir parar de olhar, mas mesmo assim franze o cenho com a minha pergunta.

-Eu sou como esse diamante. Com uma camada de gelo ao meu redor que me afasta do mundo, mas bem no meio dele, dentro do meu coração há o lilás da ametista. E isso é você dentro de mim.

Seus olhos voltam a me encarar quando digo e ela fica completamente embargada ao ouvir minhas palavras.

-Eu amo você. -Revela, deixando que as lágrimas de emoção se acumulem em seus olhos.

Abro um sorriso e afasto suas lágrimas com os dedos.

-Eu te amo mais.

Ela ri e mais uma vez junta seus lábios com os meus.

Depois que nos despedimos, vou para o restaurante onde marquei para encontrar com Marvin. Na primeira ligação que fiz ontem ele já havia concordado em me ver, ficou surpreso com o convite e ainda mais curioso quando tive que remarcar para hoje.

O lugar foi o mais afastado que pude encontrar, propositalmente para fazer algo que não poderia jamais pensar em fazer na vida.

Depois que ele me contou a verdade, parei de acreditar que ele era o monstro que Susan sempre dizia e que eu costumava achar que era, mas mesmo com todas as explicações não me sinto bem sendo obrigado a enfrenta-lo outra vez. Se pudesse escolher, preferia deixar essa parte do meu passado distante, o máximo que eu pudesse e nunca mais tocaria no assunto.

Mas as coisas estão constantemente mudando. Me obrigando a bater de frente com os problemas e com as questões que achei já estarem resolvidas.

O restaurante está incrivelmente vazio quando chego. É de um chefe italiano que obviamente não teve condições de levar seu negócio até o centro da cidade, mas não é um lugar ruim, talvez monótono, o que no final das contas é algo bom já que o que menos quero é chamar atenção de qualquer forma.

Depois que passo pela recepção e a gerente pede para recolher minha jaqueta visualizo Marvin de costas quase no final do restaurante. Reconheço sua silhueta engravatada a distância e um compilado de lembranças invadem minha mente.

A iluminação precária do lugar junto com a decoração pesada em tons de vermelho intenso e preto só me fazem ficar cada vez mais sufocado.

A última vez que vi Marvin foi quando descobri toda a verdade, ou pelo menos parte dela e isso nunca sai da minha mente mesmo eu me esforçando todos os dias para esquecer.

Ele parece que sente a minha presença, ou talvez só se move para encontrar uma posição menos desconfortável na cadeira de ferro, de toda forma vira para trás e me vê indo em sua direção.

A cicatriz em sua sobrancelha se eleva junto com o monte de pelos grossos quase grisalhos em uma clara expressão de questionamento e surpresa, como se ele não esperasse que eu realmente aparecesse. É um rosto que gravei em minha mente por oito anos sempre achando que seria capaz de mata-lo se um dia o reencontrasse. Quando Susan contou que ele já estava morto, não senti nada além de alívio, mas aqui estou eu, reencontrando mais uma vez um fantasma do meu passado.

-Olha, tenho que admitir, achei que você não fosse aparecer por aqui. -Diz ele quando chego, me tirando dos pensamentos quando ergue uma mão em minha direção.

Não posso fazer nada além de um maneio de cabeça e me sento ignorando seu cumprimento. A raiva que sentia por ele se dissipou, mas ainda não sei se posso confiar, pelo menos não até ver até onde ele está disposto a ir para me ajudar.

Marvin recolhe a mão levantando as sobrancelhas diante da minha grosseria, mas não comenta nada. Leva a mão novamente para dentro do bolso, algo que me lembro ser por causa da bolsa de colostomia que ele tem naquele lugar.

-Peço desculpas por ter remarcado. Ontem tive um contratempo e não pude vir. -Digo, para quebrar o gelo.

A cadeira onde estou sentado é dura e fica presa ao chão distante da mesa. Ideal para nos manter afastados em uma distância segura.

Ele compreende, fazendo um gesto de cabeça. Apesar de estar obviamente confuso, parece tranquilo, outra coisa que ainda me surpreende tendo em vista a forma como ele agia quando éramos vizinhos.

-Tudo bem, só que ainda não estou entendendo qual a razão de tudo isso. Por acaso aconteceu alguma coisa? -Pergunta, usando seu tom pacífico sem nenhum pouco de hesitação.

Gosto disso. Vim aqui para ir direto ao assunto e não quero levar as coisas a um nível mais pessoal do que isso realmente tem que ser.

Coloco minhas mãos juntas em cima da mesa e o encaro.

-Muitas coisas aconteceram, mas vou começar pela parte que é mais importante. -Faço uma pausa, analisando sua inexpressivedade enquanto me espera terminar. Ele não faz ideia do que vem pela frente, mas sinto que sabe que não é algo bom. -Estou desconfiado de que a Sarah não é filha do meu pai de verdade.

Suas sobrancelhas se erguem novamente e ele me encara de volta sem expressar nenhuma relação além disso a princípio, como se estivesse tentando absorver o que eu disse. Quando consegue, tem a reação que espero e abre um sorriso incrédulo balançando a cabeça negativamente.

-Isso não faz sentido. Não é possível.

Respiro fundo, tentando não parecer tão desagradável diante do seu comentário. É o que todos dizem então não tenho porque me estressar.

-Você sabe como a Susan é. Ela   pode ter mentido, não tem razão para a acreditar que ela não seja capaz disso. -Digo, mais calmo do que esperava ser em ter que explicar algo que parece tão obvio.

Ele se afasta para se recostar contra a cadeira e passa a mão pela testa afastando os ralos cabelos quase grisalhos para trás. Está pensando no que eu disse e é claro que não gosta do rumo da conversa. É compreensível. Saber que sua esposa o traiu uma vez deve ser algo difícil de engolir, duas então, deve ser insuportável.

Ao invés de responder ele levanta os dedos em direção ao bar e espera uma atendente vir já com um copo de uísque destilado em um copo para lhe servir. Ele agradece formalmente, ainda calmo, mas não bebe enquanto ela não vai embora.

Fico olhando por um tempo. Sem entender exatamente nada do que estou vendo.

-Você pode beber? -Pergunto, me obrigando a sair do foco da conversa vendo-o balançar o líquido escuro em um copo.

Ele olha para a bebida, depois para mim.

-Não posso e não costumo fazer isso, mas preciso quando vou ter uma conversa difícil. -Explica levando o copo até a boca, mas para antes de engolir. -Você não quer nada?

Faço que não imediatamente, ainda incrédulo ao ver um homem doente necessitar de algo que vai lhe fazer mal para poder controlar seus pensamentos.

-Não. Prefiro não ter que fazer isso, especialmente quando vou ter uma conversa difícil.

Ele acena com a cabeça e ainda é capaz de sorrir antes de virar o líquido inteiro garganta abaixo. Faz uma careta de dor quando termina e coloca o copo de volta na mesa levando a mão para o bolso novamente.

-Você está desconfiando... Como chegou a esse ponto? Posso saber?

Odeio ter que me explicar, mas dou um crédito a ele mais uma vez, embora não queira fazer isso.

-É simples. Ela não parece com meu pai nem comigo e nem com meu irmão. Sei que é muito pouco para chegar a essa conclusão, mas como eu disse, da Susan espero qualquer coisa.

Ele assente e solta uma respiração forte, como se estivesse prendendo o ar a bastante tempo. É onde a postura irredutível se abala e ele só parece um homem comum, prestes a descobrir mais coisas sobre sua ex mulher.

-Eu nunca soube de ninguém com quem a Susan esteve além do seu pai, mas naquela época estávamos brigando tanto que talvez eu não tenha reparado direito.

Isso me trás certo desespero interno pois no fundo tinha esperanças que ele pudesse me dar uma luz, me dizendo que havia alguém em sua mente, agora com a confirmação as coisas se tornam ainda mais confusas.

-Pode ser qualquer um e pode ser meu pai também, não estou descartando essa possibilidade é por isso que preciso ter certeza. Essa história parece que não tem mais fim. -Digo, deixando escapar um suspiro igual ao dele. Já me sinto exausto e nem chegamos na parte pior.

-Sendo assim isso pode ser resolvido bem depressa. Se é importante saber a verdade, faça um exame de DNA.

Já estou com esse assunto entalado na garganta a bastante tempo e tenho que me conter para continuar a conversa sem me alterar.

-Não. É o jeito mais fácil, você tem razão. Mas a Sarah acabou de descobrir que é filha do meu pai se eu simplesmente chegar e obriga-la a fazer um exame isso vai acabar de vez com a cabeça dela.

Ele assente outra vez. E percebe que não vai adiantar discutir em relação a isso, nem mesmo vai sugerir que eu faça o teste escondido de Sarah. É uma decisão inteligente, pois não sei o que faria se mais alguém dissesse isso.

-Então ela já sabe que estou vivo. -Não é uma pergunta então não me dou ao trabalho de responder. Depois de hesitar, ele continua. -É irônico que agora você queira trazer esse assunto a tona. Quando pedi para conhecer a menina você simplesmente rejeitou a ideia e agora vai trazer um pai que ela nem conhece e que pode nem saber da existência dela?

A pergunta é cheia de sarcasmo, mas ao mesmo tempo sei que ele está realmente confuso com minha mudança de comportamento. Em outra época talvez eu realmente fizesse isso. Não iria atrás de nada e deixaria as coisas como estão por puro medo de que Sarah pudesse se afastar em mim. Ainda estou trabalhando nessa parte, é claro, mas enfim, sou vencido pela parte maior que quer acabar de vez com essa dúvida.

-Ela tem o direito de saber a verdade. Seja ela qual for. Não estamos falando sobre o que eu quero. -Respondo, quase sentindo o peso das minhas palavras cortarem meu coração ao meio.

Marvin junta os lábios impressionado outra vez. Não estou nem aí para o que ele acha e essa conversa já está tomando um rumo do qual não gosto.

-Então você veio atrás de mim para que eu te leve ate a Susan. -Constata ele, vendo as coisas com uma clareza definitiva.

Para minha sorte estou preparado para essa parte então não me abalo, apenas confirmo com a cabeça.

-Não para me levar a até ela exatamente, mas quero que me diga se fazer isso vai valer a pena, se tem alguma possibilidade de ela me contar a verdade. É você quem tem contato com ela depois de tudo o que aconteceu.

Ele assente com um gesto automático, mas depois que eu termino, nega com veemência.

-Calma, aí. Eu não vejo a Susan desde o dia que ela foi internada. Estou indo frequentemente visitá-la, mas não passo da ala médica para conversar com as enfermeiras. Ela se recusa a receber qualquer pessoa além da Sarah.

Há um certo nível de tristeza quando ele explica. Algo compreensível e incompreensível na mesma medida. Fico surpreso em saber que ele não tem visto a Susan, mas irritado também porque isso não está me ajudando.

-Ela vai querer me receber. Tenho certeza. -Afirmo, certo do que estou dizendo. -O que as enfermeiras dizem sobre ela, então?

Ele faz uma pausa para me analisar, talvez desconfiado e incomodado com a forma com a qual afirmo que Susan vai querer me ver enquanto não quer ve-lo, mas novamente, não me importo.

-Ela ainda está em fase de adaptação no hospital. Isso quer dizer que está afastada das outras pacientes, mas pelo que me disseram da última vez ela tem aceitado bem o tratamento e coopera positivamente com a equipe.

Confirmo com um aceno de cabeça imaginando como Susan finge bem ser uma mulher saudável. Ela fazia muito isso comigo, sempre parecendo ser uma vítima indefesa enquanto o mundo conspirava contra ela. Era tudo mentira.

-Sendo assim quero ir lá. Hoje mesmo. Já estou com essa dúvida a muitos dias e se ela está bem...

-Espera um pouco rapaz. Você não está pensando direito. -Ele me corta, erguendo a palma da mão para que eu me acalme. Só que não estou alterado. Ainda não.

-Estou pensando direito sim. Se ela é minha única chance de saber a verdade não vou esperar até que essa história chegue aos ouvidos da Sarah. Preciso saber o quanto antes. -Argumento, prestes a mudar o tom da minha voz me arrependendo de ter proposto esse encontro, para começo de conversa.

Marvin passa a mão pelo rosto como se estivesse pedindo por paciência e sua cicatriz que antes era branca está se tornando cada vez mais vermelha com a força que está fazendo.

-Tudo bem. Podemos ir até ela hoje como você quer, mas antes você precisa entender algumas coisas.

Não estou disposto a escutar mais nada, mas por alguma razão espero que ele termine talvez porque algo em seu aviso me deixe um pouco alarmado.

-Eu não sei até onde você tem ciência disso, mas a Susan é uma mulher doente. A maioria das coisas que ela fez foi por causa disso... Não estou tentando validar nada com esse argumento, sou a maior prova do que ela é capaz de fazer, afinal só estou vivo hoje por milagre. -Explica ele levando a mão até o queixo para segura-lo. Parece que está entrando em colapso.

Apesar de me compadecer com a história, não tenho tempo nem paciência para isso outra vez.

-Onde você está querendo chegar? -Pergunto querendo que ele seja mais direto.

-Estou dizendo que você tem raiva. Muita raiva. Não sei como está conseguindo esconder isso pra mim, mas eu sei o que você sente. Quando vim atrás dela a raiva era a minha maior motivação, mas as coisas não podem ser desse jeito. Lá dentro ela é uma paciente. Está sob a proteção não só do hospital, mas dá justiça também.

É nesse momento que entendo o que ele quer dizer. Não é um pensamento infundado, mas fico na defensiva mesmo assim.

-O que você acha que eu vou fazer? Bater nela? Fazer ela falar comigo na marra? -Tenho que perguntar, embora não queira ouvir a resposta. Um frio se instala dentro de mim só com o pensamento disso acontecer.

-Não. -Move a cabeça de um lado para o outro. -Sei que você não vai fazer isso e nem poderia se quisesse. É só um aviso para deixar as coisas claras. Se acontecer alguma coisa lá dentro eu não vou poder fazer nada para ajudá-lo. Já me meti em problemas demais com a justiça por causa das mentiras da Susan.

Não era o que eu estava esperando ouvir, mas de alguma forma serve para que eu repense minha atitude. Ele não está com medo de que eu faça alguma coisa contra Susan, está com medo de que ela faça algo contra mim.

Engolindo o nó súbito em minha garganta confirmo com a cabeça.

-Eu entendi e espero que essa conversa não dure tempo o suficiente para que as coisas saiam de controle.

Ele escuta com atenção, tentando decidir se confia em mim ou não. No final assente, parecendo decidir por alguma razão que confia.

Depois que Marvin paga a conta sigo seu carro em direção ao distrito de North Vancouver, onde está situado o hospital psiquiátrico. É um caminho que só fiz uma vez, quando levei Sarah para a única visita que fez a Susan, mas que parece que sei de cor.

A cada quilômetro rodado, me sinto cada vez mais longe da minha zona de segurança e cada vez mais perto do habismo. Onde está concentrada todas as coisas ruins da minha vida e que me engole gradativamente.

O estranho é que mesmo me sentindo assim não consigo ter força o suficiente para voltar atrás. Há algo maior me motivando. É a vontade de trazer minha vida de volta, mesmo que para isso eu tenha que destrui-la mais um pouco. 

Cruzamos uma pequena estrada de cascalhos que fica na entrada da propriedade no meio da divisa entre as cidades e logo o prédio do hospital surge no horizonte.

Tem uns seis andares e de longe poderia passar muito bem por uma escola ou orfanato se não fossem os muros altos com cerca elétrica que o circula.

Temos que deixar nossos nomes na entrada e é Marvin que se encarrega de tudo. Quando Vim com Sarah parei exatamente na entrada no jardim, antes do portão de ferro que separa a guarita dos guardas e a fachada do hospital.

No jardim, além de uma horta, há um lago com um chafariz no centro, bem como Sarah descreveu. Não é assustador como imaginei que seria. As janelas são de madeira e há grades de ferro pijtadas de branco encobrindo todas elas, o que deve ser mais um dos esquemas de segurança.

No mais, é tudo absolutamente calmo e normal. O oposto do que pensei que seria..

Algumas pessoas estão em bancos no jardim e outras na terra enchendo os pequenos buracos no chão com sementes. As pessoas de branco são os pacientes. Da para saber porque algumas delas conversam sozinhas ou estão agitadas demais, ou rindo demais. As enfermeiras estão de rosa claro ou azul escuro e interagem com os pacientes com toda calma do mundo.

Na parte de dentro, Marvin vai direto até uma recepção e fala com uma atendente que já parece conhecê-lo. Não há pacientes nessa ala, o que torna as coisas mais reais do que na parte de fora do prédio.

-Como ela está hoje, Glória? -Marvin pergunta, enquanto a mulher digita alguma coisa em um computador atrás do balcão.

-Ah, está ótima. Já tomou café da manhã e está esperando uma medicação para poder tomar o banho de sol lá em cima. -Responde ela, entregando um crachá para Marvin.

-Não, não sou eu quem vou entrar e sim ele. -Diz, apontando para mim.

Me aproximo do balcão e a mulher pequena me inspeciona.

-Qual o seu grau de parentesco com a Suzane?

Quase me esqueço de responder com a cabeça nas nuvens ainda tentando digerir o que está acontecendo.

-Nenhum... Quer dizer, ela é mãe da minha irmã. -Digo sem pensar .

O olhar da mulher suaviza e ela abre um sorriso ao me entregar o crachá de identificação.

-A Sarah... A Suzane fala muito sobre ela. A menina veio com o senhor?

Faço que não, de repente sem conseguir expressar com palavras.

Ela coloca o crachá no bolso da minha camisa e me passa um monte de instruções entre elas para que eu não fale muito alto, nem faça barulho com o sapato, nem exceda o tempo da visita.

Confirmo a tudo, sem entender o porquê de tantas restrições, mas as coisas ficam mais claras quando um guarda vem para me revistar, se certificando de que eu me livre da carteira, do celular e de qualquer coisa que possa ser considerado perigoso, o que inclui meu cinto e o relógio que Sarah me deu de presente.

Subimos alguns lances de escadas até chegarmos no quinto andar onde passamos por uma passarela aberta de onde dá para ver o resto da propriedade inteira de cima até chegarmos em um corredor largo repleto de quartos.

A funcionária do hospital para na segunda porta e pede para entrar primeiro sozinha. Fico impaciente esperando sozinho no lado de fora já que Marvin ficou na entrada. Apesar de o ar estar fresco e até correr uma brisa, me sinto quente e gotas de suor começam a brotat dos meus cabelos escorrendo pela minha testa.

Quando a recepcionista sai, está com o cenho frazido, como se estivesse confusa com qualquer coisa que ouviu lá dentro mas deixa a porta aberta para que eu passe sem dizer nada.

Respiro fundo, como se fosse a última vez que vou fazer isso na vida e entro. O cômodo é totalmente branco e a janela aberta deixa tudo tão claro que demoro para conseguir ficar minha visão.

Quando consigo, percebo de imediato que não se trata de um quarto. É uma sala, semelhante a de uma reunião exceto que só há duas cadeiras em torno de uma mesa alcochoada.

O que acontece depois é tão rápido, que não tenho tempo de raciocinar quando sinto um corpo bater contra o meu e braços se atirarem em torno dos meus ombros.

-Ah, Finnie, eu estava com tanta saudade de você!

A sua voz é o que me desperta para a realidade junto com as batidas fortes de seu coração pulsando contra o meu que parece nem conseguir mais bater e o cheiro inconfundível de baunilha que penetra minhas narinas.

-Susan... Me solta. -É tudo o que digo, mas não me mexo. Não posso fazer isso sem toca-la e se toca-la tenho certeza de que vou queimar inteiro.

Ela solta uma respiração custosa em meu ombro, em uma espécie de choro e se afasta. Dou um passo involuntário para trás como se isso tivesse sugado todas as minhas energias e é quando a vejo direito pela primeira vez.

Seus pés estão cobertos por um par de pantufas felpudas brancas que quase desaparecem com a barra da calça frouxa da mesma cor. A camisa também é larga e só há um flor de Lottus bordada bem no canto do peito. Seus cabelos estão soltos e lisos caindo em seus ombros mas é em seu rosto onde me detenho.

Ela está sorrindo para mim. Não é da forma assustadora como me lembro da última vez, mas ainda é o bastante para me fazer sentir um arrepio na espinha. As marcas da idade nunca foram tão visíveis, agora que ela já não tem mais como manter um estoque de produtos de beleza. São pequenas e quase imperceptíveis rugas e linhas de expressoes em torno dos olhos e na testa, mas ao contrário do que isso deveria ser, parece que nunca a vi tão bem como agora. É inevitável que não me lembre da primeira vez que a vi a oito anos atrás e sou quase capaz de levar o pensamento a algo semelhante a uma nostalgia, mas então as lembranças ficam manchadas em minha mente com sangue vivo me fazendo recordar de cada uma das coisas que aconteceram em seguida.

A mulher que foi o meu primeiro amor, se torna em minha mente a pessoa que destruiu a minha vida e me tirou tudo sem que eu percebesse. A responsável pelo monstro que me tornei e por cada dor que fiz todos que realmente me amavam sentir. Incrivelmente não é raiva que eu sinto ao olha-la. Só uma grande e irreparável mágoa que se mistura com o arrependimento de um dia ter permitido que Susan entrasse em minha vida.

-Desculpa.. faz muito tempo que eu não vejo ninguém. -Ela diz depois de um longo momento apenas me encarando de volta e me tira dos pensamentos. Parece envergonhada por sua atitude, mas sei que não passa de fingimento. -Voce veio sem avisar... Aconteceu alguma coisa ou você só queria me ver?

Ainda me lembro dessa Susan. É a carente. A que espera qualquer migalha que eu possa oferecer. Dois meses se passaram e nada mudou.

Não respondo. Não consigo abrir minha boca nem tirar minhas costas da porta. Parece a forma mais segura.

Ela sorri de novo. Está se divertindo com o meu estado e sabe que não vim aqui para vê-la coisa nenhuma.

Ela vai até a mesa no centro da sala e aponta para uma das cadeiras vazias.

-Senta aqui, ou você vai ficar parado aí o tempo todo? -Pergunta, usando um tom divertido enquanto coloca as mãos na cintura.

Devo admitir que isso é diferente do que eu esperava. Achei que ela não fosse me receber com essa felicidade, mas tenho que me lembrar de que devo tomar cuidado. Ela boa em fingir.

Sem dizer nada e com passos hesitantes vou ate a cadeira e me sento. Ela me analisa mais uma vez, agora percebendo em mim as coisas que não dava para ver antes por causa da distância que projetei entre nós. O sorriso não sai de sua boca. Imagino ser porque ela está feliz em me ver aqui, ou até mesmo está zombando de mim. Nunca vou saber a resposta.

Depois que se senta, ela coloca algumas mechas de cabelo para trás das orelhas.

-Como estão as coisas? Você ainda trabalha para o Oliver? Eu soube que ele está sendo um ótimo prefeito e...

-Não. Eu não vim aqui para falar sobre mim. -A corto. Recuperando minha voz ao perceber onde ela está querendo chegar.

Ir direto em Oliver é o que precipita para chegar em Millie e não quero nem imaginar o que serei capaz de fazer se ouvir seu nome saindo da boca de Susan.

Ela ergue as sobrancelhas diante da minha voz firme, como se estivesse surpresa com isso, mas novamente sei que é uma expressão falsa.

-Bem.. então o que veio fazer aqui? -Quando pergunta seu rosto se alarma, como se tivesse lembrado de alguma coisa. -A Sarah... Você a trouxe aqui?

Ouvir o nome de Sarah é tão ruim quanto imaginar ouvir o de Millie. Meu maxilar se tranca e minha respiração se altera principalmente quando percebo que Sarah não foi a primeira coisa da qual ela quis saber quando cheguei.

-Não. Ela não veio. -Me interrompo, lutando para manter a racionalidade ainda dentro de mim.

Seu cenho se franze e ela se afasta um pouco da mesa.

-Faz tempo que ela não vem aqui. O que aconteceu? Você está cuidando bem da minha filha, não está?

A Susan irritada entra em cena. E essa é uma das personagens mais difíceis de lidar, a qual quase nunca consegui conter e agora com opções limitadas até mesmo com o tom da minha voz, não sei como vou conseguir suportar isso..

-Não precisa fingir que se importa com ela, Susan. Acho que nós dois já podemos conversar sem os seus joguinhos. -Respondo, estranhamente ficando mais calmo quando a trato de igual para igual.

Ela é doente, tenho que me lembrar disso, mas isso não quer dizer que vou pisar em ovos.

Sua cara se fecha ficando com um tom estranho de vermelho. Está furiosa. Ofendida.

-Como você ousa vir até aqui dizer que eu não me importo com a minha filha? Quem você pensa que é? -Se altera, falando por entredentes para não ter que gritar.

A adrenalina corre livre em meu sangue me envenenando e me entorpecendo. Parece irracional discutir com uma pessoa assim, mas eu faço isso.

-Quem eu penso que sou? Vamos ver... Até agora achei que fosse irmão da Sarah, mas me diz Susan, será que isso é verdade?

Primeiro seu rosto paralisa em claro choque, mas um segundo depois ela começa a rir. Não de um jeito incrédulo como as pessoas geralmente fazem, é uma risada doentia e áspera.

-Vai Susan, vamos acabar logo com isso. Eu sou ou não irmão da Sarah de verdade? -Insisto, sem muita paciência para a sua loucura.

Ela levanta a cabeça limpando os cantos dos olhos mas continua rindo o tempo todo.

-Você é tão engraçado... Tem que ver sua cara é sério. Cada vez isso fica melhor.

Não consigo definir se isso significa um sim ou um não ou se sla só está tentando me enlouquecer também. De toda forma me sinto cada vez mais perto de sair de mim.

-Responde. -Pressiono novamente, coloca do minhas mãos em cima da mesa para lançar meu corpo mais para frente em tom de ameaça. -Ela é ou não filha do meu pai?

Susan para de rir de repente. Não sei como consegue mudar suas expressões tão facilmente. Talvez com outras pessoas não seja assim, mas comigo até onde me lembro sempre foi dessa forma.

-Ela já sabe de tudo não sabe? Sabe o porquê de eu estar presa aqui? -Pergunta, desviando mais uma vez do assunto.

Apesar disso, enxergo uma oportunidade para tentar atingi-la.

-Sabe e não quer mais ver você por enquanto.

Sei que estou passando dos limites e que talvez isso nem seja saudável para ela, mas estou ficando sem saída e cada vez mais desesperado.

Ela se aproxima mais da mesa apertando o metal com as mãos até seus dedos ficarem brancos pelo esforço. Seus olhos se estreitam como um animal prestes a atacar.

-Esta vendo o que você fez? Você não devia ter deixado que ela soubesse de nada... Está satisfeito? Destruiu a minha vida e a da minha filha também!

Sei tom protetor me enoja. Sei que nada disso tem a ver com a Sarah e não passa de uma tentativa de me fazer me sentir culpado. Minha pulsação acelera mesmo que eu saiba sua intenção e devesse ignorar isso, mas não consigo.

-Não fui eu que destruí nada. Foi você.

Ela se afasta quando escuta, como se eu tivesse lhe dado um tapa na cara. O que vem depois me choca. Ela coloca encolhe as pernas para cima da cadeira e abraça os joelhos encostando o rosto na coxa como uma criança a indefesa e assustada. Porra. Ela começa a chorar.

-Foi você.... Tudo o que eu fiz foi para voltar pra você porque eu te amo. Mas você preferiu acreditar na palavra do Marvin do que na minha. -Diz em meio aos soluços.

A Susan triste é a que mais me irrita. Pois é a mais falsa de todas.

-Você me ama? -Solto uma risada e me encosto na cadeira. -Você não é capaz de amar ninguém, nem a sua própria filha.

Minha voz sai tão amarga que quase sinto o gosto em minha boca. Não era para ser assim, mas não suporto ouvi-la dizer que me ama.

Ela chora ainda mais e esfrega o rosto na perna.

-Eu a amo sim... Você não sabe de nada.

-Então me diz a verdade.. se a ama, se sente qualquer coisa por aquela criança seja sincera pelomenos uma vez na sua vida! -Acabo elevando o tom de voz. Mais por desespero do que por raiva.

Susan soluça mais um pouco e usa as mãos para limpar as lágrimas do rosto. Quando olha para mim de novo, mais uma vez já um sorriso em seu rosto.

-Você está perguntando isso porque viu qus ela não tem nada a ver com você não é? Qual é a sensação Finn? De ser tão burro para não perceber as coisas quando elas estão tão claras na sua frente? Nem com isso você aprende não é?

O maldito sorriso se alarga e pelo tom baixo de suas palavras e seus olhos vermelhos vejo que estou falando com uma outra Susan. A mesma que estava na minha casa bem antes de que eu descobrisse tudo. É a Susan de verdade. O monstro por trás de todos os outros personagens.

-Me diz a verdade Susan. Claramente. Se não fizer isso...

-Vai fazer o que comigo? -Ela me corta levantando da cadeira quase com um pulo. A mesa treme no nosso meio e seus olhos se fincam em mim. -O que mais você pode fazer para acabar comigo? Ah... Já sei... Vai chamar a Millie, não é? Não é ela quem descobre tudo pra você? Quem sabe se ela vir aqui ela não me faça falar a verdade?

Meu sangue ferve e tudo dentro de mim se transforma em fogo atiçado pela tortura que é me lembrar dos pesadelos.  Me levando da cadeira também e ficamos frente a frente.

-Não fale o nome dela. Nunca mais nem pense nela de novo. -Ameaço, por entredentes.

Ela sorri de novo e chega ainda mais perto de mim recebendo a respiração furiosa que emito.

-Um dia eu vou sair daqui Finn... Não precisa se preocupar meu amor, porque te perdôo e não quero te fazer mal, mas a sua queridinha... Infelizmente eu não posso falar o mesmo dela. Só tem espaço para uma mulher na sua vida e ela sou eu.


Notas Finais


Dfgcdfubb

O surto

O q vocês acham que o Finn vai fazer??


Até breve ♥️


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