História The Choice - Encontro na praça central

Pov Lauren 

A social foi incrível e deu tudo certo! Tirando o fato de que minha namorada passou mal e tive que cuidar dela. Arrumei toda a casa, olhando cada centímetro em cada cômodo. Não poderia deixar nenhuma sujeira, muito menos algum sinal de que teve bebida alcoólica. Então desfiz dos vasilhames, copos e o que mais tivesse, a tempo. Logo Meus pais chegariam em casa e não poderia ter nada "ilegal". Se meus pais vissem algo que não deveria, me matariam e matariam meus irmãos também. Primeiro: ainda sou menor (infelizmente). Segundo: Tay e Chris me deixaram sozinha para irem a um cassino. A casa precisava estar em ordem para que não houvessem futuros problemas, então olhei cada canto por pelo menos umas cinco vezes. Estava exaustas, porém satisfeita. Tinha feito tudo do jeito que me pediram e  claro, consegui cumprir as promessas que fiz, tendo como conseqüência a confiança (ou pelo menos parte dela) dos meus irmãos. Estava me sentindo tão bem com isso. Poder ter Tay e Chris próximos de mim outra vez, me faria uma pessoa mais contente. Eu sentia falta deles. Não que eu demonstrasse, longe disso, mas sentia. No fundo, sou uma pessoa como qualquer outra. Que sente, se importa, ama... Mas como toda pessoa fria, tenho motivos pra me mostrar diferente. Tenho um segredo guardado a sete chaves, que ninguém mais poderia saber. Algumas pessoas sabiam e isso me torna sensível ou se tornava uma tortura pra mim, porque até hoje, me sinto culpada e levarei essa culpa comigo até o último dia da minha vida. Não Lauren, não pense nisso, não agora, nem depois. Esqueça! Na verdade, não dá pra esquecer, mas pode evitar pensamentos, disse na tentativa de me tranquilizar.

(...)

Precisava falar com Vero. Será que ela tinha mais informações sobre Camila e Keana? Estava disposta a descobrir o que realmente acontecia entre as duas. Só queria entender o motivo por todo aquele escândalo. Por que Dinah foi falar com Keana e não Camila? Se fosse algo tão serio, Camila não deixaria passar, ou deixaria? Mas por quê? Se fosse algo bobo Dinah não ficaria tão nervosa! 
Minha cabeça estava pra explodir. Já havia pensado em inúmeras possibilidades e inúmeras coisas, porém, não chegava a nenhuma conclusão. Ora ou outra pensava em Alexa, contra a minha vontade. E Camila... Não consegui esquecer a foto que vi na noite anterior. Ela estava incrivelmente linda. Seus cabelos soltos e levemente ondulados. Seus olhos grandes, suas Iris castanhas, em um tom tão agradável, sua pupila dilatada. E o corpo? Meu Deus, já estava saindo de órbita. Não dava pra acreditar que desde quando a vi daquela forma, não deixei de pensar nela. E como seria daqui pra frente? Ninguém poderia saber que Lauren Jauregui estava pensando nela. Que estava vidrada na beleza de Camila Cabello. Não, ela não deve ser tão bonita assim, repeti pra mim mesmo várias vezes. Se fosse, por que só percebi isso agora? Você está ficando doida, Lauren. Deixa isso tudo pra lá, inclusive o que Keana fez a ela, não é da sua conta. 

Andei em direção ao meu celular, que estava sobre minha escrivaninha, ao lado do meu computador. Disquei um número que logo apareceu "Vero Iglesias" na tela do celular. 
Depois de três toques, Vero atendeu. 

- Oi, biscate. O que você quer? ~ Verônica conseguia ser um amor de pessoa quando queria. 

- Oi! Boa tarde, como você está minha querida amiga? ~ disse ironicamente.

- Nossa! Acho que os papéis estão invertidos. Será que foi a quantidade de álcool que bebemos ontem, que fez com que nossas personalidades fossem trocadas? ~ não consegui conter o riso, Vero era uma tremenda idiota e eu adorava seu bom humor. 

- Talvez tenha sido isso. 

- Falando sério, por que tenho a honra de sua ligação? ~ perguntou esperando uma resposta seria. Sem qualquer tipo de gracinha. Afinal, por que havia ligado pra ela? 

- Ah, só queria saber se está bem. Bebeu muito ontem. Me preocupei. ~ menti. 

- Conta outra, Lauren. Você quer saber da Camila! Me lembro exatamente da expressão que formou em seu rosto quando viu a foto da menina. Não é pra menos né... ~ sua voz era nostálgica. Como se estivesse puxando do fundo da memória os detalhes de Camila. Espera... Vero deu ênfase a minha expressão. Foi tão óbvia assim? Droga! 

- Liguei, principalmente pra saber como está e também... O que mais descobriu? Não quero saber exatamente sobre Camila. ~ menti de novo. Eu queria saber mais sobre ela. Estava perdidamente encantada. Eu não sabia como isso tinha acontecido. Foi tudo tão rápido. 

- Podemos nos encontrar na praça perto do show da água? Chegando lá, conversamos. ~ Concordei e desliguei o aparelho celular. 

Peguei uma toalha limpa e segui para o banheiro. Precisava de um banho pra relaxar e tirar toda aquela tensão. Realmente estava bem tensa. Até o momento, não entrava na minha cabeça o fato de Camila não ter saído dela. 
Meu banho demorou cerca de uns trinta minutos. Tempo suficiente pra pensar em muita coisa, inclusive na roupa que usaria. Hoje não sairia totalmente de preto. O clima estava quente em Las Vegas, então usaria algo que não me incomodasse. Separei uma saia longa branca e um cropped preto. Não sou acostumada em usar trajes que possam deixar meu corpo a amostra, mas hoje seria uma exceção. O tempo pedia roupas leves e o quanto menos me fizesse sentir calor, melhor. Calcei uma sandalha sem salto, usei uma máscara em meus cílios, passei um batom claro e pronto, estava ótimo. 
Desci as escadas e me lembrei que Meus pais estavam pra chegar, porém já tinha marcado com Vero, então liguei pra minha mãe pra avisar. Chamou incontáveis vezes e a mesma não atendeu. Liguei pro meu pai e após o segundo toque, pude ouvir sua voz. Deixei avisado que encontraria Iglesias, o local onde estaríamos e ele entendeu. Encerrei a ligação e fui ao encontro de minha amiga. 

(...) 

Não demorei muito para que a avistasse sentada em um dos bancos da praça. Aquele lugar era lindo, tão acolhedor e cheio de vida. Perdi as contas de quantas vezes me senti mal e fui até lá, em busca de paz interior. Era uma espécie de calma natural. Me sentava em um dos bancos, me perdia na imensidão do céu e deixava que minha mente pudesse fluir. Era ótima aquela sensação. Fui caminhando até Iglesias enquanto recordava das vezes que estive ali. 

- Você demorou! ~ disse vero ao me ver. 

- Tomei um banho demorado. Precisava descarregar toda a tensão. ~ deixei escapar. 

- Está tensa, por quê? ~ opa! E agora Jauregui, o que iria dizer? Não gosto de mentir pra Vero. Talvez não seja tão ruim falar a verdade pra ela.

- Sim! Ontem foi um dia e tanto. E também... 

- Camila?! ~ minha amiga me interrompeu. 

- Como sabe? 

- Sou sua melhor amiga. Não precisa mentir. Você sabe que mesmo mentindo, sei da verdade. Conheço esses olhos verdes melhor do que ninguém. ~ sorri ao ouvir suas palavras. Realmente, Vero me conhecia melhor do que ninguém. Até mesmo, melhor do que Keana. - Então, o que tem a Camila? ~ cruzei meus Olhos com os de Vero, assim que ouvi sua voz me fazendo despertar. 

- Eu não sei... Só estive pensando muito nela, desde que vi sua foto. Já pensava antes, por querer descobrir o que rola entre ela e Keana, mas depois... Aquela foto mexeu com minha imaginação. Devo estar doente. 

- Acho que Keana precisa começar a se preocupar, se não quiser perder a namorada. ~ Iglesias disse rindo.

- Perder? Ta doida? Não vejo possibilidades de nada com Camila. Primeiro que nem sei se ela gosta de garotas. Segundo que só a achei muito bonita na fo... 

- Ela é bi! ~ sua afirmação me fez a fitar. 

- Como sabe? ~ perguntei curiosa. 

- Quando saiu pra cuidar de Keana, Austin me contou que Camila se descobriu a pouco tempo. Uma de suas experiências com mulher, foi com aquela loira da foto. ~ não acredito, pensei. Sentia um mix de sensações me bombardeando. Camila é Bissexual e havia beijado a garota que não fui com a cara. Não pode ser. 
Tudo isso era teoricamente impossível. Não dava pra acreditar que de um dia par ao outro, literalmente, me interessei por uma garota que se quer troquei uma palavra. Aquilo não poderia passar de admiração. A única explicação é que fiquei impactada com a diferença entre a Camila que  vi na foto e a Camila que vejo sempre. Devo ter ficado longos minutos pensando em tudo isso e tentando entender o que estava acontecendo comigo quando ouvi Vero falando: 

- Lauren, olha quem está ali. ~ Coloquei meus olhos em Iglesias e a vi apontando para atrás de mim, me virei rapidamente e... Não pode ser! O que ela está fazendo aqui? O que Camila está fazendo aqui? 

Pov Camila 

Faz tanto tempo que não vou a praça, que me deu uma vontade de súbita de ir aquele lugar. Me sentar e ficar pensando na vida. Nas coisas que estavam acontecendo e claro, observar tudo à minha volta, como de costume. Ou ir em uma ótima companhia pra conversar e dar muita risada. Decidi chamar Dinah pra ir comigo, mas ela não podia. Disse que iria estudar para a prova que teria nessa semana. Convidei Ally e Mani, ambas fariam o mesmo que Dinah. Como já havia estudado o suficiente, não me preocupei com isso, então decidi ir sozinha. Talvez eu precisasse disso mesmo, de um momento só meu. 
Caminhava lentamente, com os passos leves, como se cada passo fizesse o contrário dos meus pensamentos. Uma troca de energia onde um estava lento e calmo e o outro rápido e agitado. 
Me peguei pensando bastante sobre minha escolha de formação. Eu amo música, mas seria essa minha vocação? Também gostava muito de jornalismo, o que não tinha nada a ver com a minha primeira opção. Parece que quanto mais se aproximava a data da minha inserção na faculdade (o que não estava tão longe), mais difícil ficava me decidir. 
Caminhei com os pensamentos tão perdidos que nem notei que já tinha chegado à praça. Definitivamente, aquele lugar era incrível. Poderia ficar ali por horas, fitando meu panorama de vista a fio e não me cansaria. 
Me sentei em um dos bancos, me relaxando e me desligando de todos aqueles pensamentos, deixei que focasse somente naquilo que avistasse, até que notei duas moças me fitando. Semicerrei os olhos na intenção  falha de enxergar melhor. Como não consegui identificar que eram, deixei pra lá e continuei com meus olhos fixos e presos aquele azul céu que se encontrava sobre mim. 
Fitava o céu, como se fosse um alguém muito conhecido e em pensamentos iniciamos um diálogo: 
"- Ô menina, por que me olha tanto? 
- Te olho e vejo o infinito de coisas que as pessoas nunca descobrirão. Sua infinita grandeza imutável consome meus olhares curiosos, mas ninguém nunca realmente conseguirá explicá-lo suficientemente para acabar com a sua mágica ao meu olhar, pois você, céu, nunca acaba, sempre há algo acima. Sempre há algo indescoberto. Em você encontro o que falta em mim: em dias que sinto o obscuro da minha alma, olho pra ti e encontro luz. Quando estou sem rumo, é pra você que eu olho e me guio para casa. Quando me falta brilho no olhar, enxergo a lua e as estrelas. São os seus componentes mais incríveis que me transmitem brilho e luz. Ou até mesmo quando me falta amor, eu te amo da forma mais absurda. Você atrai meus olhares como uma imã atrai qualquer metal: de uma forma rápida e fixa. 
Em você eu consigo imaginar como se toda a realidade que vivo, fosse uma vida paralela onde minha mente é a criadora. Com os Meus olhos fixos em você e apaixonados por sua imensidão posso ser o quero. Posso viajar, imaginar, criar, mas o que eu prefiro é te admirar e me encontrar."
Fechei meus olhos pra sentir toda aquela energia, até que ouvi: 

- Oi, Camila! ~ já ouvira aquele timbre em algum lugar, mas onde? Tive esse arco de reflexo, antes de abrir meus olhos e me dar conta de que era a Veronica, acompanhada de Lauren. LAUREN? pensei. 

- Oi! ~ respondi sem entusiasmo. 

- Te vimos de longe e decidimos vir falar com você, fizemos mal? ~ Vero era sempre simpática? 

- Não! Estava pensando um pouco... 

- Interrompemos? ~ dessa vez era uma voz rouca e gostosa de ouvir.  

- Está tudo bem meninas... Mas por que decidiram vir até a mim? ~ fui direta e acho que as peguei de surpresa. Se entre olharam até que Vero falou

- É... ~ fitou Lauren, depois voltou seu olhar pra mim. - Nós estamos com dificuldades em algumas matérias, e queríamos saber se pode nos ajudar. Falaríamos com você no colégio, mas como te vimos aqui, só adiantamos o pedido. ~encarei as duas garotas, que me olhavam fixamente...

- Tudo bem. Os professoras começarão a aplicar as provas essa semana... Quando querem começar? ~ falei empolgada. Talvez elas não esperassem tanto, porque ficaram me olhando e por alguns segundos, me senti desconfortável.

- Pode ser amanhã, depois da aula? ~ Lauren perguntou. 

- Claro! Então ficaremos no colégio? 

- Si... 

- Não! Vamos na casa de Lauren. ~ Disse Vero interrompendo sua amiga. 

- Tudo bem. ~ Concordei. 

Ficamos conversando por longos minutos, talvez horas. Pude perceber que Lauren não era tão antipática e arrogante como aparentava. Muito menos egocêntrica e exibicionista, como costumava ser. Na verdade, ela parecia diferente de todos os dias que a vi. Toda aquela impressão ruim que criei, foi se desconstruindo aos poucos em apenas um dia. Será que, nesse tempo todo, estava sendo injusta por julgá-la sem ao menos ter dialogado com, Lauren? Como sempre, o ser humano julgando aquilo que via superficialmente. Isso é horrível, Camila. Disse a mim mesma. Mas... Pensando bem, essa é a primeira vez que a vejo assim. Nao sei no que devo acreditar! Nao sei se levo em conta a garota insuportável de todos os anos, ou essa, que estava sendo totalmente o contrário. Difícil! 
Desfoquei meus pensamentos ao notar que Lauren me olhava e sorria. Desde quando Lauren Jauregui mostrava seus dentes (tão perfeitos) em um sorriso tão largo pra alguém? Ou melhor, pra mim? A garota só poderia estar em um excelente humor, não era possível. Ou eu realmente estava a julgando. A julgava por algo que sempre vi, e tudo isso mudara com essa nova Lauren que estava diante de mim. 
Talvez ela não se mostre tão doce, por ter algo guardado, por ter se machucado. Pessoas decepcionadas costumam ser assim. Constroem barreiras para se protegerem. O que não fazia sentido nenhum era por que ela estava sendo assim comigo. Comigo! Eu, Camila Cabello. A Nerdzinha. A estranha e desajeitada, como diziam. Tinha alguma coisa estranha nisso tudo. 
Olhei pra Lauren uma outra vez e dei de cara com ela me encarando. Nem parecia ouvir Verônica, que estava empolgada comendo algo que não me esforcei pra ouvir, afinal, não me diz respeito. 
Tive todos esses pensamentos enquanto conversávamos. Descobri que Lauren ama aquela praça tanto quanto eu. É loucamente apaixonada pelo céu, feito eu. Gosta de fotografias e o melhor... Ela gosta de cantar. Isso tudo seria o destino tentando aproximar a Nerdzinha sem graça e esquisita, da morena linda, popular,  dos olhos vibrantes e o sorriso largo? O destino quando queria, mostrava que era capaz de qualquer coisa. 
Me levantei, me despedindo das meninas, que me disseram que também voltariam para suas casas. Caminhamos juntas, caladas. Onde foram parar aquelas garotas que falavam empolgadas, atropelando as palavras? 

(...) 

Pov Lauren 

Adentrei a porta de casa, percebi que Meus pais haviam chegado. Estava com saudades! Implico tanto com a minha mãe, mas ela me fazia falta. Precisava dela nem que fosse pra brigarmos. Ouvi vozes na cozinha e não demorou muito para que identificasse de quem eram aqueles timbres. 

- Finalmente chegaram! ~ disse abraçando os dois. 

- Minha pequena! ~ ouvi a voz de papai. Ele sempre me chamou de pequena. Aquilo me fascinava. Uma forma tão carinhosa de me chamar. Dei um beijo carinhoso em sua face, depois fiz o mesmo com minha mãe. 

- Como foi seu fim de semana? ~ mamãe perguntou.

- Foi ótimo! 

- E a social? ~Arregalei os olhos e hesitei antes de falar algo. O que diria? Será que mamãe já sabia que fiquei sozinha? Até o que ouvira, Chris contaria a verdade. E se ele tivesse desistido? Ai, caramba! 

- Foi incrível! E o fim de semana de vocês? ~dei ênfase à última frase, para que eles não percebessem meu incômodo e mudassem de assunto. 

- Foi maravilhoso! Nos divertimos muito, na casa de uns amigos em Los Angeles. Passamos a maior parte em Malibu beach. ~ disse papai empolgado. 

- Fico contente por vocês. Agora vou subir, preciso estudar. ~ estava fugindo do assunto evitando um futuro questionário. 

Realmente havia ficado feliz com por Meus pais. Eles trabalhavam tanto que precisavam tirar um lazer. Precisavam se divertir. Ninguém vive somente de trabalho, a não ser que seja um robô. 

(...)

Acordei serena e fiquei enrolando na cama. Pensando no que faria hoje depois da aula. Talvez fosse ate praça de novo. Queria um tempo sozinha. Precisa entender tudo o que estava acontecendo dentro de mim. Fiquei fitando o teto, até tomar coragem pra me levantar e fazer o que precisava. Caminhei lentamente até o banheiro, estava com aquela sensação de acabar de acordar e ainda estar morrendo de sono. Me olhei no espelho, estava com a cara amassada, daquelas que enrola o acordar. Preciso dormir mais! Pensei. 
Entrei no box, tomei um banho demorado. Sentia um choque com o impacto da água morna contra meu corpo. Fitava o piso enquanto sentia aquela gostosa sensação. Aos poucos fui acordando. Desliguei o chuveiro, peguei a toalha que estava pendurada perto da porta e me sequei. Já estava um pouco mais ativa quando segui pro meu quarto. Abri o guarda-roupas, olhando de um lado pro outro pensando em que roupa usaria hoje. Escolhi uma calça preta, rasgada nas pernas, uma blusa branca com transparência e um coturno preto. Passei lápis nos olhos, deixando minha Iris chamativa. Usei uma máscara em meus cílios, os deixando volumosos e grandes. E na boca, um bato nude. Me fitei diante do espelho e estava bom. 
Hoje não estava afim de tomar café, então desci, dei bom dia aos Meus pais dando um beijo na testa de casa um. Me despedi deles e caminhei até a porta da saída, antes menos de sair, peguei minha bolsa e comuniquei meu motorista para que me esperasse. 
O encontrei do lado de fora, já com o carro estacionado, me esperando. Ainda estava com sono e fiquei me perguntando se era sério que eu tinha que ir pro colégio. 

(...)

Tocou o último sinal, me deixando animada. Era hora de ir embora. Haviam apenas dois sinais que eu gostava na escola: o penúltimo e o último. 
Saí da aula e fui direto pra praça. No caminho vi Keana. Selei seus lábios com um beijo e avisei onde estava indo. A cada dia que se passava, me sentia ainda mais distante dela. O mais impressionante, é que não sentia falta de sua presença. Eu, não sentir falta da garota que era (ou sou, não consigo definir ainda) apaixonada, é algo muito questionável. Esse é um dos assuntos que preciso repensar. 
Caminhei lentamente, perdida em pensamentos, pra mim era tudo muito novo e muito estranho, ainda mais por não conseguir tirar Camila dos meus pensamentos. Quando foi que as coisas começaram a mudar sem que me desse conta? 
Camila... Semicerrei os olhos e a vi. Não é possível! Isso é coisa dos deuses ou da minha imaginação? Da minha imaginação não era, a vi sentada em um dos bancos, tenho certeza que é ela. Sua beleza é inconfundível e está aí coisa dos deuses, essa mulher. Ela é tão linda, falei em um sussurro. A fitei de longe por alguns minutos. Ela estava lendo, algo que que não consegui identificar. Sem perceber fui me aproximando dela e quando menos esperei, seus lindos olhos castanhos estavam fixos nos meus, acompanhado de um enorme sorriso. Esfreguei meus olhos depressa, na tentativa de entender, se aquilo era mesmo real, e sim. Ela estava ali, no mesmo lugar que eu. Sentada em um banco marrom, em uma linda praça. Vestia uma saia preta com pregas, uma blusa xadrez que mostrava seu abdômen sarado e nos pés uma sandalha sem salto. Você está linda! Exclamei sorrindo para a garota. Senti meu sangue correndo rapidamente em minhas veias e meu coração descompassado. O que estava acontecendo comigo? Pensei. 

- Sente-se aqui. ~ sua voz era tão doce. Sem hesitar me sentei ao lado dela e pude ver que ela lia "Diário de uma paixão". - O que faz por aqui? 

- Gosto de vir aqui pra pensar, ou simplesmente poder admirar as coisas simples que nos rodeiam. ~respondi.

- Eu também. Gosto de vir pra ler. É um lugar calmo e com ótimas energias. Me sinto tranquila e acolhida. ~ assenti e concordei. Passamos alguns minutos conversando, até que ela disse: 

- você também está linda. ~ sua voz soou tão sexy aos meu ouvidos. 

- Obrigada. 

Era tão normal ouvir elogios. Ouvia o tempo inteiro vindo de muitas pessoas, ou até mesmo timbres distantes, quando andava na rua. Jamais me abalaria, eu sei da minha beleza. Mas ouvir vindo de Camila, havia me abalado. A garota me fitava sorrindo, soltando piscadelas. A cada vez que me deparava com isso, sentia meu corpo estremecer e sair de órbita. Camila estava mexendo comigo. Estava mexendo com o meu lado mais sensível e ela mal sabia disso. Não conseguia controlar, era mais forte do que eu e do que qualquer coisa que pudesse impedir.

- Você disse que gosta de cantar, canta pra mim? ~ disse serenamente enquanto segurava minha mão e olhava meus olhos com desejo. Sentir seu toque e seus olhos nos meus, fez meu coração pulsar mais rápido do que o passo de uma rainha de bateria. 

- Ca-antar? Agora? ~ eu estava gaguejando. Como uma criança fazia ao juntar as palavras nos primeiros momentos de leitura. 

- Sim! Quero ouvir sua voz.

Eu não sabia o que cantar, muito menos como começar, até que veio em minha mente "Crazy in love" da Beyonce, na versão calma e sexy de cinquenta tons de cinza. Fechei os olhos respirei fundo e comecei timidamente. 

I look and stare so deep in your eyes
I touch on you more and more every time
When you leave I'm begging you not to go
Call your name two or three times in a row
Such a funny thing for me to try to explain
How I'm feeling and my pride is the one to blame
'Cuz I know I don't understand,
Just how your love your doing no one else can
Got me looking so crazy right now, your love's
Got me looking so crazy right now (in love)
Got me looking so crazy right now, your touch
Got me looking so crazy right now (your touch)
Got me hoping you'll page me right now, your kiss
Got me hoping you'll save me right now
Looking so crazy in love's
Got me looking, got me looking so crazy in love

Quando abri os olhos, dei de encontro com sua expressão sexy, mordendo seu lábio inferior. Ver isso, fez minha mente fluir e me imaginar na letra da música. Ótima escolha, pensei. 

- Sua voz é encantadora, tanto quanto você. ~ Por reflexo vi ela se aproximando de mim e selando meus lábios com um beijo intenso. A primeiro instante não sabia como reagir. Quando dei por mim, nosso beijo estava quente, seus lábios carnudos e desenhados entrelaçados aos meus, sentia sua língua na minha e seu gosto... Ela tinha um gosto bom. Tinha gosto de uma maçã, não feito a da história da branca de neve, era doce. Tinha gosto de paixão e desejo. Oscilava entre o sabor de mel, canela e baunilha no leite morno. As sensações eram de admiração e apego. Nossos lábios se desgrudaram. Só abri meus Olhos quando senti sua mão macia, digna de uma princesa, em contato com minha face. Sorri involuntariamente. Será que eu estava apaixonada? 

- Lauren?? Ouvi distante. ~ continuei com a visão daquele rosto simetricamente desenhado. Ela não era real. Parecia ter sido esculpida pelas mãos do melhor artista do mundo. - Lauren? ~ ouvi outra vez, seguida de um chacoalhão. Despertei desesperada, abri os olhos e minha realidade era outra. Não havia passado de um sonho.