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História The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - A Bruxa e o Monstro


Escrita por: DropCandy

Notas do Autor


Hello ~ ^-^ Aqui está mais um capítulo, boa leitura <3

Capítulo 19 - A Bruxa e o Monstro


Fanfic / Fanfiction The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - A Bruxa e o Monstro

[Micaela]
 

O som de pneus se tornou um ônibus sem motorista ou passageiros, chegando pelas costas da garota, esta permanecendo parada no lugar, as íris gélidas e tristes sobre mim.

Tento soltar um grito, mas este é abafado pelo som da buzina extremamente alta que soa; no mesmo instante obrigo meus pés a se moverem, e nem ao menos chego a dar um passo e a silhueta da garota é engolida pelos faróis que aumenta de intensidade, vindo em minha direção agora, sua luz branca me cegando até que sou obrigada a fechar os olhos com força, já esperando o pior.

–SAI DA FRENTE GAROTA! - uma voz masculina berra e a buzina soa mais umas três vezes antes de eu abrir os olhos encarando o ônibus público parado á minha frente, o motorista com a cabeça para fora da janela enquanto um dos braços apertava sem parar a buzina.

Olhei atordoada ao redor, todos do bar indo para fora a fim de verem o que aquela gritaria toda significava.

Procurei pela garota, minhas mãos trêmulas.

–SAI LOGO DAÍ!

O que estava acontecendo?

Coloquei a mão na boca para evitar a mim mesma de gritar e sai do meio da rua, passando por pedestres que me olhavam surpresos e confusos. Os ignorando corri, não pra casa, mas para a de Amanda, esperando que ela acreditasse em mim e fosse até um médico comigo o mais rápido possível.

Mas, mesmo tentando me convencer do contrário, eu tinha certeza absoluta de que o que vi não havia sido fruto da minha imaginação.
 

[Valkyon]
 

Um tumulto no meio da rua me fez dar meia volta e ver o que estava acontecendo. Antes que terminasse de empurrar alguns humanos - estes que me olhavam de lado e logo depois se afastavam de olhos arregalados quando viam o machado preso á minhas costas. Cheguei a tempo de ver Micaela sair correndo, assustada.

Gritei por ela, mas isso só pareceu fazê-la acelerar mais.

Praguejei e corri atrás, só que ela ainda tinha bons metros de vantagem á frente.
 

[Mycaela]
 

Cheguei até a porta da casa de Amanda e quase quebrei a campainha de tanto apertá-la, alguns soluços ainda conseguindo me escapar da garganta.

A parte racional de mim ainda tentava se convencer de que aquilo era loucura, mas no fundo eu sabia que era só um meio para acalmar meus batimentos cardíacos. Não era sonho lúcido. Não era imaginação. Eu sentia que fora real.

–AMANDA! - gritei por fim, cansada de esperar no portão e sem gostar do calafrio que me subia a espinha enquanto olhava ao redor para a rua vazia e iluminada apenas pelos postes; suas luzes alaranjadas deixavam o local com um aspecto mais sombrio do que o normal.

Respirei fundo algumas vezes o ar morno da noite, franzindo o nariz para o cheiro ruim que me atingiu. Algo que lembrava o pelo de animal molhado.

A luz de um dos postes falhou, piscando algumas vezes, e um leve grunhido animalesco chegou aos meus ouvidos.

O alarme dentro de mim soou alto. Eu não deveria estar ali.

Tomo coragem para me virar, sentindo que me arrependeria de fazer isso; mal enxerguei o que me espera vapor trás e a iluminação de toda a rua cai ao mesmo tempo em que algo frio e metálico passa pelo meu braço, um palmo abaixo do ombro.

Solto um grito de dor e seguro o local do ferimento, logo em seguida sentindo o líquido espesso e pegajoso me molhando a mão.

O braço ferido ficou dormente conforme minha respiração acelerava de medo, e foi nesse momento que a escuridão pareceu tomar foco diante de meus olhos, revelando uma figura de minha altura, encapuzada dos pés a cabeça; mas o pior ainda estava ao seu lado: um lobo de quase dois metros feito praticamente de sombras, olhos de cor magenta sem pupilas - como se feitos de fogo desta cor - e em sua testa um terceiro ponto de mesmo formato de seus olhos.

A figura estendeu uma das mãos, enluvada por um tecido negro que bruxuleava por sua pele, como se feito por sombras vivas. Em resposta ao seu movimento a adaga de lâmina esverdeada move-se do chão ao meu lado, ainda manchada com um pouco do sangue que me deu náuseas ao supor que era meu, e literalmente voa para a mão estendida a sua espera.

–Qu-quem...? - tentei perguntar, mas o nó em minha garganta impedia que eu formasse qualquer frase completa.

O monstro negro rosna e balança levemente a cabeça; o fluorescente de seus olhos deixando um rastro de luz acompanhando esse gesto.

–Não vai precisar - a forma falou e limpou a arma em seu manto, posteriormente a guardando dentro de sua roupa - Tenho certeza de que ela nos acompanhará sem rodeios.

Meu coração desfaleceu ao reconhecer sua voz.

–Amanda? - minha voz saiu num fio, perplexa.

Ela retirou o capuz de seu rosto, me permitindo encarar seus olhos lilases e cintilantes por sob o luar pálido; os fios negros caindo em cascata por seus ombros.

–Não me olhe assim, por favor. - ela estava encabulada? Minha perplexidade não me deixava pensar direito - Eu realmente só quero levá-la pra casa.

Cambaleei para um lado, a cabeça girando em medo e confusão.

O que estava acontecendo? E do que ela estava falando?

Respirei fundo ignorando a dor no braço e endireitei o corpo, esperando ter forças o suficiente para sair dali correndo e gritando por ajuda, qualquer que fosse. E como se lendo meus pensamentos, aquele bicho atacou.

–Não! Es..! - pude ouvir Amanda gritar desesperada e surpresa tanto quanto eu.

Encolhi-me num grito quando os caninos grandes e pontudos daquela criatura estavam a minha frente em questão de milésimos de segundos.

O silêncio reina.

Deixei aguns batimentos cardíacos passarem, então abri lentamente os olhos para a sombra acima de mim que, diferentemente do que eu esperava, não tentava me dilacerar. Pelo contrário, estava com um machado de lâmina dupla do tamanho de meu corpo impedindo que a boca daquele animal chegasse até mim.

–Valkyon... - suspirei, chorando de alívio, medo, confusão, dor; tudo literalmente transbordando para fora.

–Micaela... - ele falou forçando a voz entredentes, aquela criatura provavelmente ainda tentando competir forças com ele - Saia daqui...

Ou tudo estava acontecendo rápido demais, ou meu cérebro simplesmente havia se esquecido de como absorver os acontecimentos. Pois o que acontecia em seguida se passava rápido demais para que eu pudesse entender devidamente.

Valkyon empurrou o lobo gigante para trás, mas este pareceu nem sentir o impacto; e quando ele tentou manter a parte dianteira do monstro ocupada, o rabo daquilo fez um semicírculo próximo ao chão, vindo com força em minha direção, onde eu estava petrificada no lugar, confusa demais para tomar alguma atitude.

E provavelmente teria sido esmagada por aquele chicote de sombras se algo não tivesse se chocado contra mim, nos atirando a uns bons três metros de distância.

Braços fortes apertavam-me pela cintura. Nevra havia usado seu próprio corpo como um amortecedor para mim.

–Você está bem? - perguntou assim que levantou parte do tronco e sentei-me no chão. O máximo que conseguia fazer por entre as lágrimas e as mãos trêmulas foi assentir.

–Hey, se acal... - começou a estender seus braços para me reconfortar, mas foi interrompido bruscamente por algo no mesmo instante em que sou puxada para longe dele, sendo colocada contra um muro próximo e protegida por outro corpo sobre o meu enquanto algo explodia em concreto e pedras a poucos metros de onde eu e Nevra estávamos.

–Nevra! - gritei no impulso e tentei empurrar sem nem olhar quem quer que fosse que estivera tentando me proteger.

–Não precisa ir até lá, ele está bem. - disse Ezarel sem se mover; os braços contra a parede ao redor de mim impedindo-me de sair.

–Mas...

–TIRE ELA DAQUI! - ouço Valkyon gritar e logo em seguida um guincho agudo e animalesco. Ezarel olhou para trás e vi seus olhos se arregalarem para uma luz prateada que emanava de algum lugar fora do meu campo de visão.

Ele praguejou algo em uma língua que eu não entendia, logo depois um rosnado alto e feroz soa junto ao monstro que me atacara antes.

Assustada segurei na camisa de Ezarel e escondi meu rosto ali, sem me importar com seus protestos sobre eu estar sujando sua roupa com meu choro.

–Vou ignorar isso desta vez - ele suspirou por fim, afastando-me dele pelos meus ombros -, mas vamos antes que outro seja invocado.

Não tive tempo de perguntar sobre o que ele estava falando (na verdade, nem sei se conseguiria formular a pergunta direito naquele momento); ele me segurou pelo pulso e puxou-me dali sem que eu pudesse olhar para o que quer que estivesse acontecendo atrás de mim.
 

[Ezarel]
 

Elogiei minha própria decisão de seguir Valkyon assim que o avistei; se eu não tivesse chego a tempo, Micaela teria sido esmagada por uma das patas do Black Dog que Valkyon não conseguira impedir de ir em direção á ela.

Foi automático correr até lá e puxá-la para longe, colocando-a contra a parede junto ao meu corpo quando o monstro destruiu parte do calçamento onde ela estivera momentos antes.

–Nevra! - ela gritou e revirei os olhos. Um chefe de guarda não tinha os reflexos tão ruins assim como ela imaginava.

Ela tentou passar por mim e ir até o meio da luta.

–Não precisa ir até lá, ele está bem. - falei esperando que fosse o suficiente para ela se acalmar.

–Mas...

–TIRE ELA DAQUI! - Valkyon gritou e imediatamente olhei para trás, não sem antes me certificar que meu corpo impedisse Micaela de ver claramente o que estava acontecendo. Ela não precisava entender nada daquilo por enquanto.

Alguns metros á direita de onde a bruxa estava, o círculo de cogumelos começou a reluzir com uma luz prateada, "cuspindo" para fora uma bola negra que, assim que encontra o chão, contorce-se e cresce até tomar a forma de outro Black Dog.

Praguejei em minha língua nativa e antes que pudesse pensar em um jeito de nos livrar daquela situação, ela se agarra á minha roupa, soluçando.

–Hey! Você está sujando...!- protestei, mas acabei deixando de lado quando ela simplesmente me ignorou.

–Vou ignorar isso dessa vez - suspirei a empurrando de leve pelos ombros -, mas vamos antes que outro seja invocado.

Ela provavelmente não entendeu nada do que eu queria dizer, o que ficou claro quando nem sequer mostrou resistência ao puxá-la para fora dali, sem saber para onde levá-la exatamente.

Já havia me passado pela cabeça várias vezes a ideia de usar a chave e levá-la pelo portal, o problema estava no fato de que a porta estava conectada direto com a Sala do Cristal, e aqueles monstros seriam sugados diretamente para lá junto conosco se eu o abrisse naquela situação.

Foi quando Valkyon atingiu uma das criaturas direto no crânio com sua arma, o bicho rugindo em agonia com todas as forças e se debatendo no chão, fazendo-o tremer de leve.

–Retorne! Agora! - Amanda gritou saindo do caminho do monstro enquanto este cambaleava e se debatia até onde ela estava, indo parar... Bem em cima de um círculo de cogumelos brancos. Uma luz branca engoliu seu corpo, até que o monstro e seus rugidos desapareceram.

Um plano começou a surgir.

Cada Círculo só tinha um caminho: ou de ida, ou de volta. Se um Círculo trazia as criaturas, era óbvio que o outro as levaria para nosso mundo.

Olhei para Micaela, assustada as minhas costas, os ombros encolhidos e um dos braços um tanto arroxeado. E só então percebi que estava ferida.

–Ah não... - murmurei tirando sua mão manchada de sangue de cima do ferimento, mas acabei a colocando de volta no lugar, franzindo o rosto. Aquilo iria deixar uma cicatriz feia.

Eu realmente precisava tirá-la dali logo. E a ideia que tinha em mente era a mais absurda de todas.

–Não saia daqui. - falei para ela em seu ouvido quando a deixei atrás de uma árvore qualquer na rua; ela apenas assentiu e deslizou as costas pelo tronco até cair sentada no chão, encolhida.

Deixei-a assim e corri até Nevra que se levantava enquanto Valkyon mantinha a última criatura ocupada.

–O que ainda está fazendo aqui? - me perguntou ajeitando a roupa assim que cheguei - Micaela...

–Está ótima. Um ferimento horrível e fundo logo abaixo do ombro, mas ótima e se desmanchando em prantos.

Ele arregalou os olhos e abriu a boca para discutir, pena que não tínhamos tempo para isso.

–Olha, só tem um jeito de mandá-la pra lá sem que esse bicho seja levado junto.

Ele cruzou os braços e deu aquele irritante sorriso torto.

–Então agora admite que eu tinha razão e que Micaela realmente é quem viemos buscar?

Revirei os olhos e logo em seguida apontei para Amanda que estava lidando com Valkyon, este que conseguia manter a bruxa E o Black Dog ocupados em batalha.

–De uma bruxa é que não estávamos atrás.

Seu olhar pareceu triste por um segundo ao encarar a garota coberta de preto.

–Qual era o plano? - perguntou sem voltar-se para mim.

–O Círculo ao lado dela é um de ida; se mandarmos Micaela por ali...

–Enlouqueceu?! - gritou - Não sabemos a qual ponto do reino aquilo está conectado, se a colocarmos lá...

–Prefere que eu abra o portão e mande tudo aquilo ali direto para o Cristal? - apontei para a bruxa e o monstro.

Aos poucos sua expressão foi relaxando, provavelmente percebendo que não tínhamos muitas opções.

–O que fazemos depois que ela cair, literalmente, em qualquer canto do reino?

Dei de ombros; achei que essa fosse a parte óbvia do plano.

–Quando Micaela, for nos livramos desses dois, abrimos e vamos embora pelo portal, avisamos Miiko da situação e mandamos equipes de busca pelas nações o mais rápido possível.

Após refletir um pouco, Nevra assentiu.

–Pegue a garota e a mande pelo Círculo então; vou tentar manter Amanda ocupada.

Tirou a adaga do cinto e correu até a bruxa, esta que o encarou assustada segundos antes dele tentar golpeá-la.

Não fiquei parado para assistir á luta, voltei até Micaela o obriguei-a a ficar de pé.

Corri o mais rápido que pude com ela. Nevra já havia entrado em batalha corpo a corpo com Amanda, a deixando uns bons metros de distância do Círculo; Valkyon já parecia cansado de segurar o Black Dog, e apressei o passo para poder ir ajudá-lo.

Parei na beirada do Cículo, tomando cuidado para não pisar naquilo.

–Vamos, entre ai e... - comecei e empurrá-la para dentro dele, mas ela decidira escolher aquele momento para tomar alguma atitude.

–Não vou. Me solta! - se distanciou alguns passos de mim, segurando o braço ferido; o rosto manchado de sujeira e lágrimas secas - Não vou á lugar nenhum até me explicar o que está acontecendo!

Bufei, incrédulo por ela ter decidido fazer cena num momento importante como aquele.

–Conversamos depois; agora, entre nesse círculo de cogumelos. - apontei com o dedão por cima do ombro para o chão, e ela acompanhou meu movimento com o olhar.

Negou freneticamente com a cabeça.

–Chega de loucura. Ou me diz o que está acontecendo ou eu... - não deixei que terminasse de falar, simplesmente puxei seu braço, o que não estava ferido, e, desastrada como ela era, tropeçou em alguma pedra no caminho (isso se não foi nos próprios pés).

O que aconteceu depois foi tão rápido que cheguei a me perguntar se realmente aconteceu:

–Não! - Amanda gritou e um gemido abafado soa, provavelmente de Nevra sendo jogado no chão por ela.

Vire-me a ponto de vê-la já a minha frente, jogando-se em direção á Micaela, os braços estendidos.

A luz prateada emanou do Círculo assim que o corpo de Micaela inclinou-se em sua direção.

Amanda agarrou a garota no ar enquanto ela caia; o corpo da bruxa tornou-se névoa e pareceu ser absorvida pelo peito de Micaela.

A garota desapareceu numa rajada de luz branca.

O Black Dog desfez-se em sombras.

E o silêncio fez daquela rua seu reino.


Notas Finais


E ai? O que acharam? ~ehuehue
Espero que tenham gostado. Até mais, povo lindo <3


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