História The Dark Side of a Smile - ABO - Domingo de boiolagem

P.O.V Shoyo

Acordei um pouco perdido, senti um peso em minha cintura, abri os olhos lentamente e me deparei com Tobio aparentemente dormindo. Ele segurava minha cintura com certa força, mas isso não me incomodava, pelo contrário, eu adorava estar em seus braços. Fiquei observando a feição serena de Tobio por alguns minutos, quando me dei por satisfeito de tal ação, me levantei com cuidado – mesmo sabendo que o acordaria de qualquer jeito por conta de seu sono leve –, senti bastante dor na área do quadril, mas me esforcei e fui até o banheiro.

Quase soltei um gritinho quando me olhei no espelho, dependendo do ponto de vista daria para acreditar facilmente que eu tinha apanhado feio. Meu corpo inteiro tinha marcas roxas, meus braços e pernas estavam coberto por mordidas e meus lábios estavam inchados. Naquele instante flashs da noite anterior vieram à minha mente e meu rosto tomou uma coloração avermelhada. Uma dor no meu pescoço chamou minha atenção, levei minha mão ao local e senti uma parte levemente inchada, me aproximei mais um pouco do espelho e levantei um pouco o cabelo, tendo assim, a visão da marca. Era profunda e preta, nem parecia uma marca temporário – marcas temporárias normalmente são mais rasas –, era nítido o empenho que Tobio tinha colocado ao fazê-la, não pude deixar de sorrir com aquela constatação. Continuei me analisando no espelho ainda sem acreditar completamente em tudo que tinha acontecido. Me vi tão concentrado em meus pensamentos que nem notei  o ser que se aproximava. Tomei um pequeno susto ao sentir fortes braços me rodearem por trás.

- Bom dia, meu bem! – disse Tobio beijando a marca em meu pescoço.

- Bom dia! –  Disse virando-me e o abraçando.

- Se me perguntassem, eu diria que fiz um ótimo trabalho em você. – disse Tobio analisando orgulhosamente o estado em que tinha me deixado.

- Isso foi quase violência doméstica. – falei em tom de brincadeira, mas notei que não foi recebido dessa forma por Tobio.

- Te machuquei, está doendo muito? – perguntou preocupado, ele me pegou no colo e colocou-me em cima da pia de mármore preto do banheiro para que eu encarasse seus olhos.

- Sim, quer dizer não, quer dizer... – tentei me organizar para explicar o que eu estava sentido. Queria tirar qualquer culpa que pairasse sobre ele. Peguei seu rosto com as duas mãos e iniciei um beijo calmo, pela primeira vez eu tomei a iniciativa desse tipo de contado. Quando o beijo foi finalizado eu voltei a falar. – O que eu quero dizer é... sim, está doendo um pouco, meio muito, mas isso é normal, certo? Foi minha primeira vez, e você foi incrível e cuidadoso. – falei o mais confiante que consegui.

- Tem certeza? – perguntou ainda um pouco desconfiado.

- Toda certeza. – falei e sorri. – Eu só preciso ir um pouco mais devagar agora de manhã. Acho que algum dos remédios que o médico passou no dia da consulta ajuda com a dor. Vou ficar 100% rapidinho.

- Me diga imediatamente se precisar de qualquer coisa. – falou rosando o nariz no meu pescoço.

- Eu vou ficar muito mal acostumado. – falei rindo com a cosquinha que estava sentindo no pescoço.

- Pensei ter deixado bem claro que essa era uma de minhas intenções. – falou humorado. Ele me deixou na pia e foi até a banheira onde iniciou o processo de enchê-la de água. Com a banheira cheia, ele colou os sais de banho e se voltou para mim novamente, me pegou no colo e me colocou dentro da banheira. A água quente batia na minha pele e proporcionava uma mistura de dor e prazer. Tobio entrou na banheira se posicionando atrás de mim. O banho foi demorado e bem tranquilo, nós conversamos, ele me fez bastante carinho e pudemos nos conhecer melhor. Eu estava realmente gostando de tudo aquilo.

- Você fica mais tempo em casa ou fora?

- Costumava passar a maior parte do tempo no escritório (sede dos negócios “oficiais”) ou no deposito.

- Costumava?

- Eu vou me organizar melhor para ficar com você. Não posso deixar meu manhosinho muito tempo sozinho, certo?! – disse distribuindo beijos pelo meu pescoço e bochechas.

- Não sou manhoso, só me aproveito do seu carinho.

- Aham, sei.

- Onde fica esse escritório que você falou?

- É um prédio no centro, depois eu te levo lá. Temos alguns negócios “legais” também. Que tal eu te levar lá amanhã?

- Amanhã eu vou voltar para faculdade, né?! – perguntei soprando algumas bolhas da banheira.

- Ah. Se você quiser. Já falei que não precisa mais se preocupar com esse tipo de coisa.

- Mas eu quero. Como essa situação da faculdade vai funcionar?

- Você vai e volta com seu motorista.

- Pera, eu tenho um motorista só meu?

- Claro que sim. – falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Ele vai te levar e buscar, eu coloquei 3 seguranças para fazer rondas pelo prédio da faculdade de gastronomia e tem os 3 que vão ficar com você, o Ricardo é o líder, então ele é quem vai ficar mais próximo.

- Eles vão ficar me seguindo lá dentro? – Eu não estava gostando muito da ideia de ter tanta gente em cima de mim. – Não posso ter um pouquinho mais de espaço? – perguntei fazendo cara de cachorrinho pidão.

- Eu posso mandá-los manterem uma distância maior, mas eles ainda estarão lá. – falou de maneira a deixar claro que isso não estava em negociação. – Seu novo horário já deve estar no seu perfil do portal do aluno.

- Depois eu confiro no meu notebook. Falando nisso, onde está meu notebook? Eu pensei ter guardado ele, mas não achei quando fui procurar. – Aquilo era bem estranho, e não tinha sido só o notebook, minha mochila também não estava onde eu tinha deixado.

- Eu tinha mandado colocarem o mesmo sistema de segurança do seu celular no computador, mas achei melhor comprar um novo e fazer a instalação.

- Você comprou um notebook novo pra mim? Não precisava. – Eu sabia que tinha sido de boa vontade, mas aquilo já estava sendo demais, ele estava me dando tanta coisa, e eu não tinha nada para dar de volta.

- Precisava sim, o notebook está no closet junto do tablet e da mochila. Nem adianta reclamar, eu quero te encher de mimos. – falou se levantando da banheira. Nós já estávamos ficando enrugados.

- Então tá né. – disse me dando por vencido. – Levantei-me fui até o closet e peguei um conjuntinho moletom na cor pêssego. – A dona Carla vem hoje?

- Não ela só vem de segunda a sábado das 7h até as 14h.

- Tendi. Então hoje eu faço as refeições.

- A gente pode pedir por aplicativo.

- Qual a graça de fazer gastronomia e não poder cozinhar.

- Bom ponto hahahahahhahaha. Espero ansioso pelo almoço. Se dependesse de minhas habilidades a gente morria de fome. Desde que eu queimei miojo e destruí umas das panelas favoritas da Carla eu sou meio que proibido de me aventurar na cozinha.

- Você? Proibido de fazer alguma coisa? Hahahahahahahahahaha. Acho que descobri quem é a verdadeira manda chuva do pedaço.

- Ela quebra minhas pernas hahahaha.

Nós descemos para cozinha onde eu fiz uns mistos quentes simples. Tomamos o nosso café da manhã e fomos para sala. Passamos muito tempo agarradinhos no sofá, trocando carinhos e aproveitando a companhia. Se o meu “eu” da semana passada soubesse disso, aposto que pensaria ser uma ilusão. Fiz para o almoço um salmão com molho de maracujá. Tobio não poupou elogios sobre minha comida, não pude deixar de ficar feliz. Meu lado ômega nunca se sentiu tão completo. As coisas estavam boas demais, as coisas nunca são boas demais para mim por muito tempo.

Será que eu mereço ele? Será que mereço tudo isso? Posso mesmo ficar aqui?