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História The day we met - Capítulo Único


Escrita por: puppydae

Notas do Autor


oi meninas no vídeo do hoje eu vim postar uma ficzinha que fiz de presente pra lindica da @raviftbobby
como eu não sei escrever coisas felizes já alerto que é angst, espero que me perdoem
essa fic é inspirada em arrival (vejam pelo amor de deus) E ouçam on the nature of daylight by max richter durante a leitura, é extremante importante :)

e é isso, até as notas finais

Capítulo 1 - Capítulo Único


É um dia normal, não há resquício algum do azul no céu. A chuva cai fininha e preguiçosamente, como se não tivesse presa alguma de alcançar o chão. Não há ninguém na rua e meus passos, juntamente com chuva, são os sons que preenchem esta última manhã cinza de julho.

Estou indo em direção ao ponto de ônibus que fica na esquina do meu apartamento. Cada passo é mais difícil do que o outro, meus pés vacilam. Eles não querem prosseguir, mas eu sigo adiante. O vento forte me empurra para trás, tornando minha missão cada vez mais complicada.

 

Aquele dia também estará nublado, assim como o dia em que o conheci. Eu conseguirei sentir as pequenas gotículas de água atingindo o meu braço. A janela estará aberta. A cama, grande demais para a dimensão do quarto, estará posicionada justamente embaixo da janela.

Mesmo que a chuva me incomode, aquela sensação de frio me trará uma sensação estranha de conforto. Seria, de certa forma, a prova física de que aquele momento é real, palpável.

Ele estará ao meu lado.

 

Aconchego-me no meu grosso casaco de lã. Mesmo nesse frio, sinto o calor dele, o que me dá forças para continuar. Todas as vezes que paro para pensar, a vontade de voltar para casa aumenta proporcionalmente a minha vontade de seguir rumo ao ponto.

Minhas olheiras são como provas cabais do meu constante conflito comigo mesmo. Eu sei o que é certo e o que eu deveria fazer, razões morais que agora, nesse instante, não fazem o menor sentido. Todas as vezes que penso no futuro tudo parece simples. Para mim, não há outra opção que não seja seguir em frente.

Eu não posso voltar.

 

Remexer-me-ei cuidadosamente para não atrapalhar o sono de Wonsik. Sua cabeça repousará confortavelmente em meu braço direito. Seus olhos fechados, em paz. Existirá algo nessa tranquilidade proporcionada por seu sono que, se de alguma forma acalentará meu coração pela leveza de suas feições, também será inquietante. Toda vez que ele dormir, será menos um dia. Menos um dia dos poucos dias que ainda nos restarão.

Todos os dias serão um novo começo. Nossos dias serão infinitamente limitados. Mas não eu poderei reclamar, nós estaremos juntos. Isso bastará.

Seus braços que me entrelaçaram e estavam frouxos agora estão abertos em minha direção. Irei me aconchegar melhor e passar a mão esquerda por suas costas, para que possamos ficar juntos, unidos. Será ao chegar perto que minha débil visão poderá ver as feições de Wonsik perfeitamente. A pinta embaixo do nariz, os cílios longos, as longas olheiras, resultado de longas noites em claro trabalhando, os resquícios de barba que ele bravamente luta para conter.

Esse pensamento me fará suspirar. Ele odeia barba, ele não diz a razão, mas é provavelmente por causa de seu pai. Ele o odeia também.

Passarei a mão levemente por seu rosto para não o acordar. Ele parece um anjo. Olhar para ele é algo catártico.

 

Finalmente chego ao ponto e tenho a marquise para me proteger da chuva. Tento debilmente secar meu casaco, sem muito sucesso. Minhas pernas estão tremulas e tenho cem por cento de certeza que não é por causa do frio. Falta pouco para o ônibus chegar.

Falta pouco para eu finalmente conhecê-lo.

 

Eu sabia de sua chegada e também sabia de sua partida. E sabia de tudo entre as duas coisas.

Meses antes, eu estava sentando na sacada do meu prédio, pensando no quão miserável vida era. Sem família, sem amigos, sem nada. O céu estava naquele estranho tom de pôr do sol em que os últimos raios de sol e as nuvens se misturavam numa linda dança de adeus. Era uma bela vista, com milhares de prédios compondo a paisagem. Minha visão moveu-se da paisagem para as pessoas que estavam andando na rua. Sempre indo e vindo. Sempre na mesma direção.

Foi quando naquele mar de solidão me veio aquele sorriso desajeitado que preencheu meus pensamentos durantes semanas. O jeito como seus olhinhos fechavam quando ele sorria após me cumprimentar.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas de uma coisa eu tinha certeza: alguma coisa em mim mudara.

Eu estarei lá no dia em que ele passar na faculdade. Nos primeiros dias de aula. No primeiro porre na festa da faculdade. Nos longos fins de semanas com a família dele – na época, ele ainda tinha a casa dos pais como um lar. Nos nossos piores dias e nos nossos bons também. Eu estarei lá para beijá-lo e reconfortá-lo quando cada uma das milhares de ideias mirabolantes der errado. Eu estarei lá no dia em que ele, completamente aleatório, entrar no quarto dizendo que está com vontade de fumar maconha. Eu darei risada quando ele ficar com raiva por ter se engasgado ao tentar tragar e vou rir ainda mais quando ele falar que eu deveria tê-lo impedido.

E a coisa mais assustadora de todas: ele estará lá por mim também.

Nas longas noites em que dormir será missão mais difícil do mundo, ele me abraçará e contará histórias aleatórias até eu finalmente eu conseguir descansar. Ele estará lá num dos dias mais importante da minha vida: quando eu finalmente vencer meu medo de falar em público e conseguir apresentar meu trabalho em uma palestra. Após a apresentação, ele vai me abraçar e beijar. Ah, como os beijos doces. Ele vai falar sobre o quão orgulhoso ele está de mim.  Ele estará lá comigo num dos piores momentos da minha vida também, me segurando – mesmo que, talvez, nem mesmo ele tenha força pra tal.

Eu conseguia visualizar todas as minúsculas coisas que faríamos juntos. E não há palavras para descrever o quanto essas pequenas e simples singularidades importavam. Qualquer palavra que eu tente usar se tornará uma tradução medíocre.

 

Eu consigo ver o ônibus no final da rua, aproximando-se vagarosamente, como se não tivesse pressa alguma. Respiro fundo. É agora. É agora que minha vida será definida. Isso me faz rir. Quem iria prever que toda minha vida seria resumida a uma mera viagem de ônibus? A mesma viagem que já fiz incontáveis vezes para o trabalho.

Dou sinal para o ônibus parar.

 

Eu sei o que irá acontecer com ele.

 

Subo no ônibus. Nervoso demais, olho para as pessoas que estão sentadas, mesmo que ele ainda não esteja lá. Ainda não.

Mas consigo ver o banco vago, o banco do meio, no qual devo sentar.

É para lá que me dirijo.

 

Eu estarei segurando a mão dele enquanto ele receber a notícia do médico. Eu estarei em todas as idas a diferentes médicos para comprovar a veracidade do diagnóstico, mesmo sabendo que não há outro jeito. Meus abraços o envolverão contra meu peito numa reação quase automática de protegê-lo. Minhas mãos tremerão quando eu for à empresa em que ele trabalha para explicar a sua ausência, porque ele simplesmente não iria conseguir fazê-lo sozinho.

Eu irei perceber quando os primeiros tufos de cabelo cair. Ele me pedirá pra raspar o cabelo dele. E eu o farei. Eu consigo até mesmo sentir o tremor de suas mãos, consigo ouvir o seu choro baixinho. Nós estaremos sentados no chão da sala, rodeados pelos cabelos dele, olhando fixamente um pro outro. Eu consigo sentir o quanto machucado e vulnerável ele estará. Seus olhos dirão tudo. 

Um dia depois, eu irei raspar o meu cabelo também. Eu nunca o verei chorar tanto quanto naquele dia. Nós dormiremos juntos, entrelaçados.

 

Eu não acreditava que meu coração conseguisse aguentar tanto. Ele está acelerado. Ele sabe que estamos cada vez mais perto. Cada vez que alguém entra no ônibus, por mais que eu saiba  que ainda não é ele, não consigo me impedir de ficar desapontado.

Eu apenas quero vê-lo.

 

Eu estarei lá em cada etapa do processo de quimioterapia. Nós iremos aguentar isso juntos. Eu estarei lá nos dias das incontáveis lágrimas. Eu estarei lá nas inúmeras vezes em que ele pensar em desistir. Eu estarei lá quando ele simplesmente não conseguir levantar da cama. Eu estarei lá contando historias aleatórias e fofas para ele, mesmo sabendo que ele não poderá me ouvir por conta do coquetel de remédios.

 

Finalmente chegou a hora.

O ônibus para.

Ele entra.

Seus cabelos estão embaraçados como se ele tivesse atrasado demais para se importar em arrumar o cabelo. Não preciso nem mesmo tocá-los para saber o quanto são macios. Seus olhos castanhos contrastam bem com o tom de sua pele.

Ele está vestido como todos os dias e, ainda assim, não poderia estar mais lindo.

O único assento vago é o do meu lado.

Ele ruma em minha direção.

Minhas mãos estão suando. Ainda não é cena que vi meses atrás.

Sorrio para ele conforme ele avança. Ainda não é cena que vi meses atrás.

Talvez ele ache que sou louco, mas não importa.

Ele senta e se acomoda no banco.

 

As mãos frágeis de Wonsik estarão entrelaçadas nas minhas quando o médico der a notícia de que os rins dele não aguentam absorver mais a quantidade de medicamento provindo do tratamento. Elas me apertarão forte. Ele saberá o que isso significa: não haverá cura. Esse será o final.

Seus últimos dias serão na nossa casa. E esses dias serão doces e cansativos.

 

Eu me viro para ele e faço um comentário bobo qualquer sobre o péssimo tempo.

Ele se vira para mim e diz que, por incrível que pareça, ele gosta do clima chuvoso. Quando eu faço uma careta de desaprovação, ele sorri da minha reação.

E aí está. O sorriso pelo qual eu me apaixonei.

 

Conseguirei me ver me despedindo de seu corpo morto. Aquela pequena criatura frágil que eu tanto amei.

Eu sinto toda essa dor sem nem mesmo ainda tê-la presenciado. É uma dor que me marcará pra sempre, uma dor que nunca conseguirei superar. Todos os inúmeros argumentos pensados para me afastar dele caíram um por um. Eu sabia o quanto ambos iríamos sofrer.

Às vezes, ao contemplá-lo, me pego pensando no que teria acontecido, naquele doce dia chuvoso, se eu tivesse escolhido utilizar o metrô ao invés do ônibus.

Eu senti toda a dor pela qual iria passar se realmente o conhecesse.

E, mesmo assim, eu escolho conhecê-lo.


Notas Finais


então é isso meninas, espero que vcs tenham gostado
obg isa por betar a fic <3
desculpa vic por outra fic angst
e perdão qualquer erro no tempo verbal de alguns verbos jkhdjksh posso ter deixado alguma coisa passar e espero q isso não tenha deixado as coisas confunsas

vejo vcs novamente numa ficzinha mais feliz
até lá


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