História The Dead of Night - Capítulo II

— Acho que quem precisa de um cobertor é você.

O estranho pareceu nervoso por alguns instantes, mas voltou ao seu olhar sério e respondeu:

— Não sinto muito frio, só de estar em frente a lareira eu melhoro.

O garoto sorriu, não sabia ao certo a temperatura normal de um humano e Sanji uma vez lhe disse que para eles o frio é psicológico.

O homem pegou sua bebida novamente, olhou para Luffy e depois para a lareira como se estivesse convidando para sentar junto com ele.

Luffy colocou o cobertor sobre as costas e sentou no chão, a madeira estava quentinha, e por um instante parecia até que nada de ruim fosse acontecer naquela noite.

— Desculpe, não perguntei o seu nome.

— É Zoro. - respondeu tomando um gole do chá.

— O meu é Luffy.

O garoto não devia, mas decidiu continuar puxando assunto até que o sonífero fizesse efeito.

— Porque está morando tão longe da cidade?

— Eu precisava de um pouco de paz, um conhecido meu morava nessa cabana a alguns anos atrás e eu decidi comprar dele.

Ele olhou para baixo, parecia até melancólico, provavelmente era o sonífero agindo.

— Aqui é bem legal sim, o único barulho são dos pássaros e de alguns lobos de noite. - respondeu.

— Você não disse que se perdeu indo para a cidade?

— Ah… - o garoto olhou para os lados nervoso, tinha que arrumar mais uma desculpa – eu também morava aqui a alguns anos.

Luffy desviou o olhar para a única janela que havia na cabana, percebeu que a chuva começara a cair.

Teve que segurar o riso, a situação estava ficando cada vez melhor para ele.

— Começou a chover.

— Isso não é bom – respondeu o outro, seu tom… ele parecia té preocupado.

— Não gosta de chuva.

— Não muito.

O garoto voltou a olhar para fora, ele gostava de chuva, gostava como as gotas caiam e escorriam pela janela. Ele estava tão distraído, coisa que não devia fazer enquanto caça, que nem notou Zoro o observando, ele sorriu.

— Luffy, com a chuva você não vai conseguir voltar, pode passar a noite aqui.

Poderia ser impressão, mas o garoto começava a achar que o outro se preocupava com ele, mas tinha que se alimentar, tinha que fazer isso.

— Você é realmente gentil, Zoro. - sorriu.

— Eu?

Seu tom, o homem parecia surpreendido e assustado, como se alguém nunca tivesse dito isso para ele.

— Você parece ser uma pessoa boa também Luffy.

— Não trone as coisas mais difíceis para mim.

— Como assim? - perguntou confuso.

Zoro tinha um olhar sério, porém a migrável, como alguém que protegesse seus amigos a qualquer preço, fizesse qual quer sacrifício, e sorrindo, tornava as tudo aquilo quase impossível.

O garoto retribuiu o sorriso e disse:

— Desculpe.

Antes que o outro pudesse dizer algo o sonífero finalmente havia o atingido. Ele começou a fechar os olhos de forma lenta e seu corpo começou a cair, mas antes que atingisse o chão Luffy colocou os braços em sua nuca, repousando a cabeça do homem do chão.

É agora!

O garoto estava tão animado que suas asas surgiram, era a primeira vez que mataria um humano inocente, olhou para o homem desmaiado, seus cabelos verdes, uma expressão tranquila, não tinha como!

Ele colocou as mão na cabeça e começou a coçar de ansiedade.

Eu tenho que fazer! Tenho! Mas… porque mesmo?

Mal lembrava da “briga” que tivera com Sanji, então porque?

Ouviu sua barriga roncar, olhou para baixo e colocou as mãos no estômago, tinha acabado de se lembrar do porque, fome.

Mas não podia, não podia.

Começou a andar de um lado para o outro, até ter uma ideia. Ele iria apenas lamber, como alguém que lambe apenas o sal da comida, não mataria sua fome, mas pouparia a vida do homem que foi tão gentil com ele.

Luffy colocou o homem na cama, olhou uma última vez aquela expressão tranquila e sorriu.

Tudo bem, eu consigo!

Abaixou-se, agora estava próximo do homem, podia sentir sua respiração calma, apenas achou estranho o fato desta ser tão fria. Encostou seus lábios no dele, já podia sentir o sabor, era doce, bem melhor do que a carne dos homens maus que havia devorado, essa era diferente, era melhor, agora compreendia por que Sanji matava (mulheres) inocentes.

Passou a língua sobre os lábios do homem, ficava cada vez melhor. Tentou parar ali, mas não conseguiu, quando viu já estava de quatro em cima do outro, abrindo sua boca para que pudesse passar a língua pela parte interna, ele queria mais um pouco, só mais um pouquinho.

Estava quase afastando-se quando sentiu uma mão o garrar pelas costas. O garoto foi jogado para trás, por pouco quase caindo para fora da cama, ele olhou para cima espantado.

— Z-zoro?! - gritou – Como está acordado? Eu…

— Me drogou? - seu olhar já não era mais sério, era frio – Funcionou por alguns minutos, mas você demorou de mais.

— O que?! Mas eu coloquei sonífero o bastante para fazer um humano dormir por dois dias direto!

Ele sorriu, manteve o olhar frio o que, pela primeira vez em anos, causou meno no garoto.

— É, mas… - colocou a mão no ombro puxando e rasgando a própria roupa – eu não sou um humano, pelo menos não um normal.

Agora Luffy compreendia porque o homem usava tanta roupa, para cobrir inúmeras e enormes cicatrizes espalhadas por todo seu corpo. A maior e mais gritante e uma que travesava seu tórax. Seus braços e pescoço também eram costurados, ele parecia ter sido feto de vários humanos.

O garoto olhou horrorizado, nunca tinha visto nada assim.

— Você é o Frankenstein!

— Sou o monstro do Frankenstein.

— Mas… - ele estava sem palavras, queria dizer algo, mas nada saia de sua boca.

— Seu sonífero não funcionou em mim por que tenho dois corações e dois pulmões para me manter “vivo” e andando, o sangue circula por todo o meu corpo em uma velocidade incrível.

Ele emitiu uma risada e logo em seguida colocou a mão no pescoço do menor pressionando-o.

— Foi um bom truque, admito, mas acho que você não é um dos demônios mais experientes.

O homem abaixou até o ouvido do garoto, sua respiração fria lhe causava arrepios.

— Sei que ainda está com fome, então vou deixar você provar mais um pouco da minha carne humana. - sorriu com malícia.