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História The Desolation of Thranduil - The Awakening of Darkness - O Despertar


Escrita por: Ventur

Notas do Autor


Oi pessoal, ainda estão por aqui? :s

Não me matem por favor, esse por incrível que parece foi o capitulo que eu tive mais dificuldade de escrever, porém quando peguei o embalo não parei mais, como podem perceber, ele é bem longo :p Iria dividir em dois, mas não achei justo com vocês, então decidi fazer assim mesmo. Tive dificuldades por inúmeros motivos, um deles é que eu não estava gostando da forma que estava escrevendo antes, então talvez vocês notem algumas pequenas mudanças que eu tive na forma de escrever ( ou não haha)

Enfim, espero mesmo que vocês gostem, não sabem a animação que eu fiquei depois que terminei esse capítulo, ele foi LOKO hahha

Beijos de Luz e boa leitura.

PS: Alguns trechos da história das Silmarils foi tirado da internet ;)

Capítulo 4 - O Despertar


Fanfic / Fanfiction The Desolation of Thranduil - The Awakening of Darkness - O Despertar

Apesar das dores que sentia em seus músculos, Tauriel estava especialmente feliz naquela manhã. Acordara a pouco tempo e mesmo assim consegui sentir a aura serena de Valfenda instalar-se nela, no dia anterior em que chegara ela não teve muito tempo de conhecer os arredores do lugar, na verdade estivera a maior parte do seu tempo no quarto de Lexi que fez questão que dormissem no mesmo lugar, a preocupação da elfa era notável, mas Tauriel também não pode queixar-se, afinal, não era para menos, muito embora a ruiva não estivesse com nenhuma intenção de fugir dessa vez. Quando foram para o quarto, Lexi não deixou que a conversa de ambas tivesse um tom mais sério e Tauriel agradeceu mentalmente por isso, ela estava poupando-a, por hora. Não demorou muito para que a ruiva entrasse num sono profundo, ela realmente estivera cansada por esses longos dias e seu corpo finalmente tinha cedido ao descanso.

Ela acordou com a brisa fresca vinda da varanda do quarto, seus olhos ainda estavam pesados e com dificuldade para manterem-se abertos, ela virou-se de barriga para cima e espreguiçou-se. Abriu os olhos se deparando com o teto do local, na primeira vez que entrara no quarto Tauriel não prestara atenção na decoração do mesmo, estava tão cansada que isso lhe passou despercebido, mas agora, olhava com mais cuidado. Metade do quarto não tinha paredes fechadas, apenas vários arcos feitos de pedra com longas cortinas brancas os adornando, do lado de fora todas as passagens davam lugar para uma grande varanda, fazendo assim com que o ambiente sempre fosse leve e arejado. Todos os móveis eram feitos de madeira, a maioria com árvores e folhas esculpidas na mesma, como de costume da cultura élfica.  A cama era realmente enorme com muitos travesseiros para o conforte de quem se deitasse ali, havia também dois castiçais que ocupavam os dois lados da cama. Apesar do quarto ser grande, não havia muita mobília, apenas um divã nos pés da cama, um armário, uma grande penteadeira encostada na parede perto de uma porta, que provavelmente dava acesso ao lavabo e por fim no centro do quarto, quatro odaliscas formando um círculo em volta de uma mesa quadrada de chão, era algo bastante informal para elfo, mas não esperava nada menos de Lexi.

Levantou-se e se deparou com um bilhete deixado na mesinha da lateral da cama. -  “Seu banho está lhe esperando, logo trarei o café da manhã. - Lexi” – Tauriel terminou de ler e se apressou para pular para fora da cama. Não era difícil de descobrir onde era o banheiro já que havia apenas duas portas dentro do cômodo e uma delas era a porta de entrada. Atravessou o quarto e entrou na sala, como prometido havia uma grande banheira no meio do lugar e algumas toalhas penduradas sobre o lavatório vasto feito com o que parecia ser mármore ou granito talvez, mas ela não deu realmente atenção a esse detalhe. Tauriel olhava fixo o seu reflexo no espelho, sua face apesar de jovial tal como de alguém que carrega a imortalidade, estava mais madura e mais sombria do que a que encarava sessenta anos atrás. Seus cabelos agora ficavam totalmente soltos e beiravam o quadril, ondulado e sem franjas, suas maçãs do rosto perderam o rosado natural, o que a deixou ainda mais pálida e com o aspecto debilitado. Suas pálpebras estavam mais escuras devido as noites mal dormidas e também notara que perdera peso ao longo dos anos, mas isso não era visível aos outros por causa das roupas um tanto largas. Resumindo, ela não estava com sua melhor aparência ou em seus melhores dias, porém ainda assim continuava bonita, afinal, era um elfo, uma das criaturas mais belas da Terra. A ruiva prendeu os cabelos num coque e despiu-se indo em direção a banheira. A água estava numa temperatura ótima e foi relaxante mergulhar no líquido quente e espumante.

Tudo estava sendo um verdadeiro caos nos últimos dias e era bom finalmente poder descansar e respirar em tranquilidade, precisava manter sua mente sã para o que quer que estivesse por vir, ela pressentia que seria algo grande e isso a preocupava constantemente, sem contar é claro todo o problema com Frodo e os outros, esperava que estivessem a salvo. Deitou a cabeça na borda da banheira fechando os olhos aos poucos, tentando não pegar no sono, fato que foi quase que totalmente em vão, tudo em Valfenda era convidativo e sinônimo de paz. Mas sua paz logo se esvai, tudo começou com um pequeno desconforto, seguida de uma inquietação, que logo passa direto para uma dor aguda no ventre e não pode conter o gemido de dor saindo rasgado de sua garganta. Tauriel abriu os olhos e observou ao seu redor, a água não era mais água e sim sangue, seu próprio sangue, ela estava banhada nele, como num reflexo ela, em desespero, começou a tentar limpar o sangue dos braços e do tronco, porém quanto mais ela limpava mais o sangue subia pelo seu corpo. Fortes batidas na porta tomaram sua atenção de sobressalto.

- Tauriel...está tudo bem? – A voz preocupada de Lexi a despertou de sua agonia, olhou novamente para a água e dessa vez era apenas água, a dor também havia sumido, tudo estava normal. – Quer ajuda? Tá viva?

-E...eu...estou bem, saio em um minuto! – Encorajou-a outra de dentro do banheiro. Saiu da banheira num pulo só e foi direito para as toalhas limpas, a verdade é que ela não havia prestado atenção em si mesma ou no que realmente havia acontecido, somente quando sem querer avistou seu reflexo no espelho é que Tauriel pode perceber o que estava de errado.

- Por...Eru llúvatar. –Sua voz saiu incrédula, quase imperceptível até mesmo para seus ouvidos.

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Do outro lado da porta Lexi se espremia para conseguir ouvir o que acontecia dentro daquele banheiro, Tauriel tinha acabado de responde-la há no máximo cinco minutos atrás e agora era um total silêncio. Sem avisar a ruiva abriu a porta do lavabo e fez com que a outra perdesse o equilíbrio e disfarçasse encostando-se na parede de forma suspeita e olhando para Tauriel com um sorriso amarelo, circunstância que foi ignorada totalmente pela outra elfa que estava alheia a tudo em seu redor. Lexi desencostou-se da parede e seguiu a amiga com os olhos, que andava pelo quarto até chegar na ponta da cama e sentar-se. Tauriel estava ali presente, de corpo, mas seu olhar assim como sua alma eram distantes, a outra preocupada foi até ela e ajoelhou-se nos pés da ruiva, para sua surpresa, no momento em que tocou nas mãos de Tauriel, sentiu-as fria como gelo.

- O que aconteceu? – Lexi sussurrou. A apreensão já tomara conta dela. Tauriel não lhe respondeu, apenas lançou-lhe um olhar de apreensão.

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- Eu realmente nunca vi nada parecido com isso. – Admirou-se a loira enquanto examinava Tauriel. – Tem certeza que não se machucou em nada pelo caminho? Talvez seja apenas uma batida ou algo do gênero. – Ela tentou encorajá-la, mas sem sucesso.

- Isso parece uma batida para você? – A ruiva retrucou áspera. Voltou a deitar a cabeça no travesseiro macio enquanto Lexi ainda estava concentrada em descobrir o que poderiam ser aquelas marcas em seu abdome. Eram quase da cor de sua pele, para olhos mal treinados não passaria de uma velha cicatriz, que obviamente não era o caso de Tauriel, afinal, até aquela manhã elas não estavam ali. A dor tinha passado, mas a sensação ruim ainda continuava, algo não estava certo. As marcas não formavam desenho algum, embora Lexi jurasse ter enxergado duas àrvores entrelaçadas, o que foi descartado por elas logo depois.

- Pense pelo lado bom, ao menos não doí mais, temos muitos problemas para resolver e precisamos lidar com eles um de cada vez. – Tauriel havia contado toda história das bruxas para Lexi, que escutara tudo atentamente e sem as brincadeiras costumeiras. – E você também só tem bosta de Goblin na cabeça! Fazer um acordo com bruxas. – Ela trovejou brava, porém no fundo estando mais preocupada com a burrice de Tauriel do que com raiva realmente. – As bruxas enganam, te propõe o Mundo, mas na verdade só estão procurando um meio de atingirem seus próprios objetivos.

- Mas se eu não tivesse feito tudo que fiz, nunca teria conseguido isso. – Tauriel a lembrou quando tirou a caixa de madeira de dentro de sua mochila que estava em cima da cama.

- E você está tão perto de saber como abri-la do que estamos de entender o que são essas marcas. – A loira zombou e bufou ao mesmo tempo, deitando a cabeça do lado da cama enquanto seus joelhos descansavam no chão.

- Isso não vem ao caso no momento. – Ambas ficaram em silêncio por um momento, Tauriel havia contado somente a história das bruxas para Lexi, tal como conseguiu a Silmaril que estava na caixa, ou que ela esperava que estivesse ao menos. Sabia que Lexi estava se contendo para perguntar tudo que acontecera, mas Tauriel achava ainda que não era o momento, não até os problemas que a levaram até Valfenda estivessem resolvidos, e isso significava, Frodo, Aragorn e os outros. – Como Frodo está?

- Ele está se recuperando aos poucos, meu pai estava com ele hoje de manhã, ele precisa encontrar o caminho para a Luz novamente, entende? – Lexi explicou sem entusiasmo. – Arwen está com ele agora, acham que daqui algumas semanas ele estará curado, mas não há como saber com precisão.

- E os outros? Alguma notícia? – Tauriel perguntou esperançosa.

- Não, mas meu pai enviou alguns guardas para procurá-los, logo estarão aqui. E se algo de ruim tivesse acontecido, Arwen saberia. – Comentou num tom casual.

- É, eu percebi. – Ela acrescentou num tom de malicia enquanto virava para Lexi, usando uma das mãos como apoio para a cabeça.

- É assim tão óbvio? – A loira perguntou no momento que deixou uma risada escapar.

- Para mim não é nada demais. – Tauriel disse dando de ombros. - Afinal em que posição estou de julgar qualquer um? – Acrescentou.

- Para mim também não, mas meu pai teme pela imortalidade dela. – Ela falou num tom estranho, como se não concordasse com o que estava dizendo. – No entanto, não é algo que ele possa decidir por ela. – Esclareceu. Tauriel apenas concordou com a cabeça e voltaram a ficar em silêncio. Ela estava incerta se deveria ou não contar sobre o ciúme de Arwen, mas Lexi não parecia tão propensa a continuar a falar sobre a irmã. A loira apenas não estava tentando pressioná-la a contar mais do que vivera nos últimos anos, afinal o clima já estava bem tenso para uma manhã que mal começara, porém ela merecia saber.

- Lexi, eu não irei mais prolongar o inevitável. – Tauriel levantou-se decidida, ficando sentada na beirada da cama, a loira acompanhou o gesto e fez o mesmo. – O que você tem quer entender primeiramente é que tudo o que eu fiz foi para atingir um propósito maior, tudo eu fiz por ele, e não dei noticiais durante todos esses anos pois preso a segurança daqueles que me são queridos, você e Legolas especialmente. – Ela argumentou, Lexi apenas concordou silenciosamente, encorajando-a a continuar. – O que aconteceu foi que no último dia do velório de Thranduil sua... – Tauriel não teve tempo de terminar a frase pois fora interrompida por insistentes batidas na porta do quarto, Lexi revirou os olhos, visivelmente irritada com a intromissão e respondeu um “entre” secamente. Sem demora uma serviçal entrou no quarto, ela parecia animada e ao mesmo tempo nervosa, apenas dera o recado de que Lord Elrond requisitava a presenta imediata de ambas no salão de visitantes. Ela saiu do quarto sem avisar e deixou as duas elfas olhando uma para outra sem entender a situação.

De qualquer forma Tauriel sabia que não seria prudente fazer Lord Elrond esperar, afinal ela estava ali por sua hospitalidade e generosidade, e ela não queria abusar disso, mesmo estando sob os choramingos afincos de Lexi para que ela continuasse com a história.

 A loira emprestou um vestido para Tauriel, que lhe caíra bem, mas que estaria melhor se não tivesse perdido alguns quilos e consequentemente perdido algumas curvas de seu corpo. Saíram do quarto e foram direto para o local onde o pai de Lexi as esperava, no caminho Tauriel sentiu seu estomago roncar por algumas vezes, apesar da outra ter trazido o café, ela mal tocara nele devido aos problemas daquela manhã.

Quando chegaram ao salão ambas depararam-se com um grupo que estava em pé, tão concentrados na própria conversa que não notaram a presença das duas. O salão não era muito grande, havia apenas uma mesa central que acomodaria pouco mais de dez pessoas, assim como alguns sofás nos cantos do cômodo e alguns candelabros espalhados em volta do salão. A primeira a notar a presença delas foi Arwen que estava um pouco atrás de Aragorn, que para a felicidade da ruiva se encontrava bem e inteiro, Lord Elrond tomava a liderança da conversa estando no meio do grupo e logo diante dele, estava de pé com a aparência cansada um homem alto e bastante velho, com vestes cinzas, que apoiava-se em seu cajado. Quando chegaram mais perto a reunião tácita cessou-se completamente e um a um, cada cabeça virou-se para encontrá-las, porém, quem mais chamou a atenção de Tauriel foi o indivíduo que estava de costas para ela, alto, cabelos loiros e compridos e ombros largos adornados pela grossa armadura conhecida de Mirkwood. Ele foi o último que virou-se para olhá-las, quando seus olhos se encontraram a felicidade da ruiva era quase impossível de ser contida em seu peito, ele continuou a fitá-la imóvel, com os olhos surpresos, um sorriso acabara de se formar nos lábios dele. Todavia a única que podia compreender a emoção daquele encontro era Lexi, pois os outros estavam alheios a toda história. Aragorn tomou um passo à frente quando a viu também, dando um sorriso torto ao cumprimenta-la.

- Tauriel! – Ambos Aragorn e Legolas falaram ao mesmo tempo. O homem olhou com estranheza para o elfo, que no entanto foi desconsiderado pelo outro, já que estava se pusera a andar, um pouco mais rápido do que o de costume, em direção a amiga, sufocando-a num abraço caloroso e demorado, que foi retribuído intensamente por ela.

- Eu senti muita falta disso. – A elfa confessou entre sorrisos enquanto soltava-se dele. Legolas parecia ter levado uma batida forte na cabeça, estava desnorteado e não sabia por onde começar, provavelmente ainda mal acreditava que ela pudesse estar mesmo ali, no último lugar onde pensou em procurá-la.

- Achei que estivesse morta! – Ele desabou com a voz falha, num misto de tristeza e alegria. – Por onde esteve todos esses anos? O que estava fazendo? E por céus! Por que não deu nenhuma notícia? – Legolas exigiu numa voz firme, muito parecida com a de seu pai.

Um momento de silêncio pairou sobre os dois, um tanto quanto constrangedor já que eles tinham uma platéia curiosa para saber o desfecho daquela situação. Legolas olhava para Tauriel na expectativa de obter respostas, enquanto ela por sua vez esperava que alguém intervisse na conversa dos dois, que por sorte o homem de cabelos longos e grisalhos fez, com um pigarreio alto chamou a atenção de todos, e prestando mais atenção nele Tauriel finalmente lembrou-se de onde o conhecia, ele estava presente no enterro dos anões mortos na batalha de Érebor e lembra-se de Thranduil ter comentando algo sobre um mago que estava em viagem junto com os pequenos.

- Bom, parece que essa conversa não cabe a nós ouvir. – Tauirel agradeceu mentalmente a ele, seguido de Elrond que confirmou com a cabeça, saindo do salão e puxando Arwen gentilmente pela cintura, que olhara para trás por cima do ombro para Aragorn que ainda estava parado no lugar, mirando Legolas e Tauriel com curiosidade, ele e Lexi foram os últimos a saírem, e então os dois elfos finalmente encontravam-se a sós.

- Venha, vamos andar um pouco. – Ela sugeriu estendendo a mão a ele, que aceitou sem objeção. Caminharam pelos corredores de Valfenda lado a lado, por um momento sem dizerem nada, somente apreciando a companhia um do outro. – Eu pensei em fazer contato, em te procurar...mas eu não poderia, eu tinha uma tarefa para cumprir e precisava fazer isso sozinha. E depois da morte de Thranduil...eu acho que precisava de um tempo longe de tudo. – Ela falou com a voz triste enquanto olhava para ele, que estava com o olhar perdido, pensativo. – Não posso pedir que me perdoe, mas posso pedir que me entenda. Tudo o que eu fiz foi....

- Hei! – Legolas não deixou que ela terminasse de se explicar, parando-a, a segurando pelos braços a fim de que a elfa olhasse para ele. – Não peça perdão, não há nada o que perdoar. – Ele a repreendeu firmemente, seus olhos estavam baixos, mas era possível ver a culpa contida neles. – Eu..eu é que preciso do seu perdão Tauriel...se ao menos eu estivesse lá, eu poderia ter feito algo. – As palavras saiam queimando da garganta do príncipe, suas mãos apertavam os braços dela com mais força, não intencionalmente é claro, mas ele estava...perturbado. – Eu fui tão egoísta...tão...eu apenas não deveria ter deixado você sozinha...ou ele.- Sua voz saia engasgada e foi então que Tauriel entendeu.

- Não foi sua culpa Legolas. Não há nada que você poderia ter feito para mudar o que aconteceu. – Ela o tranquilizou, tocando o rosto dele, fazendo com que ele olhasse diretamente para ela. – Não carregue essa culpa meu querido mellon. Fico feliz de não ter estado lá, não suportaria ter perdido vocês dois. Não quero que pense nisso nem mais um minuto, tudo bem? – Ela falou com cuidado, não o queria ver magoado e de fato Legolas não teve culpa de nada que ocorrera naquela noite. O príncipe concordou em silêncio, embora não parecesse tão certo das palavras dela. Eles continuarem a andar até chagarem ao lado de fora da construção, numa espécie de jardim. – Como eu estava dizendo, por vezes pensei em procurá-lo, mas não sabia onde você estava. – Ela pesou em mencionar que não teve tempo de conversar com Thranduil sobre o paradeiro do filho, mas Legolas parecia ainda estar abalado, falar do pai provavelmente lhe trazia más lembranças. De fato, nem ao velório de Thranduil, Legolas pudera comparecer. Tauriel sentiu pena do amigo, seu coração deveria estar aos pedaços em relação a isso. – Mas talvez tenha sido melhor desse jeito, mais seguro para você, a situação no castelo estava fora de controle depois que ficamos sem um rei. – Ela lamentou.

- Eu sei. – Tauriel olhou pra ele com curiosidade, Legolas captou o recado e logo esclareceu-se. – Depois de alguns anos fora eu vim para Valfenda a negócios junto com Aragorn, o homem que estava conosco na sala de visitas. – Tauriel surpreendeu-se em pensar em como aquele Mundo era pequeno. – Aqui Lord Elrond me dera a notícia, pensei em ir para Mirkwood no mesmo instante, achei que você ainda estivesse por lá. – Ele fez uma pausa e convidou-a sentar no pequeno banco de pedra localizado no centro do jardim em frente a um belo chafariz. – Mas Lexi me abordou antes de ir e me contou da noite que você escapou antes de conseguirem te levar, sinto muito por isso. – Ela o dispensou com um gesto, como se não valesse a pena falar sobre esse último ponto em especifico, e esperou ele continuar a história. – Pelo que eu soube, as coisas mudaram em Mirkwood e...

- Espera, você ainda não foi até lá? – Ela perguntou em descrença. Legolas riu da expressão dela, mas sem achar graça.

- Um covarde não acha? – Ele zombou de si mesmo, olhando para as próprias mãos.

- Não...é claro que não. – Ela se recompôs voltando ao seu estado inicial, calmo. – Só estou surpresa, esperava que entre todos, você fosse o primeiro a querer ir até lá.

- Não me entenda mal, é claro que eu gostaria de voltar para minha casa, mas tenho uma tarefa a cumprir também e aliás, um amigo que precisa da minha ajuda. – Ele falou célere, como se não quisesse entrar muito no assunto. – E você sabe que eu nunca quis me tornar rei também. – Disse, numa careta. – De qualquer forma me mantenho informado, Lexi vai todo ano visitar Mirkwood, para estar a par de tudo e principalmente para certificar-se de que não jogaram o túmulo de meu pai em qualquer esgoto. – Ele debochou, com raiva contida – É claro que nos últimos anos ela não tem ido mais com muita frequência.

- Isso é bom...não sabia que você e Lexi tinham tanto contato. – Legolas olhou para ela e deu de ombros de forma exagerada, meio indiscreto ela pensou. – Fico contente por nenhum dos dois terem ficado sozinhos durante todo esse tempo. – Achava que tinha sido sorte Legolas estar ali no mesmo momento que ela, mas pelo visto ele estava fazendo mais uma de suas visitas de praxe. Sem contar o fato dele ter estado com Aragorn todo esse tempo. – Você estava com Aragorn então, eu esbarrei com ele em Bree e com os hobbits, viemos juntos até Valfenda, ou pelo menos até metade do caminho juntos. Por que não estava junto dele?

- Gandalft me pedira para tratar de outros assuntos. – Disse, sério. – Quando cheguei pela manhã Aragorn comentou comigo sobre uma elfa. – Seu comportamento tinha mudado, de calmo parecia estar até um pouco severo. – Não imaginava que seria justo você, Mundo estranho não acha?

- Muito estranho... – Tauriel concordou.

- Ainda não disse o que estava fazendo ou onde esteve. – Ele a lembrou.

- Não posso dizer agora. – Ele preparou-se para questioná-la, mas fora impedido pela mesma. – Confie em mim, hoje à noite. Quero falar com você e Lexi, num lugar mais seguro. – Disse em voz baixa, olhando para os lados, principalmente para um grupo de guardas que passaram em frente a eles. – Será mais prático conversarmos nós três, juntos. – Ela o encorajou, fazendo com Legolas cedesse. – É realmente muito bom estar de volta. – Tauriel disse por fim.

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Ao entardecer Lord Elrond tinha proposto um banquete para os recém chegados, estava se formando uma associação em Valfenda, além de Legolas e Aragorn, mais tarde naquele dia outras pessoas haviam chego ao local, tanto homens como elfos também e ela soube que mais tarde anões ainda viriam. Tudo em decorrer de Frodo e o Um Anel, que tanto falavam naquele jantar. Pelo que entendera o objetivo de toda a viajem de Frodo e os hobbits até ali era garantir a segurança daquele Anel para que futuramente ele pudesse ser destruído nas chamas de Mordor, afinal o anel pertencia a Sauron, um anel de grande poder. E tudo que o Anel mais queria era voltar para seu mestre, e caso isso acontecesse, tudo estaria perdido. Frodo carregava um fardo muito grande para um ser tão pequeno. Tauriel fora visitar ele mais tarde naquele dia, assim como os outros hobbits que estavam no quarto velando seu sono, ele ainda não tinha acordado, mas sempre havia um curandeiro a sua espreita caso ele tivesse alguma recaída, por hora o que restava era esperar.

O jantar estava ocorrendo bem na medida do possível, Elrond ocupava o único lugar do meio da mesa na ponta, do seu lado esquerdo e direito estavam seus dois filhos, os quais Tauriel não pode conhecer, mas sabia seus nomes, Eärendil e Elwing. Mais a afrente estava o mago Gandalf, junto com Aragorn ao seu lado e Arwen ao lado deste. Legolas sentava-se em frente ao amigo e em um dos lados de Tauriel pois do outro Lexi já ocupava o lugar. Alguns outros elfos e homens que ela não conhecia ocupavam o restante da mesa. A conversa seguia amena na maioria do tempo, Legolas contava para Aragorn de uma vez que ele e Tauriel conseguiram escapar de uma emboscada de orcs que encontraram nas fronteiras de Mirkwood, poderia se dizer que era algo normal para eles, guerreiros, se não fosse pelo fato de que ambos tinham em torno dez anos e estavam saindo do castelo escondidos de noite. No começo a ruiva deixou-o contar sozinho, mas teve que intervir quando Legolas mudara os fatos da história e disse que era ele quem a tinha salvo. O relato acabou em algumas risadas de Legolas e Lexi, que ouvira tudo atentamente e um meio sorriso de Aragorn. Para a admiração de Tauriel até mesmo Arwen parecia estar mais suscetível a conversar.

- Quer dizer que meu amigo aqui nunca foi tão digno como eu imaginava? – Debochou Aragorn olhando para Legolas enquanto este bebia um gole de teu vinho e revirava os olhos.

- Legolas? Oh...não, definitivamente não. Perdi as contas de quantas vezes ficamos de castigo por causa dele, realmente ele sempre foi uma péssima influencia. – Disse Tauriel, em voz convincente, entrando na brincadeira.

- O que? – O príncipe fez uma careta, fingindo magoa. – Não preciso lembrá-la do que aconteceu naquela vez, preciso? – Lhe dando um olhar significativo e um sorriso sórdido.

- Como você é baixo Legolas Greenleaf – Ela cutucou-o de leve no ombro, quase fazendo-o cuspir a bebida contida na boca. – Aquela vez não conta nem um pouco. – Tentando fingir alguma dignidade, inutilmente já que não pode conter o riso que lhe escapara. O resto da mesa que prestava atenção na conversa olhavam um para o outro sem entender a óbvia piada interna, no vácuo.

- Isso é um tanto quanto singular. – Disse Arwen retomando a conversa. – Adorável...eu quero dizer. – Ela explicou diante das expressões confusas de Legolas e Tauriel. – Um casal crescer juntos e permanecerem assim depois da vida adulta, é notável. Diria até que nasceram um para o outro. – A elfa comentou numa voz doce, Tauriel percebeu quando ela procurou a mão de Aragorn na mesa para se encostar com a sua. Nesse momento a conversa na mesa pareceu cessar, ou no mínimo ficar mais silenciosa, como se todos estivessem esperando a resposta dos dois. Ela ouviu Legolas engolir em seco e ficar meio tenso ao seu lado.

- Não somos um casal, somos apenas amigos. – Ele respondeu cordialmente, se não estava contente com a tirada em público de Arwen, não deixou que isso transparecesse em sua voz. Ele estava ficando cada dia mais parecido com o pai, Tauriel pensou. O clima então se estava tenso, passou para constrangedor, Aragorn tentou aliviar puxado uma conversa rápida com Gandalf ao seu lado e Lexi passou a servisse de mais comida, instigando os outros presentes a fazerem o mesmo.

- Oh...que inusitado. – Arwen acrescentou, quem olhava de fora só poderia extrair inocência na sua voz, mas Tauriel pode perceber um quê de provocação também. – Mas tenho certeza de que alguém deve ter roubado seu coração, não é mesmo? – Ela insistiu, mesmo sobre o olhar repreensivo que lhe Lexi lhe dera.

- Não. – Mentiu. – Não há ninguém que tenha despertado meu interesse ainda. – Respondeu cinicamente lançando-lhe um olhar nocivo, estava começando a se irritar com ela.

- Que pena. – A outra falou fingindo uma falsa tristeza, desde o momento em que descobriu que ela e Legolas não eram um casal, o bom humor dela tinha sumido totalmente. – É triste não poder ter alguém com quem possa compartilhar a sua vida. – Comentou por fim, segurando a mão de Aragorn definitivamente.

- Não se preocupe comigo. – Tauriel respondeu numa voz educada. – Prefiro estar assim do que num relacionamento onde o amor claramente não é correspondido. – Legolas captou a mensagem na hora e transformou a risada num acesso de tosse, Lexi enfiou mais e mais comida na boca, seu rosto ficou claramente vermelho com o esforço de não deixar escapar nenhum sorriso. Elrond mexeu-se desconfortavelmente na cadeira, Aragorn percebendo, desvencilhou-se sutilmente da mão de Arwen, os irmãos pareceram ter achado graça, até mesmo Gandalf dera um meio sorriso. A elfa em sua frente lançava um olhar furioso para Tauriel, que o sustentava calmamente, e tudo que Arwen pode dizer foi um “certamente” sem que sua voz saísse alterada. O resto do jantar ocorreu sem mais surpresas ou muitas conversas paralelas. Tauriel sabia que o que dissera para Arwen não era verdade, Aragorn claramente amava Arwen, ela pode perceber isso quando os viu juntos, mas não conseguiu se segurar na provocação, de qualquer forma, tentaria retratar-se mais tarde.

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Já era mais de meia noite quando Legolas finalmente bateu na porta do quarto de Lexi, combinaram de reunir-se ali na calada da noite para que não levantasse nenhuma suspeita, tarefa que não era muito fácil levando em conta os guardas que rondavam Valfenda a noite inteira. Tauriel permaneceu sentada em uma das odaliscas, estava relaxada, apoiando os cotovelos na mesinha enquanto esperava. Lexi foi em passos rápidos até a porta para dar passagem a Legolas. Abriu a porta e Legolas passou por metade dela mas foi parado por uma Lexi receosa.

- Ninguém te viu não é? – Ela perguntou com urgência, não percebendo que estava ainda segurando a maçaneta da porta, fazendo com que Legolas ficasse prensado entre ela.

- O que? Não, na verdade eu trouxe um bando de anões barulhentos para nossa reunião ultra secreta sobre o-que-Tauriel-estava-fazendo-nos-últimos-sessenta-anos. - Falou pausadamente com a voz carregada de ironia. – Eles estão bem aqui atrás, quer eu peça para darem um oi ou vai me deixar entrar logo de uma vez? – Perguntou irritado. Lexi fez uma careta e bufou, abriu toda a porta e fechou quando Legolas já estava dentro. Os dois foram até o centro do quarto e sentaram-se em frente a Tauriel, lado a lado. Ambos olharam para ela com expectativa, até que a elfa decidiu colocar sua mochila na mesa e tirou dela a coroa e a pequena caixa, deixando-as em frente a eles. Os olhos dos dois saltaram para fora quando tiveram em vista a pedra depositada na coroa, que se iluminara ainda mais quando Tauriel a tocou, o quarto antes mal iluminado apenas com luz de velas, agora se encontrava resplandecente.

-Bem, por onde começar? – A ruiva falou meio sem jeito.

Nas horas que se passaram ela contara toda a narrativa de sua trajetória, desde o velório de Thranduil e sua estranha conversa com Galadriel quando Lexi as apresentou, que ela lhe contara a história das três Silmarils e do poder contido nelas e assim, dando uma nova esperança para Tauriel. Contou de todos os lugares em que passara e principalmente dera detalhes de sua passagem pelos elfos do mar, os Felmari, contou sobre o lugar e sobre o que aprendera das Silmarils, dando ênfase em como elas aram as únicas fontes remanescentes de luz sagrada, já que a fonte delas, as duas Árvores de Valinor, Telperion e Laurelin, tinham sido destruídas a séculos atrás. É claro que nem com todo o estudo do Mundo ela conseguiria descobrir mais sobre a peculiaridade das jóias, pois sempre havia uma lacuna ou outra na história, mas ao menos o básico ela já compreendia. Depois dos Felmari ela contou sobre um tempo em que ficara por anos sozinha, vagando em busca de qualquer pista, até que descobriu algo enquanto estava numa taverna, descobriu sobre um rei, rei Robert, Lexi ouvia desacreditada os relatos de Tauriel sobre ele e inclusive sobre o casamento, Legolas a olhava com reprovação total. Logo depois disso discorreu sobre como fora parar em Mirkwood novamente e do sentimento estranho que ela sentiu na floresta e posteriormente quando teve a visão das Montanhas Nebulosas de Angmar e então finalmente lhes falou sobre a angustiante caverna das bruxas e sobre o ritual que se propôs a fazer em troca de outra Silmaril e também sobre as marcas em sua barriga. E por fim contou como encontrara Aragorn e os hobbits e de toda sua viajem até chegar em Valfenda. Nenhum dos dois elfos falaram nada durando a explicação de Tauriel, se limitaram apenas a expressões diversas.

- Você é idiota? – Legolas parou de tentar tirar a pedra da coroa com sua adaga, fato que ele estava tentando fazer desde a metade da contação de história. – Aceitar um ritual que você nem ao menos sabe o que é, ou o que fizeram com você? O que você tem na cabeça Tauriel. – Ele vociferou, bravo. Lexi parecia estar com uma expressão de “eu disse” e concordava com o príncipe.

- Eu sei que foi totalmente imprudente, mas entendam eu precisava ou não teria conseguido a caixa ou a localização da última Silmaril. – Desabafou ela em tom baixo. – Eu não poderia deixar de tentar qualquer coisa por ele, como ele fez por mim. – Lexi e Legolas entreolharam-se, compreendendo a situação em que Tauriel se encontrava, provavelmente eles também fariam o mesmo se estivessem no lugar dela. – E eu estou bem, me sinto bem.

- Isso até sua cabeça explodir e ficarmos sem Tauriel e sem magia. – Ele comentou enquanto voltava sua atenção para a coroa novamente.

- “Descansa junto a ele.” Isso quer dizer que...- Lexi levou a mão até a boca em surpresa. As duas ignoraram totalmente o comentário de Legolas.

- Sim! Isso mesmo. – Tauriel confirmou sorrindo.

- O que eu perdi? – Legolas perguntou sem entender do que elas falavam.

- O colar de Nauglamir, eu o coloquei junto com Thranduil, quando os anões o devolveram. Eu sempre soube que aquele colar tinha algo de diferente, mas eu não fazia ideia do quanto até agora. – A loira comentou e Legolas balançara a cabeça entendendo. – Acha que era por isso que Thranduil estava atrás dele?

- Talvez. – A ruiva respondeu dando de ombros. – Ou possa ter sido apenas algo sentimental, pelo que eu soube pertencia a rainha.- Falou sem muita emoção.

- E que história é essa de você estar casada? Quando Thranduil souber, ele te mata. – Lexi cochichou como ele pudesse ouvir do Mundo dos mortos. Tauriel estremeceu, não tinha pensando nisso.

- Mata mesmo. – Legolas comentou sem olhá-las ou dar muita atenção no assunto, estava entretido demais, o esforço para tirar a pedra da coroa era evidente em seu rosto.

- E eu nunca ouvi falar sobre esse rei Robert, mas ele parece perigoso, ter um inimigo agora, em tempos como estes, não foi sua melhor jogada. – A loira lamentou. – Não acha que ele pode querer se vingar e te caç...

- Consegui! – Legolas exclamou de repente, fazendo as duas pularem de susto. Ele jogou a carcaça da coroa de lado e deixou a Silmaril em cima da caixinha de madeira, sua satisfação era evidente. – Se ele é um rei dos homens como você disse, Aragorn o deve conhecer, irei me informar amanhã sobre isso. Deixe comigo. – Ele a encorajou com uma piscadela. Logo depois levou um soco no braço, de Lexi, que reclamou de ele a ter atrapalhado. Tauriel então notou que eles realmente estavam mais íntimos do que ela se lembrava ou era apenas coisa de sua cabeça? De qualquer maneira, isso não era importante agora.

- E a caixa, já tentou abri-la? – Legolas perguntou.

- Sim, mas ela não cede de jeito nenhum. – Choramingou olhando para a pequena caixinha de madeira, cruzou seus braços em cima da mesa e apoiou o queixo neles. – Apesar de ter uma tranca, eu não encontrei nenhum buraco para a chave, se ela de fato existir. – Acrescentou com desanimo.

- E o que é isso escrito em volta dela? – Ele questionou apontando para a caixa.

- Não sei. – A ruiva respondeu.

-E como se faz o encanto? – Lexi perguntou com curiosidade.

- Também não sei. – Ela levantou os olhos para eles, embaraçada. – Sei que não tenho muitas respostas.

- Não tem resposta nenhuma. – Legolas a cortou, lamentando mais para si mesmo do que pra ela.

- Deixe-me ver isso. – A loira pegou a caixa em mãos, analisando-a. – Olha, nem eu sei ler isso, mas não me parece ser élfico. – Ela supôs depois de verificá-la com cuidado. - Mas você pode ir até a biblioteca do meu pai amanhã e pesquisar, lá existem livros mais antigos do que ele, talvez encontre algo. – Lexi propôs.

- Então qual o plano? Ir até Mirkwood, onde centenas de guardas esperam uma ordem apenas para cortar a sua cabeça, abrir o túmulo de meu pai colocar essa pedra, o colar e a caixinha juntos e dizer “Abracadabra” e esperar que ele ressuscite num passe de mágica? – O elfo usou seu tom mais cínico possível. Para o pesar de Tauriel Legolas estaca ficando muito parecido com o pai na verdede.

- Você falando assim parece um plano idiota. – A ruiva resmungou.

- Não me diga. – Legolas retrucou.

- É claro que eu não penso que será assim, primeiro que Lexi irá comigo. – Tauriel olhou para ela e a loira confirmou num gesto. – Segundo, eu irei dar um jeito, irei descobrir. Veja, a caixa não tem fechadura e as bruxas também não me deram uma chave, talvez isso tenha um significado. – Ela endireitou-se novamente e continuou. – Pense bem, não teria porquê elas me darem a caixa e a informação de onde estaria a última silmaril se não quisessem que eu realmente alcançasse o meu objetivo. Estive pensando, se elas só carregam o poder quando estão juntas, talvez essa caixa só se abra da mesma forma também. – Ela terminou, orgulhosa de seu desfecho.

- É uma hipótese. – Lexi admitiu.

- Não é só uma hipótese, é uma ótima hipótese. – A ruiva sorriu, gabando-se para eles.

- E quanto ao encantamento? – Legolas questionou, ainda não estava muito convencido.

- Talvez não precise de um. – Ele olhou para ela seriamente. – Certo, provavelmente precise de um, com sorte encontrarei algo amanhã na biblioteca. Eu resolvo isso, não se preocupe.

- Tudo bem. – O elfo disse cansado, dando-se por vencido. – E quando iremos partir?

- Nós não, apenas eu e Lexi. – Tauriel retrucou e falou antes que ele pudesse reclamar.- Você tem que ficar aqui com Aragorn e ajudar Frodo, não pode ir conosco, tem uma tarefa a cumprir com eles. Você sabe disso, eles precisam mais de você do que nós.

Tauriel explicou que as duas arrumariam tudo que precisariam levar na noite seguinte e que partiriam na madrugada, com a ajuda de Legolas para encobri-las até que estivessem longe, afinal até Lord Elrond tinha percebido uma mudança em Mirkwood, algo sombrio, e desde então não tinha mais muito contato com os parentes distantes e muito menos permitia que Lexi fosse para lá mais com tanta frequência. Ao decorrer do dia Tauriel iria procurar na biblioteca algo, enquanto Lexi iria deixar o pai ou qualquer parente o mais longe possível dali para que não se levantasse nenhuma suspeita e Legolas tentaria extrair alguma informação de Aragorn sobre Robert. Tudo estava planejado, a conversa acabara pouco antes do sol nascer, Legolas tinha ido para seu quarto e ela e Lexi foram dormir também. Embora Tauriel mal tivesse conseguido pregar os olhos naquela madrugada, tamanha era sua ansiedade. A cama de Lexi era realmente enorme, mal conseguiria encostar na outra se quisesse. A loira tinha oferecido um quarto de hospede para ela no dia seguinte que chegara ali, mas ela recusara, no fim apreciava realmente a companhia de Lexi. De fato tinha encontrado nela uma irmã.

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Naquela manhã elas acordaram pouco depois das nove da manhã, mais tarde do que de costume, embora as horas de sono foram poucas, ainda mais para Tauriel. Vestiram-se e desceram até o salão do refeitório, alguns elfos ainda comiam o desjejum, mas a maioria dos outros já tinham começado seu dia mais cedo. Tauriel fartou-se de comida porque não planejava almoçar daquele dia, só iria sair da biblioteca quando encontrasse respostas. Mais tarde Lexi ensinou-a o caminho do lugar e deixou-a lá.

A primeira impressão de Tauriel fora encanto, várias e várias estantes recheadas de livros e pergaminhos velhos, havia uma escrivaninha no canto, que provavelmente pertencesse a Elrond e na parte mais central da sala se encontrava uma grande mesa para auxiliar nos estudos. Havia grande janelas e uma varanda que dava para um corredor externo que por sua vez ela não sabia para onde ele levava. Do lado de dentro era possível ver e ouvir as cachoeiras que nasciam em volta de Valfenda, era um lugar definitivamente muito agradável. Não perdeu mais tempo e pôs-se a vasculhar a biblioteca inteira em busca de algo. Passou cerca de uma hora para juntar todos os livros, pergaminhos e qualquer outra papelada que julgasse ter alguma ligação com lendas e histórias antigas sobre as Silmarils. A pilha de livros em cima da mesa era enorme assim como todos os papeis espalhados, da sua bolsa que estava consigo, ela tirou a caixinha e colocou-a junto com tudo o resto.

- Bem, vamos ao trabalho. – Disse animadamente.

Horas e horas a finco se passaram naquele dia e tudo que Tauriel conseguia era juntar mais livros em sua pilha, por outro lado ela soube de muitas coisas sobre a história das Silmarils, inclusive sobre relatos de famílias élficas por quem as pedras passaram de geração em geração, tal como da destruição que elas causaram em sua passagem pela Terra. Estava ficando desanimada e preocupada com o passar do tempo, já era começo de tarde e ela não havia conseguido encontrar nada sobre um feitiço ou alguma forma de usá-las, embora houvesse muitas menções de outros seres que já a possuíam e usaram-nas para benefício próprio ou para benefício de sua raça. No entanto em um dos livros ela encontrou uma parte que lhe chamou atenção e parou para lê-la com mais atenção.

Fëanor criou as Silmarils na Era das Árvores, antes do sol e da lua serem feitos, num período conhecido como A Primavera de Valinor. As Silmarilli foram consagradas por Varda, a Inflamadora, a Rainha das Estrelas, e todo ser maligno que as tocasse, teria as mãos queimadas. Fëanor foi o Elfo Noldor que trouxe “seu maior renome e suas mais profundas infelicidades”, e as Gemas foram sua maior criação, e delas ele se tornou muito orgulhoso, influenciado por Melkor, o Valar Caído.

Ungoliant, junto com Melkor destruiu as Duas Árvores Sagradas, e as Silmarils são as únicas fontes remanescentes de sua luz. Os Valar pediram à Fëanor que lhes desse as Gemas para que pudessem reviver as Árvores, entretanto, ele, muito orgulhoso de sua obra, recusou. Melkor escondido na nuvem de escuridão de Ungoliant, roubou as joias da Fortaleza de Fëanor, e assassinou Finwë, pai de Fëanor, no processo. Junto da aranha Ungoliant, fugiu para a Terra-média onde se refugiou em sua fortaleza, Angband (conhecida como o Inferno de Ferro), no norte da Terra-Média, que estava sendo guardada por seu tenente, Sauron. Melkor voltou ao seu trono no subsolo e forjou a Coroa de Ferro onde engastou as jóias de Fëanor.

Fëanor, ao tentar ir para a Terra-Média procurar suas jóias, fez o Juramento de Fëanor com seus filhos, o que os prendia na luta contra todos aqueles que mantivessem as Silmarils longe deles. Em sua busca implacável pelas joias Fëanor acabou sendo assassinado e em seu leito de morte fez seus filhos jurarem recuperar as joias e pôr fim a maldição de sua família.

Após os acontecimentos passados, com o tempo as Silmarils foram recuperadas as duras penas da coroa de ferro, passando de portador a portador, concedendo-lhes poderes inimagináveis, realizando assim os seus mais profundos desejos da alma. No entanto as pedras se perderam, pois a cada novo portador que as usasse, uma desgraça profunda caia sobre ele ou ela, e assim as Silmarils foram esquecidas através do tempo.

[...]

 

Tauriel preocupou-se com esse último relato, uma maldição caia sobre quem as usava? Isso não poderia ser bom, se para Fëanor, que fora seu criador, só houve morte e sofrimento, imagine para ela que era uma simples elfa. A ruiva leu o trecho novamente e deparou-se com algo que tinha deixado passar.

-“Realizando assim os seus mais profundos desejos da alma.” – Ela leu em voz alta para si mesma. – Não pode ser assim tão fácil. – Ou pode? Ela pensou. Na verdade faria todo o sentido se fosse pensar bem e se seguisse a lógica de que as bruxas estavam de fato falando a verdade sobre o acordo entre elas. Ela abriu um sorriso de orelha a orelha pensando da possibilidade de ter encontrado o segredo, não pode nem conter os pulinhos de felicidade que dava. Porém a felicidade durou pouco quando a elfa olhou para a caixa em cima da mesa, ainda não tinha achado nada sobre ela e um misto de razão lhe atingiu a mente, talvez essa história de realizar os mais profundos desejos tenha sido apenas algo abstrato escrito pelo autor do livro. Sentiu-se derrotada novamente e sentou na cadeira, jogando-se em cima dos livros, fechando os olhos por um momento, sentia-se exausta.

- Estou ficando triste só de te olhar. – Comentou uma voz grossa atrás dela. A ruiva virou-se para se deparar com Aragorn encostado de braços cruzados na ponta da mesa.

- O que está fazendo aqui? – Ela resmungou, levantou-se para guardar os livros o mais rápido possível, a fim de que ele não percebesse os títulos dos livros e lhe perguntasse algo sobre.

- Me escondendo um pouco. – Disse calmamente, com o pescoço um pouco mais erguido para ver o que ela fazia. – Por algum motivo Legolas não saiu de perto hoje, fica me rondando e fazendo perguntas em todo lugar que vou. – Ele reclamou fazendo uma careta. Tauriel riu por dentro, imaginando a cena. Aproximou-se mais  e pegou um dos livros que ainda sobrara em cima da mesa, ela já estava guardando o restante no armário. – Não imaginava que se interessava por assuntos antigos. – Ela virou e viu ele mostrando um livro para ela, “Primeira e Segunda Era – Um Mundo sombrio” era o título. Tauriel correu para tirar o livro da mão dele e colocar na estante junto com os outros.

- É sempre bom conhecer a história do Mundo antigamente, assim como a história da minha raça. – Ela murmurou com mau humor em face ao sorriso gozador dele.

- É claro. – Disse tranquilamente. A elfa agora terminava de guardar os últimos pergaminhos no lugar, desejando sair dali o mais rápido possível. – O que é isso? – O que Tauriel viu logo depois quase a fez ter um infarto, Aragorn com a caixinha em mãos virando-a de todos os lados, com curiosidade óbvia. Ela correu para ele com a intenção de tirar a caixa das suas mãos, mas Aragorn foi mais rápido e colocou a caixa no alto, provocando-a.

- Me devolve isso agora! – ela vociferou, irritada.

- Calma. Só estava olhando. – Aragorn disse com deboche. Devolveu a caixa a Tauriel, que a agarrou como se fosse seu próprio filho. – Porém, desconfio que esse seu “interesse” por antiguidade, possa ter algo a mais escondido. Sabe, posso te ajudar, se quiser. – Ele propôs a ela, voltando a cruzar os braços sobre o peito.

Tauriel olhou para ele com desconfiança e em dúvida se deveria ou não pedir ajuda. Olhava para caixa embrulhada em seus braços e para Aragorn algumas vezes, não queria aceitar ajuda porque não queria ter que explicar nada depois, mas o mínimo possível de conhecimento, era um passo a mais para chegar até Thranduil. Por fim decidiu aceitar e lentamente entregou a caixa a Aragorn, que a pegou com cuidado.

- Sabe o que é isso que está escrito em volta dela? – Ela indicou com o dedo as escrituras um pouco apagadas na lateral da caixa. O homem ficou alguns minutos olhando para o objeto e virando algumas vezes, seu olhar sério mostrava a sua concentração. – E então? – A ruiva indagou, ansiosa. Aragorn a olhou de cabeça baixa através dos fios negros que caiam em seus olhos, um sorriso fraco formou-se em seus lábios. Ele devolveu a caixa a ela.

- Sei o que está escrito.

- E o que é? – Ela perguntou seca. Como se fosse óbvio que esperasse mais do que aquilo como resposta.

- Hm, o que me dará em troca se eu te responder? – Perguntando ele, gozador. Tauriel sentiu seu sangue ferver, não podia acreditar na ousadia dele.

- O que você quer? – Ela disse, fria. Aragorn olhava pra o teto com mão no queixo, num gesto óbvio de estar pensando no que poderia pedir a ela, o que só a deixou mais revoltada.

- Não tenho nada tão interessante em mente agora, mas terei na próxima vez que nos encontrarmos. – Disse por fim. – O que está escrito é “Com sangue começará, continuará e terminará, até que a Grande Luz renasça da terra e atinja o Mundo”.  – Tauriel franziu o cenho sobre aquilo.

- Tem certeza que é só isso? – Ela indagou ainda confusa. Ele confirmou silenciosamente. – Bem, obrigada...eu acho.- Murmurou as últimas palavras em voz baixa.

- Não sei com o que você está metida e sinceramente também prefiro não saber, por hora ao menos. – Aragorn mudou totalmente seu comportamento relaxado, para assumir uma postura mais séria. – Mas tome cuidado em suas decisões Tauriel, falo como alguém que se preocupa, como um amigo. – Ele sorriu ligeiramente e se afastou indo em direção a porta. – Melhor eu ir, antes que Legolas me encontre por aqui também.

- Aragorn, espere. – Ele virou-se para ela novamente. – Desculpe pelo que eu disse ontem a Arwen, me arrependo de ter entrado naquele assunto. – Ela confessou, um pouco constrangida e com remorso. Ele sorriu sem humor.

- Não se preocupe, Arwen pode ser meio difícil quando você não a conhece bem. – Ele explicou com tranquilidade. – Mas ela é uma criatura adorável e excepcional, futuramente, tenho certeza que se darão bem. – disse, tranquilizando-a. – Até mais, nos vemos no jantar. – Tauriel confirmou e o viu sair porta a fora, sentiu-se mal pelo que dissera a Arwen na noite anterior, querendo ou não também afetara Aragorn, e ele era bom, um bom homem.

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Após o jantar todos recolheram-se para seus quartos, tudo já estava preparado, mochilas, mantimentos e armas, até mesmo alguns livros do acervo de Elrond que Tauriel julgou interessantes para sua pesquisa e não teve tempo de ler do período da tarde daquele dia. Legolas saíra mais cedo do jantar, com a desculpa de que não estava-se sentindo bem e aproveitou que todos estavam do salão para preparar os cavalos e os deixando um pouco depois do portão de entrada de Valfenda, escondidos na floresta, já carregador com todo o equipamento que eles iriam precisar. Estava tudo pronto e elas decidiram que seria melhor se partisse naquela madrugada, enquanto todos ainda estivessem em sono profundo. Saíram do quarto à espreita, nas sombras do corredor Legolas as esperava, mantiveram-se em silencio até chegarem aos portões, distraíram os guardas de vigia sem muito trabalho e correram para a escuridão da floresta o mais rápido possível, no caminho Legolas contou o que conseguiu saber sobre Robert, Aragorn havia dito que era um homem perverso, corrompido pelo ódio e pela cobiça, aliado de Sauron e dos orcs na guerra que estava por vir, logo, não era boa coisa e Tauriel precisaria ficar alerta. Chegaram até os cavalos e Lexi fora desamarra-los enquanto dava um tempo para Legolas e Tauriel se despedirem.

- Mal nos encontramos e já tenho que me despedir de você novamente.- Ela lamentou para ele.

- Não se preocupe, nos veremos muito em breve, eu prometo. – Ele a puxou para um abraço aperto e sussurrou no seu ouvido. – Traga-o de volta. –Ela assentiu com os olhos lacrimejados. Se soltaram e ele a ajudou a subir no cavalo. – Boa sorte.

Com um último olhar para trás, elas zarparam num galope rápido em direção a Mirkwood.

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Demorou cerca de quatro dias de viagem até chegarem à margem da majestosa floresta de Mirkwood, no entanto descansaram um dia antes de finalmente cruzar os limites da fronteira, não queriam estar fracas quando entrassem lá. Era impossível para qualquer leigo entrar na floresta com cavalos e muita bagagem o que dificultava a viagem em uns dois ou três dias até o outro lado o que também era um mecanismo de defesa dos elfos da floresta, assim eles encontrariam intrusos com muito mais facilidade. Mas para os elfos nascidos ali havia um caminho secreto que apenas eles conheciam, que abriram para facilitar a passagem deles mesmo e Tauriel a conhecia. Dessa forma puderam entrar com seus cavalos sem obstáculos maiores, o único problema é que aquele caminho era bastante movimentado pelos elfos da floresta, então teriam que tomar muito cuidado. A floresta a noite ainda era mais escura e sombria e depois de algum tempo em cima dos cavalos, um barulho as fez ficarem alertar, Lexi acenou para ambas descessem silenciosamente. Tauriel tirou a espada de Thranduil da cela do seu cavalo e a outra fez o mesmo. Andaram lentamente puxando as rédeas dos animais, eles estavam inquietos, relinchando bastante, outro barulho, pararam.

Tauriel sentiu algo vindo em sua direção e foi rápida o bastante para desviar de um tiro certeiro na cabeça, mas não tão rápida a ponto de sair ilesa, a faca que fora atirada contra si passou a centímetro do seu rosto, cortando a lateral da bochecha e da orelha direita. E então aconteceu, um grande tumulto e grunhidos raivosos. Um grupo de orcs surgira de dentro da floresta, no mínimo vinte deles. Elas não esperavam por isso, no máximo um confronto com os elfos e serem presas, mas não orcs, não ali em Mirkwood. Atrás de si ouviu Laxi lutar com dois deles que iam para cima dela mas não pode ajuda-la pois começaram a ataca-la também. Cortou a cabeça de um e logo depois cravou a espada no peito de outro, correu em frente, para que a seguissem e tirasse os cavalos do meio da confusão. Pegou uma de suas adagas equipada nas costas e lançou na garganta de um orc que iria atacar Lexi pelas costas.

Então sentiu uma dor ardente no meio da espinha, na altura do quadril quando foi jogado longe no chão por um forte chute, no susto deixou sua espada cair do meio da escuridão, tateou no chão pelos lados onde caíra, mas não a encontrou. Virou-se de costas para ver quem a tinha atingido e deparou-se com um dos maiores orcs que já vira na vida, no mínimo dois metros de altura, robusto e com uma marca de tinta branca no rosto, ele caminhava lentamente em sua direção e antes que ela pudesse jogar a outra adaga que sobrara, uma grossa flecha atravessou a cabeça do orc, lançada por trás. No momento em que o monstro caiu no chão, revelou três figuras mais adianta, um deles estava no meio com o arco ainda em mãos e os outros dois acabavam com o restante dos orcs, logo o lugar voltara a ser silencioso outra vez. A figura com o arco andou até ela e seu rosto foi revelado por trás das sombras, era Cam um de seus velhos amigos e também um dos cinco capitães de Mirkwood ao lado dela. Atrás dele Ireth, também capitã, apareceu junto com um outro elfo, do qual Tauriel não se lembrava de ter conhecido. Ela levantou-se dolorida e logo Lexi correu até seu lado, ainda armada.

- Tauriel? – Cam estreitou os olhos como se isso o fizesse enxergar melhor. – Por Ilúvatar! Achei que estivesse morta. – O elfo a abraçou rapidamente, Tauriel retribui. Lexi baixou a guarda e relaxou.

- Quase meu velho amigo, quase. – Um plano começou a fazer cócegas em sua mente, nascendo.

- Não deveria estar aqui Tauriel, as coisas mudaram, se alguém além de nós a tivesse pego, provavelmente não estaria mais viva agora. – Cam disse com pesar.

- Conte-me o que aconteceu depois que eu fui embora. – Ela pediu gentilmente.

- Tudo foi um caos por um tempo, até Lord Elendil assumir o controle de Mirkwood, ninguém ousou contesta-lo, o fato é que precisamos de um líder e com o apoio dos outros Lords, não foi difícil para ele chegar ao poder. – Previsível, ela pensou com asco. – Porém, tudo mudou depois de um tempo, todos perceberam que a floresta estava...diferente, mas ninguém ousava comentar sobre.  Daeron agora se comporta como um pseudo Lord e agora Eren aqui é o nosso novo capitão das armas. – Ele apontou para o elfo mais atrás que a cumprimentou. – No enquanto...- Ele olhou para Ireth, preocupado e ela encorajou a continuar. – Você mesma pode perceber a diferença, há ataques de orcs todo o mês pelos vilarejos próximos é preocupante... quando foi que orcs chegaram tão perto do castelo como agora? Nunca.

- Acha que Elendil tem algo a ver com isso? – Tauriel indagou desconfiando de onde ele queria chegar.

- Eu não sei ao certo, mas algo está errado e sinto que ainda irá piorar se não tivermos alguém de confiança no poder.

- Com essa guerra, e Sauron fortalecendo-se a cada dia que passa em Mordor, não me surpreenderia se até mesmo os elfos se corrompessem e passassem para o outro lado. – Lexi falou em desdenho.

- Mas daí a trair a própria raça, submetendo-se a algo tão...desprezível. – A ruiva falou enquanto olhava para o corpo de um orc no chão. – Em troca do que?

- Poder, ganância…Mirkwood é um dos maiores reinos élficos, seu exército é gigante, muito proveitoso para uma batalha não acha? – Lexi questionou mesmo sobre olhar duvidoso de Tauriel. – Você sabe do que eles são capazes. – A loira alertou. Tauriel pensou um pouco até voltar-se para Cam.

- E se eu disser que posso ter um jeito de trazer nosso rei a vida novamente? – Disse com confiança. O olhar de Cam e Ireth se iluminaram no mesmo instante.

- Eu diria que posso conseguir elfos que ainda são leais ao rei, capitã. Do que precisa? – Tauriel sorriu para ele.

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A corrida alucinante fazia o peito de Tauriel explodir, carregava sua bolsa e a espada em punho apenas, seus cabelos lhe tampavam a visão turva. O som das suas botas batendo ao chão ecoavam naqueles corredores tão conhecidos, apesar de ter vivido ali toda sua vida, tudo parecia diferente. Olhou para trás e encontrara Lexi gritando para que ela não parasse, apesar da euforia, tudo acontecia lentamente aos seus olhos, seu corpo estava muito mais pesado do que o normal, atrás de Lexi ela pode ver Cam, Ireth, Eren e outros elfos lutando contra seus próprios irmãos, tentando ganhar tempo para elas.  O som do alarme soando entrava agudo em seus ouvidos, seu corpo ainda doía e a corrida desde a passagem secreta da cozinha, por onde entraram, até ali a fadigara completamente.

O túmulo de Thranduil encontrava-se no último andar do castelo, numa das salas mais distantes que havia. O grito dos guardas atrás delas começou a ficar mais forte, estavam mais perto, lanças e flechas começaram a ser lançadas contra as duas, que conseguiram desviar por meio de uma esquina do corredor ao lado, e finalmente viram a porta que precisavam e então a corrida ficou mais tensa, o suor da testa de Tauriel fazia com seus cabelos grudassem na nuca e esvoaçassem com o vento, logo depois de também ficarem presos em seu rosto. Havia apenas um guarda vigiando a porta, Lexi preparou-se para ataca-lo, mas não fora preciso pois uma das flechas atiradas contra elas o atingiu diretamente na barriga. As duas elfas jogaram-se contra a porta e entraram, Lexi gritou ao seu lado, caindo no chão. Rapidamente Tauriel pegou duas lanças que foram jogadas e as usou para trancar a porta atrás delas.

- Que merda! – A loira praguejou sentada no chão, uma flecha havia atravessado sua panturrilha. Tauriel correu até ela, quebrando as duas pontas das flechas e arrancando-a, não fora muito delicada, não tinha tempo para isso. Ajudou ela a se levantar e foi empurrada por Lexi. – Vai logo, eu fico segurando a porta.

- Tudo bem. – Era uma sala escura, apenas com alguns candelabros em volta, estava fazia, somente com a grande urna de pedra no meio e em cima algumas flores secas. Realmente, aquilo era totalmente indigno, tratarem seu rei com pouco caso e desmazelo. Ela colocou sua espada encostada em pé diante da urna e sua mochila no chão. Os guardas já tinham chego até a porta, batiam e chutavam com toda força, deixando Tauriel ainda mais nervosa, seu coração batia a mil, o rosto de Thranduil aparecia constantemente em sua cabeça. Deu todo o resquício de força que tinha para girar a tampa da urna e com um grande estrondo ela caiu ao chão. Uma luz intensa iluminou a sala totalmente quando fizera isso, ela vinha de dentro da urna, lentamente Tauriel curvou-se para ver, e então seu coração parou. Era como o vira sessenta anos atrás, nada mudara, nem um fio de cabelo, ele continuava impecável, sua boca abriu várias vezes, sem nenhum som sair. Ela já estava preparada para encontrar no mínimo um cadáver, mas não isso, seu corpo não se deteriorara nem um pouco, parecia estar apenas dormindo, ele estava perfeito como ela costumava lembrar. Lágrimas já caiam de seu rosto sem ela se quer notar que estava chorando. Nas mãos dele. O colar de Nauglamir repousava, mas apenas a pedra do meio, a maior, brilhava com aquela intensidade. Com um outro baque na porta, ouviu um som de madeira se quebrando acordou de seu transe, abaixou-se para pegar a caixa e a Silmaril, colocou-as juntas na barriga de Thranduil e para surpresa e felicidade um “cleck” foi ouvido, Tauriel forçou para a caixinha se abrir e dessa vez ela o fez com a maior facilidade, revelando-se a última das joias. Seu coração encheu-se, tirou a pedra da caixa e colocou-a junto com a outras duas, em cima a Silmaril do colar e embaixo as outras duas lado a lado, a luz que emitiram a seguir fora tão forte que por alguns segundos Tauriel não pode encher nada.

Então ela pôs-se a se concentrar, era complicado com a emoção de estar ali com ele e a adrenalina de que a qualquer minuto os guardas poderiam entrar e acabar com tudo. Mas pensou, pensou em tudo sobre eles, da primeira memória que tinha dele, das travessuras que fez quando era criança, dele a ensinando a usar o arco, do momento em que começaram a aproximar-se, do dia em que ele colocara aquela pulseira nela, no desespero que sentiu quando ele foi ferido pela primeira vez, no primeiro beijo que eles tiveram, nas declarações que eles trocaram, nos olhares, toques, sensações, tudo. E que a única coisa que ela desejava mais profundamente nesse mundo era tê-lo de volta e sentir tudo aquilo novamente. O brilho crescia ficando mais intenso a cada instante, os olhos verdes de Tauriel brilharam e sua respiração parou, contudo, sem avisar o brilho sumiu de uma vez, as luzes se apagaram e nada aconteceu. A elfa ficou em choque.

- Thranduil...THRANDUIL! ACORDE – Ela gritou enquanto o chacoalhava pelos ombros. Desesperou-se, não podia ser verdade, aquilo não estava acontecendo.

- TAURIEL! Eles vão entrar, rápido. – Lexi trovejou ainda tentando segurar a porta que já não aguentaria mais por muito tempo.

- Não funcionou...- Ela sussurrou pra si mesma, desolada. Lexi do outro lado gritou “O que?” em resposta. – NÃO FUNCIONOU! – Tauriel berrou de raiva, não para Lexi e sim para ela mesma, a loira olhou para ela abismada, era o fim.

Tauriel olhava para ele sem entender, olhava para as Silmarils apagadas, tudo tinha sido em vão, todos os anos, todas as esperanças que tivera. No momento seguinte seus olhos pairaram sobre caixa que ainda estava ali, as palavras de Aragorn sussurram em sua mente, era sua última tentativa. Sem pensar pegou a espada encostada na urna, estendeu a palma da mão e a cortou, olhou as gotas de sangue caírem demoradamente até atingirem o alvo, olhou as Silmarils banhadas com seu sangue, no mesmo instante a porta se abriu, fazendo Lexi cambalear para trás, Tauriel correu ao seu alcance e conseguiu traze-la até perto da urna, ambas de costas para a mesma, a fim de proteger o corpo desfalecido de Thranduil.

- Ora, ora, ora...vejam o que temos aqui. Tauriel, parece que você ressurgiu dos mortos querida.- Seu sorrido sarcástico era evidente. – Você não sabe como fez falta para nós todos esses anos. – Disse com desdém. – E minha senhora Lúthien, é uma lastima estar aqui também, não queria que as coisas terminassem assim para você também. – Daeron falou fingindo tristeza, Lexi lançou-lhe um sorriso cínico em resposta. Ele curvou-se para olhar atrás delas, mas Tauriel tampou-lhe a visão ficando em frente a ele com a espada na mão, poderia morrer ali, mas pelo menos teria o enorme prazer de levar Daeron consigo. – Hm...parece que o que vocês tentaram fazer ali não deu muito certo não é mesmo?

- Isso não é da sua conta, escória. – Tauriel retrucou friamente.

- Uh, que palavras ásperas vindas da boca de alguém tão bonita, seus pais não lhe ensinaram boas maneiras? Ah, me esqueci, eles morreram antes de você sequer ter alguma lembrança deles. – O elfo gargalhou para si mesmo.

- Isso tudo é medo de morrer Daeron, pare com tanta enrolação. – Tauriel soltou maldosamente, fazendo-o parar de rir no mesmo instante, ele trincou os dentes e tirou a espada da bainha, preparou-se para ataca-la e a ruiva fez o mesmo. Mas ele parou, assim como os guardas atrás dele, todos estupefatos, Daeron ainda mais, Tauriel franziu o cenho, sem entender a situação. E naquele instante uma voz muito conhecida ressoou em seus ouvidos atrás de si.

- Mas o que diabos está acontecendo aqui.

Seu coração parou pela segunda vez naquele dia.

 


Notas Finais


Comentários? O que acharam? Eu estou simplesmente nas nuvens porque agora o bicho vai pegar *uuuuuuuuuu*
PS: As "marcas" de Tauriel eu as imaginei meio com o aspecto em arabesco das marcas daquela série de livros House of Night.
PS²: Quem gosta de Harry Potter entendeu a referencia num diálogo ali haha
PS³: Não tive tempo de fazer uma capa nesse, a imagem não tem muito a ve com o capítulo, mas é como eu os vejo, fisicamente, nesse momento da fanfic, "abatidos"


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