História The Dragon Brothers - A marca do amor.

 A semana de transformação havia passado. Os irmãos Shimada estavam de volta ao normal e com suas emoções estáveis. Genji e Hanzo não desgrudaram de seus parceiros por um minuto sequer, nem em missões, nem nas horas de treino e descanso.

Hanzo tinha reações estranhas a qualquer coisa que Mccree fazia, se o cowboy ficasse longe dele por alguns minutos o japonês ficava inquieto e nada além do outro poderia acalmá-lo. McCree fazia seu melhor para ajudar com a crescente necessidade que Hanzo tinha por ele, embora estivesse ficando preocupado.

Zenyatta estava achando adorável como seu pardal o tratava agora. Não era muito diferente de antes, mas agora ele não se incomodava em tirar seu visor e beijar o Omnic em público.  Estava sempre o abraçando e ajudando em tudo que ele precisava. A mordida já não estava mais lá e não deixava marcas, o monge apenas sentia que estava fazendo algum efeito quando Genji estava por perto ou em perigo. Algo que era recorrente. Mas, diferente de seu irmão, o ninja não sentia a necessidade de estar a todo momento com seu parceiro.

Hanzo estava treinando com seu arco quando sentiu algo atrás de si. Sem desarmar o arco, se virou e a ponta da flecha encostou no nariz de McCree, fazendo um filete de sangue escorrer. Mais que rápido, Hanzo abaixou a flecha e olhou preocupado para seu amante. 

- Me desculpe, Jesse! - Exclamou enquanto deixava seu arco cuidadosamente apoiado na parede e ia até o cowboy.

- Não foi nada, querido - Jesse riu, limpando o sangue.

O cowboy achou adorável a reação de Hanzo. Duas semanas antes e o assassino teria o ignorado e continuado com seu treino. Com calma, Jesse o puxou para um abraço apertado. Hanzo tentou se desvencilhar. 

- Não me abrace, eu preciso de um banho. - Hanzo estava com nojo de si mesmo naquele momento e murmurou irritado alguns palavrões em japonês.

- Isso não é nada, querido - O pistoleiro sorriu. - Você cheira maravilhosamente bem. - Jesse afundou seu nariz nos cabelos do outro, provando seu ponto.

O menor bufou descontente e o abraçou de volta. Um suspiro saiu de seus lábios e de repente algo dentro de si se inquietou. Olhando para o pescoço de Mccree, que estava sem a proteção de sua capa, Hanzo sentiu uma vontade inexplicável de morder com toda sua força, mas, ficando na ponta dos pés, ele lambeu a parte exposta com cuidado.

- Hanzo? - McCree, que havia se arrepiado, o olhou surpreso.

Hanzo não respondeu, parecia que estava num tipo de transe e o cowboy teve que balançá-lo com certa agressividade para fazê-lo voltar à realidade. 

- Jesse? - O olhar perdido de Hanzo confundiu o cowboy.

- Você não estava me ouvindo e me lambeu. - Riu sem graça. - Não que eu não goste quando faz isso, querido.

O entendimento caiu em cima de Hanzo como um tijolo e ele se afastou de Jesse rapidamente, pegou seu arco e o botou nas costas. Sua mente corria a mil por hora, seu coração acelerou e sua visão começou a ficar borrada nas bordas.

- Jesse, preciso que fique o mais longe possível de mim. - Falou enquanto andava para longe. - Não é seguro para você. 

McCree ficou parado ali, com uma expressão confusa e sem saber se deveria ir atrás ou não. Hanzo o instruiu a ficar longe e, por mais preocupado que estivesse, respeitaria o comando. Então, foi para a direção contrária de Hanzo, indo falar com Genji.

 Enquanto andava pelos corredores, o pistoleiro se perguntava o que fizera de errado para Hanzo o afastar tão abruptamente. Ele pensava que tinham se resolvido na última semana, mas parecia que o outro tinha alguns assuntos que ele não fazia parte ou era o problema.

Chegando no quarto do esverdeado e batendo na porta, McCree ainda tinha uma expressão confusa. Genji abriu a porta com rapidez e Jesse se perguntou o que havia de errado com ele também. Parecia que Genji havia sentido que algo aconteceu com seu irmão.

- O que aconteceu, Jesse? - Indagou, a voz robótica acusatória.

- Hanzo não quer ficar perto de mim, não sei o que fiz. - Murmurou.

Genji deu espaço para Mccree entrar e  viu Zenyatta meditando no fundo do quarto. Tão pacífico como sempre.

- O que aconteceu antes dele ir embora?

- Eu o abracei, ele reclamou e, depois de alguns segundos, pareceu em transe e lambeu meu pescoço. - Jesse se sentou na cama, encarando o visor sem emoção do amigo. 

Genji suspirou cansado, Hanzo não havia feito o que deveria na hora certa e agora estava lidando com as consequências disso. Se sentando ao lado do amigo, Genji começou a explicar a reação do irmão e o que ele não queria que Jesse passasse.

- Hanzo está voltando ao “cio”, ele se apegou a você e não vai voltar ao normal até marcar você. 

Com a menção da marca, os orbes de Zenyatta pararam por um segundo. Nenhum dos dois notou.

- Como assim me marcar? 

- É algo que usamos para reivindicar o que é nosso, é um termo idiota mas é assim. Ele tem que te morder muito forte mesmo, vai marcar você por fora e por dentro. Cada um tem uma reação diferente, Zenyatta reagiu bem já que ele não sentia dor até aquele momento. - A risada sem graça do ninja preencheu o local.

- E Hanzo vai tentar não fazer isso ficando longe de mim? - Jesse começou a entender as coisas.

- Exatamente. Mas, ele disse no começo que ficamos muito deprimidos se ficarmos longe da pessoa que nos apegamos, ou ele te marca ou a situação pode ficar ruim. - a preocupação na voz de Genji contaminou o cowboy.

- Tem algum jeito de resolver isso sem ele me marcar?

- Não. É algo que só pode se resolver assim ou Hanzo irá fugir, se exilar e, em um cenário muito ruim, tirar a própria vida.

Jesse suspirou com medo. Ele tinha que achar Hanzo, falar com ele e resolver isso, não importa se ele vai se machucar com a maldita marca, ele tinha que achar Hanzo. Jesse não poderia perder o amor de sua vida quando eles só estavam juntos a uma semana.

Saindo correndo do quarto, buscou o outro por toda a base e não o achou. Todos os pontos de encontros, salas de treino e salas de recreação. O japonês não estava em lugar algum. Perguntando para todo mundo que via sobre Hanzo, ele ainda sim não chegou a nenhuma conclusão e a frustração já era grande. McCree parou para respirar e, no canto do olho, viu uma cauda azulada sumir no lado do prédio, ele voltou a correr.

 Hanzo corria desesperadamente para longe de McCree, sua transformação já estava na metade e ele conseguia correr em quatro patas, aos poucos ele ia se transformando em um Dragão completo. Ele preferia isso a marcar o cowboy. Além de não querer machucá-lo,  não queria que McCree ficasse preso para sempre com alguém como ele. Mesmo o amando.

- Hanzo! - Ele ouviu o grito angustiado do outro atrás de si e passou a correr mais rápido. O pistoleiro não podia alcançá-lo.

- Hanzo, por favor!  - McCree não conseguia acompanhar Hanzo.

O dragão sentiu sua visão escurecer e acabou tropeçando em algo, caindo no chão em seguida. Ouvindo Jesse se aproximar, ele tentou desesperadamente se levantar, mas parecia que suas forças haviam ido embora do seu corpo. Só então ele notou que havia tropeçado em sua própria cauda, batido com a cabeça no chão e estava desmaiando. Que maneira ridícula de ser apanhado.

- Hanzo! - Exclamou preocupado.

McCree se ajoelhou ao lado do Dragão e analisou a situação. Hanzo estava maior, suas pernas haviam mudado de forma e as garras dos pés já haviam destruído seus sapatos, as mãos continham garras afiadas e sua cauda estava maior que da última vez, os chifres também.

- Fique parado, vou te levar para o seu quarto.

- Fique longe de mim, McCree! -  Exclamou com raiva, porém não conseguindo se afastar.

- Querido, eu sei o que está acontecendo, me deixe te ajudar. - Pediu com calma, a voz pingando preocupação.

McCree o olhava suplicante e Hanzo entendeu que não poderia fazer nada para mudar a opinião do cowboy. Com um suspiro cansado, ele assentiu.

 No próximo instante, o japonês foi erguido do chão e Jesse estava carregando ele em direção ao quarto do assassino sem se importar que alguém os visse. Hanzo ficou impressionado com a força que McCree estava fazendo para carregá-lo, mas não aguentou ficar com os olhos abertos por muito tempo, escolhendo descansar a cabeça no peito de Jesse enquanto era levado. Quando chegaram, Jesse teve que abrir a porta com um chute e então colocou Hanzo sentado na cama. Rapidamente procurando um kit de primeiros socorros que ele sabia que havia no quarto.

- Você poderia ter me explicado, querido. - Sorriu compreensivo.

Jesse passou um pano limpando o sangue que escorria da cabeça de Hanzo, que estava perto das lágrimas. Algo realmente incomum vindo dele, mesmo em sua forma primordial.

- Não quero que fique preso a mim para sempre, Jesse. Sou a pior pessoa que você poderia sequer pensar em se apaixonar. - Ele olhou nos olhos do parceiro com pesar. Suas ações rastejando em suas costas enquanto falava.

-  Eu não poderia ficar mais feliz em ficar com você para o resto da minha vida, Hanzo - Jesse sorriu, levando suas mãos ao rosto do outro carinhosamente.

Hanzo não falou, apenas abaixou sua cabeça para evitar olhar nos olhos do pistoleiro.

Com delicadeza, o cowboy ergueu o rosto de Hanzo e sorriu novamente.

- Vai ficar tudo bem, Han. Eu confio em você.

 Hanzo  olhou preocupado para Jesse. 

- Vai doer como o inferno, eu não quero te machucar. - Retrucou.

- Eu já senti dores piores, querido. - Riu enquanto mostrava seu braço metálico. - Não se preocupe, o que você tem que saber é que te amo. 

Hanzo olhou diretamente para McCree, reunindo coragem para fazer algo que iria os conectar mental e fisicamente para sempre. 

- Eu também amo você, Jesse. - Falou após um suspiro.

O Dragão se aproximou lentamente e Jesse ficou tenso, mas assim que sentiu uma mão em seu rosto o tranquilizando, relaxou e fechou os olhos para tentar não pensar na dor que iria sentir. Abrindo a boca cheia de dentes afiados, Hanzo encostou no pescoço desprotegido e pensou que se fizesse rápido seria menos doloroso para o outro. 

Jesse arfou quando sentiu os dentes adentrarem sua carne, ele conseguia sentir o sangue escorrendo e Hanzo rosnando baixo. Ele sentiu dor, uma dor excruciante, Hanzo não estava exagerando quando o avisou, mas, depois de alguns segundos, a dor se foi e deixou para trás uma dormência maravilhosa, quase como se o pistoleiro estivesse bêbado. 

Hanzo adorou a sensação da carne rasgando sob seus dentes, ele teve o impulso de ir mais fundo, mas se controlou e soltou o pescoço de McCree, lambendo o sangue que saia e tentando fazer a dor restante do parceiro sumir.

- Se soubesse… que ia sentir isso… teria pedido antes. - Entre respirações entrecortadas, Mccree sorria e tentava se recuperar da sensação.

- Não doeu? - O olhar confuso de Hanzo fez Mccree perceber algo.

- Foi a melhor coisa que eu já senti, acho que seu clã mentiu sobre isso também - Mccree riu e abraçou o parceiro, que já estava voltando a sua forma normal.

- Deus, eu fiquei com tanto medo de machucar você - Hanzo abraçou de volta e olhou para a marca no pescoço do parceiro. Um vinco se formando entre sua sobrancelhas - Espero que cicatrize logo.

 Jesse apenas riu, não se importando com a marca ou se haveria uma cicatriz, ele pertencia ao Shimada agora e nada o deixaria mais feliz. Com o humor renovado, McCree resolveu o provocar. 

- Você fica tão sexy naquela forma, amor. - Jesse cochichou no ouvido de Hanzo, que sorriu malicioso.

- Eu sei. 

Os dois sorriram e caíram cansados na cama, com Hanzo observando o que seria seu para sempre agora. 

- Tem algo mais que você queira me contar, querido? - Mccree perguntou brincalhão..

- Tem o risco de você se tornar parte Dragão também - Hanzo falou rindo.

- Como?!

Hanzo riu e deixou o parceiro desesperado por respostas enquanto o abraçava fortemente junto ao seu peito. A resposta de McCree veio um ano depois, seguido de um par de chifres, garras e uma cauda marrom escura e vermelha brilhante.