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História The Edge Of Reason - Ryan


Escrita por: Alicesampaio

Capítulo 5 - Ryan


Fanfic / Fanfiction The Edge Of Reason - Ryan

 

 O rangido do couro da sela  serviu de alarme para quebrar o transe de valentina.

Forçando a levantar a cabeça, olhou, entorpecida, os olhos claros insondáveis que a fixavam do alto do cavalo.

 A parada para descanso havia acabado.

O bando estava novamente montando e pronto para voltar ao caminho. Valentina fitou as linhas duras e bem definidas do rosto do cavaleiro dos olhos cor de mel.

Tentando recuperar suas reservas de força,  Valentina conseguiu se erguer e ficou oscilando sobre as pernas.

 O nó tinha se soltado e a corda que prendia estava frouxa em volta da cintura. Ficou esperando que ela fosse apertada, para o cavalo sair andando e esticar a corda enrolada na parte dianteiro da sela.

Ao invés disso, uma mão forte dos braços tatuados do lider pegou a corda que estava sobre a perna Com habilidade do pulso livrou valentina do no à volta da cintura que caiu no chão.

O cavalo foi em sua direção.

  seus sentidos estavam atordoados, valentina tentou entender o que estava acontecendo, mas esse esforço foi demais para ela.

Inclinando-se sobre a sela, ele a prendeu na curvatura do seus braços, erguendo-a como se não passasse de que uma criança.

Na verdade ela se sentia como se não tivesse peso algum, flutuando num estado de suspensão. Quando ele a virou nos braços para acomodá-la contra o peito, lembrou do tratamento revoltante e degradante que recebera das mãos do tal Juan, que atirara em Brian.

Seus músculos exaustos não conseguiriam se defender de outro ataque como aquele. Mesmo assim, valentina tentou.

 

- Não, por favor - a garganta ressequida, enquanto fazia força contra o braço. O pequeno impulso de energia logo se esgotou, deixando-a frouxa nos braços tatuados dele.

 Não sobrara uma só grama de resistência.

 

 - Por favor - suplicou ela, num sussurro - não de novo.

 

Sem segurá-la, simplesmente sustendo-a com o braço, ele ignorou as súplicas e começou a enrolar a corda que a havia puxado durante as últimas milhas. Quando estava novamente presa à sela, ajeitou a posição de valentina de tal modo que o ombro dela ficasse sob sua axila esquerda e a cabeça se apoiasse contra a maciez do seu ombro esquerdo.

A mão esquerda segurou as rédeas presas na dianteira da sela, depois se apoiou de leve contra o quadril dela, enquanto incentivava o cavalo a andar.

Os outros cavaleiros o seguiram, num grupo descontraído.

 Nessa posição, valentina não precisava fazer nenhum esforço.

 Os braços e o peito dele apoiavam ela completamente. Com olhos cansados, fitou o rosto dele por entre os cílios de pontas douradas.

Ele não era mexicano sem dúvida, ele tinha linhas fortes e poderosas do queixo e do maxilar. Havia, uma sutileza e uma beleza magnifica. A sugestão de uma elegância aristocrática, que se erguiam na face. Cercados por cílios espessos e espetados, os olhos cor de mel e frios moviam-se, incansáveis, pelo terreno por onde os cavaleiros viajavam, numa prontidão alerta, que não deixava transparecer nada dos seus pensamentos íntimos. Sobrancelhas claras e grossas, masculamente arqueadas, marcavam o começo da testa, que entrava por baixo do chapéu manchado de pó.

Era um rosto imperioso, agressivamente másculino e com as feições bem marcadas. Uma cara de anjo mas ao mesmo tempo forte e impiedosa que Chamava a atenção.

 A sua presença dominaria um grupo mesmo que não falasse uma só palavra, como acontecera quando valentina imediatamente o destacara dos demais.

Distante e sério, era um homem a ser temido. No entanto, ela estava se apoiando nele confortavelmente, os músculos fortes do seu peito e braço em seu corpo. O cheiro inebriante de sua pele lhe atordoava os sentidos. Parecia drogar o seu cérebro cansado e anular todas as suas defesas. As pálpebras dela se baixaram e fecharam.  Algo tocou-lhe a face. Uma voz baixa, rouca e aveludada murmurava palavras ininteligíveis numa voz de comando.

 Os cílios estremeceram e se abriram devagar, lutando contra a névoa de sono que nublava a sua visão.

Estava se apoiando contra algo duro e inflexível. Ou seria alguém? Fitou uns dedos grandes que se afastavam do seu rosto. Ao se dar conta de onde estava, o apoio lhe foi retirado.

Músculos duros e doloridos reagiam devagar para manter o equilíbrio enquanto ele desmontava e estendia as mãos para descê-la do cavalo.

 Os joelhos de valentina cederam, mas as mãos dele na cintura firmaram ela até que suas pernas tivessem condições de sustentá-la.

Imediatamente, ele a soltou, e foi tirar a sela do animal. Ainda sem confiar na própria capacidade de caminhar, valentina olhou ao seu redor.

 Um pôr-do-sol dourado estava se tornando roxo escuro.

Ela sentiu frio nos ossos. Estavam acampando para passar a noite. Olhou ao seu redor para o terreno que serviria como local de acampamento. A grama crescia, alta e densa, onde corria um riacho. Um cavalo já estava começando a pastar enquanto o seu cavaleiro lhe tirava a sela.

O murmúrio da água atraía valentina como um poderoso ímã. A sede lhe queimava a garganta e a língua.

Fitou o local de onde vinha o som, os pés grudados ao terreno áspero. Colocaram uma garrafa sob o seu nariz.

 Ao sentir o cheiro úmido da água, suas mãos amarradas estenderam-se para ela, até que seus olhos reconheceram as mãos que segurava a garrafa.

O olhar subiu pelo braço tatuado até o rosto sedutor do seu seqüestrador.

O corpo ressequido tremia de desejo de beber, mas não pôde aceitar a água daquela garrafa.

Baixando as mãos, valentina enfrentou desafiadoramente o seu olhar velado, sabendo que seria ela própria a sofrer com essa demonstração de rebelião auto-destrutiva, mas sem se importar.

Uma sobrancelha perfeita se ergueu, dando a ela um segundo para pensar no assunto antes que a garrafa fosse retirada.

Quase enlouquecida de sede, ela girou e deu de cara com o olhar pensativo do americano.

Deu um passo trêmulo para o lado, para se afastar de todos eles, mas parou ao ouvir uma ordem em francês, dada pela voz que começava a reconhecer.

 

 - Estou cansada demais para fugir. Só quero me sentar. - A voz estava rouca e áspera, mal a reconhecia. - Dá para você entender?

 

Evidentemente, o seu recado foi entendido, ou pela interpretação ou pela instabilidade das pernas. Ninguém tentou detê-la quando recomeçou a andar, os músculos cansados oferecendo pouca coordenação.

Um volume de grama verde serviu de almofada para valentina.

 Largou-se sobre ele, agradecida, sem vontade de se mover ou pensar. Mas precisava se consentrar em outra coisa que não fosse a sede.

Tentou fitar o céu que escurecia para achar a primeira estrela da noite. Seus olhos depararam com um homem agachado ao seu lado, segurando um copo nas mãos.

Inspirou diante daquela visão atormentadora, com o olhar acusador para os olhos azuis.

- Vá embora - falou valentina com voz rouca.

 

- Pensei que era uma sobrevivente, Sra. Valentina Campbell - zombou ele - mas cá está você, tentando morrer de sede. Sempre teve estas tendências suicidas?

 

- Não é da sua conta - disse Fechando os olhos para evitar ver a água.

Enterrou o rosto na grama.

 

- É da minha conta, sim. É da conta de todos nós - ressaltou ele. - Você alega ter um pai rico que nos pagará uma nota preta para devolvermos você para ele. E você está, tentando se matar antes que possamos fazer a ele esse favor.

 

- Dinheiro.

valentina tentou rir, mas só conseguiu emitir um som abafado.

 

 - Lá na estrada você usou bons argumentos para que a mantivéssemos viva. Não entrou em pânico, não perdeu a cabeça. Então, por que não banca a esperta agora e toma um gole de água! - aproximou a água, e ela chegou a tremer ao escutar o barulho. - Não tem nenhuma vontade de morrer, Sra. Campbell.

 

 O que ela estava realmente pensando é que não queria morrer. Uma mão se curvou sob o seu queixo, erguendo-lhe a cabeça.

O frescor da água tocou os lábios dela.

O cheiro doce da água atordoou seus sentidos.

 

 - Vamos. Beba.- Ele inclinou o copo, fazendo que um filete de água escoasse pelos lábios dela.

Valentina ergueu a mão para inclinar mais o copo e deixar mais um pouco da água refrescante encher a sua boca seca.

Não conseguia engolir com rapidez suficiente, e começou a se engasgar.

 

- Vá com calma - advertiu o americano. - Beba devagar... um pouquinho de cada vez.

 Valentina forçou-se a tomar pequenos goles, quando tinha vontade de engolir tudo de uma só vez.

 A moça podia ter tomado toda a água, e ainda mais, ele disse.

 

- Mais tarde - tranqüilizou a ela.

Valentina voltou a se deitar na grama. Ela ajeitou a cabeça no seu travesseiro de grama e pôde olhar mais facilmente para ele.

 Examinou-o, calada por um minuto, ainda no casulo confortável que a protegia temporariamente da realidade da sua situação.

 

- Como se chama? - quis saber valentina.

 A hesitação dele foi evidente. Olhou com indiferença aparente para o resto do bando.

 Havia frieza no olhar azul que voltou para valentina.

 

- Ryan- A boca do rapaz se estreitou, sombriamente.

 

- É americano! - insistiu valentina.

 

 - Não exatamente.

Lançou um olhar distante para o norte. Misterioso. pensou ela.

 

- Quem são eles?  Os nomes deles! Suas ocupações!

 

- Provavelmente já se esqueceram. É melhor assim - disse Ryan. - Fica tudo mais fácil.

Não entendi nada mas não insistiria tinha certeza que ele não revelaria nada a ela.

Uma pequena fogueira foi acesa. A luz tocou o rosto malévolo do homem chamado Juan.

 Os dentes lascados e amarelados ficaram expostos com a expressão maldosa que entreabriu seus lábios. Fitava valentina atentamente.

 Seu corpo se lembrava nitidamente das mãos dele, nojentas, do cheiro fedido do seu hálito.

 

 - É Mais fácil para você e seus amigos roubarem, assassinarem e violentarem? - desafiou ela, com um ódio amargo.

Ele acompanhara a direção do olhar dela. A expressão era serena quando voltou a olhar para ela, botou a garrafa com água no chão proximo a ela.

 

- Vou deixar isso com você - falou. - Acho melhor esperar um pouco antes de beber mais.

Começou a se afastar.

 

- Ryan? - valentina chamou ele de volta, apoiando-se num dos cotovelos, os pulsos ainda amarrados à sua frente. Ele se virou e esperou que ela falasse, embora distante.

 

 - Será que... - Ela engasgou com as palavras, depois recomeçou. - Será que vou ser a diversão desta noite para você e seus amigos?

 

 - Você disse que seu pai não pagaria um centavo se fosse molestada.

Mas a resposta dele não confirmou nem negou os seus temores.

 

 - Sei o que eu disse - retrucou ela. - Mas isso não responde à minha pergunta.

 Dando de ombros, Ryan se virou e foi para junto da fogueira, deixando ela imaginar o pior.

Não mais cega do que à própria situação, devido ao cansaço e à sede, valentina deu um jeito de sentar.

Nada os impediria de violentá-la e ainda exigir resgate do pai. Pelas suas ações, Ryan já demonstrara claramente que não ficaria contra os amigos para protegê-la, e esse bando de sequestradores não tinha nenhum escrúpulo. Amarrada, toda doída, valentina estava impotente para ajudar a si mesma.

 Estavam servindo comida de uma panela pendurada sobre a fogueira. Feijão, avisou seu faro, e sentiu as pontadas de fome na barriga.

Fazia quase vinte e quatro horas que comera pela última vez. Parecia muito mais tempo.

os pesadelos parecem demorar muito mais tempo, e o dela apenas começara, pensou valentina.

 A alguns metros de distância, Ryan sentava se de pernas cruzadas no chão, comendo do prato que segurava.

 Uma caneca com café quente estava equilibrada num dos joelhos. valentina observava louca de fome, a barriga roncando em protesto.

Em meio à luz da fogueira, uma figura alta caminhou em sua direção. valentina a reconheceu imediatamente o homem que se movia com tanta graça como  líder, o seu sequestrador.

 Apenas quando ele chegou bem perto foi que ela pode ver o prato de comida que ele carregava numa das mãos e a xícara de café na outra.

 Debruçando-se, colocou a refeição no chão, ao seu lado, depois se endireitou.

 A fome cegou valentina à visão desagradável de um punhado grudento de feijão, um pedaço de carne seca e outro de pão duro.

Estendeu as mãos para a frente, ansiosamente, para que ele desamarrasse os seus pulsos, para ela poder comer, Ele simplesmente a fitou, o rosto duro escondido nas sombras da noite.

 

-  Me Desamarre- exigiu ela.

Ele não fez nenhum gesto para livrar as mãos dela. Soltando um suspiro impaciente, ela lançou um olhar sobre o ombro para Ryan.

 

 - Quer fazer o favor de traduzir para o espanhol ou francês sei lá para este seu chefe ignorante que não posso comer com as mãos amarradas?

 

 Hesitante, Ryan ergueu a cabeça para olhar além de valentina, para o homem que estava ao lado dela. Houve uma breve troca de palavras em francês, durante a qual ela não ouviu nem sim, nem não pronunciadas pela voz baixa.

 Antes que pudesse concluir qual fora a decisão tomada, estava sentada sozinha, e o homem voltara para junto da fogueira.

Seu olhar frustrado voltou-se para Ryan.

 Estava se pondo de pé, o prato e a xícara nas mãos, e dirigindo-se para ela.

Sentando-se no chão ao seu lado, pousou no solo a comida para afrouxar a corda e soltá-la dos pulsos da moça



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