Eu acordei cedo. Muito cedo. Ainda estava um pouco escuro e as ruas tinham ficado com menos neblina.
Eu levantei e vi se Sebastian estava dormindo. Tudo certo. Nem ele, nem Carl haviam acordado.
Eu desço a escada em silencio e logo saio de casa. Eu começo a andar apenas sentindo o leve vento da manhã. Eu vou na direção da torre mas paro brutalmente.
Eu me agacho e passo o dedo sobre uma pequena gota de um liquido vermelho. Sangue.
Eu olho para o lado e vejo mais gotas, como se formassem um caminho. Eu sigo de cabeça baixa e devagar. Logo para sem deixar mais pistas. Eu olho pelos lados curiosa e ergo minha cabeça. Parou ao lado de um beco.
Eu respiro fundo e um calafrio sobe minha espinha. Fico toda arrepiada e passo as mãos pelos braços. Eu vejo uma única gotinha logo na frente do beco e me aproximo com passos lentos e calculistas.
Eu olho para o beco e vejo uma coisa abaixo de uma lona. Um fio fino de sangue saia de baixo da lona. Eu me aproximo com certo medo, curiosidade e cautela.
Eu sem querer piso no sangue, já um pouco seco, e logo me afasto me aproximando do final da lona e eu a puxo com força.
Meus olhos marejam e me aproximo logo em seguida caindo de joelhos.
Eu: não, não, não... - murmuro passando as mãos pelos olhos, limpando as lágrimas.
Em baixo daquela lona estava uma cena que com certeza não sairia da minha cabeça.
O corpo sem vida e gelado de Alice estava ali. Um corte fundo na garganta e alguns cortes pelos braços e pernas. Seus lábios já possuíam uma cor azulada e algumas veias começavam a saltar do seu pescoço.
Eu: o que aconteceu? Quem fez isso com você?- balbucio com a voz rouca e a visão embaçada pelas lágrimas.
Eu foco o olhar para um papel que não tinha percebido antes. Eu estico minha mão tremula e pego o papel caído ao lado de seus cabelos, com as pontas tingidas de sangue.
Eu passo meu olhos sobre as letras, incrivelmente bem feitas e logo levo a mão direita a boca. Horrorizada.
Na carta estava escrito as seguintes palavras:
Olá Sophie.
Sei que está lendo isso. E que é a primeira.
Se ainda não sabe quem sou, deixarei uma dica.
Sou seu pior pesadelo.
Por que estou fazendo da sua vida o inferno?
Isso não a interessa.
Só te deixo uma opção. Uma escolha.
Você verá todos que ama e todos que te amam serem mortos. Um verdadeiro massacre e uma maravilhosa carnificina. E claro primeiro matando seu adorável Sebastian.
Ou,
Você se mata. Deixando claro que é proposital.
Não comente com ninguém. Não mostre esta carta a ninguém.
Você sabe qual seria o preço.
É isso. Simples.
Vemo-nos no inferno.
Eu coloco as mãos na cabeça e choro sobre o seu corpo.
Por que esse desgraçado está fazendo isso comigo? O que eu fiz?
Eu enxugo os olhos e levanto a cabeça. Sinto meu rosto esquentar de raiva. Eu levanto com os punhos fechados e pego minha faca na bota. Eu me agacho novamente e cravo a faca na cabeça dela. Eu a guardo de novo e guardo a carta no bolso.
Eu pego a lona e coloco até seus seios. Eu fecho seus olhos, dou um beijo na sua testa e cubro sua cabeça com a lona.
Eu saio de lá limpando as lágrimas e vou para a casa onde quase todos estão.
Eu chego lá e literalmente me jogo na cadeira da cozinha, onde quase todos estavam reunidos.
Lietha: Sophie? O que aconteceu?- pergunta me olhando preocupada.
Emily: que sangue é esse? E que cara de peixe morto é essa?- pergunta rindo.
Eu olho para ela mortalmente séria. Ela cessa o riso e olha preocupada.
Eu: eu achei o corpo da Alice agora pouco- falo séria e um pouco triste.
Guilherme: corpo?- pergunta me encarando.
Eu: sim- falo engolindo em seco e lembrando da carta- tinha um corte na garganta- falo baixando a cabeça.
Anne: meu Deus Sophie- fala vindo até mim e me abraçando forte.
Eu a aperto forte e choro no seu ombro. Sentirei tantas saudades. Lembro-me de quando saímos daquele inferno do Negan. De como ela me ajudou. Sentirei muitas saudades.
Glenn: Negan?- pergunta olhando para Rick.
Rick: sim- fala sério- onde está o corpo?
Eu: no beco da segunda rua- falo levantando- eu já vou.
Lietha: tem certeza?- pergunta me olhando preocupada.
Eu: sim- falo sem expressão.
Alexia: vou ir com você- fala levantando.
Eu: não!- falo fazendo ela se sentar de novo- eu quero ir sozinha- falo saindo da cozinha.
Eu saio da casa e caminho o caminho de minha casa com passos firmes. Eu passo pelo beco onde esta o corpo de Alice e sinto minhas pernas vacilarem por um segundo. Logo me recupero e apresso o passo até chegar a casa.
Eu entro e subo para o quarto de Sebastian. Eu entro e vou até o berço devagar. Eu me curvo sobre o berço e o pego com muita cautela. Eu sento em uma cadeira e o aninho nos meu braços.
Ele pega meus cabelos e brinca com eles. Eu olho para seu rosto delicado e logo as lágrimas chegam como uma enchente.
Eu: a mamãe gosta muito de você- falo passando os dedos sobre seu rosto- eu já sinto a sua falta meu amor- falo com a voz embargada- tudo o que eu fiz foi por você, seu pai e todos do condomínio- falo passando a mão nos olhos- eu te amo. Muito. Você não vai lembrar de mim mas eu sempre, sempre estarei com você- falo o abraçando.
Ele fica quieto e logo começa a fazer os barulhos de bebê. Eu dou um sorriso e beijo o topo da sua cabeça. Eu tiro meu bracelete ,que tinha ganhado com alguns meses de vida e que meu pai tinha me dado, e coloco no seu bracinho.
Eu: você será forte e um homem maravilhoso- falo sorrindo- deixará seu pai orgulhoso- falo rindo- cuidará dele e de todos que ama- falo brincando com ele.
Eu brinco um pouco mais com ele e logo o ponho no berço de novo. Eu pego um papel e uma caneta em uma das gavetas. Eu sento na cadeira e começo a escrever em cima da minha coxa.
Depois de um bom tempo, releio e dou um sorriso triste. Me aproximo de Sebastian e o pego novamente. Eu dou leite para ele e depois dou banho nele e o troco. Tudo com lentidão e sem pressa.
Depois de um bom tempo, termino tudo e fico olhando para o rosto dele. Tão lindo. Eu fico olhando para seus olhos e percebo o quão maravilhoso ele será.
Eu: é hora de dizer adeus- falo sorrindo triste- lembre-se de mim, ok? Você é pequeno mas sei que lembrará de mim- falo passando o polegar sobre sua bochecha branca- te amo muito- falo dando um beijo na testa dele e o colocando no berço.
Eu mordo meu lábio inferior e seguro as lágrimas. Já sinto a falta de todos. Eu deixo uma lágrima descer e ponho o papel dobrado sobre seu pequeno e frágil corpo. Eu canto uma canção e logo ele dorme, sem preocupações.
Eu: desculpe- falo me virando e saindo correndo do quarto.
Eu vou para o meu e já não vejo Carl. Ele foi trabalhar. Eu me viro e corro para fora da casa. Eu chego nas últimas casas e escalo uma árvore. Eu chego no alto dela e logo alcanço o muro. Eu desço o muro com cuidado e logo estou no chão.
Eu saio correndo pela floresta. Os galhos batiam nas minhas pernas, nos meus braços e meu rosto. Eu parecia uma fugitiva de tanto correr. Apesar de parecer que eu não tinha rumo, eu tinha sim. O melhor lugar para mim. O meu refugio.
Meu corpo doía, minha mente doía. O meu coração doía. Eu tinha duas escolhas. Morrer ou os ver morrerem. Não suportaria vê-los morrer.
Eu olhei para o alto e vi que o sol já estava quase perto de se por. Eu corri tanto assim? Me perdi em tantos pensamentos que nem percebi. Eu me distrai olhando para o céu e meu pé se prendeu em uma raiz que saltava da terra e eu cai.
Eu me levantei com dificuldades e olhei meu joelho que ardia. Tinha um corte e estava ralado. Eu tiro um pouco do sangue e logo começo a tentar correr de novo. Com um pouco de dificuldades eu consigo correr.
Depois de um tempo eu finalmente chego. Eu subo o pequeno morro e logo chego lá. Eu paro na frente dela e eu caio de joelhos.
Eu: finalmente- falo ofegante e suada.
Eu deito bem em baixo dela e fecho os olhos.
Aquela era a minha cerejeira favorita. Ela era grande, e sempre tinha frutos. Eu levanto e pego uma de suas cerejas. Doces e maravilhosas. Eu dou um sorriso e logo eu olho para frente.
Eu olho fixamente para o horizonte e o sol começa a se por devagar. Eu fecho os olhos e pego minha arma. Com a outra mão, eu aperto com força o colar que Carl me deu.
Eu: você quer assim. Assim será- falo com raiva e abrindo os olhos.
Eu destravo a arma e logo levanto a arma até sentir o cano encostar na minha cabeça. Eu dou o tiro. Meu último tiro.
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