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História The Fate - Um Adeus


Escrita por: DocePerfume

Capítulo 35 - Um Adeus


Fanfic / Fanfiction The Fate - Um Adeus

Noelle despertou preguiçosamente no chão da biblioteca, sentindo o tapete felpudo abaixo de si e a pele quente de Yuno em contato com suas costas. Sorriu, aconchegando-se ainda mais naquele calor. 

Então, sentindo toda aquela felicidade desmoronar, lembrou-se de que dia era aquele. Apenas quatro dias para o solstício de primavera, Yuno partiria naquela noite. Sentiu um aperto no peito, como se já estivessem longe um do outro, uma lágrima solitária escorreu pelo rosto, mas logo foi afastada pela mãos decididas de Noelle. 

Não vou chorar, ela pensou, não ainda, quando ele partir, aí sim permitirei que as lágrimas caíam, mas agora vou apenas aproveitar esse momento.

Ela virou o corpo desnudo nos braços de Yuno, ficando de frente para ele. Os cabelos de Yuno caiam aleatoriamente pelo rosto, negros como a noite, os lábios estavam entreabertos e o rosto relaxado, os cílios compridos e negros apenas o deixavam mais bonito. Ela sorriu, querendo gravar aquela imagem na mente pelos dias que se seguiriam sem poder vê-lo. 

Ainda dormindo, Yuno puxou-a para perto, prensando-a contra seu peito, ela sorriu na curva do pescoço masculino, deixando beijinhos pela pele quente.

- Isso faz cócegas.- ele falou, a voz rouca em seu ouvido.

As mãos de Yuno foram descendo por suas costas vagarosamente, trazendo-a mais para perto, até os corpos estarem colados. 

- Eu acordei ou isso é um sonho?- ele brincou. 

Noelle riu, deliciando-o com aquele som. Fechou os olhos, sentindo os dedos de Yuno acariciando sua pele e apertando a carne por onde passava, era bom demais para ser verdade, era viciante e Noelle sabia que acordaria nos próximos dias sentindo-se fria e sozinha. 

- Volte a dormir.- ela falou.- Não vamos sair daqui o dia inteiro.

- E o que faremos?- Yuno perguntou, com malícia, fazendo Noelle sorrir. 

Ela girou para cima dele, com os seios prensados contra o peito de Yuno, apoiando os antebraços ao lado da cabeça dele, beijou-o. Então Noelle sentou-se sobre o quadril de Yuno, erguendo o tronco nu na luz da manhã, Yuno sorriu preguiçosamente, ainda sentindo os vestígios do sono, aquele seria um longo dia. 


 

Yuno tomou um banho demorado, preparando-se para as longas horas na estrada. Arrumou a mochila que levaria consigo, com todos os seus pertences que importavam, levaria dinheiro e nenhuma comida, era tudo o que precisava. 

Sylph voava a sua volta, trazendo roupas de dentro do armário para ele, agitada pela partida que se aproximava. Ele observou o colar de rubis em sua mão, guardando-o cuidadosamente dentro de um bolso da jaqueta, embrulhado em seda, a única prova que tinha de sua identidade. 

Suspirou, fechando a porta do quarto atrás de si e indo até o telhado, onde Noelle o esperava, virada de costas para ele, com os cabelos esvoaçando ao vento da noite. Virou-se de frente para ele, a ponta do nariz levemente avermelhada, linda. 

- Mandei sua carta de demissão para Julius mais cedo e a outra entreguei para Nina dar ao meu pai, espero que não desconfiem de você. De qualquer forma, tente não mostrar-se publicamente. 

- Eu sei disso, irei tomar cuidado. 

- Nina não acreditou em minhas palavras, ela sabe sobre nós, mas prometeu não fazer mais perguntas.

Yuno assentiu, encarando o rosto temeroso de Noelle. A visão cortou seu coração, parecia triste e sozinha, como antes, naquele momento ele pensou em ficar, seu lugar era ao lado dela, mas Noelle jamais permitiria e sequer ele poderia permanecer ali, a possibilidade desperdiçada de conhecer seu povo o torturaria. 

Então apenas abraçou-a, apertando-a forte contra o peito, querendo marcá-la na pele.  

- Você me salvou.- Noelle sussurrou.- Quando eu estava perdida, sem saber quem eu era e obrigada a viver uma vida que não era minha, você me lembrou de quem eu sou. 

- Você salvou a si mesma, Noelle. Nunca se permitiria ser salva por ninguém.- ela sorriu em seu abraço. 

- Tenha cuidado.- falou, baixinho. 

Ele assentiu, subindo o rosto de Noelle, segurando-o em suas mãos. Os lábios dela tremeram e os olhos encheram-se de lágrimas, que escorreram pelo rosto lindo da princesa. 

Yuno a beijou, sentindo o gosto salgado das lágrimas, a beijou com amor, até ficar sem fôlego, e mesmo depois disso seguiu a beijando, pois caso se afastasse quem sabe ele também choraria. Ele enterrou o nariz em seus cabelos e sorveu aquele cheiro, o cheiro dela, tentando guardá-lo na memória, assim como a sensação de segurá-la em seus braços e beijar seus lábios. Yuno a levaria para onde quer que fosse, pois Noelle estava impregnada em seu ser, era seu primeiro pensamento quando acordava e o último quando ia dormir, ela estava em tudo a sua volta, mas principalmente em seu coração. 

A saudade ardeu em seu peito e ele puxou-a mais uma vez em direção aos seu lábios, suspirando seu nome como uma oração. 

- Eu a amo, mesmo suas parte mais irritantes. Amo-a mais do que tudo. 

Noelle sorriu em meio a um soluço. Limpando os olhos com as costas da mão. 

- Eu o amo também, mais do que achei ser possível amar alguém. Amo tanto você que dói. 

Eles abraçaram-se por mais um tempo, beijando-se ocasionalmente e sussurrando palavras no escuro. Quando o sol estava quase nascendo no horizonte Yuno partiu, com Sylph voando ao seu lado, ele não olhou para trás para ver Noelle desabar no chão, com um rio escorrendo de seus olhos. 


 

Noelle acordou com as batidas na porta de seu quarto, havia dormido toda a manhã e tarde, após ficar acordada a madrugada inteira com Yuno. Ela jogou os cobertores para o lado e andou até a porta, deparando-se com Nina. 

A mulher não esperou um convite para entrar no quarto, Noelle observou tudo vagarosamente, com o sono ainda nublando seus pensamentos. 

- Seja o que for que você pretendia fazer, deu errado, Yuno está sendo procurado para prestar explicações sobre a demissão repentina, sabia que é proibido fazê-lo em períodos de guerra?- Nina despejou tudo em cima de Noelle.- Por sorte, não o encontraram, mas é melhor que ele se mantenha escondido, pois provavelmente será preso caso o peguem. 

Noelle sentou-se na cama, com aquelas palavras girando na cabeça, o pensamento lento. 

- Eles não conseguirão pegá-lo.- ela falou, por fim.  

- Não sei o que vocês estavam pensando, me lembro de como é ser jovem e imprudente, mas isso é mais do que apenas uma ideia ousada, é estupidez.  

- Você prometeu que não faria perguntas.- Nina virou-se para ela com o olhar endurecido. 

- Você provavelmente será chamada para um interrogatório sobre Yuno, acham que ele é um infiltrado dos rebeldes. 

Noelle riu daquela ideia absurda, recebendo um olhar irritado de Nina.

- Isso é sério, Noelle. 

- Eu sei, é só que me parece tão ridículo. Nada disso tem importância, ele já se foi, nada poderá trazê-lo de volta para esse palácio. 

Noelle piscou para afastar as lágrimas, sentindo um aperto no peito. Nina a olhou com pena, pousando uma mão sobre os cabelos de Noelle. 

- Eu entendo esse sentimento, mas acredite em mim, depois de um tempo será mais fácil suportá-lo. 

- Não quero superá-lo, Nina, eu verei Yuno novamente. Nós ficaremos juntos. 

- Noelle… 

- Você prometeu. 

- Tudo bem.- Nina afagou mais um pouco seus cabelos.- Pelo menos coma alguma coisa, eu a acompanho, podemos pedir para trazer o jantar ao seu quarto se quiser. 

Noelle negou com a cabeça, levantando-se. 

- Preciso andar um pouco, vamos descer. 

Alguns minutos depois elas caminhavam lado a lado pelo corredor, talvez a percepção de Noelle sobre o mundo houvesse escurecido após a partida de Yuno, mas o palácio parecia ter caído em uma sombra. Os guardas nos corredores estavam cabisbaixos, não havia riso, conversa ou qualquer sinal de vida. 

Os dois irmãos de Noelle haviam partido, da família real só restavam o pai, o irmão e ela. Ela olhou para Nina pelo canto do olho, com um aperto no coração, ela ficaria sozinha naquele palácio gigantesco. 

Elas sentaram-se na pequena mesa redonda que normalmente era ocupada para o café da manhã, mas que agora possuía pratos de jantar. Conversaram sobre banalidades, Noelle falava de modo automático, pensando sobre a guerra e o que estava por vir, sentindo uma mistura de ansiedade e medo, e lá no fundo pensava em Yuno, mesmo que inconscientemente.  


 

Ela desviou o olhar da encarada penetrante de William Vangeance, ele, pelo contrário, não parecia incomodado em devorar sua alma com um olhar. 

Eles estavam em mais uma das salas iguais do palácio, com uma mesa de mogno e estantes de livros, sentados frente a frente, separados apenas pelo móvel de madeira. 

- Yuno era meu melhor cavaleiro, sempre acreditei que ele me sucederia um dia.

- É mesmo?- Noelle perguntou, com simpatia forçada. 

O sorriso de Vangeance se alongou, ela podia ver seus olhos quase fechando-se quando ele sorria através da máscara. Noelle havia ouvido muitos rumores sobre aquilo, mas realmente não importava-se do porquê ele utilizava o adereço, apenas que facilitava seu dever de não olhá-lo nos olhos. 

- Yuno veio de um orfanato, lutou muito para chegar onde está, então não consigo imaginar por quê ele desistiria de tudo isso tão facilmente, sem dar explicações. 

- Desculpe-me senhor, mas tampouco posso adivinhar os motivos dele. Não me foi dada nenhuma explicação de sua partida. 

- No entanto, você não parece surpresa.- ele retrucou, pousando as mãos sobre a mesa.

- Não estou, Yuno era meu guarda, nem sempre nos damos bem, não me impressiona ele querer escapar de mim.- ela forçou um sorriso. 

- Então não se conheciam muito bem? 

- Bem, eu o conhecia há muito tempo, pois antes de mim foi guarda de minha amiga.

- Então não acha que Yuno possa ser um rebelde? 

- Não.- ela precisava fazê-lo parar de procurar por Yuno.- Ele ama esse reino, pelo menos sobre isso não posso criticá-lo.

- É verdade, também ama o local onde foi criado. Nós estamos vigiando os arredores de Hage para o caso de ele voltar ao local. 

Noelle remexeu-se incomodada na cadeira. 

- Já posso ir, senhor? 

Ele fixou seus olhos nela, então subiu as mãos e retirou a máscara do rosto. Noelle ofegou, encarando a pele retorcida e escurecida ao redor dos olhos de William, que espalhava-se até metade de suas bochechas em uma confusão de cicatrizes e distorções. 

- Vejo que agora tenho sua atenção. 

- Quem fez isso com você?- Noelle sussurrou, a voz quase inaudível. 

- Não sei quem o fez, é uma maldição, também não sei o que fiz para merecê-la, mas ainda sim a carrego comigo. A vida nem sempre é justa, princesa Noelle Silva. 

- Eu sei disso. 

- Tenho certeza que sim, assim como deve possuir motivos para mentir tão descaradamente para mim.- ele soltou uma risada seca, mas ainda assim divertida.

- Eu não menti.- ela ergueu o queixo, orgulhosa. 

William levantou uma sobrancelha para ela, a expressão dava a ele uma uma aparência jovem, denunciado sua pouca idade, não deveria ser muito mais velho que ela, por volta dos vinte anos de idade. 

- Espero que saiba que se encontrarmos Yuno ele será preso.- o olhar escureceu.- Ou pior. 

- Eu sei.- Noelle falou, engolindo em seco. 

- Então pode ir, parabenizo sua coragem.- Vangeance olhou para ela uma última vez e indicou a porta. 

Noelle levantou-se com toda sua elegância, sem demonstrar o quanto estava intimidada. Ela não olhou para trás, suas mãos tremiam quando saiu para o corredor. Yuno, ela pensou, fuja para bem longe. 

 



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