~*14 Anos depois~
Acordei atrasada (como sempre), de casa ate a escola leva cerca de 20 minutos e faltam 10 para a aula, não me preocupei com isso e me levantei, caminhei ate o banheiro e tomei meu banho, oque gastou os 10 minutos que eu tinha. Sai do banho e fui em direção ao guarda-roupa (sim, molhei o quarto todo, mas juro que foi de propósito) e então vesti a primeira calça que achei – Era uma preta, cintura alta e rasgada em fileiras da coxa ate um pouco a baixo do joelho – puxei uma blusa (preta por sinal) e peguei minha jaqueta de couro, andei ate a cômoda, pegando minha bolsa e então caminho para fora do quarto.
Ao sair do quarto, trombei com a Camila – Minha Meia irmã – dei um sorriso simpático para ela e então caminhei ate as escadas.
— Hey, Lauren – Gritou camila, me chamando.
— Eu mesma. – Respondi me virando e olhando para ela.
— Você tá indo para a faculdade?
— Sim... – Respondi curiosa, ou ela quer carona, ou ela quer o número de algum dos meninos de la...
— Irmãzinha do meu core... – Ela disse me abraçando
— Vai se arrumar, eu dou a carona, da qui dez minutos vou sair de casa. – Respondi empurrando ela pro lado.
— Obrigada – Ela respondeu, me dando um beijo na bochecha.
Ela foi se arrumar, e eu, desci para a cozinha, não sou boba, vou aproveitar esses 10 minutos para comer alguma coisa.
Ao chegar na cozinha, encontro Dona Marie – Minha mãe adotiva – dou um beijo na sua testa e então começamos a conversar enquanto a camila não descia.
— Mas e ai? Como vai a faculdade de medicina? – Ela perguntou, me dando uma xícara de café
— Um saco Marie, só de pensar que vou ficar la por fodidos 6 anos, já me desanimou... – Respondi virando os olhos e dando um gole no meu café e fazendo uma leve careta.
— Há 14 anos você me chama de Marie, e eu sempre digo a mesma coisa, você sabe que pode me chamar de mãe, né? – Ela perguntou, colocando uma colher de açúcar no meu café e se sentando na mesa.
— Eu sei Mar...Mãe. – Respondi mexendo meu cafezinho – Eu te amo, mas não consigo te chamar assim...
— Por que, Lauren? – Ela perguntou. Sabe, eu conseguia ver a tristeza de uma mãe não amada nos olhos dela, não me leve a mal, Marie, mas eu não consigo te chamar de mãe, eu te amo e te respeito como uma, mas a palavra mãe não consegue sair da minha boca.
— Não sei. – Respondi com frieza, sabe, acho que isso a feriu, digo, ela me adotou com um propósito, ter outra filha, e eu não permito ela me tratar como uma...
— Ah... – Ela suspirou, abaixando a cabeça.
— Eu te amo, mãe, me desculpe – Sussurrei em seu ouvido, dando um beijo em sua testa e deixando minha xícara largada em cima da mesa logo em seguida.
— Cade sua irmã?
— A camila? – Perguntei abrindo a geladeira.
— Essa mesma.
— Não sei – Respondi pegando uma maça verde – Falando nisso, já passou 10 minutos.
Fechei a geladeira e caminhei ate a ponta da escada, olhei pros lados e nada de camila...
— CAMILA – gritei na escada.
— Ja to indo – Ela gritou logo em seguida.
— Se você não descer em 2 minutos eu te deixo aqui, sozinha.
— NÃO SE ATREVA LAUREN – ela gritou, e logo em seguida, desceu as escadas. - Preciso da sua carona para chegar na casa do Shawn.
— Camila, pra que tudo isso se eu e você sabemos que você não gosta da fruta? – Perguntei entre risos.
— Lauren, pare de caçoar da sua irmã – Marie gritou da cozinha.
— LAUREN. – Camila sussurrou, me dando um tapa no braço.
— Brincadeira gente, calma. – Menti, Eu e a Camila sabíamos bem do que ela gostava, ela ate gosta da outra fruta, mas prefere mesmo a dela.
— Brincadeira ou não, Homossexualidade é algo ridículo, não quero mais esse tipo de brincadeira com sua irmã.
— Nossa Dona Marie, parece que temos uma homofóbica na família, isso mesmo? – Perguntei olhando pra camila, e em seguida, indo ate a porta da cozinha e me encostando na mesma.
— Nada contra, mas na minha casa não. – Ela respondeu com um tom auto e claro, ela era homofóbica, mas, como é crime, prefere usar a velha desculpinha do “nada contra”.
—Eh, Vamos Lauren, estamos atrasadas já – Disse Camila, segurando meu braço – Tchau mãe, te amo.
Ela deu um beijo na Marie e então começou a me puxar pra fora, ficou bem claro que ela queria fugir do assunto, mas cara, ela poderia disfarçar um pouco. Dei um breve aceno para a Marie e então fui puxada pela camila, Entramos no carro e então comecei o meu caminho, o mesmo que faço todos os dias.
Não demorou muito para a Camila quebrar o silencio que estava no carro, cara, ela não sabe ficar quieta nem por um minuto, isso é irritante, porém, muito atraente...
— Cara, por que tínhamos que ter uma mãe assim? – Ela perguntou.
— Amo a Marie, mas realmente foi muito exagerado isso.
— Eu também a amo, mas a pergunta é, será que ela nos ama o suficiente para nos aceitar. Se ela descobrir sobre oque fazíamos dos 10 aos 16 anos...
— Ela não vai descobrir, okay? Aquilo foram coisas da idade, foi uma fase que como você mesma disse, nunca mais vai acontecer. - interrompi
— Se depender de você não mesmo. – Ela sussurrou.
— Olha – Respondi freando o carro com tudo, oque fez com que um cheiro de queimado horrível subisse – Você escolheu isso, não eu – Suspirei – Além disso, foi só uma fase, que não deve ser nem lembrada.
— Desculpa Lauren. – Ela respondeu, abaixando a cabeça.
Ignorei sua ação e então acelerei o carro novamente. O resto do caminho foi um silencio total, a camila não se atrevia a falar ao menos uma palavra, oque fazíamos não era certo, e nem mesmo oque queríamos, pelo menos não oque ela queria...
Chegamos ate a parada da camila, ela desceu do carro e, antes que eu acelerasse o carro, ela pois a cabeça pra dentro da janela e sussurrou “se cuida”, dando um leve sorriso.
Voltei a dirigir, eu estava na terra mas minha mente estava na lua, eu ainda desejo a Camila, mas ela ainda me deseja? Digo, se sim, por que não estamos juntas? Por que ficamos 3 anos sem nos falar direito? Só por medo da nossa mãe? Porque se for isso, seria e será fácil de enfrentar.
Ouvi um som alto – tão alto que fazia meus ouvidos doerem – que me fez acordar dos meus pensamentos, olhei para o lado, meus olhos se encontraram com um enorme caminhão, que buzinava enquanto vinha em minha direção, ele estava a menos de 10 passos de distancia de mim e então ele se chocou com meu carro, oque fez com que meu carro e eu fossemos jogados para o lado, o motorista do caminhão freou, porém, eu e meu carro continuamos em movimento, o impacto foi grande – Grande o suficiente para amassar totalmente a porta do carro e capotá-lo – Eu não conseguia me mover, meu carro estava de ponta cabeça e a única coisa que eu conseguia pensar era se eu não havia atropelado nenhum animal – Afinal, nessa área é lotado de veados – ou ate mesmo alguém. Sai dos meus pensamentos e coloquei minhas mão no teto – Que no caso era o chão – Com dificuldade, e então comecei a fazer força, para evitar contato entre minha cabeça e o chão, sei la, vai que o carro começa a pesar mais e acaba botando mais pressão sobre minha cabeça.
O homem do caminhão se aproximou, ele estava com um corte na testa – Mas com certeza estava melhor que eu – Ele me perguntava se eu estava bem, eu não ouvia – Pois estava escutando uns barulhos agonizantes e insuportáveis – Mas percebia pelos gestos que fazia, sussurrei que sim, pois estava com dificuldades em falar, quando comecei a sentir meus olhos pesarem, eu evitei ao máximo, mas, de repente, tudo se apagou e só sobrou uma imensa escuridão.
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