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História The Hybrid - Lady


Escrita por: EstrabaoJwregui

Notas do Autor


Olha quem voltou. Não precisam me xingar pelo cap passado :)

Capítulo 23 - Lady


Fanfic / Fanfiction The Hybrid - Lady

Camila Pov.

 

Eu fiz a maior burrada da minha vida. Talvez eu tenha dado um tiro no meu próprio pé. Fazia dias que eu evitava Lauren, e nem ela me procurou; devia estar chateada, e com razão pelo modo como a tratei, mas ela não se esforçou para negar o que eu disse, o que doeu mais ainda. Doeu mais ainda ver o brilho dos seus olhos se apagarem e mostrarem mágoa; quando eu simplesmente não pude ficar calada e despejei toda a minha frustração em cima dela, eu não estava pedindo para que ela me amasse ou se casasse comigo, só queria um pouco de consideração pelos meus sentimentos. Dinah berrou comigo mais do que eu esperava, eu pus tudo a perder.

 

— Você é idiota ou o que? Você devia ter tentado de outro jeito. Você só a afastou, Camila! — mas uma vez Dinah gritava comigo, agora em minha sala. Onde minutos atrás Lauren viu algo que não devia, eu queria me explicar, Lawrence me beijou, foi de surpresa e segundos depois ela apareceu.

 

— Vai defender ela agora? — eu disse em tom melancólico. Ela suspirou.

— Não estou defendendo ninguém. Mas sim, Lauren mudou; ela sempre foi uma mulherenga? É claro! Mas desde que ela pôs os olhos em você, ela mudou. Até Michael ficou surpreso. — ela gritou novamente e eu quase chorei.

 

A porta da minha sala foi aberta levemente, e vire-me tentando esconder o rosto. Já repleto de lágrimas.

 

— Por Deus! O que aconteceu aqui? Lauren saiu transtornada e pelo que sei bem. Não vai acabar nada bem. — era Hayley, estava ofegante e sua voz vacilou um pouco. — Dinah?

— O imbecil do Lawrence previu a chegada da Lauren, bem na hora. Ela pegou os dois se beijando...

— Ele me beijou! — falei alto, me assustando com minha própria voz. Eu estava acabada.

— Espera. Quem é Lawrence? Aquele Lawrence? — perguntou sua voz havia medo. Afirmei e Dinah afagou minhas costas. — Puta merda.

— O que faz aqui? — eu disse tentando não soar chorosa.

— Eu vim com Lauren. — fez uma pausa. — Ela tinha vindo fazer as pazes.

— Eu não imagino ela fazendo isso. — ri sem humor.

— Mas ia. Eu mesma a encorajei, até ajudei com… — Hayley se calou.

— Com o que, Hayley? — ela engoliu em seco.

— Não importa mais. Você quebrou o coração dela, ela deve estar arrasada. Perder a paixãozinha dela para Lawrence…

— Hayley... sua boca grande. — Dinah falou.

— O que? Ela não sabia?

 

Eu não podia mais segurar minhas lágrimas. Lauren voltou por mim e praticamente todos a minha volta perceberam, menos eu, das intensões dela. Como eu fui idiota. Já era tarde demais.

 

— Ela saiu com muita raiva… sabe para onde ela pode ter ido? — perguntei.

— Provavelmente vai se isolar, e ninguém encontra ela. Não sem ela deixar. Droga, da última vez ela deixou uma trilha de corpos por ai.

— Lauren estripadora está de volta? — Dinah perguntou. — Nem brinca com isso.

 

Eu ouvi falar, por Hayley; sobre o passado de Lauren, e não era um dos mais agradáveis. Se eu sentia medo dela no começo, era por uma boa razão; seus olhos transmitiam raiva e as coisas ruim através dos anos. E segundo Dinah, ela havia melhorado bastante depois que passou a me proteger.

Eu fui sua salvação e agora sua ruína.

 

Dinah me levou para casa, e depois de um banho quente eu me joguei em seus braços e refleti o que fiz. Ela abriu os meus olhos e concordei, Lawrence era trapaceiro e ele ouviu Lauren chegar e armou para ela nos pegar aos beijos. E eu achava que ele estava sendo legal.

Só que Lauren saiu antes de eu dar uma explicação, não que eu a devesse uma, mas eu queria.

Senti-me muito confortável nos braços de Dinah, e meus olhos pesaram. Me encostei um pouco mais a Dinah e pude sentir a tensão começar a abandonar meus ombros e pernas.

Aquela noite eu deitei em minha cama e encarei a janela. Minhas cortinas erguidas para que eu pudesse ver o céu; centenas de estrelas faziam buracos em minha consciência, me ferroando de saudade. Eu podia encarar aquelas estrelas por horas, seu número infinito e profundamente puxando uma parte de mim, que eu ignorava durante o dia.

Eu ouvi um som, e depois outro, enquanto os lobos começavam a uivar. Mais vozes se juntaram, baixas e pesarosas, outras altas e curtas; um choro lindo e misterioso. Se eles pudessem sentir minha áurea infeliz, com certeza estavam lamentando por mim.

Talvez, só talvez eu tenha deixado a janela destrancada, esperando que ela viesse. Mas ela não veio. Meu coração doeu dentro de mim, e me imaginei lá, entre eles. Eu pisquei para espantar uma lágrima, me sentindo tola e miserável, mas não fui dormir até que cada lobo tivesse ficado em silêncio.

 

[...]

 

Comecei a praticar kickboxing e dessa vez meu instrutor não era Lauren. Elliot se dispôs a me ajudar depois que eu disse que precisava extravasar. Ele indicou uma atividade física, pois meu corpo precisava constantemente de movimento. Ajudava a manter o equilíbrio, um corpo saudável é uma mente saudável, não é?

Não no meu caso, eu usava raiva em meus golpes e acabei machucando Elliot algumas vezes.

 

— Você é uma princesa forte. — ele disse levantando-se do chão.

— Já teve uma princesa antes de mim? — perguntei dando mais alguns golpes.

— Um tempo atrás, Marcus vivia com uma mulher. Ela era como uma princesa para nós.

— O que aconteceu com ela? — eu disse desviando de um soco.

— Traiu Marcus, ela era uma lobisomem muito atraente. Pena que Marcus nunca lidou bem com rejeição. — Elliot deu de ombros e logo entendi o que aconteceu a ela.

 

Parei tentando recuperar o fôlego, tirei as luvas e outro homem me ofereceu uma água.

 

— Veio se divertir e não me chamou? — uma voz animada falou. — Vai morar aqui agora?

— Olá Hayley, estou bem obrigada. — joguei as luvas nela, que pegou-as no ar.

 

Desde que decidi tomar a responsabilidade do que eu era, eu passei a vir mais frequentemente na antiga mansão de Marcus, que tecnicamente agora é minha. Longa história, só sei que os meus protetores definiram assim.

O jardim dos fundos era um lugar calmo. O único lugar em que não tinha lembranças tão vívidas dela. Como o meu quarto. Eu ainda estava em uma confusão sem fim sobre esses sentimentos, uma hora eu sentia raiva de Lauren, outra hora eu estava me enchendo de culpa. Minhas emoções oscilando, quase uma montanha russa.

 

— Tem notícias dela? — ela, agora eu me referia a Lauren assim. Hayley olhou com um olhar de piedade e negou com a cabeça. Nas horas seguintes do seu sumiço eu mantive os olhos na TV e nos noticiários, qualquer ataque animal suspeito me daria a localização dela.

 

Enquanto eu tirava a faixa da mão, usada para amortecer o impacto dos meus golpes, vi uma movimentação em algumas árvores próximas; eu já sabia identificar a presença deles, no caso dela. A loba branca estava parada me olhando, parecia me julgar. Eu sabia que tinha influência sobre eles, de algum modo, mas eu tinha. E acostumar com minha nova vida já estava demorando demais.

Respirei fundo e caminhei para perto dela, não tão perto pois ela rosnou assim que me pus de joelhos. Havia uma mancha vermelha em sua boca, sujando sua linda pelagem branca.

 

— O que faz aqui sozinha? Pensei que lobos andavam em bando. — Além de idiota sou louca, falando com um lobo.  — Se está à procura de Lauren, não me olhe assim. Ela sumiu. — a loba rosnou novamente. — A culpa não é minha se aquela cabeça dura não me deixou explicar.

 

A loba então se sentou e esticou o focinho, tocando em meu braço.

 

— Seu lobo também é complicado assim? — ela grunhiu levemente. Eu quase sorri, pois jurava que ela me entendia. — Sempre teimosos não é. — Toquei seu pelo e era grosso, porém macio. Cheirava a terra molhada. Ela chegou mais perto e eu envolvi meus braços em seu pescoço longo.

 

Passei algum tempo assim, falando nada com nada. Desabafando com a loba, ela soltava lufadas de ar e rosnava algumas vezes. Ouvi meu nome ser chamado ao longe, fiquei tempo demais para sentirem minha falta. Afaguei o pelo da loba ao me levantar e lhe lancei um olhar curioso.

 

— Se conseguir encontrá-la te dou um generoso pedaço de carne todos os dias. — falei e ela logo sumiu entre as árvores.

 

Como se isso fosse possível.

 

Lauren Pov.

 

Depois de dois dias inteiros despejando o líquido goela abaixo, eu começava a sentir-me suficientemente embriagada. Se pudesse manter este nível inumano de embriaguez por alguns anos talvez — talvez — eu pudesse começar a esquecer a imagem de Camila beijando aquele cara. Como sempre, as damas gentis do The Rocks fizeram o máximo para desviar minha atenção dos problemas e uma morena de aparência saudável e exuberante assumiu a missão de atenuar minha dor. Me manteve abastecida de um bom uísque, provocações encantadoras e toda a experiência com que ela exercia sua profissão.

O melhor de tudo, não se parecia em nada com Camila. A não ser quando notei como as duas eram diferentes e então eu pedia mais uísque.

Mais cedo ou mais tarde, teria de sair daqui e voltar à vida real, mas não havia pressa. Eu gostava dali e era um lugar que nunca me decepcionava. Hayley provavelmente estava atrás de mim, mas eu precisava de mais alguns dias de restauração antes de estar pronta para aquele antro de arrogância.

A morena completou meu copo e a peguei pela cintura e a puxei, rindo, para meu colo.

 

— Senti sua falta. — ela disse vigorosamente, e ela acomodou o amplo colo mais perto de minha boca.

 

Provei o uísque, depois a mulher. Seria melhor ficar uma semana, conclui. O mundo podia existir sem mim por uma semana.

Camila Cabello evidentemente podia.

Eu tinha tudo o que precisava bem ali, para mim, Camila podia ir para o inferno. De qualquer modo, ela não havia me valorizado. Eu me dispusera a reorganizar toda a minha vida por ela, tornar-me uma mulher nova e melhor. Se isso não era suficiente para Camila, talvez ela não seja digna de mim.

 

A cortina de sinos no vão da porta tilintou alegremente e algumas prostitutas soltaram gritinhos animados. A garota em meu colo sequer voltou seu olhar para o barulho e tomei nota mentalmente de não ficar bêbada a ponto de esquecer de lhe pagar generosamente.

 

— É claro que eu encontraria você aqui. — rosnou uma voz arrogante e franzi o cenho, concentrada em identificar a voz.

 

Era uma voz conhecida e estava ligada a um par de pernas com botas de couro preto. Olhei para cima, havia um pescoço com pulsação suculenta batendo. Reconheci que poderia estar mais bêbada do que pensava enquanto meus olhos terminaram no rosto presunçoso de Hayley.

 

— Bem provável. — eu disse com cautela e a voz arrastada. — Não há muitos lugares legais por perto.

 

Ela deu um sorriso em resposta que pedia um murro na cara, mas minhas mãos estavam ocupadas e minha mente nebulosa demais. Talvez fosse melhor eu ficar quieta.

 

— Levante-se. — Hayley exigiu. Parecia pronta para brigar e me forçar a voltar.

 

O sorriso sumiu do rosto da morena e acariciei sua coxa, tranquilizando-a.

 

— Vá para nosso quarto. — sugeri, já sentindo-me consideravelmente mais sóbria. — Sei que você se lembra como eu gosto.

Ela assentiu e se levantou. Retirando-se para longe de Hayley. Voltei a atenção a irritante pessoa diante de mim.

 

— Não precisamos disso. — propus.

— Levante-se. — rosnou Hayley num tom ameaçador. — Você virá comigo querendo ou não. Assim, poderá colocar juízo na cabeça de Camila.

 

A informação se encaixou lentamente no meu cérebro embriagado. Afinal, parecia possível ela estar falando de outra pessoa. Talvez Camila mandou ela atrás de mim. Talvez Camz tenha mudado. Talvez ela ainda gostasse de mim...

 

— O que minha querida corta corações fez dessa vez? — perguntei, levantando. Fiquei satisfeita ao ver que meu corpo não caiu ao chão.

— Ela se convenceu de que quer tornar-se a herdeira legítima do clã Estrabao. Ela passará pela cerimônia de coroação.

 

Ora, que bom para ela.

 

— Estou muito bem aqui. — falei pronta para sentar novamente.

 

Eu estava perceptivelmente lenta, pois não vi o punho de Hayley me atingir em cheio no nariz. O sangue quente brotou e gemi de dor. Ela ficou louca?

Olhei para ela e seus olhos ficaram inteiramente amarelos e então eu ataquei. Ouvi o barulho da madeira se partindo enquanto Hayley me jogava contra um relógio de pêndulo, depois em uma mesa baixa. Eu pagaria muito mais que um uísque e o tempo da morena.

Levei o joelho até a barriga de Hayley, aproveitando quando ela ofegou. Aproveitei a distração e peguei uma das pernas quebradas da mesa e atingi a lateral da cabeça de Hayley. O golpe a deixou tonta suficiente para eu me recompor, ergui-a do chão e a joguei na parede atrás de mim, o que produziu um estalo seco.

Hayley caiu pesadamente no chão, mas de algum modo ela conseguiu se levantar com uma elegância absurda. Eu ainda estava meio agachada quando fui atingida e derrubada no chão, nós lutamos por um momento sem que qualquer uma obtivesse vantagem.

 

— Eu deixei você se acabar quando Demi quebrou seu coração da primeira vez. Mas eu deveria ter batido em você como agora! — Hayley gritava enquanto eu havia desistido de lutar. — Eu não vou ficar sentada enquanto você definha calmamente para o fundo do poço. Camila é diferente! Lawrence sabia, ele sentiu seu cheiro e montou uma cena. — seus socos tornaram-se mais fracos. — Você é como uma irmã pra mim, droga.

 

Pensei ter ouvido ela começar a chorar, não sei direito pois o nível de álcool no meu sangue estava maior que qualquer coisa. Num ato inconsciente levei a mão ao bolso da jaqueta, eu mantive ali o presente que daria para Camila, mas estava esquecido nesses dois dias, até agora. Me levantei cambaleando, sem nenhuma elegância.

 

— Senhoras. — eu disse educadamente a algumas prostitutas que estavam encolhidas junto das paredes. — Peço desculpas por qualquer inconveniência. — tentei ajeitar a camisa e vi que estava manchada de sangue.

 

Meus olhos subiram e ao pé da escada e a mulher para onde eu sempre voltava me olhava com fúria. Eu quebrei o negócio dela outra vez. Pus a mão no bolso e fui até ela, segurei sua mão largando um punhado de notas, fechando seus dedos em volta delas. Lhe dei um beijo no rosto, sentindo minha personalidade de volta.

 

— Quando vai deixar de quebrar o meu bordel, Lauren? Eu já devia esperar. É sempre assim. — a mulher sorriu de canto.

— Vamos tentar de novo no próximo século, Ariana.

 

Com um andar animado, eu saí do bordel seguida por Hayley; não falaria nada sobre o choque de realidade que ela me deu, talvez eu estivesse precisando de uma surra. Estava ansiosa para ouvir o lado de Camila dessa história.

Me ajeitei no banco do passageiro já que discutir quem iria dirigir poderia causar outra briga. Estava quase dormindo quando notei um odor conhecido no carro.

 

— Por que meu carro cheira a cachorro molhado? — perguntei descansando a cabeça no vidro gelado.

— Como você acha que te achei; Lady farejou você, sua idiota.

— Quem é Lady? — virei meu rosto para ela, depois para o banco de trás.

— Sua princesa parece ter se apegado a ela, tanto que deu-lhe um nome.

 

Sorri tentando imaginar Camila pensando em um nome, franzindo as sobrancelhas, mordendo os lábios, andando de um lado para o outro. Lady; a loba de natureza delicada e confiante, definitivamente era a cara dela.


Notas Finais


Não sei se já notaram, mas a loba branca representa a Camila e o lobo preto representa a Lauren.

Preto e branco, Yin e Yang. Entenderam?


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