História The Kill - Sasusaku - Gone Forever

"Não sei o que está acontecendo
Não sei o que deu errado
Parece que foram cem anos
Eu ainda não acredito que você se foi
Então eu ficarei acordado a noite toda
Com esses olhos vermelhos
Enquanto essas paredes cercam-me
com a história da nossa vida"
 

Sentado no canto daquela cela fria Sasuke observou completamente imóvel quando os guardas entraram apressados e removeram o corpo de Sakura. A principio eles se assustaram pensando que se tratava de mais uma vitima fatal, porém a rosada não tinha um arranhão sequer. – Foi um Genjutsu. – Um dos ninjas constatou percebendo que ela apenas se encontrava inconsciente.

Um simples genjutsu era tudo o que ele precisava. E este não era como o que matará Inochi, embora a principio todos temessem pelo pior. Sasuke tinha a plena certeza de que ela ficaria bem, e torcia para que aquela ilusão a afastasse para sempre. Ele tinha chegado aos próprios limites onde nem mesmo a dor ou o desejo de vingança eram capazes de preencher o vazio intenso que sentia, e definitivamente ele não queria arrastá-la para aquele abismo. Uma vez que já imaginava que estava  louco. No fim das contas uma sentença de morte não lhe parecia tão ruim afinal. Na verdade nada parecia tão ruim afinal.

No inicio era um pouco irritante se acostumar a ausência dela, ao fato dela não ir mais visita-lo ou vê-lo, mas depois isso parou de ser tão relevante. Não haveria mais gritos, presos inconvenientes ou nada que o afetasse. Era muito comum que o nukennin passe varias horas do dia, sentado e sua cela, recusando-se a sair até mesmo para o banho de sol, apenas imerso em pensamentos. Preso uma profunda prisão de si mesmo. Lembrando-se de coisas das quais apenas ele sabia. Pensando em coisas que só sentido pra ele fazia. 

[...]

Os dias passaram-se rapidamente, numa cronologia estranha que pareceria ao mesmo tempo durar uma eternidade. Entre a pressa de chegar ao fim da jornada e a falta de ânimo por não esperar por ninguém. Pelo menos era o que ele imaginava. Ninguém voltaria  a incomodá-lo. Um terrível engano, afinal de contas não seria fácil afastar Naruto com um genjutsu, ou qualquer outro tipo de coisa, nem mesmo se tentasse de fato matá-lo. Sasuke estava cansado dessa batalha travada em meio ao silêncio e as ideologias opostas, a qual ele se agarrava fielmente a uma batalha perdida. Ele sabia que estava errado.

O time sete era o último resquício de uma família que lhe restava, e embora nadasse constantemente contra a correnteza, e enfrentasse o desejo de vê-los novamente, persistia em continuar se agarrado a própria fonte de sofrimento. O medo de perder alguém e o desejo de ter alguém. Nem Sakura e Naruto eram caprichos, como ele afirmara muitas vezes, e isso estava se tornando cada dia mais claro. Na verdade foi claro desde o dia em que pôs o primeiro pé para fora da vila numa jornada da qual ele não pretendia voltar. Ainda assim algo o puxava de volta como se de fato nunca os tivesse deixado.  Assim como os fantasmas do clã, dos pais e de Itachi jamais o deixaram.

Assim como a dor tornou-se parte importante do que construiu seu ser e arranca-la ou esquece-la fosse como tirar um pedaço de si mesmo. Ele não sabia mais como separar essa confusão de sentimentos e era por isso que a loucura o fazia temer que tudo se repetisse. Era um ciclo infindável. Ainda sim um dia ele teria de confrontá-los. 

[...]

O que Uzumaki Naruto menos esperava em qualquer momento, por mais que fosse sua vontade, era encontrar Sasuke calmo e tranquilo onde estava. O Uchiha embora recusasse todas as visitas, parecia um pouco mais disposto naquele dia. Ele não sabia o que movia Sasuke a aceitar, e provavelmente o mais aceitável era que fosse o tédio. Por questões de segurança Sasuke era mantido sempre algemado, com uma dose bem reforçada de selos, uma vez que ao encontrar Naruto, ou qualquer um do time sete sempre se alterava e acabava em confronto ou reações no mínimo violentas.

– O que você quer? – O nukkenin foi curto e grosso ao fazer pergunta. Sasuke estava sentado numa cadeira de frente para Naruto e Kakashi, na sala de visitas, e não parecia muito a fim de conversa.

O loiro continuou o observando enquanto o amigo, ou ex-amigo como Sasuke preferia, se mantinha estranhamente calmo. Era como se absolutamente nada pudesse alcança-lo naquele momento, nem mesmo os rumores da suposta pena de morte. Ele não se importava com aquilo.

– Tenho algo a te perguntar.

– Sobre o que? – O Uchiha perguntou sem sequer encará-lo.

– Sobre o que seria? A Sakura-chan. 

Naquele momento o semblante de Sasuke mudou e ele abaixou a cabeça escondendo os olhos com a franja, o rosto se fechou e permaneceu o silêncio. Ele se levantou da cadeira de madeira e deu as costas para Naruto. – Ei. Não se atreva a fazer isso. – O ex-companheiro gritou. E Kakashi colou a mão sobre o ombro de Naruto pedindo para que se acalmasse e tomou a palavra.

– Você alguma vez se perguntou por que ela não vem mais aqui? – Era verdade que a pergunta de Kakashi era pertinente, já fazia quase um mês.

– Talvez o encanto daquela fantasia amorosa tenha se quebrado quando ela viu quem realmente sou. –A resposta saiu fria e nostálgica. – Não me interessa o motivo pelo qual ela não vem aqui.

– Mas pra gente sim! – Naruto bateu a mão sobre a mesa fazendo um alto estalo e Sasuke continuou caminhando até a saída sem sequer escutá-lo. – Nós queremos saber por que ela desapareceu! – Gritou. – Não me interessa se isso é assunto seu ou não, você não vai fugir como tem feito todo esse tempo.

Não importava quantas palavras Naruto proferisse, a última coisa que o Uchiha ouvirá era que Sakura desapareceu. Como assim ela desapareceu? Do que eles falavam afinal? E porque Kakashi o mais sensato ali não abria a maldita boca para explicar o que estava acontecendo? Sasuke foi obrigado a parar, ainda de costas, pois recusava-se a se virar e mostrar a expressão de espanto. Um misto de alivio e raiva o tomaram por um segundo, alivio por imaginar que ela ainda o amava, e raiva por saber que Sakura simplesmente desapareceu.

– Não sabemos onde ela esta. Sakura simplesmente sumiu da face da terra. – Kakashi disse num tom preocupado. – Acreditamos que talvez você tenha alguma pista, afinal foi a ultima pessoa que ela viu.

Se isso era verdade. Era muito mais sério do que parecia. Ainda assim ele permanecia em silêncio, pois não sabia o que dizer. Esperava que Naruto e Kakashi fizessem as perguntas para facilitar as respostas sem que ele tivesse que demonstrar o mínimo de interesse. As coisas funcionavam daquela forma.

– Porque vocês acham que eu tenho algo haver com isso? Caso não tenham percebido eu estou preso, não poderia ter feito nada nem mesmo se quisesse.

– Esse não é o caso. Ninguém esta te acusando aqui. – Kakashi o inteirou da situação. – Mas sabemos que tem algo haver com você indiretamente. O que tinha naquele genjutsu?

– Nada de importante. Tortura psicológica. Apenas algo pra que largasse do meu pé.

– Ah. Por Deus! Ninguém liga pra esse genjutsu sensei, a questão realmente é aquele...

– Naruto! – Kakashi o cortou. – Não temos permissão pra falar disso.

E naquele momento o assunto despertou a atenção de Sasuke. Ele escondiam algo e queriam respostas sem serem completamente honestos. – Mas sensei. – O loiro retrucou.

– Não podemos dizer a ele. Não temos provas. – Kakashi respondeu sobre pressão. – Nós não sabemos se foi realmente isso que aconteceu.

– Isso o que? –Questionou-os.

– Achamos que ela foi sequestrada porque descobriu algo sobre você. – A voz do ex mestre era séria, embora fria e calma como a de um verdadeiro shinobi. A mascará escondia qualquer expressão, deixando apenas o rotineiro olhar de peixe-morto. Enigmático e com o controle da situação, Kakashi não mudará nada.

De qualquer maneira isso não era motivo para nenhum alarde, afinal talvez Sakura só estivesse sozinha, em algum lugar refém dos próprios pensamentos e dores. Era o que ele queria acreditar. Era o que precisava acreditar. – Desculpe, mas o horário de visitas acabou. – A voz do cárcere interrompeu a conversa e Naruto levantou-se da cadeira onde estava completamente eufórico. “Eu não acabei. Espera” Ele gritou várias vezes. Desesperado. Mas Sasuke saiu da sala, sem hesitar, indisposto a ouvir quaisquer palavras além daquelas.

Talvez ele estivesse fugindo, nadando contra a maré de novo, e algo dentro do coração dizia que precisava encontrá-la desesperadamente, mas ele se via diante de um precipício. Enquanto caminhava pelo corredor de volta para a cela, completamente sereno, e em silêncio, imagens da floresta da morte vieram à mente. Da primeira vez que alguém a machucou e não pode fazer nada, do momento em que perdeu a consciência e se entregou a maldição. Simplesmente porque era mais fácil. Porque o desejo de protegê-la confundia-se com a vingança. Aquela sensação era horrível, pois nunca se sentiu tão acorrentado quanto naquele momento.

Ele tinha medo de voltar a caminhar por essa linha tênue, depois de todo o esforço que fizera para se livrar do fantasma chamado “Sakura”. Era bom que tivesse ido para sempre, que fosse embora, construísse uma vida, que o deixasse ali pela eternidade.

Mas essa era só uma fachada...

 Quando entrou na cela ele encostou-se a parede e escorregou até o chão, como se perdesse as forças e algo tivesse acabado de desmoronar. Sasuke segurou os próprios cabelos com força e os dentes comprimiram-se com raiva. Ele sabia que mentia para si mesmo. Ele queria encontra-la. E tinha medo do que aconteceria quando finalmente isso acontecesse. 

"Me sinto muito melhor
Agora que você se foi pra sempre
Eu digo a mim mesmo que eu não
Sinto nem um pouco a sua falta
Não estou mentindo, negando
Que eu me sinto muito melhor agora
Que você se foi pra sempre"