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História The Last Voyage - Uma cidade calorosa



Notas do Autor


Capitulo um pouco extenso, mas foi necessário, finalmente as três linhas do destino se conectam.
Espero que goste.

Capítulo 4 - Uma cidade calorosa


Fanfic / Fanfiction The Last Voyage - Uma cidade calorosa

Aiden 

Espreguicei meus braços jogando-os ao ar e por fim me levantei. Estava cansado. Tinha sido dureza aguentar onze horas de viagem e de puro tédio em um avião, tentei flertar com a aeromoça por diversão, e ela gentilmente mostrou o dedo do meio fingindo ajeitar sua aliança. Não tinha sido daquela vez, mas ficar vendo seu rosto de raiva todas as vezes que ela passava ao lado de minha poltrona, de fato tinha sido um bom entretenimento.

Bogotá... Era minha primeira vez na América do sul. Olhei distraidamente em volta assim que eu cheguei ao aeroporto. O dia estava agradável, mas eu sentia falta do calor da Califórnia e principalmente das praias, sabia que havia algumas por aqui, mas uma pequena parte de minha mente dizia com orgulho que não havia praias como as de lá.

A primeira coisa que decidi fazer foi ir direto a um banco, sabia que alguns lugares fariam a troca assim que eu fizesse a compra, mas seria mais pratico se eu trocasse dólar por pesos. Estava valendo bem e me senti um milionário assim que o dinheiro veio a minha mão.

A Colômbia era um bom lugar, diferente dos USA, mas eu gostei, as pessoas pareciam mais calorosas e estavam sorrindo enquanto caminhavam nas ruas. Parei depois de andar algumas quadras, um cheiro delicioso se espalhava pelo ar e eu avistei uma pequena barraquinha.

Uma senhora que deveria ter seus 50 anos estava ali debruçada sobre seus ombros vendo as pessoas passaram. Eu parei em sua frente e ela pareceu nem me notar distraída como estava. Me agachei deixando meu rosto na altura do dela e dei um sorriso. Espero que meu espanhol funcione...

Oi? – ela deu um pulo para trás assustada, me fazendo rir – desculpe, não quis espanta-la.
Tudo bem, eu quem estava sonhando acordada. Deseja algo? – eu olhei com interesse para algo que se parecia com uma panqueca.
O que seria isso? – apontei com certa duvida na voz – cheira tão bem.
Não é daqui? – neguei – entendo, então tem que experimentar ele – ela pegou um papel e o enrolou estendendo-o para mim – é um Tamale, um prato típico daqui, esse é recheado com frango – peguei ele em mãos logo dando uma mordida. Não pude esconder meu contentamento com ele, estava ótimo.
Isso é muito bom! – disse sorrindo e ela correspondeu.
Que bom que gostou – pude ver as pequenas rugas de seu rosto que marcavam a idade – pretende ficar por aqui?
Por algum tempo... – dei mais uma mordida – vim procurar um amigo, ele me mandou uma carta dizendo somente que eu deveria vir para cá – suas sobrancelhas se ergueram – eu confio nele, se estivesse escrito somente “Bogotá” na carta, eu viria de qualquer jeito somente para saber o que ele quer.
Alguém muito querido, eu vejo – assenti.
Ele me ajudou em vários momentos de minha vida, devo tudo a ele – sorri com as lembranças que me invadiam – e farei questão de quando encontra-lo fazê-lo provar disso – ela riu – aliás, pode me ver dois desses para a viagem?
Claro, é pra já – peguei o dinheiro em minha carteira, tomando cuidado para não derrubar meu delicioso lanche e depositei uma quantidade aleatória de pesos ali.
Isso serve? – ela assentiu e pegou somente um pouco me devolvendo o resto.
Muito obrigado – eu sorri e sai andando com uma pequena sacola presa em meu pulso.

Estava gostando daqui – principalmente da comida – mas ainda tinha que encontrar Andrew... Aquela carta misteriosa que ele tinha me enviado. Somente uma frase como eu havia dito “venha para Bogotá”, e um pedaço de um mapa que mostrava a ... Não entendi a principio, entretanto não me importava muito. Estava cansado de trabalhar todas as noites e viajar era uma boa ideia de aliviar o stress.

Decidi parar em um pequeno Club que havia ali. Não era bem como eu esperava quando entrei, comparado aos que eu costumava trabalhar, não era lá essas coisas. Como todos, estava pouco movimentado durante o dia e você via algumas das garotas que costumavam dançar sentadas em uma mesa conversando. Sentei-me no balcão e decidi pedir uma bebida. Não conhecia bem as bebidas que ele tinha uma e pedi a melhor que eles tivessem ao dono.

Ainda não é nem meio dia, cuidado para não ficar caindo por ai – sorri convencido para ele.
Não se preocupe, não sou fraco pra bebida – tomei em um gole só e estendi o copo para ele – viu só? – dei uma piscadela e ele riu.
E então? O que faz por aqui essas horas?
Estou conhecendo a cidade, vendo se gosto ou não.
Seu espanhol é... – ele segurou a risada e eu ri.
Uma das pioras coisas que já ouviu?
Não é pra tanto, já ouvi piores – olhei distante para as garotas que estava rindo, uma delas me olhava e eu sorri – vem da onde?
Califórnia, vim para cá a pedido de alguém.
Ele deve ser importante, porque para sair da Califórnia e vir para cá.
Não é tão ruim, gostei daqui, as pessoas são calorosas como as de lá.
Olha só – ele riu guturalmente – essa vi por conta da casa, gostei de você garoto – ele pegou uma garrafa de whisky no fundo do balcão.
Logo cedo? – perguntei meio inseguro e ele me encarou provocativo.
Vai desistir? – suspirei longamente e o encarei de volta.
Ta valendo colombiano – estendi o copo e ele logo encheu. Bebi em um gole só e senti meu estomago reclamar logo em seguida. Ainda bem que comi alguma coisa antes...
Olha só, parece que os californianos não arregam fácil – eu não entendi bem o que “arregam” significa, mas fui no embalo.
Claro que não, aqui é... Como se diz por aqui? “Cabra macho”? – ele riu alto mais uma vez se divertindo.
Quando me aposentar daqui farei questão de ir para lá, se as pessoas forem como você vou me divertir muito.

Fiquei mais ou menos uma hora ali jogando conversa fora com meu recém conhecido e por sorte consegui algumas informações. Atrás do mapa tinha vindo uma pequena inscrição a lápis, “Swiss Hostel Matnik”, falando com o dono do clube eu descobri onde ficava isso e agora podia ir para lá, mas eu tinha que admitir, estava com preguiça e queria me exercitar, tinha ficado muito tempo parado em um avião.

Tinha decidido que iria de Taxi, mas não sabia bem onde tinha um ponto e meu amigo tinha me alertado que iria ser bem caro andar de Taxi por aqui.

[Museu Botero] Enquanto andava em busca de um, eu acabei cruzando o museu Botero e decidi entrar para dar uma olhada. Era bem interessante, o museu trabalhava com o conceito de releituras e pude me divertir vendo alguns quadros que mostravam novas formas de obras conhecidas. Uma que me divertiu muito foi a Monalisa que se parecia com uma boneca Russa.

Enquanto caminhava pelo museu, avistei alguém que me parecia conhecido. Tinha cabelos loiros e de costas parecia ser Andrew. Corri até ele e toquei seu ombro o chamando:

Andrew? – A pessoa se virou e eu percebi que não tinha absolutamente nada com ele – desculpe, pensei que era uma amigo meu.
Esse sotaque... Não é daqui? – o rapaz que deveria ter seus 16 anos perguntou.
Califórnia, terra do sol e das praias.
Que incrível, as garotas de lá são muito lindas – eu sorri.
Pode apostar – aproveitei a oportunidade e disse – ei, poderia me dizer onde tem um ponto de Taxi? – ele coçou o cabelo pensativo.
Não tem nenhum por aqui – ele respondeu com segurança – o único que vai encontrar vai ser no aeroporto.
Tem certeza? – ele assentiu e eu suspirei – fala sério, acabei de vir de lá.
Parece que estão azarado hoje – ele riu.
Ei! – uma garota loira tocou o ombro dele – quem é esse? – ela me olhou de cima a baixo com um sorrisinho.
Aiden, e você é? – sorri de volta.
Irmã desse tonto – ela deu um tapa na cabeça do irmão – e então? O que faz por aqui? – ela estava claramente interessada em mim e eu olhei para o garoto.
Estou é? – sorri convencido – estou procurando alguém – aproximei-me dela e dei um curto beijo em sua bochecha – foi um prazer conhece-la e espero te ver de novo, mas agora tenho que ir – dei uma piscadela.
Só pra ter certeza que iremos nos encontrar – ela pegou um papel em sua bolsa e escreveu algo – Me liga ok? – eu somente sorri e sai andando com o papel em mãos.

Quando estava na frente do museu olhei durante alguns segundos para a direção que eu tinha acabado de vir.  Respirei fundo tomando folego, e sai correndo para chegar ao aeroporto o mais rápido que pudesse.

Demorei cerca de 15 minutos para chegar lá. Mas tinha valido a pena, estava bem mais animado e me sentindo revigorado – cansando, mas revigorado -, ficar horas dentro de um avião não era para mim. Avistei o ponto de Taxi bem do lado de fora do aeroporto e fui para lá. Havia três pessoas lá e por sorte um banco estava livre. Sentei-me lá e fiquei esperando.

Olhei de canto, uma garota linda estava ao meu lado. Ela tinha longos cabelos castanhos e sentava-se timidamente com um olhar de confusão em seu rosto. Reconheceria aquilo em qualquer lugar, era o olhar de quem estava perdido. Mesmo assim, era o olhar de perdido mais lindo que eu já tinha visto, principalmente por estar escondido por duas perolas azuis.

Depois de alguns minutos e de dois passageiros irem, mais um taxi chegou, mas ela pareceu não ter percebido. Cutuquei seu braço e ela me olhou sem entender.

Você é a próxima – pude ver ela me olhando rapidamente, mas ela logo piscou algumas vezes.
O que?
O Taxi chegou – apontei e ela seguiu minha indicação.
Ah... – ela voltou a me encarar – se quiser pegar ele, tudo bem, eu estou esperando alguém. Sorri o mais galanteador que pude e caminhei em direção ao Taxi.

Foi terrível, não esperava ter que ficar tento tempo sentado de novo, mesmo que se comparasse ao meu voo, 23 minutos não eram nada. Tive certo receio quando o carro parou, a rua era deserta, e eu não achava que encontraria alguma alma viva ali. Paguei o motorista e pedi uma rápida indicação sobre o hostel que eu estava procurando, ele rapidamente me disse o que eu queria saber e graças a isso ganhou uma generosa gorjeta.

Achei facilmente o hotel. Era velho, antigo e cheirava a mofo, não senti vontade nenhuma de entrar ali, mas infelizmente era o que eu precisava fazer.

Fui direto a recepção e encontrei uma senhora de óculos. Sorri para ela tentando ser carismático, mas não recebi retorno. Pigarreei sem graça e disse:

Com licença, estou procurando alguém – esperei um pouco para ver se ela diria algo, mas não disse – Andrew é quem eu procuro.
Não há ninguém com esse nome aqui.
Como não? Ele me enviou uma carta dizendo para que eu viesse aqui – disse sem entender o que se passava.
Não há, não posso fazer nada. Talvez devesse falar com aquele garoto – ela apontou alguém sentado. Deveria ter seus 20 anos como eu, tinha cabelos pretos que chegavam em seus ombros e um olhar sério e de poucos amigos.
Fazer o que – dei ombros e comecei a caminhar em sua direção - Ei! – cumprimentei ficando de pé a sua frente e olhando para o sujeito ali – A senhora da recepção, me disse que eu deveria falar com você. Alguma ideia do porquê disso?
Não faço a menor ideia e não dou a mínima, já estou de saída, desculpe – ele tinha me deixado ali falando sozinho – Sabe onde fica o ponto de táxi mais próximo?- ele se referiu a senhora da recepção.
Espere – toquei seu ombro fazendo-o se virar, sorri divertido com sua expressão de raiva – vai com calma ai amigo, estou tão perdido quanto você.
Não gosto que encostem em mim,  e muito menos sou seu amigo! – ele disse elevando sua voz e eu o vi me olhando com desdém, não sabia ao certo o que tinha feito, mas ele realmente não gostava de mim.
Olha só, parece que alguém aqui é uma pilha de nervos ambulante –  eu ri provocativo – com esse seu jeito as garotas vão te odiar – dei dois tapinhas em suas costas fazendo exatamente o oposto do que ele tinha dito e me afastei indo me sentar mais uma vez. Estiquei minhas pernas e Cruzei meus tornozelos suspirando de desanimo e mantive meu olhar fixado no sujeito ali de pé.
Troy, Troy Collins, desculpe pelo estresse – ele de repente se sentou ao meu lado sem estar mais estressado. Qual o problema desse cara?  Revirei os olhos estranhando sua atitude – O que queria mesmo? – ele me olhou sem a raiva de antes.
Eu... Só... – o olhei procurando qualquer sinal de que ele era a mesma pessoa de dois minutos atrás – só queria saber o que está fazendo aqui... – o olhei desconfiado – a senhora da recepção me disse para falar com você.
Vim procurar por um amigo, mas... – ele pareceu receoso em continuar – Mas parece que eu acabei vindo ao lugar errado… O que procura?
Estou procurando um também – sorri tentando fazer amizade – Ele só me disse para vir aqui, não sei bem o que ele planeja com isso, mas vou esperar e ver se ele aparece – dei ombros – e se não vier, Bogotá é um lugar agradável então não me importo de passar um tempo por aqui.
Ah é? – ele perguntou com certo interesse mascarado em sua voz – e esse seu amigo... Ele por acaso mora aqui? – ele parecia estar tentando saber algo, bem, eu não me importava em dizer.
Não, ele não tem um lugar fixo na verdade – disse pensativo – ele sempre viaja e se muda, então não sei bem onde ele mora – seus olhos pareceram tremeluzir com minha resposta.
Você... – ele disse somente, podia perceber que ele era cauteloso, provavelmente não confiava em mim – quem é esse amigo?
Andrew, o conheci quando era pequeno – sorri com a lembrança e ele somente abriu sua boca em surpresa, mas logo se recompôs.
Algo não está certo – sua voz soou baixa e ele juntou suas mãos pensativo – Andrew me chamou aqui também – ele disse sem me olhar, focando somente em algo invisível a sua frente. Eu estava surpreso com aquilo, não sabia que Andrew o conhecia e muito menos que havia chamado mais alguém aqui.
Isso é estranho, bem estranho – suspirei pensativo – De qualquer forma – ele me olhou – meu nome é Aiden, é um prazer conhece-lo – estendi a mão e ele somente a fitou por alguns segundos, mas não apertou.
Troy – ele somente disse ignorando meu gesto.
Parece que você não fala muito – ele não respondeu e eu fiquei quieto me deitando na cadeira de forma confortável. 

Fiquei ali em silencio esperando por meu amigo para ver se ele chegaria, sei que Troy parecia estar indo embora aquela hora, mas em algum momento decidiu ficar e esperar como eu. Fiquei sonhando acordado olhando para o nada e hora ou outra mexia no meu celular, me lembrei de adicionar o numero da garota que tinha pego no museu e me senti tentado a ligar para ela somente para matar o tempo.

Cerca de quinze minutos depois eu me surpreendi, alguém tinha entrado nesse hostel também. Ela falou rapidamente com a senhora que estava ali e eu me levantei, Troy pareceu entender e me seguiu.

Com licença – ela me olhou surpresa ao me rever – está procurando Andrew? – ela franziu as sobrancelhas e assentiu – nós também estamos – disse surpreso e nós três nos entreolhamos por alguns longos segundos. 



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