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História The Legendary Dragons. - Primeiro dia de treinamento e imprevistos - Parte 1.


Escrita por: Jessie_Sunshine

Notas do Autor


Oii! Tudo bem? Pois é, sei que estou atrasada, acontece que tive alguns problemas pessoais, acabei adoecendo e por aí vai, mas, como prometido, aqui está o capitulo. Sinto muito por todo esse atraso. Fiz meu melhor, escrevi e reescrevi muitas e muitas vezes para conseguir chegar a este resultado, espero que gostem. Pelo menos, agora estou de volta e vocês vão ter que me aguentar! (Boa sorte kkkkkk) Bjss de mu-mu! E BOA LEITURA!

Capítulo 19 - Primeiro dia de treinamento e imprevistos - Parte 1.


Fic cap. 20

19. Primeiro dia de treinamento e imprevistos.

  Talvez, se eu não fosse tão orgulhoso, poderia até concordar com a Lennox. No entanto, não daria esse gostinho a ela. Preferia morrer que admitir que eu não me daria nem um pouco bem naquele lugar infernal.

  Mas, admito que, se as coisas continuassem do jeito que estavam indo, em pouco menos de uma hora, não aguentaria mais, provavelmente, morreria.

  Desde sempre, treinei muito duro, dando meu melhor em cada gota de suor, atingindo meu limite, chegando até mesmo a desmaiar de cansaço. Mesmo dando o meu máximo, treinando dia e noite, nunca havia conseguido vencer Gingka e, aquilo, me deixava incrivelmente frustrado, do mesmo jeito que estava naquele momento. As risadas disfarçadas de Lennox e de alguns veteranos, faziam minhas veias saltarem e meus dentes cerrarem automaticamente, como se aquele corpo não fosse meu. E, claro, os vários sermões que recebi da professora em menos de uma hora, acabavam piorando a situação ainda mais. Estava claro que não estava indo nada bem e que não havia nascido para aquilo.

  Além disso, já estava mais ofegante do que jamais estive. Era uma sensação horrível como se, ao invés de um humano, eu estivesse sendo transformado em um chafariz ambulante. Aquilo era bem pior do que quando Doji me levara para treinar com ele após ter me derrotado. Os lobos não eram mais aqueles animais, na verdade, eram os alunos que debochavam de cada pequeno detalhe que fazíamos errado e zombavam sem dó. Depois daquilo, estava com saudade de ter sido abandonado naquele lugar cheio de lobos famintos e ter sido obrigado a subir tudo apenas com minhas habilidades, sem nenhuma segurança.

  Em uma hora, eu já estava acabado, então, me recusava a imaginar depois de mais 8 aulas o jeito em que estaria.

  Pelo menos, pelo que eu havia percebido, estava, finalmente, ganhando do Gingka, já que ele não estava indo nada bem nos treinos, inclusive, estava pior do que eu, ou seja, pelo menos nisso, eu era melhor do que ele. No entanto, não fiquei em primeiro, nem em segundo lugar, quando se tratava de quem era melhor dos “novatos”. Como imaginado, fiquei atrás de Lennox (se bem que ela não é novata, então não conta), do Ryuga, infelizmente, e de um garoto que eu não conhecia. Quanto aos outros, devo admitir que me surpreendi com Sam, ela havia mais força do que eu pensava e era muito persistente, chegando a ser cabeça dura de tão exagerada. Já Madoka... Não era novidade que não se daria nada bem naquele mundo.

  No meio da aula, a professora nos deu uma pausa para podermos descansar e beber um pouco de água. Nisso, Lennox se aproximou com uma garrafa na mão, andava tranquilamente enquanto ria.

  - Eu disse que você iria sofrer, não disse? – Ela parecia ter esquecido que estava irritada comigo.

  - Não fique se achando, é apenas meu primeiro dia. Quando me acostumar, isso aqui será mamão com açúcar. – Menti.

  - Olha, quem sabe se você não tivesse dado uma de garotinho mimado, poderia se preparar um pouco, conhecer um pouco sobre cada matéria, entender o modo de ensino de cada professor... Mas não! Preferiu se trancar no quarto. – Com certeza não havia esquecido. – Enfim, acho melhor dar duro, porque, caso repita, duvido que possa sair daqui tão cedo.

  - Por que eu fui aceitar isso? – Pensei alto demais.

  - Para se tornar pelo menos um pouco mais forte. Além disso, você não tem direito de reclamar, já que eles estão pegando leve, principalmente com vocês, já que são as férias.

  - Lennox, você chama isso de leve? Nos primeiros trinta minutos, conheci mais músculos do que imaginava ser possível existir. Se esse for mesmo o leve, o pesado deve ser a passagem para a morte.

  - É mais ou menos isso. Você, com certeza, não aguentaria as dez aulas diárias. Caso suportasse, ficaria com dores pelo corpo inteiro e, provavelmente, ficaria sem fazer nada por dias. Sabe, isso seria interessante... Consigo até imaginar sua cara mais vermelha do que um pimentão, mais vermelha que a Sam! Eu riria muito...

  - Haha, muito engraçado, Blaze.

  - Enfim, alguma coisa me diz que você não se daria bem nas aulas normais.

  - Não começa com isso que, aposto que você também teve problemas no começo, quando entrou aqui. Não teve? – Perguntei, um tanto quanto curioso.

  - Admito que tive alguns problemas sim, mas, não foram muitos. Me adaptei a este lugar rapidamente, mas, como todos os alunos, tive alguns problemas em algumas matérias especificas, só que não é nada que tenha me prejudicado, entende? Ninguém pode ser bom em tudo.

  - Mas existem pessoas que não são boas em nada, que não possuem o que é necessário para continuar aqui. Seria como a cadeia alimentar, onde apenas os mais fortes sobrevivem. Ou seja, Madoka não irá suportar por muito tempo. – Segui sua linha de raciocínio.

  - Odeio ser pessimista, mas, talvez não seja apenas ela, muitos de vocês podem não se dar bem... Mesmo assim, esse lugar continuará acolhendo todos vocês, só que as coisas podem ficar ruim para o lado de vocês, entende?

  - Acho que sim. Mas, isso é problema de cada um. Se eles derem o seu melhor, sem ficar brincando e realmente levar isso a sério, duvido que tenham tanto problema.

  - Você realmente está focado nisso... Estou impressionada. Talvez você não se dê tão mal quanto pensei. Seja persistente, Kyoya. Estarei de olho, hein? Agora, acho melhor voltarmos.

  Fomos ao centro da sala, onde quase todos já estavam posicionados, ao todo, éramos em 20. A maioria tinha entre 14 e 17 anos e pareciam bem dispostos, um pouco animados para quem teve de acordar tão cedo e tranquilos, como se aquilo não fosse nada. Realmente, talvez não estivessem, já que deviam fazer aquilo diariamente e, provavelmente, em um modo ainda mais intensivo. Estava bem diferente de mais cedo. Olhei, disfarçadamente, para cada um, procurando um rosto tão conhecido por mim e, quando não encontrei-o, suspirei aliviado. Kiyomi não estava lá.

  Durante os dias em que havia ficado em meu quarto, alguém havia colocado um pedaço de papel, em forma de carta, em baixo de minha porta. A caligrafia era impecável e bem mais caprichada do que eu pensava ser possível. Por alguma razão, era escrito em letras cursivas e não parecia ter sido impresso, parecia ter sido feito à mão. Do jeito que havia sido feito, poderia muito bem ser um convite de casamento, mas, para minha surpresa, era apenas meu horário de aulas.

  - Ótimo, todos voltaram. – A professora checou seu relógio. – A aula acabará em 20 minutos, então, vamos nos separar. Os alunos que já estão aqui a bastante tempo, treinem seus golpes e façam duplas. Enquanto isso, ficarei com os novatos. Tentem não se matar nesse meio tempo.

  Lennox foi com eles, ficando na outra metade da sala. Antes de sair, pude ouvi-la sussurrar um “Boa sorte.” Acho que ela estava me subestimando ou, talvez, fosse coisa de minha cabeça.

  Além de nós, havia mais dois alunos novatos. Uma garota de, aproximadamente, 14 anos, com um cabelo castanho e liso, preso em duas Maria Chiquinha e olhos cinzas tempestuosos, também havia um garoto, com um cabelo tingido de vermelho com os mesmos olhos que a garota. Provavelmente, eram irmãos, não tenho certeza se eram gêmeos, mas que eram bem parecidos era verdade, a diferença era mínima.

  - Irei ver o condicionamento físico de cada um, para ver o que precisa ser melhorado e o que está bom. Repitam cada movimento que eu fizer, quero que façam um de cada vez, começando com o... Ryuga. Enquanto isso, vocês podem treinar os movimentos no ar ou socando o saco de pancadas.

  Em um canto da sala, haviam 10 sacos de pancada pendurados, separados milimetricamente um do outro. 5 eram da cor preta e os outros 5, na cor vermelha, todos misturados. Eu estava com um na cor preta. Como estávamos em 8, dois estavam vagos para qualquer um que chegasse.

  A professora tinha cabelo curto, indo até um pouco abaixo do queixo, na cor preta, olhos tão escuros quanto os cabelos, quase em um tom de roxo bem escuro e uma pele branca como a de um fantasma, cheia de cicatrizes de diferentes tamanhos e lugares, principalmente nos braços e no queixo. Usava uma regata em um azul tempestuoso e uma calça jeans desbotada cheia de cortes. Não devia ter mais de 28 anos.

  Ela demonstrava cada soco, mostrando cada movimento em câmera lenta, tanto no ar quanto no saco de pancadas. Pareciam movimentos naturais, como se fizesse aquilo todo dia, a todo momento, o que deveria ser verdade. Percebi que Ryuga observava atentamente, não perdendo um único detalhe. Quando chegou sua vez, fez cada movimento perfeitamente, como se fizesse aquilo desde o dia em que nasceu. Até mesmo a professora ficou impressionada com seus golpes.

  - Muito bem. – A professora parabenizou-o. – Só precisa ser um pouco mais preciso em seu alvo, saber onde socar. Com a prática, isso se acerta. Agora, continue treinando enquanto testo os outros que, assim que acabar, ensinarei mais algumas coisas... Continue assim e logo passará para a turma dos veteranos.

  Infelizmente, o próximo a ser testado, fui eu. Tentei distinguir qual era o certo e qual era o errado, enquanto ela demonstrava o mesmo movimento que havia usado de exemplo com Ryuga, no saco de pancadas. No entanto, para mim, ambos eram iguais, não haviam diferenças.

  - Não, Kyoya, está torto o seu punho, tente movê-lo um pouco mais e mantenha-o um pouco mais fechado. Além disso, mantenha a base sempre firme ou pode ser pego desprevenido.

  Após algumas tentativas, finalmente consegui fazer os movimentos corretamente. Infelizmente, não foi de primeira, assim como Ryuga, mesmo assim, estava “feliz” por ter conseguido. De qualquer forma, iria persistir até chegar a perfeição.

  - Ótimo, tem um pouco de dificuldade, mas conseguirá acompanhar. Continue treinando que se sairá bem. Qualquer coisa, não excite em vir falar comigo ou pedir ajuda para alguns veteranos, como você conhece a Lennox, indico ela, mas, outra pessoa que seria excelente, seria a Kiyomi.

  Acho que minha cara não foi das melhores naquela hora, já que senti todos os ossos do meu rosto se revirarem. A culpa não era da professora, na verdade, além de mim, da Kiyomi e a diretora, ninguém sabia que éramos irmãos. Só que, enquanto continuássemos brigados, eu não pediria ajuda dela de jeito nenhum. Não me importava se parecia uma criança, existiam coisas que eu simplesmente não podia ignorar.

  - Pode deixar que eu me viro sozinho. – Respondi por fim, sendo um pouco grosso.

  - Sabe, as coisas ficam mais fáceis quando temos ajuda de outras pessoas...

  - Prefiro trabalhar sozinho. – Interrompi-a.

  Era só o que me faltava. Havia conhecido ela a pouco tempo, não sabia nem seu nome ainda, e já agia como se soubesse o que era melhor para mim.

  - Se continuar com esses pensamentos, não se sairá bem aqui. Trabalho em equipe é uma de nossas políticas mais importantes e conservadoras. – Avisou.

  - Não precisa se preocupar com isso, quando for necessário, darei meu jeito.

  Ela não parecia estar muito satisfeita com a minha resposta, sua cara havia se fechado em uma carranca e me olhava de cima a baixo. Algo me dizia que a professora não gostava mais tanto de mim como antes. Se é que antes ela gostava. Por fim, recolheu seu olhar medonho e seguiu seu caminho, ensinando a Sam os movimentos.

  Enquanto ensinava os outros, treinei um pouco mais os golpes para que não ficasse para trás. De vez em quando, pude ouvi-la dando alguns sermões nos outros. E, claro, quando chegou a vez de Madoka, pude ouvi-la choramingar e dizer que queria voltar para casa, que não aguentava mais aquilo, que nunca devia ter ido.

  Aos poucos, me permiti ficar em silêncio, sem ouvir o que acontecia no mundo a minha volta, ouvindo apenas meus pensamentos. Foi ai que percebi: havia um saco de pancadas bem na minha frente. Eu finalmente poderia me libertar, tirar toda aquela raiva que estava acumulada dentro de mim desde meus 11 anos, deixar que cada gota de meu sofrimento se transformasse em força passando para um tecido, como uma descarga elétrica. Canalizei tudo o que havia guardado, desde o dia em que Sam se foi até o dia em que descobri que Kiyomi estava viva e que havia me enganado durante anos, em cada movimento que fazia. Senti a adrenalina passar por cada veia de meu corpo, até o choque da pele com o tecido duro. Minha respiração estava rápida e meus socos pareciam fazer bem mais efeito do que antes, balançando um pouco mais o objeto. A professora não parecia ligar. Logo a raiva me consumiu, deixando minha visão mais escura e minha audição ainda mais distante, meus pensamentos entraram em conflito, lutando entre si e me deixando ainda mais confuso, até que o mundo pareceu parar.

  Lá estava eu, como se estivesse em baixo do mar, sozinho. Ou eu achava que estava. Logo, meus velhos inimigos apareceram: os fantasmas do passado. Eles me rondavam, fazendo com que um furacão se formasse a minha volta. Aos poucos, comecei a sufocar e entrar em desespero, afundando cada vez mais naquele mar imenso. As luzes começaram a desaparecer e o escuro me abraçava, fazendo as figuras fantasmagóricas ficarem ainda piores.

  Eles começaram a me refletir, como um espelho e, lá estava eu, havia voltado a meus tempos de criança, encolhido, no fundo do mar, tentando, inutilmente, respirar. Para piorar ainda mais, os fantasmas entraram em minha cabeça, me deixando maluco.

  - Quantas coisas você já deixou de fazer por ser fraco? – Um deles sussurrou.

  - Quantas lutas já não perdeu? – Outro zombou.

  - Acha mesmo que, algum dia, conseguirá vencer de Gingka ou de qualquer outra pessoa? Você não é capaz de ganhar nem de uma mosca.

  - Sam e muitas outras pessoas morreram por sua culpa. Por que continuar com isso? Morra e acabe logo com isso, pelo menos não será um covarde no fim de sua vida. – Continuavam.

  Inutilmente, eu tentava soca-los, mas, o ar já havia saído de meus pulmões e meus olhos começaram a pesar. Cada vez mais, meu corpo afundava, meus olhos ardiam, meu peito queimava como fogo e minha consciência, aos poucos, ia embora. Ergui minha mão, com o intuito de meu último pedido de ajuda.

  Meus olhos já estavam fechados, já havia desistido de lutar, quando senti uma mão em meu ombro e a luz voltou a iluminar o mar, eu não estava mais caindo, ao invés disso, estava subindo para a superfície. Estava finalmente respirando.

  - Terra para Kyoya. Você está bem? – Era a voz de Lennox.

  - O que você quer? – Perguntei parecendo mal-humorado, quando, na verdade, estava agradecido por ter me salvado de meu pesadelo.

  - Você está muito desligado do mundo, como se não estivesse aqui. Qual o problema?

  - Não estou com problemas. Eu só estava perdido em pensamentos... – Disfarçadamente, engoli em seco.

  - Sei... Esses seus pensamentos devem ser bem profundos para não ter percebido que a aula já acabou. Mesmo assim, você continua socando, sem perceber que sua mão está incrivelmente vermelha. E, para ajudar, não escuta ninguém. Me diga, está com raiva de algo? – Seus olhos mostravam preocupação e uma pitada de curiosidade. Seu olho azul me lembrava o mar em que estava no meu pesadelo e, aquilo, me deu arrepios, no entanto, o olho dourado, me lembrava o Sol e a luz que me salvaram.

  - Não estou com raiva, Lennox. Quem te disse isso? – Perguntei.

  - Seu corpo, sua expressão e seu comportamento. Sabe, raiva nunca é bom quando se está lutando, ela pode escurecer suas ideias e te deixar confuso, te levando a cometer erros. Me fale, - Ela se pôs na minha frente, segurando meus punhos, impedindo assim, a trajetória que meu braço fazia, em busca do saco de pancadas. Havia sido automático, nem percebi que ainda continuava com o exercício. – o que está acontecendo? Esses dias você anda muito estranho e mais estressado que o normal e olha que eu nem ando te irritando, hein? Entendo que seja estressante mudar sua vida completamente e que está tendo alguns problemas pessoais, mas, entenda, é apenas uma fase e, seus amigos estão aqui para te ajudar.

  - Acredite, Lennox, nada e nem ninguém pode me ajudar.

  - Como pode ter tanta certeza se não confia nas pessoas? Se não pede ajuda, não se abre para ninguém? – Ela continuava segurando minhas mãos e, estava bem perto, ao ponto de eu conseguir sentir sua respiração, sua cabeça estava erguida, já que era alguns poucos centímetros mais baixa do que eu e, me encarava, olho no olho, me desafiando.

  Desviei o olhar e observei a sala. Não havia mais quase ninguém, apenas um ou outro veterano pegava uma toalha e já saia, nos deixando sozinhos. Não havia mais sinal dos bladers. Até mesmo a professora havia sumido.

  - Eu estou bem, Lennox. Quer dizer, pelo menos agora estou... – Sussurrei a última parte. – Enfim, acho melhor irmos logo para a próxima aula.

  - Está bem. – Ela suspirou. – Uma última coisa, acho que você não percebeu, mas, por sorte, a professora não passou mais nada pois teve um pequeno problema em ensinar a Madoka como socar. Então, da próxima, fique esperto, se ela tivesse passado alguma coisa e você ignorasse-a, poderia ser muito bem expulso de sua aula, então, cuidado. Se continuar vagando para outros mundos, não se dará bem. E, só lembrando, não irrite e nem seja grosso com os nossos professores, eles não são bons de se ter como inimigos.

  - Bom saber. – “Como se eu já não soubesse disso.”

  - Não me venha com essa cara. Tenho quase certeza que não, você não sabia, senão, não teria respondido daquele jeito para a Nyssah.

  - Quem é Nyssah? – Perguntei.

  - A professora que te ensinou aqueles golpes. – Ela revirou os olhos. – Não prestou atenção nem mesmo em seu nome... Que seja. Tome cuidado, não estarei com você nessa próxima de aula, então, não deixe a raiva te controlar e nem vá para outro mundo.

  “- Fácil falar, difícil fazer. Ou você acha que, por mim, eu não estaria firme e seguro aqui na Terra, sem esses fantasmas que tanto me atormentam?” – Pensei.

  Ela me soltou e me deixou ir. Andei pelos corredores pintados de azul até chegar a 4° sala a direita.

  Dessa vez, apenas Fernanda e Tsubasa estavam na mesma sala que eu. Havia mais ou menos o mesmo tanto de alunos e alguns me pareciam um pouco familiares. Por mais que tivéssemos em uma sala de aula, aparentemente normal, com carteiras, lousas e tudo o mais, continua parecendo diferente das que eu frequentava quando era menor, porém, ficamos lá por pouco tempo, já que a aula era chamada de “camuflagem” e faríamos na parte de fora da escola, onde ficava o jardim, as quadras, imensas árvores e algumas construções antigas. Cada um recebeu uma muda de roupa um tanto quente, mas que dava para suportar devido as condições climáticas. Um sorriso se formou em minha face. Era uma das coisas que eu fazia desde pequeno, mesmo sem aquela roupa de profissionais e, para ajudar, o local ainda me era favorável.

  O grupo seria dividido em duas partes, formando assim, duas equipes, uma iria se esconder e a outra iria procurar, como um jogo de pique-esconde. O professor daria um certo tempo para achar a outra equipe, acho que era mais ou menos 20 minutos para cada grupo, já que teríamos um tempo para nos escondermos. Todos que fossem achados ganhariam uma marca vermelha no braço e, o objetivo, era não ter essa marca para, então, “ganhar” aquele jogo, ou, no caso dos pegadores, achar o maior número de pessoas possível.

  No primeiro “jogo”, fiquei no time em que iria se esconder, junto com Fernanda e mais alguns outros alunos que eu não conhecia e que não eram importantes. Enquanto corríamos pela escola, o outro grupo ficava na sala, esperando dar o tempo para poderem nos caçar.

  - O que está achando daqui? – Fernanda, que estava correndo ao meu lado, perguntou.

  Se ela tivesse perguntado a mesma coisa na primeira aula, com toda certeza, eu teria falado não com todas as letras, na verdade, diria que estava odiando aquele lugar com todas as forças, no entanto, a sensação de ser livre novamente, de ter o vento frio batendo no meu rosto, chegando a queimar e de sentir a adrenalina pulsar, influenciavam muito em minha resposta e faziam eu me esquecer de meus problemas e aproveitar um pouco minha estadia naquele lugar misterioso.

  - Ainda não posso ter certeza. – Disse por fim.

  Continuamos correndo contra o tempo, precisávamos pensar rápido onde nos esconderíamos e não poderíamos deixar pistas, nem pegadas, nem gravetos ou folhas quebradas, nada. Precisávamos encobrir tudo ou, deixar pistas falsas. Estava tão concentrado na minha missão que, quase tropecei e cai de cara no chão ao diminuir minha velocidade após levar um susto, havia sentido algo quente e macio em minha mão esquerda, demorei alguns segundos para perceber que não era nada mais, nada menos que a mão de Fernanda.

  No entanto, logo seguimos caminhos diferentes, ela foi para perto de uma construção alta pintada de branca. O que era? Eu não fazia ideia. Enquanto isso, fui para minha área, que seria a floresta, um dos lugares em que mais conseguia me esconder.

  Logo, pude ouvir passos. A minha situação não estava tão boa. Havia esquecido que era inverno e que, as folhas das árvores estavam caídas, misturadas a neve. A respiração também não ajudava, já que, como a temperatura era baixa, saia “fumaça” de minha boca. Para não perder o “jogo” rapidamente, me cobri de neve, deixando apenas um pequeno buraco para o meu nariz, mesmo assim, segurando a respiração ao máximo que conseguia até que a pessoa passou reto, felizmente, não desconfiou de que havia outro ser humano de baixo de um monte de neve, sem respirar. Lógico, quem seria louco de fazer aquilo? Mesmo pessoas que conviviam com o frio, não teriam tanta “coragem”, mas, frio nunca havia me detido e nunca me deteria. Infelizmente, enquanto esse ser passava, acabou pisando em minha mão e tive que reprimir os milhões de xingamentos que iria gritar.

  Esperei alguns segundos, me assegurando de que a pessoa havia mesmo ido embora, mas, quando meus pulmões gritavam por ar, não aguentei mais segurar e sai de meu esconderijo. Para minha sorte, não havia mais ninguém ali.

  - Gostei de ver, novato. – Gelei com a voz. Eu não podia ter feito tudo aquilo à toa.

  Me virei devagar, torcendo para que eu estivesse ficando louco, que fosse apenas uma paranoia e que eu estivesse apenas ouvindo vozes da minha cabeça. Infelizmente, não era. No entanto, minha falta de sorte não me pegou desprevenido. Acho que o mundo estava conspirando a meu favor naquele momento. Pelo jeito, o garoto que me encarava, de cima da árvore, era de meu time.

  Ele tinha cabelos brancos que estavam bagunçados e olhos esmeraldas, além de um sorriso travesso no resto e uma cicatriz torta entre o queixo e a boca. Ele era estranho.

  - Conseguiu se esconder bem, mas, acho melhor achar um outro esconderijo, pois, não durará tanto tempo se continuar aí, além disso, vai acabar ficando doente. – O sotaque dele era britânico. – Tente sobreviver até o final.

  Antes que eu percebesse, o garoto já havia ido embora. Talvez, eu realmente tivesse ficado louco.

  Enfim, corri para outros lugares, tomando cuidado para não deixar rastros e nem para chamar atenção dos que nos procuravam. Se o lago não estivesse congelado, eu poderia dar um jeito de me esconder por lá, mas, infelizmente, aquilo não era possível naquela época do ano.

  Quando passei do lado do mesmo edifício em que Fernanda havia ido, senti algo pegando em meu pulso e me puxando, contra minha vontade. Droga.

  - Fique quieto, Kyoya. – Fernanda colocou seu dedo indicador em meus lábios. – Tem um deles por aqui.

  Ela me puxou para dentro, cuidadosamente, para que não fosse feito nenhum barulho nas tábuas de madeira. Eu não poderia falar nem se quisesse o que era aquela local. Talvez, fosse um lugar de reuniões, já que haviam várias cadeiras em uma mesa em formato de U e alguns telões. No entanto, mesmo com as pinturas das paredes em perfeito estado, o local parecia ter sido abandonado. As madeiras pareciam bem velhas, teias de aranhas cobriam o local e formas fantasmagóricas se projetavam na parede e na janela, pelo jeito que o sol batia nas paredes.

  Aquele local era bem afastado da escola, talvez, por essa razão, o local estava abandonado, não havia razões para andar tanto quando se podia ter uma simples reunião na própria escola. Mas, ainda bem que existia aquele local naquele momento.

  Cautelosamente, Fernanda foi até um canto escuro da sala e se agachou, tirando algumas madeiras do local e mostrando uma entrada secreta.

  - Quase ninguém conhece esse esconderijo. Descobri ele por acaso há alguns poucos anos atrás, quando acabei tropeçando em uma tábua solta... Acho que nós dois cabemos ali. Você não tem medo de aranhas por acaso, tem? – Ela me perguntou, seus olhos brilhando com a pouco luz que adentrava o local.

  - Lógico que não.

  O buraco abaixo das tábuas era escuro e não podia saber a profundida, podia acabar em um rio? Claro que podia, mas, escolhi acreditar em Fernanda e pulei dentro. Para minha surpresa, não era fundo. Na verdade, era o suficiente para esconder mais 5 centímetros acima de minha cabeça. Fernanda pulou logo em seguida. Para ninguém desconfiar, cobrimos com as tábuas novamente. Não havia mais luz. Mesmo com a minha visão que, mesmo no escuro, era boa, não conseguia enxergar nada.

  Apalpei o que se encontrava atrás de mim, algo sólido e um pouco duro, não sabia dizer se era estável ou não, pela textura, me parecia ser terra ou algo parecido, ou melhor, uma parede de terra. O local era um pouco apertado e, mesmo sem poder ver minha namorada, ainda podia sentir sua respiração perto de meu pescoço. Precisávamos ficar lá por mais um tempo, em completo silêncio.

  Logo, fechei meus olhos e senti algo tocar minhas mãos, os dedos quentes de Fernanda. Ela segurou meus dedos apertados e levou minha mão ao seu coração. Estávamos próximos. Até mais do que eu me sentiria confortável com qualquer pessoa que fosse.

  Prendi minha respiração e fiquei em posição de alerta, meu coração acelerou quando ouvi passos ecoando pelo piso de madeira, como se fosse um filme de terror. Fernanda apertou meu ombro e só então percebi o quão tenso estava. Era como quando eu era apenas uma criança e sempre ficava preocupado quando fazia algo errado, temendo que minha mãe descobrisse.

  Só quando ouvi a porta bater e os passos pararem que consegui relaxar meus músculos novamente e me acalmar. Estava livre por algum tempo.

  Fiquei tão relaxado que quase pulei quando ouvi, alguns minutos depois, um som de sirene e Fernanda pareceu ter percebido. Quanto tempo fazia que estávamos lá dentro? Uns dez minutos, no mínimo.

  - Conseguimos, Kyoya. Essa sirene significa que o tempo acabou e, como não temos as marcas, ganhamos! – Ela me abraçou apertado.

  Ergui meus braços, tirando as tábuas de cima e as luzes voltaram a iluminar. Mesmo sendo pouca, quase ceguei. Fiz pezinho para que Fernanda pudesse subir e me puxasse um pouco para que eu desse uma alavancada e pudesse subir também.

  Corremos até o local em que estava combinado de nos encontrarmos todos juntos. O professor pareceu ter ficado surpreso e me deu os parabéns. Aposto que havia achado que eu perderia nos primeiros minutos do jogo, nunca desconfiaria que conseguiria ficar até o final, sem nem conhecer o território, sem marcas. Caso as outras aulas de camuflagem fossem daquele jeito, eu me daria bem, pois já tinha um esconderijo. Ou melhor eu e Fernanda tínhamos o NOSSO esconderijo.

  Trocamos de lado e, daquela vez, ficamos na parte dos caçadores. Como fiquei focado na hora em que estava procurando um esconderijo, percebi algumas mudanças no ambiente e, seguindo algumas pistas, como pegadas, folhas quebradas e rastros na neve, consegui achar dois novatos. E, assim, foi a segunda aula. Talvez, aquilo não fosse tão ruim.

  Era o que eu achava, mas, logo a terceira aula chegou e mudou, novamente, minha opinião.

  O mundo não sabia se gostava de mim ou não naquele dia, uma hora, a sorte estava do meu lado, na outra, era o azar.

  Infelizmente, a ajudante do professor daquela aula, de manuseio de armas brancas, era ninguém mais, ninguém menos, que minha querida e nem um pouco irritante, irmã.


Notas Finais


Olha eu aqui de novo! E então, o que acharam? Espero que tenham gostado. Essa parte do treinamento do Kyoya eu, pessoalmente, acho muito interessante e queria dar um destaque a mais, no entanto, se eu for fazer isso, ficaremos muitos e muitos capítulos focando apenas nisto e, como daqui a pouco chegaremos a reta final da fic, não posso ficar dando tanto destaque. Por isso, decidi dar apenas uma ideia de como seria isso, mesmo assim, espero que gostem. Qualquer coisa, mais para frente, eu dou foco nisso pelo face. Enfim, boas noticias, pessoas, como enrolei muito para postar, a parte 2 desse capitulo será postado quando? Amanhã ou domingo! Fiquem de olho! Mais uma coisa, calma, não precisam fazer #ForaKyoya, eu sei que ele está narrando muito, mas, aguentem mais 2 ou 3 capítulos que o foco vai voltar para a Lennox ou para outro personagem (ainda não decidi). Agora, se preparem, daqui a pouco, a bomba será solta e as coisas vão começar a se conectar e mais problemas surgiram. Obrigada por ler! Espero que tenham gostado! Bjss de morango! (Sinto que esqueci de falar muitas coisas, mas... Como não consigo me lembrar, vai ficar por aqui mesmo kkkkkk)


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