Uma semana depois todas as nossas compras haviam chegado. Passamos a tarde provando as roupas novas e criando os looks, como a Anna chamava, que usaríamos no nosso primeiro dia. As roupas da Anna eram realmente bonitas e chamativas. Nada com muito brilho, mas em relação as minhas destacavam-se mais. Meus estilo é mais clássico, puxando um pouco para o rocker às vezes. Já que gosto de cores escuras e neutras. Jeans e casacos. Não curto sapatos muito altos. Sapatilhas são as minhas preferidas. São delicadas, bonitas e combinam com qualquer roupa. Vestidos e saias não muito curtas, combinadas com meias são meus looks favoritos.
Como disse, fevereiro demorou para chegar. Mas quando chegou eu e a Anna já estávamos com as nossas malas prontas. Foi em um domingo à tarde que a Ângela chegou anunciando que um mulher estava nos esperando na sala. Eu e a Anna nos entreolhamos. Eu estava nervosa e por um instante a Anna também pareceu sentir o mesmo que eu, mas logo sua expressão facial mudou dando lugar para um caloroso sorriso.
Pegamos nossas malas, descemos as escadas e finalmente chegamos até a sala, onde uma mulher de aparentemente 30 anos, nos aguardava. Tinha cabelos longos e castanhos bem escuros. Vestia um sobretudo bege com botões pretos, jeans escuros e botas marrons. Ela sorriu quando nos viu.
- Olá meninas – falou – preparadas?
- Sim! – disse Anna.
NÃO. Pensei.
- Então vamos, porque a viajem é um pouco longa – falou levantando-se do sofá.
Ao meu lado, pude ouvir a Ângela chorando baixinho.
- Não precisa chorar Senhora Ângela – falei – estaremos de volta na metade do ano. E no final dele também.
- É e agora você e o senhor Frederick vão poder finalmente tirar férias – disse a Anna segurando as mãos da Senhora Ângela.
- Eu sei, minhas meninas – falou com a vós falha – mas é que depois de tanto tempo cuidando dessa casa e de vocês duas, é um bocado difícil ter que se separar.
- Mas sempre iremos ligar para você. E mandar cartas também – disse a Anna.
- Sendo assim, então está bem – falou – podem ir. Ficarei bem. Vocês precisam viver, são jovens não podem ficar pra sempre trancadas nessa casa. Isso é doentio, faz mal para a alma.
- Ah nós iremos aproveitar sim – disse Anna enquanto lhe dava um abraço – sentirei sua falta senhora Ângela.
- Eu também – falei, embora tenha apenas dado um formal aperto de mãos.
Mesmo crescendo com a companhia da senhora Ângela, abraçar pessoas e ter todos esses contatos físicos era complicado para mim. O senhor Frederick nos esperava na porta. Antes de sair, olhei pela ultima vez para dentro da casa. Estava arrumada como sempre, ainda possuía o tom escurecido e sombrio das casas antigas. As papel de parede vermelho parecia mais desbotado, e as paredes brancas mais encardidas. Na verdade, tudo agora, com a nossa saída, parecia ainda mais sombrio. Por anos a fio, pensei que ficaria pra sempre trancada naquela casa, mas finalmente chegou a hora de partir.
Ajudamos o Senhor Frederick a por as malas no carro. A Annelise foi no banco da frente junto com ele. E eu e Anna no banco de trás. Quando o carro deu partida, eu e Anna olhamos para trás. A Senhora Ângela estava parada na porta acenando. O carro saiu e em pouco tempo, a nossa velha casa tornou-se apenas um ponto distante na estrada, até finalmente desaparecer por completo. Sabia que tornaria a vê-la novamente, mas algo dentro de mim, dizia que iria demorar mais que o prazo estipulado.
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