História The LoveBook (magcon) - I Love You (Cameron Dallas)

Soltei um gritinho agudo ao ouvir mais um dos vários raios que caiam junto com as grossas gotas de chuva. A real é que eu abominava temporais assim.

Encarei meu relógio de pulso novamente. 07:32 p.m, três horas desde que Cameron gritou comigo e saiu de casa batendo porta. Tínhamos brigado, de novo, mas isso não era motivo o suficiente para dar piti e sair feito louco.

Peguei meu celular de cima da mesinha da sala e o desbloqueei na esperança de encontrar a notificação de uma mensagem ou até mesmo uma chamada perdida de Cameron. Nada ali, a não ser pelo plano de fundo. Ah, o plano de fundo. Uma foto minha e de Cameron abraçados em frente ao letreiro de Hollywood, sorrindo abertamente, assim como costumávamos fazer a poucas semanas atrás, até essa "fase" nos atingir.

Brigávamos por tudo e mais um pouco. Uma peça de roupa amassada em cima da cama era motivo para discussão.

Larguei meu corpo no sofá e por ali fiquei longos e perturbadores minutos. A preocupação e a tristeza já tomavam conta de mim.

Meu olhar passeava por todo o cômodo. Porta-retratos, enfeites e um mural de fotos na parede. Levantei do sofá e andei calmamente até o mesmo. Analisei a primeira foto que, claramente, havia sido adicionada ali a menos de um mês. Passei meus dedos carinhosamente pela segunda imagem. Nela Cameron me carregava em seu ombro esquerdo enquanto corria em direção ao mar. Somente pela qualidade podia-se ver que Bryant havia tirado o retrato.

Fotos e mais fotos. De todas nossas viagens e passeios. Desde uma simples caminhada no parque até a foto que havíamos tirado na première do primeiro filme em que Cam havia estrelado. Passei minhas mãos pelo cabelo e os puxei, uma mania minha, talvez um aviso para as pessoas que estavam ao meu redor: "Corra enquanto há tempo”.

Á medida em que eu puxava cada punhado de cabelo era como se eu pudesse reviver cada momento ao lado de Cameron, memórias, lembranças de tudo o que já havíamos feito.

Contei até dez e respirei fundo, largando meus cabelos desajeitadamente em meu ombro. Mais um raio, dessa vez mais alto e ensurdecedor que qualquer outro.

O temporal piorava a cada minuto que se passava.

Senti algo peludo se enroscar em meio a minhas pernas; North, o yorkshire que Cam havia me dado de presente no nosso aniversário de dois anos de namoro. O animal parecia inquieto, pois o mesmo não parava de latir um minuto se quer. Me abaixei para poder ficar frente a frente com o bichinho, o mesmo se aproximou de meu braço e apoiou seu focinho ali.

- O que houve garoto?! - Resmunguei enquanto seguia o mesmo até minha suíte.

North se enfiou em baixo da cama e voltou com uma camiseta de Cameron. Bem que as pessoas falam que os animais são mais espertos que o ser humano. North sentia a falta dele.

Peguei a camiseta e a deixei em cima da cama. Já observando North correr até a porta de entrada.

Então era isso?! O cachorro queria que eu fosse atrás de Cameron? Hesitei alguns segundos, mas logo um flash se veio em minha cabeça.

No meio de tantas brigas e discussões havíamos perdido o contato afetivo. Parei pra pensar na ultima vez que havíamos trocado carinhos, na ultima vez que havíamos nos beijado com vontade. Se eu não tomasse frente, talvez nunca mais tivéssemos um momento agradável como nos últimos tempos.

Voltei ao meu quarto correndo para pegar um casaco grosso e logo o vesti.

Abri o lado de Cameron no guarda-roupa e puxei rapidamente um sobre-tudo dos cabides ao lembrar que ele mal havia levado sua cópia da chave de casa ao sair.

Peguei minha bolsa e North já estava ao lado da porta, abanando seu rabo freneticamente.

Sai pela porta da lavanderia que já era direcionada para a garagem. Acendi as luzes e destravei o carro.

Larguei o sobre-tudo no banco traseiro junto com um guarda chuva e minha bolsa enquanto North se deitava no banco da frente.

Conectei o celular com o radio do carro e disquei o primeiro numero que me veio em mente. Johnson. Cameron não estava lá. Nem na casa de Matthew, ou junto com Gilinsky em algum bar. Nem sinal dele no apartamento de Sierra ou na casa de sua mãe.

A cada quilometro rodado e a cada "não" que eu recebia meu coração se apertava mais e mais. O ultimo numero que me apareceu como uma salvação foi o de Nash.

- COMO ASSIM ELE NÃO ESTA AI HAMILTON, ELE TEM QUE ESTAR - Gritei e rapidamente joguei o carro para o acostamento, assustando tanto North que quase voou em direção ao painel do carro quando a Nash que provavelmente ouviu o cantar dos pneus no meio do asfalto. - Sim Nash, eu só tirei o carro da pista e por causa da chuva ele derrapou. - Respondi a ele que me perguntava o que havia acontecido e se eu estava bem.

- Mas o que exatamente houve pro Cameron sair assim de casa?! - Perguntou novamente.

- Ele já havia chegado em casa nervoso. E eu não lembro direito o motivo, mas foi algo irrelevante, besta. Ele não devia ter saído assim de casa. Ainda mais com essa chuva toda. - Esfreguei o dorso de minha mão em meu rosto, secando algumas lagrimas que escorriam por ali.

- Relaxa, o cara deve ter saído pra espairecer, ele logo volta pra casa. E você deveria fazer o mesmo. Você disse que ele foi louco por sair de casa em meio a uma tempestade. Mas você esta onde?! No shopping?! - Suspirei, absorvendo o que Nash falava. Eu realmente havia chamado Cameron de louco por ter saído assim. Mas olhe só onde eu estou.

- Não volto pra casa sem ele Nash. Me desculpe pelo incomodo, boa noite - Eu não me daria por vencida, não iria simplesmente voltar pra casa. Eu iria até o inferno procurar por Cameron, se fosse preciso.

- Que isso, eu quem me desculpo por não ter ajudado. Mas olha, eu vou continuar tentando ligar pra ele, se cuida, beijos e boa sorte. - Murmurei um "tchau" e desliguei a chamada.

Apoiei minha cabeça no volante e respirei fundo, tentando me acalmar. Ergui minha cabeça quando ouvi meu celular tocando e atendi a chamada de Bryant.

- Cassie? - Disse apreensivo do outro lado da linha.

- Bryant! Ai meu Deus, por favor, me diz que o Cameron está com você. Por favor... - as lagrimas começaram a descer descontroladamente e os soluços vieram junto, me impedindo de continuar falando.

- Cassie, fica calma, por favor. O Cameron está aqui comigo e...

- Ele está aí? Ai, graças a Deus. Eu estou indo aí. - interrompi-o e comecei a me preparar a ligar o carro novamente.

- Eu acho melhor não. Onde você está?

- COMO ASSIM MELHOR NÃO? BRYANT, EU ESTOU NO MEIO DA RUA, DESESPERADA PORQUE O MEU NAMORADO SAIU DE CASA NESSA CHUVA HORROROSA. EU LIGUEI PARA TODOS OS AMIGOS DELE QUE EU ACHEI QUE ELE PUDESSE TER RECORRIDO. AI VOCÊ ME LIGA E SIMPLESMENTE DIZ QUE É MELHOR EU NÃO VER O CAMERON? EU VOU IR VÊ-LO SIM. - Perdi totalmente a pouca paciência que eu tinha no momento.

- Cassie, me escuta. Vocês dois estão nervosos. Volta pra casa e amanhã vocês conversam melhor.

- Cadê o Cameron? - Respirei fundo, tentando fazer minha voz voltar ao normal.

- Tomando banho.

- Ele está aí a quanto tempo?

- Fazem quase umas quatro horas que ele chegou. - Quatro horas foi mais ou menos o tempo que ele saiu de casa.

- Bryant, porque você não me ligou antes? - Perguntei calmamente.

- Ele não queria me deixar ligar e...

- Então você faz o que ele quer porque o que eu estou sentindo não conta? Eu fiquei desesperada quando não conseguia ter nenhuma noticia dele. Você não pode fazer isso comigo. - Comecei a chorar novamente.

- Só faz o que eu estou pedindo, volta pra casa e amanhã vocês conversam. Aparece aqui assim que acordar, mas não hoje. Você prefere vir e brigar outra vez? - O jeito calmo que ele falava quase me convenceu. Quase...

- Tudo bem, Bryant. Estou melhor por saber que ele está com você. Eu vou... Tchau. - Finalizei me enrolando com as palavras.

- Se cuida. Eu me preocupo com vocês dois ok? Não é porque eu concordei com o que ele disse de não falar nada que eu não estivesse pensando em você. Então por favor, volta pra casa agora antes que a chuva piore.

- Tudo bem, tchau.

- Tchau.

Encerrei a chamada e joguei o celular no banco do passageiro tomando cuidado para não acertar North. Desculpa Bryant, não vou fazer o que você falou.

Liguei o carro e tomei rumo á casa de Bryant, que não ficava tão longe de onde eu estava.

Minutos depois estacionei o carro em frente á calçada. Desci do carro procurando ás escuras, o botão da campainha. Assim que o fiz comecei á aperta-lo insistentemente.

Eu tinha jogado sujo com Bryant, e estava ciente disso. Mas qual é, eu só estava tentando livrar meu namoro de se afundar em um poço sem fundo.

- Caralho Cassie, você falou que ia pra casa - Bryant disse ao atender o interfone. Como ele sabia que era eu?!

Olhei para a câmera pouco acima das grades do portão e sorri, dando um leve aceno.

- Só abre logo esse portão antes que eu fique totalmente encharcada. - Retruquei e voltei ao carro para buscar North. Acionei o alarme e corri portão adentro, dando de cara com Bryant a minha espera na porta.

- Entra logo antes que ele saia do banho - Acenti, murmurando um "obrigada" e soltei North no chão, assistindo o mesmo correr até a porta do banheiro onde Cameron deveria estar.

Retirei meu casaco encharcado e o deixei com Bryant que saiu e disse que o colocaria para secar. Me sentei no sofá e esperei a porta do banheiro ser aberta me dando a maravilhosa visão de um Cameron recém banhado.

- O que você esta fazendo aqui?! - Esbravejou enquanto alisava North, que estava em seu colo.

- Tentando salvar nossa relação Cameron. Olha a que ponto chegamos, estamos brigando por qualquer besteira. - Levantei do sofá e me aproximei de Cameron.

- Por favor, Cassie, vai embora, eu preciso pensar, olha vou dormir aqui e ...

- EU NÃO VOU PRA CASA CAMERON, NÃO VOU FICAR NAQUELA DROGA DE CASA SEM VOCÊ, NÃO SEI SE VOCÊ USOU ESSAS MALDITAS QUATRO HORAS PRA PENSAR, MAS EU USEI E ESTOU ME SENTINDO UM TRAPO. SAI DE CARRO COM ESSE TEMPORAL QUE SURGIU DOS INFERNOS PRA VIR ATRÁS DE VOCÊ, QUER MAIS O QUE, QUE EU ME AJOELHE AQUI?! - O encarei indignada. Meu corpo tremia por inteiro. Eu estava nervosa.

Nervosa demais, Nervosa por achar que ele não me queria mais, nervosa por tudo.

Cameron deu um passo para trás e largou o cachorro no chão. Assim se sentando no sofá. - Cam .. Eu ... Por favor, volta pra casa, vamos tentar consertar isso .. - Falei e desabei no chão.

Eu não sei o que seria de mim sem aquele garoto. O olhei, ele continuava ali, quieto, sem mover um músculo. Fechei meus olhos novamente e apoiei minha cabeça no sofá, deixando que as lagrimas escorressem livremente por meu rosto.

- Todas as nossas viagens, os momentos bons, agradáveis que passamos juntos. Isso não pode acabar assim Cameron, não pode. - Desabafei por fim. - Mas.. Tudo bem, eu sei que está sendo exaustivo chegar em casa depois de um longo dia de trabalho louco pra sentar e descansar e no final acabar quase saindo aos tapas. Se você não quer mais isso .. Deixa quieto. - Com a pouca força que eu tinha naquele momento me levantei e andei até sua frente.

Cameron continha uma expressão triste e calma ao mesmo tempo.

Passei meu dedo indicador de leve por sua bochecha esquerda e engoli em seco ao encarar seus pesados olhos castanhos.

- Me desculpa. - A única coisa que saiu de sua boca.

Assenti e caminhei de leve até a porta.

- Por que você faz isso comido Cassie. Volta aqui, por mais difícil que as coisas estejam eu não seria tão otário a ponto de deixar você partir.

Assim que ele disse isso eu parei e virei de costas o encarando. Cameron estava vindo na minha direção com os braços abertos, e assim que chegou perto de mim me abraçou.

Não contive minhas lágrimas nessa hora. Há tempos eu não recebia um abraço tão sincero vindo dele.

- Eu te amo tanto, Cameron. – disse e envolvi meus braços na sua cintura – Não vamos deixar nosso namoro acabar por coisas bestas.

- Nosso namoro não vai acabar. Eu te amo mais que a minha própria vida. – ele sussurrou depois de deixar um beijo no alto da minha cabeça. – Vem, entra. Você está toda molhada, pode acabar ficando doente.

- Eu não quero mais brigar, Cameron.

- Não vamos mais. Promessa de dedinho? – ele perguntou erguendo o dedo mindinho na minha direção e eu ri, sendo acompanhada por ele.

- Promessa de dedinho. – enrosquei meu dedo com o seu e ele logo me puxou para um beijo.

Finalmente um beijo de verdade.

Como eu estava com saudade disso.