História The map leads to you - Allume le

Lavezzi’s POV

Ainda extasiados, eu e Sasha resolvemos voltar para a festa. Tocava alguma música brasileira e Dani continuava a fazer seu show, com Marquinhos rindo descontroladamente atrás dele.

- Estava procurando por vocês. – ouvimos Ibra chegar perto e nos viramos para ele.

- O que foi? – Sah tentou disfarçar.

- Hum... – ele me encarou. – nada importante. Depois conversamos?

- Tudo bem. – ela assentiu e ele saiu coçando a cabeça.

Sasha respirou aliviada.

- A gente já namora, mi cariño. Por que fica com medo dele descobrir que transamos? – a indaguei e ela rolou os olhos.

- Ah, sei lá, é estranho. – riu.

Balancei a cabeça e sorri.

- Vamos virar juntos, gente? – Adrià, o tal amigo dela, nos chamou. Junto dele estavam alguns companheiros de clube.

- Vamos! – Sah respondeu prontamente, animada.

Ela foi me puxando pelo pulso até o bar.

O barman enfileirou algumas doses de tequila e todo mundo se preparou com o sal e o limão.

- 3, 2, 1 e já.. – ouvi Cavani dizer e virei o copinho.

Fiz careta ao sentir o líquido descer queimando por minha garganta e só ali percebi o quanto havia sentido falta daquilo. Alguns flashes da festa anterior passaram em minha mente e eu sorri. Muita coisa havia mudado.

Senti Sah me abraçar de lado e dei um beijo em sua testa.

- Cadê o Pastore, hein? – ela comentou e eu passei o olho em volta para procurar por ele.

- Ali. – apontei. Ele conversava com Draxler e Trapp.

- Vamos lá.

Juntei minha mão na dela e seguimos juntos.

Eles se viraram para nós quando nos aproximamos. Trapp foi chamado por Cavani e saiu

- Opa. E aí? – Julian nos cumprimentou.

- Precisamos repetir a última vez. Essa festa está muito parada.

- Verdade! Não venho em festa do Zlatan para ficar parado conversando com o Draxler! – Pastore disse indignado.

- Ei! – o alemão se deu por ofendido.

- Inclusive cadê o sueco?

- Não sabemos, ele se perde por aí toda hora. – respondi.

Javier deu de ombros.

- Vamos beber mais e contar casos na beira da piscina? – ele deu a ideia.

- Por que temos que beber mais? Acho que estou bem assim. – Julian rebateu.

- Por acaso você vai contar seus podres e/ou micos sóbrio?

- Bem pensado. – o alemão respondeu e saiu na frente, arrancando uma risada de nós três.

- Esse é meu pupilo. – Pastore disse e nós o seguimos até o bar novamente.

Escolhemos beber, daquela vez, uma das cachaças brasileiras que Neymar havia presenteado Ibrahimovic no começo da temporada.

O barman sorriu satisfeito com nossa escolha.

No fundo, eu já me arrependia de não ter ficado no meu whisky puro. Seguir Pastore nunca era uma boa ideia, e eu estava sofrendo antecipadamente.

- Preparados? – ele nos perguntou.

Sah fez sinal de positivo, Draxler sorriu amarelo querendo desistir e eu me rendi.

- Estou pronto. – respondi e ele sorriu satisfeito.

Nós viramos a bebida e senti o gosto de maracujá correr por minha garganta. Era diferente, e eu gostei daquilo.

- Vamos experimentar a de banana. – falei firme.

- Banana? – Sasha fez cara feia.

Enquanto isso, Draxler ainda fazia careta. Javier pegou o outro sabor das mãos do barman.

Durante o movimento de entornar conteúdo do copinho na boca, Zlatan chegou fazendo barulho.

- Sah?! – ele gritou.

Ela se virou para ele assustada. O rosto de Ibra estava vermelho e ele piscava os olhos lentamente.

- Você está bêbado? – o perguntei.

- O que acha, hijo de puta?

- Ei, sem grosseria. – Julian intrometeu.

- O que está acontecendo, Zlat? – Sasha o perguntou calmamente.

- Acho que fiz merda.

Todos nós arregalamos os olhos. Ibra estava muito transtornado, sumiu muitas vezes durante a festa e admite ter errado.

Olhei para Sah com a expressão de ‘’algo grave aconteceu’’ e ela sustentou o olhar.

Javier pegou a garrafa e deu uma golada nela mesmo.

- Podemos conversar agora, então? – Sah o perguntou.

Ela tentou puxá-lo para algum lugar reservado, mas ele resistiu.

- Posso falar aqui. – ele embolou algumas palavras.

Era estranho vê-lo daquele jeito. Ibra nunca fora de sair de si, mesmo tendo o ego do tamanho do mundo.

- Eu fiz merda. – repetiu.

- O que você fez, Zlat?

Ele fechou os olhos e esperou alguns segundos daquele jeito.

- Eu me apaixonei. – jogou as palavras em nós.

- Era isso? – A voz de Sah saiu afetada.

Ele assentiu com a cabeça e um sorriso torto.

- Hijo de puta! – gritei e ele me olhou bravo. Odiava que o contrariassem.

- Eu vou te matar, cabrón. Já estava repassando na mente como se esconde um corpo, que aprendi naquela série lá. – Pastore apontou com raiva para ele.

- Zlat, e desde quando se apaixonar é uma merda? – Draxler finalmente falara algo.

- Para você que é um zé qualquer pode não ser, mas para Zlatan?

Julian bufou.

- Às vezes eu esqueço desse seu jeito. – ele deixou para lá.

- Ninguém perguntou por quem. – Ibra continuou.

- Você quase nos matou de susto, ninguém nem pensou nisso. – Sasha o respondeu.

- Por Anna. A irmã daquele idiotinha que você fez amizade. Zlatan se apaixonou à primeira vista, Sah. Acho que estou doente. – ele colocou a mão na testa.

Sasha gargalhou.

- Eu não acredito nisso. Vai dormir, Zlat. Amanhã, sóbrio, você vem conversar comigo de novo.

Ele fez um biquinho inconformado e saiu de perto.

- Puta merda, preciso de mais algumas doses depois dessa. – falei e todos concordaram comigo.

Sasha’s POV

Acordei com o sol incomodando meus olhos. Os abri e fechei no mesmo instante.

- Carajo. – ouvi a voz de Cavani praguejar.

Eu já sorria antes mesmo de reabrir os olhos por completo. A cena da última vez se repetia, apesar das promessas.

Olhei para o lado e Lavezzi ainda dormia na espreguiçadeira do lado, serenamente. Me sentei e pus uma mão na boca para bocejar.

Mais afastado, Cavani tinha a mão na cabeça. Ele levantou cambaleando e foi em direção ao interior da casa sem proferir uma palavra.

Pastore dormia numa boia, dentro da piscina. Seu pé direito estava na água e ele parecia nem sentir.

- Argh. – me obriguei a levantar.

Estiquei as pernas algumas vezes e estalei as costas tentando recuperar os movimentos.

Se Emery sonhasse com o que acontecia naquelas festas, não sobraria um jogador sem advertência no clube.

- Pocho? – cutuquei seu ombro e ele se mexeu.

Deu algumas piscadas antes que pudesse abrir os olhos por completo e espreguiçou os braços.

- Merda. – reclamou.

- O que foi?

- Fizemos a mesma merda de dormir nessas cadeiras. – falou olhando ao redor.

Ezequiel soltou uma risada alta ao ver a situação de Pastore.

- Javi é louco... – negou com a cabeça.

Ele esticou um braço para que eu o ajudasse a levantar e assim o fiz.

Lavezzi pegou uma pedrinha no chão e jogou no amigo, que teve que se equilibrar na boia para não cair na água, depois do susto que levou.

- Vamos comer? – o chamei.

- Sí sí. – respondeu ao bocejar e coçar os olhos.

O puxamos com o limpador de piscina e fomos juntos até a cozinha.

O cheiro inconfundível do café da manhã especialmente preparado pela cozinheira de Ibra exalava longe. E, com aquela ressaca, era tudo que podíamos pedir.

A refeição tinha sido posta na sala de jantar, por causa da quantidade de gente. Quando chegamos lá, eu acabei dando de cara com as costas de Lavezzi, que parara subitamente na minha frente.

- Desculpa, mi cariño, me assustei.

Quando ele me deu passagem, arregalei os olhos com a cena que me deparei.

Zlatan servia um morango na boca de Anna, que parecia incomodada com aquilo. Principalmente com todo mundo encarando os dois. Adrià ainda não tinha dado as caras e eu estava agradecida por isso.

- Zlat? – o chamei e ele me encarou.

- Hum?

- Tudo bem aí?

- Ótimo. – respondeu com um sorriso fraco e continuou o que fazia.

Aquele era o Ibra que ninguém conhecia. O Ibra que ele mesmo negaria até a morte se fosse questionado. O romântico incontestado. Depois de Helena ele havia perdido sua doçura, e seu encantamento parecia ter voltado com força total.

Tive pena de Anna. A garota era a mais tímida do recinto e era quem mantinha a atenção de todos ali também. Seu rosto estava corado e ela lutava para não impedir Zlatan de continuar com aquilo.

Nos sentamos na mesa.

- Zlat, não acha que Anna consegue comer sozinha? – o perguntei com tom suave, tentando não insinuar nada.

Ele a encarou, perguntando com apenas o olhar, se ela concordava comigo.

- Está tudo bem, Zlatan. Eu posso fazer isso. – An sorriu fraco e ele se deu por vencido.

Ela me olhou agradecida e eu sorri em resposta.

Adrià chegou no mesmo instante e se juntou ao café da manhã da vergonha.

- Podíamos fazer algo mais tarde. – ele sugeriu quando nos juntamos em volta da piscina novamente. – Anna e eu só voltaremos de noite.

- Voltar? – Ibra questionou.

- Para Barcelona.

Ele fez cara feia.

- Zlatan quer que vocês fiquem um pouco mais, pelo menos.

Adrià abriu e fechou a boca uma dezena de vezes.

- Sé..Sério?

- Sim. – balançou os ombros.

- Tudo bem, então. Podemos ficar mais alguns dias, não é? – ele olhou para a irmã e ela assentiu.

Zlatan sorriu vitorioso.

- Posso conversar com você lá no quarto? – me virei para Lavezzi.

- Claro, sim. Vamos. – ele se levantou imediatamente.

Pedimos licença e subimos.

- Que loucura, huh? – Pocho disse ao se sentar na cama.

- Loucura é pouco. Depois tenho de lembra-lo que a garota que tem que tomar suas próprias decisões. Às vezes ele esquece que não é o mundo de todo mundo que gira em torno dele.

Ezequiel gargalhou.

- Ibra não existe.

Balancei a cabeça em sinal de negativo.

Meu celular apitou e chequei as mensagens.

‘’Já vamos começar um churrasco. Marquinhos está trazendo a carne e Pastore foi comprar mais bebida. Tente descer rápido.’’

- Isso está passando dos limites. Se chegar na mídia...

- O que foi? – Lavezzi perguntou preocupado.

- Zlatan disse que vai ter um churrasco aqui. Tipo, agora. O pessoal já vai voltar.

- A gente subiu não tem dois minutos.

- Nem me fale. Preciso relaxar.

- Tive uma ideia. – ele levantou as sobrancelhas.

Lavezzi se levantou e foi até o banheiro.

- É tudo o que a gente merece. Eles se viram lá embaixo. – ele se aproximou pelas minhas costas e começou a retirar minha roupa.

- O que está insinuando?

- Um tempo na banheira. Bastante bolhas e espuma. – Ezequiel dizia ao continuar tirando minhas peças e as dele, simultaneamente.

Deixei que ele o fizesse sozinho.

- Hum... é uma boa ideia, Pocho.

- Posso fazer uma massagem em você, mi cariño. – ele pôs as mãos em meus ombros e os apertou.

Um choque de relaxamento atravessou meu corpo.

- Vamos entrar logo na banheira.

Peguei alguns sais de banho e os joguei na água, antes de entrar. Pus meus pés no fundo da banheira enquanto Lavezzi ainda tirava sua última peça de roupa.

- Vem logo.

Ele entrou e se sentou, posicionando-se atrás de mim. Pocho me puxou calmamente e salpicou meus ombros e costas com pequenos beijos.

Fechei os olhos quando senti seus dedos pressionarem forte os nervos ao lado do pescoço, que estavam rígidos de tensão.

- Shh... – ele tentou acalmar o ambiente. – estamos só nós aqui. Relaxe.

- Você está parecendo aquele povo que faz ASMR. – comentei e ele riu.

- Fica quieta.

Ele pressionou mais forte, correndo as mãos por meus braços.

- Você merece um descanso. Cuidar de Zlatan, eu e Tomi não é fácil.

Eu sorri.

- Não mesmo.

Ele passou a dar atenção em minhas pernas e, mesmo com toda aquela exposição, Pocho não demonstrava segundas intenções.

Agradeci mentalmente pela massagem.

Senti meus pelos da nuca e braços se arrepiarem com os toques ora suaves, ora fortes, mas sempre precisos de Lavezzi.

- Relaxe. – ele sussurrou.

Encostei minha cabeça em seu ombro e senti meus olhos se fecharem involuntariamente.