Eu dançava de forma animada naquela noite de sábado, nem meu sapato de salto alto incomodando me tirava a vontade de mexer meu corpo de forma sensual. Meu cabelo soltava gotinhas de suor enquanto eu me movimentava, minha amiga estava logo à minha frente e dançava de forma sensual também, eu conseguia ver seu rosto brilhando de forma aleatória conforme a luz pegava em nós, eu agradecia mentalmente pela pessoa que pensou em criar uma maquiagem que não derretesse com o suor, aposto que em sua mente, minha amiga também agradecia àquele ser super inteligente... Por sua causa nossa noite estava salva.
As conversas são abafadas pelo som alto da música e eu não consigo ouvir palavras completas das pessoas que me cercam, mas noto um certo padrão entre as mulheres, elas falam, gesticulam e olham em uma mesma direção, alguém interessante tinha chegado e os hormonios começavam a ferver, mas eu não vi a pessoa em questão, de onde eu estava, não se via muita coisa. Senti minha boca secar, gesticulei para a minha amiga que ia ao bar pegar um drink e ela simplesmente sacode a cabeça e eu saio da pista de dança rapidamente, atravessando aquele mar de corpos suados e começo a avistar o bar, mas o chão parece derreter por um instante e eu preciso me reequilibrar para não cair.
Em frente ao bar há um homem que eu poderia descrever rápidamente como uma visão angelical, ele usava uma calça de cor clara e uma camisa de botões aberta até perto de seu peito, pele pálida, lábios rosados e cabelo loiro, em suas mãos uma taça de bebida intocada e em seu rosto um sorriso enigmatico, por alguns instantes cheguei a duvidar de que ele era real.
De forma afoita cheguei ao seu lado e chamei o barman.
-Um martini bianco puro, por favor.
Enquanto o barman fazia o drink, eu observava aquele homem do meu lado e percebi que seu peito parecia não se movimentar. Peguei minha bebida e entreguei o dinheiro, mas não sai do bar, bebi alguns goles e senti o líquido aquecendo meu interior e deixando minhas palavras mais fáceis de sair.
-Você não respira?
Eu chego perto do seu rosto e falo mais baixo do que deveria, ele provavelmente não ouviu o que eu disse, mas eu não me afasto, quando ele me olha, nossos rostos estão muito próximos e eu posso perceber que seus olhos são azuis... Meu folego some e eu não consigo respirar direito, ele ainda mantem o sorriso enigmático nos lábios e eu me questiono o que passa em sua cabeça. Ele delicadamente sopra meu rosto e dá um sorriso mais aberto.
-Se eu não respirasse, poderia ter feito isso?
Eu tenho a nítida impressão de que eu estou pálida pois estou me sentindo mais zonza que o normal... Apenas balanço minha cabeça de forma negativa e tento buscar meu folêgo em algum lugar, se eu não voltar a respirar posso acabar desmaiando... De repente sinto uma lufada de ar entrando nos meus pulmões e consigo voltar a raciocinar. Mordo meu lábio inferior e aproximo ainda mais nossos rostos, daquela distancia eu certamente sentiria sua respiração em meu rosto, mas não sinto nada.
-São azuis de verdade?
-Às vezes são verdes, às vezes azuis, dependendo do dia, são cinzas.
Eu fixo meu olhar no dele que não desvia em nenhum momento e eu percebo que há uma faisca brilhando entre nós, de repente não há mais festa, não há mais música, apenas nós dois.
-Você não dança? - eu precisava urgentemente ver ele em pé.
-Sozinho não tem graça - e lá estava o meio sorriso de volta em seus lábios.
Eu bebo o resto da bebida em um gole rápido, largo minha taça vazia no balcão do bar e lhe estico a mão em um convite silencioso. Ele pisca lentamente, engole a bebida toda de uma vez e pega a minha mão, vamos em direção à pista de dança.
Quando chegamos ao centro da pista, eu começo a me movimentar de forma sensual e ela posiciona suas mãos em minha cintura, ficamos dançando daquela forma por alguns instantes, até que sinto um casal esbarrando em mim e me jogando em cima dele de forma involuntária. Ele me apoia e me puxa mais para perto, eu encosto meu rosto em seu pescoço e o perfume que exala dele é muito bom, nem muito amadeirado e nem muito doce, era cheiro de homem.
Ele tem a mão aberta apoiando minhas costas e a outra na minha cintura, lentamente a mão das costas vai subindo até alcançar minha nuca e eu sinto ele movimentar o rosto de forma delicada, eu já sabia o que ia acontecer ali, então umideço os lábios e sinto aquela pontada na boca do estomago.
Ele esfrega seu nariz no meu e franze seu nariz de forma engraçada, então ele sela nossos lábios. Aos poucos vamos movimentando nossos rostos e nossos lábios vão se abrindo, dando espaço para as nossas linguas se encontrar. Minha respiração fica ofegante e eu preciso respirar, porém não quero me afastar. Mas me sinto frustrada ao perceber que ele se afastou, mas minha frustração não dura muito tempo, quando ele me abraça, sinto que ele teve seus motivos pessoais para não continuar me beijando.
Estava perdida naquele abraço quando sinto ele me cheirando perto da orelha, bem na curva do pescoço, aos poucos sinto a situação mudando e ao inves de apenas inalar meu perfume, agora ele deixa um rastro de beijos e me sinto zonza novamente e o mundo parece girar devagar por uns instantes, mas uma dor aguda me tira do transe, por alguns instantes achei que tinha sido apenas impressão minha, mas ao perceber que ele não tirava os lábios do meu pescoço, comecei a sentir um misto de medo e excitação. Em uma fração de segundo ele para o que fazia, coloca o dedo indicador na própria boca e logo em seguida ele coloca seu dedo na minha boca. O gosto metálico me invade eu sugo seu dedo de forma sensual enquanto ele me olha nos olhos. Seu sorriso enigmático está presente e eu agora começo a sentir o mundo pulsar dentro de mim. Aquele momento mágico parece durar uma eternidade, mas eu sou tirada do transe pela minha amiga que passa rapidamente por nós e me puxa para fora da pista de dança, eu ainda seguro a mão daquele estranho. Eu o olho de forma desesperada, não queria deixar ele ali, mas minha amiga me puxa forte demais e eu estou quase soltando sua mão quando sinto um papel sendo colocado em meu decote e minha mão sendo solta.
Vou quase correndo atras da minha amiga que entra no banheiro e passa mal em uma daquelas cabines. Depois de ver ela vomitar todos os tipos de bebidas que ela ingeriu naquela noite, pego meu papel e olho ele frustrada. Era um cartão preto fosco e nele havia uma mensagem.
"Agora você me pertence. Pense em mim e eu apareço"
No verso do cartão apenas uma palavra.
"Taeyhung"
Eu testei aquilo em casa, mas isso é história para uma outra hora.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.