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História The Most Important Thing - The most Important Thing


Escrita por: A020F0

Notas do Autor


*Cena da sinopse é um extra, pois eu adoro deixar extras pra vocês se divertirem*
**O fim dessa one-shot igualmente é uma parte extra porque envolve outro casal, e eu precisava escrever sobre eles senão ia explodir**
Então, lá vem mais uma nova one-shot Gale, espero que gostem e aproveitem a leitura!


—Personagens pertencem à Hiro Mashima.
—História e Enredo pertencem à mim.
—Fanfic sem fins lucrativos.
-Fanart da capa by R-Boz.

Capítulo 1 - The most Important Thing


Ele não havia planejado criar aquela academia. Fora ideia de Phanterlily, quando depois da grande luta da sua carreira, saíra com o braço quebrado, perdendo o título de um dos mais importantes e temidos boxeadores de Fiore. Seu soco nunca mais foi o mesmo, então tudo que ele e seu melhor amigo puderam fazer é abrir uma academia para jovens lutadores, onde o nome era Fairy Tail. 

Claro que no começo ele se sentiu totalmente derrotado. Iria ter que dar adeus a seus dias de glória em ringues e lutas apreciados por milhões de pessoas para dar aula á pirralhos infernais que mal entendiam o que era disciplina. Sim, foi o que ele viu no começo, mas com a chegada de outros lutadores profissionais como Natsu Dragneel, Laxus Dreyar e Erza Scarlet, as coisas mudaram. Ele aprendeu a ver o outro lado das coisas e de repente se viu adorando dar aulas para crianças cheias de energia e que ainda o olhavam com admiração - claro, ele era o seu professor, então o respeitavam mais que tudo na academia. 

Talvez fosse essa a intenção de Lily desde o começo. Fazê-lo se apegar a outra coisa que não fosse ele mesmo. No auge da sua carreira era um completo badboy: era rico, tinha tudo o que queria (incluindo mulheres e motos Harley Davidson) e seu ego era do tamanho da sua fama. E então perdera uma luta importante e teve que se ausentar da carreira - pelo menos jamais competiu profissionalmente. Demorou perto de dois anos para que finalmente aceitasse a sua condição de ex-lutador. Agora, com 35 anos, podia dizer que sua vida era boa. 

Naquele sábado havia acordado cedo, tomado banho, comido algumas frutas e então caminhado as sete quadras até a Fairy Tail. A primeira aula do dia seria ás nove horas, então tinha tempo de abrir a academia. Além dele, Phanterlily estava lá, treinando sozinho contra um saco de pancadas e parecia furioso com alguma coisa - o que era impossível, pois o amigo era conhecido por ser a pessoa mais calma da academia. Tinha quase dois metros de altura, pele escura, cabelo cinza e uma cicatriz debaixo de um olho. Era um boxeador e ex-militar, uma pessoa rígida, centrada, focada, controlada e muito calma, o que tornava mais espantoso o fato de seus olhos queimarem de raiva. 

-Qual o problema Lily? - perguntou parando ao lado do amigo de forma respeitosa. 

-Não é nada Gajeel. 

-Oh, você jamais se zanga com alguma coisa. No mínimo um motivo forte o suficiente pra começar uma Guerra Mundial. 

-Cuide da sua vida. - respondeu de forma firme, dando uma sequência de chutes, e ofegando depois de três minutos e meio. - Eu não quero falar sobre isso. 

-É a Charles, não é? - silêncio completo por meros segundos, até o mais alto bufar. 

-É uma droga, isso tudo. Não que você entenda... Ah não, eu não quis... - seus olhos se mudaram para culposos e Gajeel balançou a cabeça. 

-Está tudo bem. Posso de fato não entender, mas você é o único que sabe que eu queria. - se afastou um pouco, enrolando algumas ataduras de forma metódica. - Sabe, esses últimos tempos me fizeram pensar muito sobre esse assunto. Sei bem que nunca parei com uma mulher, de verdade, e isso meio que me afeta agora. Me sinto tão...

-Solitário?

-Exatamente. Principalmente depois de dar aula para tantas crianças. Me dá um vazio no peito saber que não há nenhuma miniatura minha solta por esse lugar ou alguém para que eu possa passar tudo que eu sei e quem sabe seguir a minha carreira. 

-Tipo um herdeiro. - Lily maneou a cabeça como se concordasse, tirando as luvas e se juntando á Gajeel para arrumar os equipamentos. 

-Mais que isso. Dizem que um filho é a coisa mais importante que acontece na vida de uma pessoa, e depois de ver Juvia e Gray ao redor da Uru quase me fez acreditar nisso. 

-Somos dois lobos solitários exilados. Aceite que dói menos. - Gajeel ia retrucar quando alguém bateu a porta da academia. 

-Deixa que eu vou lá. - disse curioso, afinal, faltava algum tempo para a primeira aula começar. 

Havia um garoto do lado de fora. Era muito jovem, com o cabelo azul escuro, quase preto e olhos cor-de-amêndoa. Uma única mochila nas costas e um papel nas mãos, parecendo ser o endereço de algum lugar. 

-Pois não? – indagou.

-O senhor... seria... Gajeel Redfox? – perguntou, hesitante.

-Sim, eu mesmo garoto. E você, quem seria?

-Eu... pode me chamar de Metal. Gostaria de me inscrever para aprender boxe com o senhor. Aqui. - e entregou o papel ao moreno. - O meu mestre em Crocos era o senhor José. Ele me recomendou que o procurasse se quisesse ser um boxeador de verdade. 

-Ah... mestre José, sim, eu me lembro. Vamos, entre, entre, vamos conversar no meu escritório. 

Os dois rumaram, enquanto o tal Metal observava tudo ao redor com muita admiração. Lily levantou o olhar e encarou o menino. Arregalou os olhos, pensando se aquilo era realmente possível. Não, seria muita coincidência... não seria?

-Hey garoto! - chamou, se erguendo em todo os seus dois metros, fazendo-o dar um passo para trás de Gajeel, espantado. - Perdão, não quis lhe assustar. Eu sou um dos professores da academia. Meu nome é Phanterlily. 

-Metal. Prazer em conhecê-lo. - disse se recompondo. 

-Veio treinar boxe conosco?

-Sim, eu quero ser um grande boxeador... como meu pai foi. - ao dizer isso algo diferente passou por seus olhos, mas Lily foi o único á perceber. 

-Tenho certeza que ele tem muito orgulho de você seguir seus passos. 

-Duvido disso. - murmurou, e Gajeel bagunçou seu cabelo. 

-Muito, muito orgulhoso deve ser seu pai. Mas me diga, você veio aqui sozinho... onde está sua mãe?

-Em coma. - disse de forma triste e os dois homens arregalaram os olhos. - Estou morando na casa da minha madrinha por enquanto, aqui em Magnólia. Pelo menos até a minha mãe acordar. E como a Dinda não podia ficar o dia inteiro comigo porque é jornalista, precisando de silêncio pra trabalhar, me deu dinheiro e me deixou vir treinar na sua academia, já que é muito recomendada.

Jornalista e escritora? Porque isso soa como a namorada de Natsu? Pensou Lily, percebendo que muitas coisas estavam se cruzando. 

-Sinto muito pela sua mãe, garoto. Mas quando lutar comigo ou subir naquele ringue, todos esses problemas irão embora, você vai ver só! Em 15 minutos a primeira aula vai começar, então esteja preparado! 

-Como queira, mestre! - seus olhos brilharam de entusiasmo infantil que fez Gajeel sorrir e se animar também.

E vendo os dois sorrindo, Phanterlily apenas balançou a cabeça. 

Definitivamente havia algo ali e faria de tudo para descobrir o que era. 

[...]

Havia esse bar ao lado da Academia que era praticamente parte da Fairy Tail. Comandado pelos irmãos Strauss, era um grande ponto de referência para todo o bairro e para os lutadores da academia. E naquelas últimas três semanas o assunto principal era sobre o mestre Gajeel Redfox e esse novo aluno vindo de Crocos, apelidado de Metal. A ligação dos dois era diferente. O moreno jamais se apegara a nenhum outro aluno como a esse garoto de 10 anos que embora magrelo, tinha uma agilidade incomum, força de vontade, energia e inteligência que pareceram derreter o ex-boxeador. Embora Lily tenha tentado ficar do lado do amigo, nesse quesito não poderia: era a mais pura verdade que os dois estavam apegados, e com o passar do tempo, até imaginava o porquê. 

Era engraçado que apenas há algum tempo atrás Gajeel tivera se aberto com o amigo sobre crianças e herdeiros e logo depois Metal ter aparecido em sua vida. 

E é claro, rondara Lucy mais do que nunca tentando conversar com ela pra valer (só não conseguira por Natsu ser muito possessivo com a loira). Depois de algum tempo, entretanto, suas dúvidas foram sanadas num dia à noite que todos beberam e Lucy acabara soltando uma bomba sobre a sua cabeça - e como o único sóbrio, ficou feliz em ninguém mais saber desse segredo. 

Sua mente se aquietara depois disso, mesmo querendo saber a história inteira, deixaria o tempo decidir tudo. Quando fosse o momento, iria descobrir tudo, mas até lá, só lhe restava esperar. 

[...]

Era um domingo á noite e Gajeel não estava a fim de beber, e como tinha a chave da academia, fora até lá para praticar um pouco sozinho. Uma das poucas coisas que lhe um certo garoto o fizera voltar a fazer. Tanta admiração e disposição de Metal fizeram o Redfox de repente voltar à ativa e orgulhá-lo, mas não era possível. Não com seu soco imperfeito. Nem mesmo os seus piercings no braço podiam mascarar a horrorosa cicatriz que ficara depois daquela luta. 

Olhando para trás não chegava a ter rancor do seu oponente. Havia ganhado de forma justa, e ele, perdido de forma honrosa. Só gostaria de não ser incapacitado de lutar pra valer novamente, gostava tanto de sua carreira, sonhara com isso desde pequeno... 

-O senhor ainda luta muito bem. - uma voz o despertou de seu torpor. Olhando para trás encontrou Metal perto do escritório, com um refrigerante nas mãos. 

-Agradecido. E você, o que faz aqui? Está fechado, você sabe. 

-Minha madrinha está no bar aqui do lado e eu geralmente gosto de usar esse tempo pra treinar sozinho. O senhor se incomoda...?

-Nem um pouco. Bem que Lily comentou que achava que havia alguém vindo à noite pois encontrava as coisas fora do lugar de manhã. 

-Me perdoe por isso, arrumação nunca foi meu forte. – coçou a nuca.

-Não na verdade, eu pelo menos nunca notei. Ele que é muito observador. E me conte garoto, o que fica fazendo aqui de noite? 

-Treino meus socos no saco. 

-Bom, já que eu estou aqui, é seu dia de sorte. Pegue a luva e vamos lutar no ringue. 

-É sério?! – animou-se.

-Claro que sim garoto! Vamos lá! 

Mais que animado, Metal colocou luvas vermelhas e subiu no ringue com Gajeel. Sabendo muito bem que aquilo não era sério e que, mesmo que fosse, jamais venceria o seu mestre, se preocupou em apenas mostrar seus movimentos precisos e gastar toda a sua energia. Só não esperava que fosse pegar Gajeel desprevenido e levá-lo ao chão. 

-Mestre! Oh meu deus! Eu sinto muito, eu não quis lhe machucar! Me perdoe, me perdoe, me perdoe! - gritou alarmado e só parou quando Gajeel se sentou sorrindo abertamente. 

-Isso foi... incrível! Moleque, você é mais forte do que pensa, estou orgulhoso de você! 

-E-Está? Me-mesmo?

-É claro que sim! Como eu não poderia, você me derrubou... – em um impulso abraçou o garoto.

-Achei que... achei que tivesse perdido você... e eu não poderia... não poderia...! – abraçou-o forte novamente, não querendo deixá-lo ir nunca. 

E só estando tão perto foi que sentiu alguma coisa se remexer dentro de si. Porque de repente notou no cheiro do garoto, e aquele cheiro era tão parecido com o de... 

Não, não podia ser.

Mas então, como uma avalanche, memórias voltaram a sua mente e ele se viu encaixando as coisas como um grande quebra-cabeça.

-Metal... posso te perguntar uma coisa? - sua voz estava séria, e quando o garoto se afastou, entendeu que o homem o olhava de forma diferente.

-Pergunte.

-Qual é o nome da sua mãe? - sem rodeios, direto e ansioso. Porque agora muita coisa parecia ter se encaixado. 10 anos, nunca usava seu nome completo, jamais dissera seu sobrenome, tinha ganhado seu carinho fácil demais e Lily olhava para os dois de uma forma diferente, além de insinuar diversas coisas estranhas nas últimas semanas. Será que o que pensava podia ser verdade?

-Minha mãe... minha mãe é Levy McGarden. – o silêncio reinou na sala. Gajeel estava meio chocado e meio admirado, e sem saber o que fazer, decidiu completar: - Meu nome é Metalicana McGarden Redfox... e eu sou o seu filho. - falou de forma calma e cautelosa, com medo da reação do homem. Adultos ás vezes podem ser bem imprevisíveis, e se por saber a verdade seu pai se afastasse e jamais o quisesse ver novamente...

-Meu filho. - e foi isso o que disse antes de abraçá-lo novamente, como se fosse a primeira vez. E então ele chorou, e chorou, e chorou e xingou Lily por provavelmente saber a verdade e não ter-lhe contado. E então ele riu, gargalhou e apertou ainda mais o filho nos braços, prometendo nunca mais deixá-lo ir. 

[...]

Quando os dois foram juntos para o apartamento de Lucy Heartifilia (dois dias depois do moreno descobrir a verdade), tudo que Natsu fez ao abrir a porta só de toalha foi gritar que havia ganhado a aposta contra Happy de que em menos de três meses Gajeel iria descobrir a verdade e eles estariam juntos agora. E a loira deu-lhe o clássico Lucy Kick mandando-o receber as visitas direito e colocar roupas. 

-Entre Gajeel, aceita café? 

-Adoraria. Com licença. - e entrou sendo seguido de perto por Metal. 

-Então, o que lhe traz aqui? 

-Ah, você sabe, eu vim saber notícias de Levy... notícias de verdade. E saber se já está melhor para Metal e eu visitá-la. 

-Hmm... tudo bem. Da última vez que Jet e Droy me ligaram, que foi noite retrasada, ela estava instável e a cirurgia na sua perna direita já tinha curado totalmente. Os médicos deram mais uma semana para ela acordar. 

-E então eu poderei vê-la? - Metal perguntou animado. Sua madrinha lhe sorriu. 

-Vai sim, meu anjinho. Só espere mais um pouco e eu lhe levarei até ela. Ou vai querer ir com o seu pai? 

-Hã... eu... – começou, incerto se deveria ter esperanças sobre isso. O olhou em busca de uma resposta e a obteve através de um aceno de cabeça.

-Está tudo bem, imagino que queria passar mais tempo com ele agora. – se virou para o homem. - Me admira que demorara tanto tempo para perceber, ele tem o seu cabelo e os olhos da Levy, mas a personalidade é uma mistura de vocês dois. 

-Lily notou isso mais depressa. Aquele otário, devia ter acabado com ele ontem mesmo. 

-Você que é desatento. Mas de qualquer forma eu fico feliz que estejam bem agora, Metal não parava de falar de você quando voltava dos treinos. - o garoto ruborizou sob o olhar atento do pai. 

-Lily também teve que me aguentar falando de Metal. Estamos quites. - não parecia, mas este também estava envergonhado. Meu deus o garoto era seu filho, como não percebera antes? 

-Agora vão ter bastante tempo pra fazer coisas de pai e filho. E por falar nisso, estou atrasada para uma entrevista. Então...

-Estou indo de volta pra academia. Vamos pirralho. - Metal o seguiu sem pestanejar, deixando sua madrinha para trás. 

Quando estavam no elevador, e pensando em como sua vida era feliz, notou que seu pai o encarava. Precisou apenas levantar uma sobrancelha para obter a resposta que queria. 

-Eu... eu sinto muito por não ter estado lá quando você mais precisou de mim ou ao menos saber que você existia... e não há como reparar isso. Mas eu estou aqui agora, tentando ser o meu melhor para que você se orgulhe de mim. Posso não ser o mais atencioso ou amoroso, mas nunca se esqueça que você é a coisa mais importante que aconteceu na minha vida. 

Aquela, mais tarde, Metal descobriria, fora a forma do seu pai dizer que o amava. Gajeel não era um homem de palavras (essa era a parte de Levy, na verdade) mas de uma coisa ele estava certo: seu pai não o deixara desde então, e no fim, era isso que importava. 

-Eu jamais vou me esquecer...

 

[...]

 

Ela abriu os olhos bem lentamente. O quarto era branco, o que indicava de cara que estava em um hospital. Pelo menos não havia tubos enfiados em seu corpo e nenhuma parte doía. Procurou pelo botão para que pudesse chamar alguém quando sentiu a presença de outra pessoa no quarto. 

-Finalmente está acordada. - só que não fazia sentido estar ouvindo aquela voz naquele lugar. Pelo que se lembrava não havia morrido, então como aquela voz...?

-O que... Onde... - ela tentou se levantar mas de repente percebeu que não tinha forças para isso. 

-Hey Shrimp, quer ajuda? - ele nem esperou resposta e a colocou sentada, afofando a sua almofada em seguida. - Melhor?

-Sim... - ela ficou em silêncio, ainda tentando entender se isso era realidade. - Gajeel? É mesmo você?

-Já viu algum outro moreno cheio de piercings, ex-lutador, sarado e sexy como eu?

-É mesmo você. - murmurou, e revirou os olhos. - O que eu quero saber é ... o que você está fazendo aqui? Onde está Lucy... Ai meu deus Metal! Onde é que ele...

-Na sua casa. Eu tomei a liberdade de arrumar aquele lugar um pouco, já que Lucy não tem jeito pra isso e quem arruma a casa dela é a Virgo, cuja não pode vir até aqui em Crocos... ah, você entendeu. Tive que quase obrigar Metal a dormir porque ele estava caindo de sono. Acredita que ficou dois dias direto ao seu lado sem descansar ou ao menos comer direito? 

-É mesmo?

-É, ele é muito cuidadoso e possessivo com você. 

-Parece alguém que eu conheço. 

-Eu entendi a referência shortie. - ele mexeu o seu cabelo e arrumou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. - Você sabe, ele é um garoto de ouro. Você o criou muito bem. 

E ali estava: o brilho no olhar de um pai que ama o seu filho. E é claro que imaginara isso. No momento do acidente a única coisa que conseguiu pensar nos milésimos de segundos antes de apagar foi que Metal iria para a casa da sua madrinha, Lucy, que morava em Magnólia, o mesmo lugar de Gajeel... os dois se encontrarem era tão certo quanto dois mais dois é igual a quatro. E no fundo ela queria que isso acontecesse para que os dois se encontrassem novamente. E pelo que ela podia imaginar, agora estava tudo bem entre os dois Redfox.

-Hã... obrigada, eu acho. Foi difícil, mas por amor nós fazemos tudo. 

Um minuto de silêncio e então ele se levantou. 

-Vou buscar comida pra você, avisar os médicos que acordou, e pedir pra Lucy trazer nosso filho para lhe encontrar. 

-Por favor, faça isso. - ela sorriu se deleitando com as palavras do seu antigo amor, e deixou que a inconsciência a levasse novamente. 

Quando acordou, Metal pulou em cima dela e a abraçou tão apertado que a deixou sem ar. 

-Meu anjo... - ela sussurrou em seus cabelos, feliz de novamente vê-lo depois de tanto tempo. 

-Eu senti tanto a sua falta...

-Levy-chan! - Jet e Droy gritaram animados em vê-la acordada e a abraçaram também, falando ao mesmo tempo e se atrapalhando como sempre.

 -Deixem-na respirar idiotas! - Lucy os afastou para sorrir para a azulada. - Fico tão feliz que esteja bem! Estivemos tão preocupados...

-Eu me sinto muito melhor. Espero que tenha ficado tudo bem enquanto eu estava ‘fora’. 

-Sim mamãe, eu me comportei muito bem na casa da tia Lucy... e eu encontrei meu pai, espero que você não se zangue. 

-Nunca meu anjo. Se você está feliz, eu também estou. Já sabem quando eu terei alta?

-Dois ou três dias, segundo o médico. - respondeu Lucy sentando ao lado de seu afilhado. - Até lá eu vou cuidar de você direitinho. 

-Eu que vou cuidar da minha mãe! - Metal retrucou emburrado. 

-Ei! Eu sou a melhor amiga dela!

-E eu sou seu filho. Você não tem nenhuma matéria para cuidar não?

-Metalicana! Não seja tão rude! – Levy o repreendeu.

-Mas mamãe...

-Você deve ter se preocupado muito comigo. Porque não termina de arrumar a nossa casa? 

-Eu não...

-Eu não estou pedindo, filhote. Jet, Droy, ficaria feliz se cuidassem dele um pouco para mim. 

-Claro Levy-chan! Estávamos com muita saudade do seu filho, e adoraríamos passar um tempo com ele... só que mal conseguimos chegar perto dele sem Gajeel aparecer rosnando pra nós dois. - o ruivo reclamou, e o outro concordou. 

-Só falta latir com nós dois! Que pai você foi arrumar pro Metal hein! 

-Ei! Olha como fala do meu pai!

-Perdoe-nos Metal-kun! - choramingaram e o garoto maneou a cabeça. 

-Agora que está tudo bem, vão embora... não me obriguem a usar o Lucy Kick! - e num piscar de olhos os três saíram voando do quarto de Levy, deixando-a com um sorriso de canto na boca. 

-Sempre tão delicada. E então, como está você? Já arranjou um afilhado para mim?

-Ainda não, mas com Metal lá em casa não deu muito certo... e também ando cheia de trabalho...

-Isso não é desculpa. Vamos lá, o que foi? Eu posso ver na sua cara que algo está errado. 

-Que droga Levy-chan, é impossível esconder as coisas de você! Okay, okay... É que eu fui visitar o Natsu esses dias no trabalho, lá no corpo de bombeiros... e eu encontrei ele de papo com a irmã mais nova da Mira, a Lisanna. 

-Ela de novo Lu-chan? – já estava cansada dessa ladainha.

-Ela não tinha nada que estar lá! Eu sei que eles foram namorados antes, bem antes de eu aparecer e namorar Natsu, mas dá pra sentir que ela ainda olha pra ele do mesmo jeito! E essa coisa de ser amigo de ex também não é nada legal! 

-Assim você parece aquelas namoradas ciumentas e possessivas que não deixam o homem respirar longe de você. 

-Eu me sinto tão idiota por isso Le-chan, mas eu não consigo! 

-Está tudo bem. - ela acariciou as costas da amiga de forma cuidadosa, sorrindo um pouco. - Apenas fale com Natsu sobre isso e eu tenho certeza que tudo vai se resolver. 

-Que assim seja. 


             [...]

Havia uma faixa de "Bem-vinda ao lar" na porta da casa dos McGardens. Por fora tudo parecia bem e calmo, mas foi só abrir a porta que uma confusão de balões, serpentinas e purpurina a rondaram. Ela ergueu uma sobrancelha, e logo foi recebida por um animado Metal e um sorridente Gajeel. Ela já havia imaginado diversas vezes como seria voltar para casa e ter os dois homens da sua vida para recebê-la. Um sonho tão distante, por tantos anos...

-Que bom que você voltou mamãe! Eu e o papai fizemos bolo... na verdade os dois primeiros deram muito errado e esse aqui ainda tá meio queimado, mas...

-Ah, eu não me importo, nós sabemos que eu nunca fui muito boa com doces mesmo... - ela olhou para Gajeel procurando alguma coisa no seu olhar. Ainda não havia conversado a sério com o moreno, então sempre sentia uma leve tensão entre os dois... 

-Você está ótima. - piscou um dos olhos e foi até a mesa de jantar lhe partir um pedaço de bolo. Metal pegou as coisas dela e levou pro quarto, voltando correndo logo depois. 

-Pronto já levei suas coisas para o quarto. Está melhor mãe? Não está doendo nada? Fiquei muito aliviado que você veio logo pra casa. Sabia mãe, que enquanto esteve no hospital esses dias fomos pra academia do sensei José e ele ficou muito impressionado com o meu desempenho e meu avanço no boxe! Disse que eu até posso começar a pensar em campeonatos, acredita nisso?

-Eu acredito sim. - sorriu bagunçando o cabelo do seu filho, e sorrindo de forma gentil. - Mas isso é assunto pra depois. Não quero perder você pro boxe também. 

Ela ouviu Metalicana divagar sobre muitas coisas naquela tarde, da mesma forma que Gajeel fez. Levy não se lembrava de ouvir Gajeel falar tanto desde que o conhecera... mas agora observando os dois interagindo via como o moreno se preocupava com seu filho. Até porque Metal era uma parte sua, e ela devia tê-lo julgado muito mal. 

Ela foi interrompida quando notou que Metal havia ido para o quarto e só lhe sobrara Gajeel na mesa. E este, a encarava como se quisesse muito perguntar algo. 

-Vá em frente. - cortou o silêncio do ambiente e o moreno piscou confuso. - Eu sei que quer me perguntar muitas coisas. Pode começar. 

-Ah... primeiro de tudo eu quero entender porque você foi embora. 

-Não se lembra da nossa briga?

-Disso sim. Foi o pior dia da minha vida, a pior escolha da minha vida... deixar você ir. Eu me arrependo tanto, se soubesse...

-Eu acredito, mas o que aconteceu está no passado. E mesmo assim, eu tive medo de lhe contar sobre a gravidez. Achei que fosse me odiar e que fosse... me pedir para tira-lo de mim com medo de algum escanda-lo e que prejudicasse a sua carreira. 

-Levy... - um arrepio percorreu a sua espinha quando ouviu-o pronunciar o seu nome. Isso sempre acontecia, e era tão bom...

-Eu sei, fui estúpida... mas eu jamais te coloquei contra o meu filho. Ele sempre soube quem era o pai, eu sempre contei-lhe tudo, fui honesta... e ele sempre te admirou, sempre sonhou com o dia que finalmente iria te conhecer.

-E aconteceu. 

-É, vocês se encontraram. Ele me contou tudo, parecia tão feliz. Não posso dizer que me arrependi do que fiz, mas é que eu sempre senti muito medo... até ver vocês dois juntos hoje. Eu não achei que fosse ser um bom pai... eu estava tão enganada, me perdoe. - lágrimas surgiram em seus olhos e ela sentiu um peso tão grande no seu peito que chegou a doer. 

-Baixinha... - ele se aproximou e a tomou nos braços, a abraçando com força. Fazia tanto tempo desde que a segurara em seus braços dessa forma, sentia seu cheiro tão perto, seu coração pulsando no peito. - Eu senti tanto a sua falta... meu Deus, todos esses anos, eu jamais lhe esqueci. Nunca, nunca, nunca, nunca... nunca mesmo. Principalmente depois que machuquei meu braço, eu vi que tudo, minha carreira e minha vida até ali não importava. Tudo era tão fútil... porque você é que importava. E essa alegria que suas lembranças me traziam só voltou a aparecer quando Metal bateu na porta da minha academia. Pergunte á Lily que naquele mesmo dia eu estava falando sobre crianças e como eu queria ter um filho meu nesse mundo... e eu tinha, sem mesmo saber...

-Gajeel... - ela sussurrou emocionada e extasiada, sem saber ao certo como reagir. 

-Nunca mais vá para longe de mim. Eu sei que errei muito no passado, mas eu estou aqui agora. Me deixe fazer parte da sua vida novamente, de viver ao lado do incrível filho que nós dois temos, me deixe... amar você, de verdade dessa vez. 

-Ah Gajeel... você não precisa nem mesmo pedir! - e ela o beijou como a muito tempo atrás, um beijo cheio de amor e paixão que não era apenas da sua parte. 

-Levy... nunca mais saia do meu lado. Nunca mais. 

-Está certo, Gajeel... eu jamais irei embora novamente. Eu prometo pra você. 

-Case-se comigo. - aquilo não era exatamente um pedido. Era quase uma ordem, que Levy ficou feliz seguir. 

-Como você quiser, meu amor... como você quiser.


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Esquerda, direita, esquerda, esquerda, chute, direita, jab direto, gancho, chute, direita, direita...

 

Era uma noite escura e tempestuosa e a única coisa que Phanterlily queria era que sua mente se preocupasse somente em treinar com o saco de areia. Não queria pensar como o lugar ficava vazio sem Gajeel e a aula com as crianças na parte do dia, afinal, ele estava ocupado em Crocos com a sua família. Não queria pensar também que estava mais solitário do que nunca, e nem de que os amigos da Fairy Tail pareciam mais distantes do que nunca (ou talvez fosse coisa da cabeça dele, não duvidava). Ah, e é claro, tinha também o fato de que Happy finalmente havia conseguido beijar Charles...

-Argh! - deu um último chute e se escorou na parede, suspirando. Sua testa e as costas brilhavam de suor, e por isso resolveu tirar a blusa molhada e lavá-la no banheiro mesmo. 

Voltou e subiu no ringue. As únicas lutas que tivera era com Gajeel e salvo outras no seu tempo de juventude, não tinha muita ambição em se tornar lutador de verdade. Só lhe restava lutar contra um inimigo imaginário, mas nem mesmo isso lhe manteu tão ocupado que o fizesse esquecer a noite passada. 

Porque ver Happy se declarando, no meio da festa surpresa para Charles, lhe tomando a primeira valsa da noite e a beijando de forma apaixonada fora a coisa mais difícil que já tivera que enfrentar. 

Se você pedisse para ele escolher entre pular numa piscina cheia de tubarões a encarar aquela cena... os tubarões seriam sua única opção. Para ele se apaixonar por Charles era uma das piores coisas que havia lhe acontecido. Porque não podia ter caído por qualquer outra mulher? Uma que fosse possível e alcançável, de preferência. Não que seu coração fosse obedecer o seu cérebro. Nunca obedecia para falar a verdade. 

Sabia muito bem porque amava a mulher, isso era óbvio demais. Não para os outros que ainda o chamavam de coração de pedra, mas a própria Charles sabia que Phanterlily a amava. E pra piorar nada fizera com essa informação. Nada. Nem recuou nem deu indícios para continuar. E era por isso que nunca sabia como agir ao redor da albina, e quando fazia algo, geralmente a desagradava. O que o levava a ficar irritado e frustrado quando a encontrava. 

Porém, havia outros momentos, em que o silêncio entre os dois era confortável e tão bom que não precisava de palavras para se expressar. As coisas aconteciam normalmente, como se sempre fossem assim. E era isso que importava para o treinador. Compartilhar o silêncio com outra pessoa. Com Charles. Naqueles momentos eles se conectavam de uma forma profunda que Lily quase acreditava que podiam se fundir. 

Mas parece que ela já havia encontrado outra pessoa para se fundir em seu lugar. E mesmo que Phanterlily fosse amigo de Happy, o hiperativo de cabelos azuis primo de Natsu, estava odiando-o com todas as forças por ter feito tantas loucuras e no final, ter conseguido tê-la em seus braços. 

-Isso não vai me levar a nada! - gritou para o lugar vazio deixando que sua voz ecoasse como o rugido de uma pantera em fúria, que era como se sentia agora. 

-A menos que queria lutar contra uma pessoa de verdade, concordo contigo. - uma voz respondeu e Lily travou, reconhecendo-a. Se virou lentamente baixando os punhos e piscando várias vezes para ver se não era uma ilusão da sua mente. Não podia acreditar que havia uma Charles ao pé do ringue com seu cabelo branco ondulado em suas costas, um vestido cor-de-rosa e incríveis olhos brancos o encarando com determinação no olhar. - A porta não estava trancada, então resolvi entrar. 

-Geralmente não se vê muitas pessoas tentando assaltar a famosa Fairy Tail, então eu não me preocupo muito. - Quase vacilou os passos enquanto se curvava no ringue e ficava de frente para a albina. - O que eu quero saber é o que você está fazendo aqui. Alguma coisa aconteceu com Gajeel? Com Natsu? Com... Happy? 

-Você não gosta mais dele não é mesmo? - e nem precisava de nomes, o moreno entendera e balançou a cabeça, sem responder (afinal ciúmes não era um motivo justo para quebrar uma amizade de tantos anos). - Não foi minha intenção, separar vocês dois. Eu juro. 

-E eu acredito, ninguém está lhe julgando ou lhe dizendo o contrário. Mas eu realmente não estou nem um pouco a fim de ser seu conselheiro amoroso se está com problemas no paraíso ou seu ouvinte sobre como seu namorado é romântico e lhe dá mil rosas todos os dias, lhe dá café na cama e coisas do tipo. 

-E vai ouvir se eu lhe disser que ele não é nem um pouco romântico, só faz coisas bregas, é uma criança mimada que briga comigo porque eu não lhe dou o que quer na hora que quer, e que, acima de tudo, beija mal?

-... é o que? - franziu o cenho muito confuso, e ela revirou os olhos. 

Esticou a mão e tocou o rosto de Lily sem aviso, traçando suas bochechas, depois o pescoço, os ombros, os bíceps... e quando finalmente voltou a olhá-lo foi completamente diferente do que ele conhecia de Charles. Jamais vira um olhar tão... amoroso poderia ser a palavra certa, não que ele conseguisse pensar nisso naquele momento. 

-Pensei que quando visse eu e Happy nos beijando ficasse com tanta raiva que fosse pular em cima dele e acabar com a sua raça e depois me reivindicar como sua fêmea, e eu teria gostado muito disso... ah, seria muito bom... mas não, você ficou quieto e saiu do lugar com o rabo entre as pernas mesmo com o olhar raivoso de um lobo sedento por sangue, o que é algo muito divergente. Na verdade, depois de pensar muito... você foi embora como se... como se não fosse digno de ser amado. 

-Charles... - ele disse em voz baixa com o olhar turvo em um passado distante. Sabia que a albina era esperta, mas compreender sentimentos que ele trancara tão fundo em seu ser, ele não podia acreditar nisso, não podia! - Olha...

-Estou certa, não estou? - ela o encarou de forma profunda, e ele assentiu de leve, derrotado. - Eu sabia disso. Quando um homem recua demais principalmente quando está prestes a explodir, uma coisa muito ruim deve tê-lo barrado. E só um coração machucado pode transformar uma pessoa boa, que eu sei que você é, em alguém com fama de frio e insensível. - era a mais pura verdade. Contra isso, Lily não podia argumentar, então apenas baixou um pouco a cabeça, sem saber como reagir. Ela apenas acariciou os cabelos cinzentos com um sorrisinho de canto no rosto, e voltou a falar. - Eu sinto muito... por conta do que você passou no passado. Não precisa me contar, e eu sinceramente não estou interessada em saber da mulher que te magoou tão profundamente. 

-Então o que é que ainda está fazendo aqui? Mesmo sabendo que eu fui quebrado...

-Minha mãe me ensinou que quando uma coisa quebra, você deve consertá-la e não jogá-la fora como se fosse uma coisa inútil. - ela estava tão perto que sua respiração quente batia em sua bochecha. E seus olhos estavam transbordando de uma coisa... que ele não sabia o nome, mas queria descobrir. 

-Charles...

-Lily...

-O que ainda está fazendo aqui? 

-Consertando você. E é nessa parte que você me beija, idiota. - ela não teve tempo de sorrir antes de seus lábios serem capturados pelo do moreno. 

Não foi nada do que nenhum dos dois imaginou. Foi muito mais intenso e mais forte do que um dia eles sonharam. 

-Eu quero você. - ela suspirou as palavras enquanto Lily beijava seu pescoço e seu rosto, deixando-a quente onde suas peles se encontravam. Ela toda parecia que ia entrar em ebulição, talvez fosse consequência do sentimento que ambos sentiam, reprimido por tanto tempo. 

-Eu quero você muito mais. E não há palavras para descrever isso, então terei que me ocupar em mostrá-lo a você. - ela sentiu um arrepio na coluna e sorriu em meio a outros beijos do homem à sua frente. 

 

E foi naquela noite que Lily e Charles descobriram que a paixão pode ser reprimida por quanto tempo as pessoas queiram, mas basta uma faísca para reascender a chama e mudar tudo. 


Notas Finais


-A capa foi retirada do twitter (https://twitter.com/boz_kun). Todo o crédito vai para o autor da imagem.


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