De repente é tudo real
De repente é tudo que você sente
Você está livre agora, de alguma forma
De repente é tudo real
De repente é tudo que você sente
Você está livre agora
Você é tudo que você tem que dar
O desconhecido agora
Point Of View: Bree Callahan
Se passaram exatamente três dias desde a festa do horror, festa essa que me fez controlar o excesso de ciúmes que me consume. Hoje é bom dia, uma tarde escura e fria. Esta chovendo horrores em Atlanta, o que é bastante inesperado. Ultimamente tem feito tanto sol.
Meu pai está em casa sob os cuidados da enfermeira, e a Havanna também está em casa, pois as aulas foram canceladas por motivos de infiltração nos prédios da univerdade. As vezes, Atlanta é bem estranha.
Justin não foi a nenhum lugar hoje, por isso resolvemos assistir um filme de romance. Na verdade, eu insisti bastante para que o gênero fosse esse, mas também foi fácil convence-lo fazendo um drama incomparável. Ninguém consegue ser mais dramática e chata, como eu, quando quer algo.
-Já colocou o filme? - Justin fecha a porta da sala de cinema, e se aproxima com uma tijela cheia de pipoca. Os meus lábios se alargam em um sorriso.
-Estava esperando você - digo, apertando o botão de começar o filme. Justin deita ao meu lado, sem camisa apenas com uma calça moletom cinza, e sua respiração esta tranquila e controlada - Por que demorou tanto?
-A pipoca precisa de um tempo pra virar pipoca - ele diz, com os olhos preso na tela grande em nossa frente.
-Tem razão - sorrio, me aconchegando no seu peito.
O filme começa e a todo instante sinto vontade de chorar, pois nos filmes os caras são tão perfeito. Gentis e românticos. Quando na realidade isso é quase um evento inusitado. Justin é a prova viva de que ser romantico é algo difícil de acontecer, parece que a sua natureza máscula não permite. Como se nós -mulheres- fôssemos acha-los menos homem se agissem dessa forma, mas a verdade é que gostaríamos ainda mais de ficar ao lado deles.
No meio do filme, o personagem do garoto solta um comentário que me faz rir um pouco. Justin franze a testa, me analisando.
-Se eu tivesse dito isso á você, tenho certeza que a reação seria diferente.
-Você já me disse coisas piores - murmuro contra seu peito - E outra, ele foi um fofo. Aposto que disse isso apenas para divertir a garota.
-Dizer que comer ela não saciou a fome? - seus olhos me encaram, e eu dou de ombros - Puta que pariu.
-Justin, cala a boca!
No fim do filme, eu estava chorando horrores e Justin tinha devorado a pipoca toda. Me sento e enxugo as lágrimas com o casaco.
-Não entendo as mulheres - Justin murmura - Cada dia mais indistinguíveis.
-Você bem que poderia ser mais gentil igual ao garoto. Viu como ele perdoou ela o tempo todo? Mesmo ela não tendo exatamente culpa, ele a perdoou.
-Isso é ficção, Callahan - ele resmunga, erguendo-se - Na vida real tudo é diferente.
-Eu sei - suspiro - As vezes, queria ser parte de um filme de ficção. Ser a personagem..
-Já esta delirando - Justin abre a porta da sala, e sai deixando-me para trás.
*
Volto para casa somente a noite, estou um pouco empolgada com a chegada do computador super-hiper-mega tecnológico que consegui comprar para meu pai, sendo assim ele conseguirá se comunicar conosco, e com sua enfermeira. Infelizmente, ele não estava funcionando ainda, por estar tarde demais o especialista em computadores não veio configura-lo, o que fará meu pai esperar um pouco mais para falar com todos.
Stevie apareceu na minha casa, os olhos cheios de lágrimas. Ela não chegou a chorar, mas eu sabia que podia desabar a qualquer momento. Seu rosto possui um tom avermelhado, e um enchimento fora do normal, como se tivesse chorando a madrugada toda. Ou o dia.
-Quer ir para meu quarto? - pergunto. Ela assente vagamente. Puxo-a escada á cima, na direção do cômodo onde teremos mais privacidade - Pode desabar, vou escutar tudo em silêncio até que me permita falar.
-Meu pai - soluça - Ele vai embora, vai morar em outro país.
-Mas.. - paro ao notar o que havia acabado de dizer sobre ficar em silêncio.
-Ele conheceu uma mulher, Carla, e agora estão namorando. Na verdade, estão juntos á mais tempo do que eu sabia - ela acalma a respiração, olhando para os nós dos dedos. Em seguida, ergue a cabeça, olhando nos meus olhos - Querem se casar, em breve - acrescenta - E vão fazer isso. Eu não estou magoada pelo fato de se casarem, mas sim pelo fato do meu pai não se importar mais comigo. Ele sequer me informou sobre o noivado, disse quando eu vi a aliança de comprimisso no seu dedo. Ele me pediu desculpas, acrescentando que não sabia se eu aceitaria bem a história - mais um soluço - Mas eu já sou bem grandinha, Bree, eu entenderia. Agora eles vão para o México, cidade natal da Carla, para casarem e viverem por lá. Meu pai odeia comidas muito apimentadas, ele não vai gostar de morar lá, mas mesmo assim ainda vai.
O silêncio me faz perceber que ela já disse tudo.
-E você? Vai com eles?
-Meu pai disse que queria que eu fosse, que a Carla também - ela olha para o carpete do meu quarto - Querem formar uma família perfeita, brilhante, mas não desejo ir. Não quero viver no México, dizem que lá é ruim.
-Não, não é.
-Que seja - dá de ombros - Não quero. Eu amo o Ryan, não quero abandona-lo, e eu amo você e também não quero abandona-lá.
-Falou a ele sobre isso?
-Falei.
-E aí?
-Ele disse que eu decido qual futuro quero trilhar. Mas, não curtiu a idéia. E não tenho onde morar.
-Pode ficar aqui - murmuro - Eu amo você também, apesar de todas as coisas, esteve comigo no pior momento da minha vida. E talvez nos melhores. É apenas retribuição.
-Você jura?
-Sim, é verdade - assinto - Quando eles partem?
-Não sei - ela dá de ombros, realmente esta desnorteada - Mas acho que em breve.
-Então fale a ele sobre a nossa conversa. Depois do que aconteceu com meu pai, a nossa casa ficou sem vida. Preciso da sua presença também.
-Obrigada, Bree - seus braços me rodearam, e apertaram meu corpo fortemente.
-Tudo bem, tudo bem.
{...}
No dia seguinte continuava chovendo, alguns lugares da cidade até encheu de água. Como se um tornado tivesse passado por ali. Mas enfim, o técnico de computador chegou cedo, e logo após Justin chegou. Ele disse que estava sem fazer nada em casa, e pensou em mim. A coisa mais fofa que já ouvi nos meses do nosso relacionamento, se bem que eu nem lembro mais dos outros momentos.
-Stevie vai morar comigo - digo a novidade ao meu namorado esparramado no sofá da minha casa.
-Ryan sabe que ela foi despejada de casa?
-Não sei - curvo os lábios - Até porque ela não foi despejada.
-Por que vai morar aqui? - ele franze a testa - Eu pretendia levar você para morar comigo. Vou ter que levar ela também?
-Eu não vou morar com você enquanto meu pai estiver vivo.
-Uma hora ele morre.
-Justin! - grito, brava. Como ele pode dizer uma coisa dessas depois de tudo que meu pai passou? É uma dádiva ele ainda estar conosco. Sinto meus olhos arderem. Me sinto tão frágil ao que se refere ao meu pai - Retire o que disse.
-Linda - ele tomba a cabeça para o lado - Todos vamos, eu não disse que seria logo. Relaxe.
-Tem razão - respiro fundo - Se ele morrer será como se metade de mim estiver indo embora. Espero que ele viva o suficiente para ver seus netos, só assim quando ele morrer eu vou ter algo para me segurar.
-Pronto - uma voz estridente atravessa a sala - O computador já está funcionando. Já até fizemos o teste, seu pai esta lhe chamando.
-Tudo bem, obrigada - levo-o até a porta, me despeço com um aceno e fecho a porta antes dele ir embora - Vou falar com meu pai.
-Vou com você - Justin diz rápido. Lhe olho desconfiada - Quero ver como funciona essa parada toda.
-Então vamos.
Point Of View: Justin Bieber
Se eu deixar a Bree com o pai em menos de um minuto com aquele maldito computador, tudo pode acabar. Minha história com a filha dele, a minha história com a gangue. Acabarei numa cela fria e nojenta de Atlanta, com uns homens filhos-da-puta.
Na primeira oportunidade, entro no quarto do pai dele após ela. O velho já arregala os olhos na minha direção e se vira para o computador. A tela imprime uma frase.
O que ele está fazendo aqui?
Bree me olha, se aproximando do pai.
-Eu sei que tem seus conceitos sobre o Justin, mas ele é um bom homem, pai. Tenho certeza de que se conhecessem iriam se entender.
-Bree, pega um copo de água pro seu pai - a olho rápido. Ela franze a testa, mas sai.
O homem que quase mandei para baixo da terra, olha para a tela do computador
Deixe minha filha em paz. Saia da vida dela.
-Isso não vai rolar, Callahan - sento no final da cama - Eu amo a sua filha. Mas se você resolver abrir a boca para dizer o que aconteceu, não vou hesitar em machuca-la, nem que seja sentimentalmente. E tem a outra filha.
Você não arriscaria. Se ama ela, a deixe em paz.
-Você deve ter noção de quem deixou você nessa porcaria de vida - digo, friamente - Sabe do que sou capaz de fazer pra conseguir o que quero. Vai arriscar a vida das suas filhas por uma coisa que não interfere na sua vida?
É minha honra de agente, #@$&. Eu vou contar tudo a ela, não ouse machuca-la.
-Não conte com isso - puxo uma pistola da cintura. Eu estava aqui desde cedo apenas para amendronta-lo - Bree, querida, por que está demorando? - vou para trás da porta, aguardando-a. Esse velho tem que ceder, porra, ele tem.
Tudo bem, tudo bem. Não vou dizer nada.
Guarde a arma. Não toque nelas, por favor.
Cumprirei minha palavra.
-Melhor que cumpra mesmo.
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