História The Mysterious Killer - Você Foi Apenas Uma Vítima

Ariana P.O.V

Nove dias se passaram desde minha última lembrança. E hoje darei começo ao que eu tenho planejado durante esse tempo.

Fiquei praticamente cinco dias na casa de meus pais e por consequência, Joseph me ligou pedindo explicações porque tinha o dito que ficaria somente três. Nesses quatro dias restantes, minha relação com Bieber tem ficado estranha. Continuamos com a consulta, eu normalmente fazendo perguntas a ele, Justin responde de forma natural, sem esboçar sarcasmo ou até mesmo alegria por me ter por perto; só me responde como que se eu fosse uma pessoa qualquer e isso acabou em uma discussão em que eu perguntava o que tinha acontecido e o mesmo dizia que só não estava bem. Mas eu nunca acreditava, e como Bieber tem um temperamento ao extremo, ele quase me bateu, mas parou no meio do caminho, pois nunca conseguiria fazer e eu agradeci por isso, se não as coisas ficariam piores entre nós.

Neste momento estava terminando a consulta com Justin e o mesmo me olhava enquanto escrevia no caderno. Ele sempre fazia isso para tentar descobrir o que eu tanto escrevo.

- Já vou indo - suspirei e o encarei - da próxima vez, tenta ser menos grosseiro. Se não, não vou poder te ajudar a melhorar, sendo que você agora está regredindo - fui ríspida, desviando o olhar do dele e me levantei do chão. Sim, infelizmente o manicômio não providenciou as cadeiras e mesa para o quarto.

Virei às costas para ele, mas antes que eu pudesse alcançar a porta, Bieber arrancou a bolsa de mim e eu virei rapidamente em sua direção.

- O que é isso? - perguntei nervosa - devolva-me agora minha bolsa - ordenei, mas parece que Justin não levou a sério.

- Ou se não o que? - me desafiou.

- Eu passo por essa porta, ligo para Robert e peço para ele me encontrar aqui e agora. E então nós vamos ver o que ele quer tanto me contar. - não estava para brincadeiras hoje. Era um dia muito decisivo na minha vida e ele, me olhando daquele jeito, como que se eu fosse um brinquedo que pudesse comandar, me enfurecia.

Ao dizer aquilo, Justin jogou a bolsa com força em mina direção e apontou o dedo para mim.

- Porque você fica insistindo nesse assunto? - seus olhos estavam escurecidos e agora, seu rosto expressava fúria - eu já não te contei o que queria saber?

- Mas não me contou tudo - exclamei dessa vez me aproximando - Justin eu preciso e quero saber de toda a verdade. Você me contou uma parcela dela, não toda - dessa vez foi ele quem recuou nervoso - por isso, se ninguém me contar, eu vou ter que tomar algumas providências - Bieber avançou em mim, surpreendendo-me, segurando meu rosto com suas duas mãos.

- Você não vai até ele, está me entendendo?

- Então me conta - disse simples.

- Eu não posso - sussurrou.

- Por quê? - perguntei indignada - não tem nada que te impede

- Tem sim.

- O que?

- Seu sofrimento.

Aquelas simples palavras, dilaceraram meu estômago e de repente me senti enjoada.  Justin não quer me ver sofrer.

Ele ainda segurava meu rosto, então eu apenas pus minhas mãos em seu ombro, ficando na ponta dos pés, juntando nossos lábios. Bieber pôs suas mãos em minha cintura e aproveitei para enlaçar meus braços em sua nuca. O beijo se intensificou, até eu começar a ficar excitada, mas tive que interrompê-lo. Vi que Bieber estava de olhos fechados e sussurrei:

- Eu vou ficar bem. Nós vamos ficar bem - disse antes de me desvencilhar de suas mãos e rapidamente sair do quarto escutando-o gritar para que eu voltasse.

                                                  (...)

- Então eles não conseguirão realmente te convencer - disse ele, sentando à minha frente.

- Quero saber de tudo Robert, sem enrolar - disse séria

- Hum, é mais direta do que a própria mãe.

- Não tente me influenciar a nada e sem gracinhas. Sei que eu e Justin nos conhecemos desde quando éramos pequenos e também sei que namoramos por muito tempo. Você era obcecado por Pattie e quando ela o rejeitou você infernizou a vida de todos da sua família, incluindo a minha e acabou que você causou meu traumatismo craniano e perda de memória - joguei a revelação em cima dele e o mesmo arqueou as sobrancelhas talvez surpreso demais.

- Então está realmente interada no assunto - sorriu e aconchegou-se na cadeira que estava sentado.

- Quero saber o que você fez comigo

Robert gargalhou alto, chamando a atenção de algumas pessoas.

- Seu namoradinho não te contou?

Neguei com a cabeça e ele fez o mesmo logo em seguida.

- Eu não devia estar surpreso, afinal, você foi apenas uma vítima.

- O que você quer dizer com isso?

Ele sorriu de canto.

- Você foi vítima de todos que conhece Ariana. Desde pequena você sempre foi a menos levada em conta. Justin só estava apaixonado todo aquele tempo. Mas quando você perdeu a memória, ele te abandonou, não olhou para trás. Ele mentiu para você durante muito tempo. Nunca te mostrou quem era realmente.

- Bieber é uma boa pessoa - afirmei

- Como tem tanta certeza? Só porque ele fala que nunca te machucaria? - riu fraco - Justin fala da boca para fora querida. Eu mesmo fazia isso - encarou-me com seus olhos azuis, mais frios que o próprio gelo - ele já te contou de Samanta?

Franzi o cenho e engoli seco.

- Não - sussurrei.

O homem a minha frente riu, achando graça da minha situação.

- Bom, ela foi a psicóloga dele antes de você depois do incidente. Bieber estava acabado e começando seu vício por sangue. Desde que você ficou em coma por causa do traumatismo craniano, Justin começou a se isolar do mundo. Teve um período que eu realmente achei que ele tinha ficado esquizofrênico, mas somente estava tentando lidar com a perda - Robert suspirou e sorriu novamente, enquanto eu estava atenta a tudo - Samanta conseguiu se apaixonar por meu sobrinho, só que ao contrário do que seria algo saudável, só prejudicou mais Justin. Ele não enxergava a menina e sim você. Pattie discutia comigo, dizendo que era o amor dele por você, mas eu confirmava que era obsessão. Final da história, Justin matou a menina, porque ela sempre dizia não ser você e ele como é um cabeça quente, matou Samanta sem dó nem piedade, por não aceitar o fato de tentar se relacionar com outra pessoa. Por isso o manicômio proibiu que meu sobrinho tivesse uma psiquiatra. Para que não houvesse essa confusão na cabeça dele. Mas exatos seis anos depois, quando ele estava se curando, você apareceu - parou por um instante - eu tenho que admitir que você está fazendo um ótimo trabalho Ariana. Ele realmente progrediu muito. Só não sei se as coisas vão ficar assim por muito tempo - entortou a cabeça para um lado e sorriu maliciosamente.

Afastei-me um pouco, pressentindo alguma coisa de ruim.

- Ainda não me contou como que fez para eu perder a memória - acusei

- Oh, estava contando que eu te contasse? Não minha cara, você tem que se lembrar, pois somente assim, sua memória estará intacta e aí sim podemos nos divertir novamente - levantou-se e se foi.

                                                  (...)

- Ariana ele te falou tudo isso mesmo? - Pattie perguntou-me curiosa.

- Sim - disse convicta - se eu me lembrar de mais alguma coisa, depois te falo.

- Tudo bem - pegou suas coisas e me puxou para um abraço.

- Eu quero que saiba - disse após me soltar - que tudo o que ele disse sobre Justin e Samanta, é verdade, mas não quero que fique magoada com ele por isso. Meu filho passou por muita coisa desde que te perdeu e eu não me orgulho disso. Ele tentou me matar e Jeremy foi forçado a colocá-lo no manicômio, pois estávamos com medo dele se tornar uma cópia de Robert. Mas nunca se esqueça de que todos têm bondade no coração, mesmo que pequena - sorriu e antes de se afastar completamente, completou - ele te ama. Só não sabe como expressar direito depois de tudo e também é orgulhoso como o pai - rimos juntas - qualquer coisa pode contar comigo. Nenhum de nós está contra você.

Sorri e fui em direção ao carro.

Pattie e eu combinamos, antes de me encontrar com Robert, que eu iria fazer perguntas a ele e logo em seguida eu e ela conversaríamos sobre e discutiríamos no que poderíamos fazer diante disso, mas pelo que vi, ele me contou mais coisas do que eu precisava saber e digamos que também fiquei com medo no começo, mas Pattie disse para eu não me preocupar que tudo daria certo.

Sinto-me péssima por não contar nada a Justin, mas ele nada poderia fazer enquanto estivesse no manicômio e provável que ele só saia mês que vem. Sim, conversei com a diretoria e fui informada que Bieber tinha muita chance de sair mês que vêm, pois logo completaria sete anos internado lá e faz um tempo razoável que não tenta nada.

Pelo menos poderia dar essa notícia a ele, mas somente amanhã, pois hoje foi um dia agitado e eu teria que ligar para Clarice para saber como estão as coisas.

Depois de um tempo, cheguei em minha casa e quando estava preparando-me para colocar meu pijama, escutei meu celular tocar.

- Oi Joseph

- Olá Ariana, desculpa te interromper, sei exatamente que você dorme a essa hora, mas eu gostaria de te pedir uma coisa - suspirei, já prevendo o que seria - recebi a notícia de que seu paciente, Justin Bieber, pode levar alta mês que vem, mas... Eu não te pediria isso se não fosse de extrema importância, mas - Joseph parou no meio da fala.

- O que? Fala

Escutei-o suspirar

- Bieber não parou um instante de bater na porta do quarto dele desde que você foi embora. Alguns enfermeiros acham que ele está drogado, mas Justin não contém drogas em nenhum canto do quarto. Ele fica socando a porta, chamando, na verdade gritando pelo seu nome, Ariana. Fica dizendo para não ir até ele. Quer me contar alguma coisa?

- Não, só... Dê um jeito de informá-lo que logo amanhã cedo estarei na porta do quarto dele.

E desliguei a ligação, totalmente aérea.

O que eu faria agora?

Deus, ele gritou por mim.

                                                    (...)

Vestida ocasionadamente, não deixando o estilo de lado, com um cropped, calça jeans de cintura alto, salto alto e jaqueta; esperava angustiadamente até que um dos seguranças/brutamontes abrisse a porta para mim.

Ao conseguir ver uma brecha do lado de dentro do quarto, pude ver Bieber encarar a porta, sentado do outro lado do local.

No mesmo instante que vi a porta ser trancada, virei-me para Justin e o mesmo me encarava de cima a baixo.

- Pronto, estou aqui - me pronunciei - fiquei sabendo que ontem, após eu ir embora, você ficou me ... - olhei para seu rosto e pude ver marcas arroxeadas - Justin o que aconteceu com você? - perguntei assustada - você está com o rosto todo machucado. Não me diga que tentou sair novamente, mas dessa vez os seguranças te impediram.

Pus minhas mãos em seu rosto, mas rapidamente e brutamente Bieber as tirou de seu rosto.

- Você acreditou nele? - sussurrou, apertando com força meus dois pulsos

- Justin - pronunciei.

- ME RESPONDA - elevou o tom da voz, mas quando viu o que fez suspirou e fechou os olhos.

- Só me responda, por favor - ele já não abria os olhos para me encarar. Parecia que fazer tal ato lhe dava ânsia.

- Do que você está falando? - perguntei totalmente confusa.

- Por favor, Ariana - ele ainda apertava meus pulsos e já estava começando a arder.

- Justin você está me machucando - sussurrei com dor.

Ele rapidamente abriu os olhos, mas não me olhou. Ao invés disso, encarou suas mãos e soltou-me rapidamente, causando-me alívio. Bieber começou a fazer carinho no lugar machucado.

- Me desculpe - disse frio e arrogante, me empurrando para que eu saísse de perto dele.

Certo, Justin estava muito bipolar.

- Não vai me responder? - disse ele ainda não me encarando e isso já estava começando a me incomodar - eu te liguei Ariana, e você de alguém jeito atendeu. Eu escutei toda a conversa que você teve com o meu tio - se virou e então finalmente me encarou - eu vou te perguntar mais uma vez: Você acreditou nele?

Dessa vez estávamos muito perto e eu conseguia sentir seu coração bater acelerado.

- Em muitas das coisas que ele me disse não. Mas uma coisa que eu não posso descartar é o que aconteceu com Samanta e você - Bieber me olhou e de repente o brilho que eu já estava costumada a ver em seus olhos, se ofuscou.

- Não me orgulho do que fiz - disse simplesmente.

- Porque não me contou?

- Porque eu sabia o que você iria pensar sobre mim.

- E o que eu estou pensando sobre você?

- Que sou idêntico a Robert - eu não podia estar ouvindo direito.

- O que?! - exclamei - você acha que eu seria capaz de pensar isso sobre você? Continua achando que eu sou igual aos outros - estava completamente irada e sem que eu percebesse, comecei a socar seu peitoral - você é um idiota completo. Se fosse igual a Robert, eu já estaria morta. Se você fosse igual a Robert eu não me importaria de te ajudar. Se você fosse igual a Robert eu já tinha desistido há muito tempo, mas toda vez que eu penso nessa hipótese não consigo me sentir bem, pois sei que vale a pena continuar a ser sua psiquiatra. Se você fosse igual a Robert não estaria talvez me apaixonando por você.