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História The Necropsist - Lírios brancos e calmantes.


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 8 - Lírios brancos e calmantes.


— O certo seria eu te levar a um hospital... — disse mexendo de leve meu pé, parando ao me ouvir resmungar. — Mas eu duvido que você fosse ficar calada. — Levantou-se, molhando um pouco o pano que segura em água morna para limpar o sangue em minha mão, passando suavemente o tecido sobre o rasgo na pele das costas da minha destra. Jimin não estava bravo por eu chorar agora, ele sabia que era de dor e eu não conseguiria parar mesmo se ele gritasse comigo. — Eu exagerei... — sussurrou ao levantar minha blusa o suficiente para ver o hematoma ainda vermelho vivo em meu tórax, a falta de ar já havia melhorado, mas a dor em meu corpo ainda fazia minha respiração difícil.

Jimin me ergueu devagar para não piorar ainda mais meu estado, apoiando minha cabeça em seu ombro para me levar até o banheiro, onde já havia preparado um banho morno para mim na banheira. Não relutei enquanto Jimin retirava as roupa do meu corpo, por medo de deixá-lo bravo novamente.

O loiro não encarou meu corpo ou sequer me tocou em lugares impróprios, apenas me manteve apoiada em si por não conseguir abaixar o pé esquerdo, meu tornozelo estava já tomando a tonalidade escura típica de um hematoma. Eu não conseguiria pisar com aquele pé mais durante um tempo considerável.

— Já fizeram trotes em meu nome de todos os tipos, a polícia ignora qualquer ligação que não seja alarmante quando é sobre mim, já fizeram várias buscar inúteis em minha casa — disse enquanto molhava meu cabelo. Ele estava falando de forma calma novamente, talvez fosse algum tipo de ciclo do seu humor, eu não queria que o Jimin que me viu ao telefone voltasse. — Eu não queria ter de ver Hoseok novamente... Por isso fiquei tão bravo, a culpa não foi sua, desculpa — diz suspirando fundo, passando devagar a esponja por meu ombro, tentando limpar o sangue da ferida que abriu em minha orelha quando me jogou contra a parte de madeira de sua cama. — Me perdoa — sussurrou chateado ao ver minha orelha lacerada pelo impacto na cabeça que me fez desmaiar, poderia ter sido mais grave se fosse mais para frente um pouco, eu poderia ter morrido.

Não haviam casacos meus na casa e Jimin não me deixaria sozinha naquele estado para sair, mesmo que eu não pudesse subir as escadas para o segundo andar e nem descer para a área de serviço sem alguém para me apoiar, então vestiu um moletom seu em meu corpo e me ajudou a vestir um short meu.

Não queria estar perto de Jimin, mas não possuía muita escolha agora que não conseguia andar decentemente, Jimin estava me carregando no colo e deixando-me sentada nos móveis para fazer uma coisa ou outra. O mais velho me deixou sentada na bancada da cozinha enquanto fazia algo para o almoço.

— Hoseok não gosta de noz moscada — murmurou devolvendo o frasco com as nozes para a prateleira do armário, fazendo-me voltar para si, achando que havia falado comigo, mas ele apenas estava balbuciando para si mesmo. — Ainda está sentindo dor? — perguntou ao notar que eu estava o olhando, assenti fitando meus pés pendurados, meu tornozelo estava tomando um tom escuro demais e isso me preocupava.

— Eu quero ir 'pra sala... — sussurrei apontando a porta que levava para o cômodo da sala de estar, Jimin teria de ficar na cozinha, então isso me daria ao menos alguns minutos só.

— Não posso te deixar sozinha, se você cair pode acabar forçando uma hemorragia interna — disse pegando uma caixa de analgésicos, eram sem dipirona na composição, a mesma marca que meus pais compravam. Ele sabia inclusive da minha alergia. — Você fraturou duas costelas, se cair e forçar a fratura a se mover, pode acabar furando algo importante aí dentro — explicou entregando-me um comprimido e seguindo para a geladeira pegar algo para eu beber. — Sobre Hoseok, ele não vai ignorar o que você disse, quando ele vier aqui, se eu ficar bravo e... Perder o controle novamente, apenas fique quieta — pediu me entregando um copo de suco. — Eu não quero te machucar mais. — Segurou com cuidado meu rosto, dando-me um beijo suave na testa. Coloquei o comprimido sobre a língua e ergui o copo de suco para tomá-lo, tentando ignorar a hipótese de Hoseok também acabar sendo morto por minha causa.

— Você vai machucar ele? — perguntei olhando os gominhos de laranja acumulados no fundo do copo.

— Eu não sei, mas não quero, Hoseok me ajudou muito, mesmo que eu não goste dele — disse voltando ao fogão para mexer seja lá o que preparasse, eu apenas conseguia sentir o cheiro de sangue pisado que preencheu minha boca e garganta na noite passada, também não queria me esticar para ver e sentir uma agulhada no tórax.

— Jimin... Eu posso comer uvas? — pedi balançando levemente o copo para que os gomos se movessem, vendo Jimin sorrir ao me ver pedindo algo para comer pela primeira vez.

 

Apesar das ameaças, da raiva e das vezes que me olhava como se eu fosse nada, quando Jimin de fato me machucou, pareceu se arrepender disso após a raiva passar. Eu não sabia se era algo significativo, mas Jimin sentia arrependimento, talvez isso apenas me deixasse mais frustrada, pois ele podia sentir isso e simplesmente não se arrependia de matar aquelas pessoas boas. Não se arrependia de matar meus pais.

Jimin me deixou sentada na bancada para comer, para que eu não fosse forçada a deixar o pé encostado no chão. Aquilo precisava de um gesso, mas Jimin não era médico e não me deixaria ver um também.

Eu não conseguia fechar ou mover muito a mão direita por estar lacerada, então Jimin cortou as coisas em meu prato antes de me deixar comer sozinha.

A atenção de Jimin se voltou para a porta da sala ao ouvir a campainha tocar, suspirando fundo antes de se mover para o cômodo. A voz de Hoseok era um pouco diferente de quando o ouvi pela ligação, eu não sabia como era sua aparência, mas não precisei esperar muito até que sua figura entrasse pelo cômodo da cozinha, ficando surpreso ao me ver sentada na bancada.

— Jimin... Eu preciso conversar apenas com ela — disse virando-se para o loiro, que permaneceu encostado no batente na porta.

— Ela não fala muito, mas boa sorte — disse passando pela cozinha para subir as escadas para o segundo andar. — Eu vou comprar algumas coisas, fica perto dela até eu voltar, ela sempre apronta quando fica sozinha — diz antes de subir os degraus apressadamente, parecia tranquilo apesar de haver outra pessoa na casa.

— Não parece que ela está em condições de aprontar algo... — Hoseok comentou observando meu tornozelo. — Quando ele fez isso? — perguntou se aproximando de mim, enfiei outra colher de comida na boca. Não falaria de Jimin com o próprio presente e ouvindo.

— Não dê dipirona se ela reclamar de dor, ela tem alergia. — Jimin avisou enquanto fechava os botões do sobretudo que vestiu rapidamente.

— Ela já tomou algum remédio hoje? — perguntou observando Jimin checar se havia pego as chaves do carro.

— De manhã foram dois e antes do almoço ela tomou um, mas pode dar outro daqui meia hora — disse vindo em passos largos até mim, fazendo-me enrijecer a postura por um instante. — Não se esforce muito, entendeu? — Segurou minha cabeça para dar um beijo demorado em minha testa. — Volto logo. — Fitou Hoseok por alguns segundos antes de seguir para a sala e deixar a casa.

— Você veio de carro? — perguntei pousando o prato sobre a bancada, fazendo o ruivo voltar sua atenção para mim.

— Sim, mas não posso te tirar daqui ainda, colocaria nós dois em risco. Jimin parou a medicação e isso o torna instável — diz pegando a caixa de remédios que ficava no armário alto. — Qual você pode tomar? — perguntou a abrindo virada para mim, peguei os analgésicos que estava acostumada a tomar e Hoseok guardou a caixa novamente. — O seu rosto está rodando as redes sociais inteiras, o departamento de polícia não deixaria de procurar a filha de um policial tão cedo — comentou olhando-me abrir uma das caixas para pegar um comprimido, minha enxaqueca ainda não havia passado apesar da dor no tornozelo estar já amenizada. — Ele já saiu, pode falar à vontade, não vou machucar você e nem repetir o que disser para Jimin — assegurou pegando um copo para me dar água.

— Ele não te matou — comentei pegando o copo. Eu esperava ouvir uma briga ou algo caindo assim que a porta destravou, mas apenas ouvi um diálogo curto entre os passos de ambos, Jimin o recebeu bem.

— Não há necessidade de ele me matar, assim como ele está te mantendo viva porque uma criança não é ameaça — disse pegando a cartela de comprimidos da minha mão quando tentei tomar outro. — Vai baixar sua pressão desse jeito. — Pôs os remédios num lugar alto novamente. — Não tenta dar uma de esperta sobre Jimin, ele não gosta desse tipo de coisa, ainda fico surpreso de ele ter apenas te batido — comentou indo até a geladeira e abrindo o freezer. — É simples conseguir as coisas de Jimin, você agrada ele, então ele se esforça para te agradar também. Não é uma pessoa ruim, apenas a cabeça dele não funciona como a nossa — comentou em tom simplista.

— Ele matou pessoas, muitas, ele me contou... — digo começando a sentir que apenas arrumei mais um maluco quando iniciei uma chamada naquele aparelho.

— Ele mata pessoas, animais, destrói coisas e às vezes faz tudo isso ao mesmo tempo. É a forma dele de se livrar do que não gosta, é errado, mas ele entendeu que se ninguém descobrir, ninguém acha errado. — Suspirou fundo enquanto passava a mão pelas paredes do congelador para apanhar gelo. — Eu tratei de Jimin por dois anos inteiros após ele tentar matar o psiquiatra dele com um suporte de canetas. Jimin se irrita fácil demais e é ótimo em guardar rancor — disse se aproximando de mim e segurando meu queixo com cuidado, passando suavemente a pedra de gelo que fez sobre a marca avermelhada da mão de Jimin em meu rosto, tentando amenizar o inchaço.

— Você quem deixou ele voltar 'pra casa? — perguntei fitando-o séria. Hoseok também era culpado dos atos de Jimin por tê-lo concedido permissão de sair sem estar apto para isso.

— Acredite, ele agia normalmente alguns anos atrás, Jimin realmente conseguia controlar a raiva. Eu falei sobre sua mãe, sobre você, que ainda era muito nova, e sobre a possibilidade de ele merecer ser odiado por todos e sobrevivi inteiro — diz deixando que eu segurasse o gelo, aquilo deixava a sensação de ardência no local mais fraca. — Eu não duvido que Jimin tenha parado de frequentar o psicólogo que o indiquei, mas se ele parou com a medicação também, é um problema grave — disse se abaixando para olhar meu tornozelo. — Se isso acontecer de novo, ele vai acabar te matando, então preciso que seja uma boa atriz, entende? — perguntou movendo um pouco meu pé, soltando quando encolhi a perna para sair de seu contato. — Eu não quero te deixar aqui, mas não tenho escolha. Jimin não hesitaria em te matar até dentro da delegacia ou me procurar até encontrar e... Nunca nos demos muito bem... Então eu não posso tomar decisões impulsivas — explicou sentando-se no chão da cozinha.

— Você não pode mandar virem buscar Jimin? — perguntei comprimindo levemente os lábios ao vê-lo negar.

— Eu precisaria dar um motivo com provas e eles viriam checar, mas se eu atiçar Jimin agora, pode acabar por afetar você — diz apoiando as mãos no piso e erguendo o rosto para me fitar. — Eu consigo convencer Jimin a voltar com a medicação e o tratamento, mas isso vai levar um tempo razoável e se você continuar tentando fugir, vai acabar saindo daqui num saco preto, isso se ele não esconder seu corpo — disse se levantando ao notar meus olhos começarem a marejar. — Não precisa ficar assustada, eu entendo como é difícil estar nessa situação, mas preciso que você entenda Jimin e me entenda também — pediu fazendo menção de pegar minha mão, parando a ação ao notar a tonalidade escura forte da hemorragia coagulada abaixo de minha pele. — Jimin disse que você fala pouco, isso é algo que o deixa chateado, Jimin gosta de contato físico e visual... De conversar, ele se sente sozinho, talvez queira cuidar de você para fazer companhia a ele —comentou ajeitando meu cabelo que estava grudando na bochecha úmida onde estava passando o gelo, fazendo uma careta leve ao notar a laceração em minha orelha.

— Eu não quero ficar mais aqui, ele 'tá me machucando... — resmunguei chorosa, apertando o tecido do moletom de Jimin com a mão não machucada, enquanto Hoseok parecia pensar no que dizer.

— Eu virei aqui sempre que der, quando Jimin voltar, irei conversar com ele sobre eu tratá-lo novamente — diz jogando o restante da comida que deixei e o talher descartável no lixo. — Jimin gosta de contato visual, de ser ouvido e de conversar, mas odeia quando começa a ficar irritado e não param quietos, então se você tentar se afastar dele quando estiver irritado, ele te fará ficar quieta à força — disse olhando o prato de plástico, parecendo tentar entender para onde havia ido a louça. — Eu sei que ainda é recente demais, mas vamos tentar conversar sobre seus pais — pediu puxando uma cadeira, sentando-se de frente para mim, suspirando ao me ver negar com a cabeça e abaixar o rosto. — Jimin não fez isso para te ver sofrer, a mãe de vocês e ele possuíam suas desavenças... Ela achava que o problema de Jimin se resolveria o levando para a igreja e não a um psicólogo, não estou dizendo que é culpa dela, mas Jimin ficou muito ressentido com o tanto que sofreu por isso e o tratamento dele começou tardio — explicou fazendo-me suspirar fundo. Mamãe era cristã, mas papai era ateu e eles viviam perfeitamente juntos, ela nunca tentou me empurrar para igreja alguma e nem criticava papai por não acreditar em Deus.

— Minha mãe nunca foi uma fanática religiosa — murmurei sendo segurada por Hoseok ao tentar descer sozinha da bancada.

— Não depois de procurar ajuda médica — disse me erguendo em seu colo. — 'Pra onde quer ir? — perguntou começando a se mover ao me ver apontar a sala, eu queria me deitar no sofá um pouco. — Sua mãe era uma pessoa muito diferente antes de conhecer seu pai, antes de você nascer. — Deitou-me com cuidado no sofá, pondo uma almofada para que eu apoiasse o tornozelo machucado.

— Obrigada... — sussurrei soltando seus ombros devagar, acomodando-me no móvel macio. — Mamãe tomava remédios para dormir apenas... — comentei lembrando de quando ela me explicou o motivo pelo qual tomava remédios todos os dias, sendo que não sentia dores com frequência. Ela me disse que tinha insônia.

— Sua mãe tomava calmantes, ela provavelmente não te contou para não te preocupar. — Sentou-se no braço do móvel. — Não acha suspeito ela se aposentar tão nova? — perguntou ao notar que eu duvidava de sua afirmação. — Contato visual e conversar, apenas isso já é suficiente — disse ao ver Jimin seguindo para a porta após estacionar o carro. — E obedeça as ordens dele até eu conseguir te tirar daqui — sussurrou antes de se levantar para ajudar Jimin com as sacolas.

 

Hoseok e Jimin ficaram na cozinha por alguns minutos, conversando sobre algo que eu não entendi por Jimin ter ligado a TV e deixado o controle longe para eu não conseguir desligar, não queria que eu ouvisse seja lá sobre o que for que conversavam.

Vieram ambos para a sala após e não soube bem como reagir ao notar que Hoseok estava indo embora, acenando para mim com um olhar preocupado antes de deixar a casa em passos lentos e receosos.

Jimin trancou novamente a porta, voltando-se devagar para mim, andando em minha direção. Mantive-me quieta com certo esforço ao vê-lo aproximar a mão de minha perna machucada, mas apenas ajeitou a almofada que eu usava abaixo do tornozelo, perguntando se a dor havia melhorado e se eu queria algo, apenas reclamei que estava um pouco cansada de ficar parada, fazendo Jimin rir um pouco.

— O que Hoseok te disse enquanto eu estava fora? — perguntou passando com cuidado um gel gelado em meu tornozelo. Jimin havia trazido provavelmente a prateleira inteira da farmácia, para ter certeza de que algo ajudaria minha recuperação.

— Que eu não devia tomar muitos remédios — digo sentindo a sensação gelada que o gel causava em minha pele. Logo o inchaço diminuiria um pouco, mas levaria tempo para eu conseguir apoiar meu peso naquele pé.

— Falando nisso, você ainda está sentindo dor? — indagou se levantando e limpando a mão no sobretudo. Eu havia visto sacolas de papel também, eram de lojas femininas e eu não achava bom sinal Jimin estar me comprando roupas, significava que eu passaria algum tempo ali.

— Minha cabeça ainda dói muito... — reclamei vendo-o seguir para a cozinha, Hoseok disse para eu falar mais e olhar para Jimin quando ele estivesse falando comigo, mas Jimin disse que odeia pessoas falantes e se eu encará-lo quando estiver bravo, pode parecer desrespeito...

— Hoseok quer que eu volte a usar ao menos os calmantes, se ofereceu para trazer alguns frascos amanhã — comentou trazendo um pequeno frasco com um dosador e um pedaço de chocolate. — Vocês conversaram sobre alguma coisa que queira me dizer? — perguntou enchendo o dosador e me entregando, ergui um pouco a postura para tomar o remédio, entendendo Jimin ter trazido o pedaço de chocolate após sentir o gosto amargo forte. — Eu sempre odiei esse remédio — disse sorrindo minimamente ao ver minha careta, dando-me o doce para tirar o gosto ruim da boca.

— Hoseok era seu médico? — perguntei colocando o doce na boca. Jimin não tinha doce algum além dos com bebida quando cheguei na casa, nem muita variedade de frutas, mas começou a comprar de tudo testando o que eu comeria e estava evitando cozinhar carne vermelha por ter notado que eu não comeria nada que me lembrasse o necrotério no subsolo.

— Psiquiatra, o único que não tinha medo de eu surtar durante a sessão. — Pôs o frasco na mesinha de centro e sentou-se no chão, próximo de mim.

— Ele não te deixava bravo? — indaguei virando o olhar quando Jimin me fitou o rosto, focando no suéter felpudo de tom bege que usava abaixo do sobretudo.

— Muito, mas eu nunca senti vontade de descontar nele, Hoseok era amigo do meu pai e eles se pareciam um pouco... — disse mexendo nos pelos do carpete. — O que eu fiz ontem foi sem pensar, desculpa, não vai se repetir, eu prometo — assegurou correndo o olhar por meu corpo por um segundo, notando os hematomas exposto em minha perna, rosto, mão e ombro pelo moletom ser grande demais.

— Jimin... — chamei me esforçando para fitar seu rosto quando se voltou para mim. — Eu gosto de lírios — comentei vendo-o sorrir largo, levantando-se e retirando o sobretudo.

— Vou trazer alguns para pôr no seu quarto amanhã — disse parecendo animado. — Estava pensando em pintar as paredes de uma cor que você goste, mas podemos falar disso depois de você descansar — diz pegando o frasco do remédio que estava acima da mesa.

— Mas eu não 'tô com sono... — digo movendo um pouco meu pé ao notar que estava levemente anestesiado.

— Quando o remédio fizer efeito, vai ficar — disse lendo o rótulo por alguns instantes. — Eu preciso trabalhar, mas não quero que você fique sozinha e acabe se machucando mais — diz seguindo para a cozinha ao acenar levemente para mim, fiquei um pouco confusa, mas fitei o teto suspirando fundo ao entender o que havia dito. Havia me dopado.

Jimin trouxe um cobertor e alguns travesseiros para me ajeitar na sala antes de começar a se arrumar para descer, vestindo uma roupa de mangas longas e o avental impermeável. Ele sentou-se no chão à minha frente e permaneceu conversando comigo até notar que eu estava ficando sonolenta.

Eu perguntei se Hoseok iria poder voltar e Jimin mudou de assunto, perguntando que tipo de lírios eu gostava, se queria alguma outra flor, se eu queria alguma planta suculenta como as que possuía em seu quarto e como eu gostaria de redecorar meu quarto.

Jimin não parecia considerar um dia que eu pudesse ir embora, estava mudando seus hábitos e sua casa para me acolher e isso me deixava um pouco preocupada com o que eu faria se Hoseok demorasse muito ou simplesmente não voltasse mais, se Jimin me deixaria sair dali caso voltasse a se tratar e tomar os medicamentos.

 

Jimin me aconchegou nas cobertas, alisando meus cabelos antes de deixar a sala, apagando as luzes da cozinha e sala de estar, dizendo que não demoraria muito lá embaixo e que eu não devia tentar me levantar sozinha, que deveria esperá-lo para qualquer coisa.

Hoseok poderia tanto ser alguém bom quanto alguém pior que Jimin, se ele confiava e ouvia tanto as palavras de Hoseok mesmo deixando claro não gostar dele, isso me era motivo de acabar pensando demais e no que não devia. E se Hoseok estive apenas me dando uma falsa esperança? E se eu estivesse prestes a acabar trazendo mais uma pessoa para Jimin matar por motivos poucos e fúteis?

 

O sono começou a pesar meu corpo de forma suficiente para eu perder o raciocínio ou esquecer o que estava pensando algumas vezes, então permaneci fitando a estante, procurando quantos livros de capa verde eu conseguia achar, tentando me distrair até o remédio me fazer apagar logo de vez, o que não levou muito tempo.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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