História The new girl - Hayl é má

Hayley Evans Moore P.O.V. 

Meus pulmões se encheram de ar. E como se eu respirasse pela primeira vez, eles arderam em brasa. 

Olhei ao redor, mas eu não conseguia ver nada alem de borrões.

Eu estava morta? Eu tinha certeza que sim. Eu senti a dor excruciante quando ele enfiou a mão dentro do meu estômago, não senti? Eu não estava me curando, não é? Eu estava morta. Essa era a única explicação.

Eu não conheço nem o céu, nem o inferno. Mas tenho quase certeza de que ele não se parece com o quarto de hóspedes da minha vó. 

Me levantei da cama, e novamente meu corpo voltou a dor como se realmente tivesse pegando fogo. Tudo ficou preto, e eu fui ao chão. Mas dessa vez consiente de tudo em volta.

A porta foi aberta bruscamente, e eu ergui meu olhar em direção a ela. Vendo Derek entrar apressado pela mesma. Ele tinha olheiras, e seus olhos estavam vermelhos, indicando que havia chorado. Isaac passou pela porta, no mesmo estado que Derek. 

Derek me olhou por um instante, e abriu o sorriso mais bonito que ele ja havia dado. 

– Quer dizer que não morri? – Perguntei fazendo uma careta de dor enquanto eles me colocavam na cama. Isaac soltou uma risada aliviada, com algumas lágrimas escorrendo por seu rosto.

– Se tivesse morrido, eu matava você. – Ele murmurou, me apertando em seus braços. Resmunguei de dor, e ele me soltou rapidamente. – Desculpa, esqueci que alguem enfiou a mão na sua barriga.

– Não tem problema. Acontece o tempo todo. – Respondi, e eles soltaram uma risada.

Derek me olhava atônito. Sem saber se era realmente eu aqui. Eu não o culpava, eu quase morri nos braços dele. Seus olhos estavam cheio de lágrimas. Era a primeira vez que eu o via chorando. Talvez a segunda.

– Estou feliz de que esteja viva, Evans. – Ele disse depois de um tempo. Um sorriso surgiu em seus lábios, e o meu só cresceu.

– Então... O que aconteceu? – Perguntei, me ajeitando na cama, o que rendeu outra pontada de dor no ferimento. – Depois.

– Você não estava se curando. E não podiamos levar você para um hospital. Fui até a sua casa, seu irmão atendeu. Sua mãe tambem estava em casa. E acho que sua vó se tornou especialista em cuidar de pessoas que tiveram o estomago perfurado por uma mão. – Derek respondeu, e eu sorri fraco, meio preocupada. – Ela usou um feitiço. E você começou a se curar rapidamente, mais rapido do que qualquer um. 

– Meu irmão... Ele já sabe? – Perguntei abaixando meu olhar. 

– Sua mãe teve que contar. Mas ele reagiu bem. Bem até demais. – Isaac respondeu fazendo uma careta. – Ele quer cortar minhas unhas agora. Adam é maluco.

– Nunca foi um segredo. – Brinquei, fazendo eles rirem. – Eles estão la em baixo?

– Todos. Scott, Stiles... Até os gêmeos. – Isaac respondeu e eu assenti com a cabeça, tentando me levantar. – Opa, hayl. Você tem que descansar.

– Eu tenho que ver eles. Preciso que me ajudem. – Pedi. Os dois se entre olharam, e deixaram que eu me apoiasse neles.

O caminho foi um tanto torturante. Por que a cada passo uma pontada de dor me atingia.  Ao chegar na sala, me senti como a atriz principal numa peça de teatro. Lydia e Allison não perderam tempo vindo me abraçar, tomando cuidado para não me machucar mais ainda. Já que o ferimento só havia cicatrizado por fora. Todos me deram um abraço apertado, até mesmo os gêmeos.

– Eu nunca me senti tão feliz em ver você, bruxinha. – Stiles disse assim que o abraço se quebrou. Soltei um riso, batendo no ombro dele.

– Eu já disse pra não me chamar assim. – Falei, me sentando com cuidado ao lado de Scott. 

A sala de vovó que era tão grande, agora parecia minúscula. Vovó, Adam e Andrea estavam sentados em um dos sofás. Derek e Isaac estavam de pe, assim como os gêmeos. Scott e Stiles sentados ao meu lado, e Lydia e Allison estavam dividindo uma poltrona no canto da sala. Eu gostava de ve-los reunidos assim. Apesar de não ter sido por uma causa tão boa. Afinal, eu quase morri.

– Estou feliz que estejam aqui. – Comentei, sorrindo, enquanto abraçava Scott de lado.

– Nós que estamos feliz por estar aqui, querida. – Vovó falou, e abaixou os óculos meia-lua. Com seu sorriso bondoso que sempre me trazia calma.

– Eu juro que se você nos deixar preocupada assim de novo te deixo de castigo por pelo menos 1.000 anos. – Andrea disse vindo até mim, e beijando minha testa. – Minha filha, meu amor. Você e Adam são minha vida. Não quero deixa-los aqui, mas tenho que ir trabalhar.

– Você fala como se aqui fosse a casa dos horrores, Andrea. – Resmungou vovó, fazendo todos rirem. Mamãe revirou os olhos, mas por fim sorriu.

– Pode ir, mãe. Vou ficar bem. Eu tenho meus amigos comigo. – Respondi, olhando para eles que sorriram. Uma lagrima escorreu dos meus olhos, tanto por eles, tanto por eu estar viva.

– Eu posso não poder te deixar de castigo. Mas eu tambem juro que se me deixar preocupada de novo, eu não sei o vou fazer. – Lydia disse, e eu ri.

– Desculpa. Eu nunca mais vou deixar que um ninja enfie a mão na minha barriga. Não foi uma experiência muito agradável mesmo. – Ironizei, e ela riu. 

– Bom, eu vou fazer um chá. Querem? – Vovó perguntou se levantando. Eu rapidamente neguei. – Tudo bem.

Isaac se sentou ao lado de Adam, que sorria como um garoto que havia ganhado o melhor presente do mundo.

– Ai meu deus, eu estou numa sala cheia de lobisomens. – Ele quase gritou, sem segurar a animação. – Eu pensei que vocês eram diferentes. Sabe, todo aquelas coisas com pelos, garras, e pressas afiadas. Vocês comem o que? E bruxas, caralho. Mano... Bruxas. Bom, eu não achava que elas tinham narizes grandes e verrugas. Mas achei que fossem diferentes. E Banshee, puta merda, ela é uma fada. Achei que tivessem assas.

– Adam! – Gritei, de modo repreendedor. – Cala a boca.

– Perdão, bruxinha. – Ele disse e Isaac gargalhou. Crispei os lábios e revirei os olhos. – Mas é que é muito foda tudo isso. Vocês tem noção disso?

– Esse apelido é tudo culpa sua. – Falei apontando para Isaac que arregalou os olhos.

– Você esta me acusando? Não acredito, bruxinha. – Ele respondeu e eu joguei uma almofada nele.

– Você é uma híbrida e a única coisa que pode fazer é jogar uma almofada? – Adam perguntou, e até Derek riu.

– Cala a boca, Adam. – Repeti brava e ele ergueu as mãos em defesa.

– É, é melhor, Adam. Ela me derrubou uma vez que eu irritei ela. – Stiles comentou e eu revirei os olhos.

– Mentiroso. 

– Verdadeiro. – Scott confirmou rindo. – Me derrubou também.

– Vocês estavam me irritando dizendo que eu tinha cara de quem socaria alguém se ela falasse comigo. Não é verdade. – Respondi, gesticulando com a mão.

– Tem cara sim. As vezes na aula, eu olho pra Hayl e ela ta de cara fechada. Tipo cheguem perto de mim que eu quebro a cara de vocês. – Alli disse e eu olhei para ela incrédula.

– É por isso que os garotos não chegam perto dela. – Lydia disse e se virou para mim. – Você é assustadora.

– Continue assim. – Adam e Derek responderam juntos, e eles riram. Revirei os olhos.

– Calunia. – Comentei e Aiden riu escandalosamente.

– Calúnia? Você me deu um soco tão forte que quebrou meu maxilar. E você nem era uma lobisomem ainda. – Aiden falou e eu ri.

– Mas você mereceu. E minha mão ficou roxa por uma semana. – Me defendi e Adam arqueou as sobrancelhas.

– Ah é por isso que sua mão estava roxa. E eu achando que você curtia masoquismo. – Adam comentou pensativo, e eu arregalei os olhos.

– Cara, você é muito idiota. – Isaac respondeu rindo, ou melhor, gargalhando. A risada dele era engraçada, me fazia querer rir.

– Acho que a Hayley é mais chegada em sadomasoquismo. Gosta de ver os outros sofrerem. Tipo, na educação física ela me jogou uma bola de basquete na cara. – Scott comentou, e eu gargalhei.

– Você tambem estava merecendo. Colocou manteiga nos meus tênis. Quem coloca manteiga nos tênis de outra pessoa? Isso é ridículo. – Respondi risonha, e Stiles se virou para mim. 

– Com licença. Fui eu quem dei a ideia. – Ele disse colocando a mão sobre o peito.

– Então estou te devendo uma bolada de basquete na cara. – Comentei e ele arregalou os olhos.

–Era brincadeira. A ideia foi toda do Scott. Muito ridiculo ne. – Ele se defendeu, fazendo todos rirem. – Eu tambem lembro do dia que você me acertou uma borracha no meio da testa. E dos vários tapas. Alguem ja te disse você tem a mão pesada, menina? Pois você tem.

– É, alguem já disse. – Respondi olhando para Derek que sorriu de volta. – Os tapas foram bem dados. Vocês só me irritam.

– É por que te amamos. – Isaac disse, sorrindo. – É otimo irritar você. Só não tentem acordar ela de manhã. Quase arrancou minha cabeça.

– É, nunca acordem um Evans Moore. E se for a Hayley, nem chegue perto. Ela me pendurou uma vez na árvore por que eu não havia deixado ela dormir o bastante. – Adam informou, com um tom meio sombrio. – Obrigado por me lembrar, lobinho. Agora posso me vingar. Ou talvez não, já que ela é uma híbrida.

– A questão é que eu não ia para o colégio, e você fez questão de me acordar, lobinho. – Falei para Isaac que revirou os olhos.

– Tem razão. Esse apelido é péssimo. – Isaac comentou fazendo uma careta.

– Por isso prefiro quebra-ossos. – Stiles comentou, e eu ri, revirando os olhos. Revirar os olhos é uma das coisas que mais faço, eu ja disse isso?

– Combina mais. – Derek disse e eu arregalei os olhos.

– Até você? – Perguntei e ele deu de ombros. – Vocês falam como se eu fosse a vilã.

– Você é. – Lydia disse simples.

– É, você é tipo a má do grupo. A que derruba os livros dos nerds e rouba o dinheiro do lanche deles. – Allison continuou fazendo com que eles rissem.

– Denny disse uma vez que você fez ele comprar uma barra de chocolate pra você. – Ethan comentou, e eu ri.

– Ele quem comprou por própria vontade. Longe de mim obrigar ele a comprar uma barra de chocolate pra mim. – Respondi erguendo um dedo.

– Isso quer dizer que ela o persuadiu a comprar pra ela. Hayl sempre conseguem. – Adam corriugiu e eu joguei mais uma almofada.

– Ah, isso é verdade. – Ouvi a voz de Marcela dizer da cozinha. – Quando era pequena ela sempre conseguia com que as crianças dessem os brinquedos delas pra ela. 

– Quer dizer que é má desde criança? – Scott perguntou fingindo espanto. – Coitado de você, Adam.

– Foi péssimo crescer com uma Hayley. Imagine uma mini Hayley de aparelho, trança, dizendo que ela ia quebrar os seus dedos se não desse o controle para ela. – Disse Adam, fazendo com que eles dessem risada. – Isso era quando ela tinha uns 11 anos. E acreditem, ela consegue ser pior do que uma ameaça de quebrar meus dedos.

– Isso é tudo mentira. Eu sempre fui uma pessoa muito legal. Nunca ameacei ninguem. – Me defendi e Isaac riu.

– Ata, e aquelas 300 vezes que você me ameaçou era por pura diversão. Nada perigoso? – Isaac perguntou irônico.

– Claro. – Respondi obviamente.

– Eu ainda me lembro quando ela ameaçou arrancar meus braços. – Derek comentou e eu gargalhei.

– Ah, essa foi pura verdade. – Respondi e ele arregalou os olhos.

– Ferrou pra você... O que o cara que transa com sua irmã é seu? Não sei. Um dia eu lembro. – Adam disse dando tapinhas nas costas dele. E eu corei. Eu nem sabia que ele sabia que eu e Derek tinhamos algo. A sala irrompeu em risadas, me fazendo corar novamente. Derek sorriu, tentando descobrir se gostava de Adam ou não. 

Minha barriga voltava a doer, e era de tanto rir.

Marcela acabou fazendo mais que um chá. Fez um almoço, que por Deus. Estava maravilhoso. E eles acabaram ficando para comer.

Tara ligou algumas vezes, perguntando o que havia acontecido. Já que haviamos faltado aula, e não estavamos em casa. Dissemos apenas que tinhamos ido visitar nossa avó.

Derek me deixou em casa, e apesar de nenhum deles querer me deixar sozinha, eu insisti para que só Derek ficasse comigo. Queria passar um tempo com ele.

– Bom, eu acho que vocês não vão se importar de ficarem sozinhos. – Isaac comentou, na porta do quarto, enquanto sorria malicioso. – Vou fazer algo para comer.

– Isaac, você acabou de comer três pratos de macarronada. – Comentei e ele deu de ombros e fechou a porta.

Derek veio até mim, me abraçando o mais forte que podia, o que não era muito por causa do machucado. 

– Eu fiquei tão preocupado. – Ele murmurou, afagando meus cabelos. Sorri com o ato, e o abracei mais forte ainda, sem ligar para a dor. – Achei que fosse morrer.

– Eu tambem. – Respondi rindo fraco, e ele me acompanhou. – Mas estou aqui. 

Derek fungou um pouco, e eu ergui meu rosto. Ele realmente estava chorando. Derek tentou disfarçar enquanto limpava as lágrimas que caiam de seus olhos. Sorri, e selei nossos lábios.

– Quer dizer que você chora afinal. – Brinquei e ele sorriu, me beijando novamente.

– Eu tive tanto medo de te perder. E eu não ligo se isso vai parecer como um adolescente idiota que esta apaixonado. Por que é a verdade... Eu estou apaixonado por você, Evans. – Ele confessou. 

Meu coração bombeou dez vezes mais, e abri um sorriso de orelha a orelha.Se eu tivesse que quase morrer para ouvi-lo dizer isso outra vez, eu com certeza faria novamente.

– Eu estou muito mais, Hale. – Respondi enquanto lágrimas caiam como cascata pelo meu rosto.

Derek colou nossos lábios, e aprofundou o beijo. Foi um beijo totalmente diferente de todos o que haviamos dado. Era um beijo com tantos sentimentos envolvidos, e dessa vez, ambos sabiam o que estava envolvido. 

Eu gostava dele, e ele gostava de mim. Não ligo se ele era mais velho. Ou se eu tinha acabado de quase morrer. Se estavamos no meio do caos. Se eu tinha ele, bastava. Não precisava de mais nada. Eu estava completa depois de muito tempo.

Não só por Derek. Mas por todos os meus amigos. Por todo esse carinho que tenho. E agora, toda a dor que eu senti quando meu pai morreu, quando meu coração foi quebrado e jogado fora já não fazia sentido. Eu tinha minha vida de volta, e graças a eles. Graças à Derek.

Seguei as lágrimas que agora não caiam tanto dos olhos dele, e sorri. O beijando novamente.