História The New Jackson - Percabeth - Capítulo único

Me sentei na cama e olhei para o relógio na mesa de cabeceira enquanto escutava os nojentos barulhos de Annabeth vomitando, era a terceira vez só hoje de manhã que ela ficava agarrada ao vaso colocando o nada que tinha no estômago pra fora.

Bom, eu estava realmente preocupado.

Annabeth é a semideusa mais forte que eu conheço. Adestrou Cérbero, o cão de Hades, distraiu Polifemo sozinha enquanto eu salvava nossos amigos, segurou o peso do céu após ser enganada e antes disso havia caído de um penhasco para salvar minha vida, convenceu Dédalo a ajudar a salvar o Acampamento Meio-Sangue e até quando foi envenenada em meu lugar ela não deixou de lutar conseguindo ficar cara a cara com o senhor do tempo, o titã Cronos. Sem mencionar a missão solitária que a deixou cara a cara com Aracne, inimiga de sua mãe e, por ser uma aranha, o maior terror de Annabeth e a queda no Tártaro.

Mas do nada ela ficou doente. Era dias com febres fortes, enjoos diários, vômitos, cansaço.

Vê-la assim me deixava em pedaços.

Principalmente depois das últimas noites, que ela estava super sensível e chorava o tempo inteiro pelo bebê que tinha desistido, depois de muito tempo, de tentar ter.

-Annabeth - Bati na porta e escutei um gemido dela enquanto a mesma dava descarga. -, está quase na hora de vermos o Will. Não podemos nos atrasar!

Annabeth abriu a porta e me olhou com a sobrancelha arqueada, com a escova de dente na mão e espuma de pasta de dente na boca.

-O senhor "Estou Atrasdo, Tenho Que Ir" não quer se atrasar? - Fiz uma careta enquanto a mesma abria um pequeno sorriso.

-Você está doente, então isso é razão o suficiente para chegarmos horas antes e eu forçar Will a nos atender primeiro, ou usar Nico pra isso. - Ela revirou os olhos terminando de escovar os dentes enquanto eu a observava.

Annabeth estava pálida e com olheiras, e, ainda assim, conseguia ser a mulher mais linda que já vi, e olha que conheci Afrodite e, ironicamente, na primeira vez que a vi tinha certeza de que estava vendo Annabeth. Cada dia que passava, ela estava mais linda e eu me sentia extremamente sortudo por tê-la ao meu lado.

Annabeth prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e, do nada, apertou os seios.

-O que você tá fazendo? - Perguntei tentando não rir.

-Estou com dor. - Ela resmungou fazendo uma careta, sorri.

-Se apertar alivia, poderia ter me falado que eu aceitaria a tarefa com prazer. - Ela me deu um soco no abdômen e eu arfei porque o soco dela é forte.

-Nisso que dá querer ser engraçadinho.

-Mas eu falei sério! - Ela levantou a sobrancelha e eu dei dois passos para trás. - Vamos, sabidinha! - Murmurei me aproximando, com cautela, e passando o braço pelos ombros dela.

Descemos o primeiro degrau e Annabeth suspirou.

-Talvez devêssemos pensar em nos mudar! - Franzi o cenho na direção dela.

-Qual o problema com a nossa casa?

-Ela é grande e somos apenas dois, Percy. - Ela deu de ombros e eu olhei ao redor.

Realmente, Annabeth tinha projetado a casa pensando nos filhos que teríamos e depois de muitas tentivas, e alarmes falsos, ela desistiu da ideia.

A casa tinha três andares. No primeiro andar tinha a sala, cozinha, banheiro e uma área de serviço, no segundo andar tinha quatro quartos, e no último, e talvez mais importante, andar tinha uma biblioteca/escritório da Annabeth, uma sala de jogos, uma sala de estudos que ela projetou pensando nos filhos que teríamos e um banheiro.

Suspirei.

-Primeiro você precisa melhorar e, então, se decidir que quer mesmo se mudar, não vou me opor. - Ela sorriu pra mim com os olhos brilhando.

-Obrigada por ser tão incrível. - Acariciei o rosto dela.

-Desde que estejamos juntos, não me importo com onde moraremos!

▪︎▪︎▪︎

Will parecia a madrasta do namorado, Perséfone passa um terço do ano com Hades e dois terços no Olimpo, passava quinze dias no Acampamento Júpiter e quinze dias no Acampamento Meio-Sangue, ele tinha construído uma pequena clínica aqui no Acampamento Júpiter e atendia por lá nos dias em que estava aqui.

-Você vai querer que eu entre com você? - Perguntei enquanto esperávamos na pequena recepção, Annabeth colocou a mão no meu braço e negou.

-Eu já conversei com o Will por Mensagem de Íris, ele quer que eu faça alguns exames porque acha que sabe o que eu tenho. - Ela respondeu e seu tom estava meio ríspido ao falar dele, franzi o cenho.

-O que ele acha que é? - Ela ficou me observando por um tempo e suspirou.

-Depois dos resultados dos exames eu te conto, prometo! - Me senti apreensivo e confuso, mas concordei com a decisão dela sem dizer mais nada.

Ela colocou a cabeça no meu ombro e fechou os olhos enquanto eu brincava com a pulseira que tinha dado para ela no nosso aniversário de um ano de casamento. A pulseira era prateada e tinha pedras que intercalavam entre o verde e o cinza separadas por uma distância de um centímetro e tinha dois pingentes, um com uma coruja e outro com um tridente.

-Annabeth? - Will a chamou depois de um tempo e ela se levantou em um pulo, ele sorriu pra ela. - Vamos?

-Claro. - Ela respondeu se virando pra mim, dei um sorriso de leve e beijei a testa da mesma.

-Vou estar aqui quando voltar! - Ela assentiu e se afastou, voltei a me encostar na cadeira com um suspiro.

A verdade é que eu queria ter entrado com ela, mas respeitar o pedido dela era tudo o que eu podia fazer nesse momento. Mas, de qualquer forma, se eu não respeitasse por bem, ela iria me fazer respeitar por mal.

Eu não sei quanto tempo ela ficou longe, mas dois segundos foi tempo o suficiente pra eu começar a surtar internamente e ser incapaz de ficar em apenas um lugar, comecei a andar de um lado para o outro esperando que isso fizesse o tempo passar mais rápido.

Quando ela e Will apareceram, ele estava com um braço no ombro dela e a mesma estava com o rosto muito vermelho, me apressei até ela.

-O que foi, sabidinha? - Segurei o braço dela sentindo minha garganta se fechar. - Não é nada muito grave, ou é? - Olhei para Will esperando que ele falasse algo já que Annabeth tinha começado a chorar novamente.

-Percy, vamos pra casa. - Ela pediu e Will assentiu.

-Isso, ela precisa fazer repouso. Lembre-se do que eu disse, Annabeth! - Ele falou tentando lançar um olhar sério para a loira que apenas revirou os olhos pra ele.

-Eu já entendi, obrigada. - Os dois se abraçaram enquanto eu continuava com a preocupação me consumindo a cada segundo que se passava.

Enquanto íamos pra casa, eu perguntei para Annabeth, milhares de vezes, o que tinha acontecido e o que ela tinha mas a loira se recusava a me responder e começava a chorar do nada.

Quando chegamos, eu deixei ela sentada no sofá e fui buscar um copo de água para ver se a mesma se acalmava e a observei com cautela ficando agachado na frente dele.

-Pode me dizer o que Will falou? Eu estou preocupado! - Ela deu um sorriso fraco, os olhos voltando a marejar e acariciou meu rosto.

-A febre eu tive por causa da tristeza de ter desistido de ter o nosso bebê, foi uma forma do meu corpo lidar com tudo. Não irá voltar. - Ela me assegurou e seu lábio inferior tremeu. - E os enjoos, os vômitos - Ela fez uma careta. -, você sabe... eles são normais.

-Estamos juntos a bastante tempo pra eu saber que não são nada normais! - Protestei indignado com a amenização do que estava acontecendo nos últimos dias. - Se Will disse isso, deveríamos falar com outro médico! Apolo anda bastante prestativo nos últimos anos e ele é o deus da medicina, se falarmos...

-Percy! - Ela me interrompeu com uma risada. - Essas coisas são normais mas não porque acontece diariamente e sim por causa da minha condição atual.

-Que seria...? - Ela me olhou com os olhos cinzas brilhando, um meio sorriso apareceu como se ela tivesse maravilhada com algo que apenas ela via. - Annabeth...

-Nós conseguimos, cabeça de alga! - Ela falou e eu franzi o cenho, o que fez ela rir. - Vem aqui... - Ela me puxou para que eu sentasse ao lado dela e voltou a chorar enquanto segurava a minha mão e me olhava rapidamente antes de abaixar a cabeça. - A linhagem da família Jackson não vai terminar em você porque ela vai aumentar, Percy! - Ela falou dirigindo minhas mãos até o ventre dela e repousando minha mão ali, embaixo da dela.

Alternei meu olhar entre o rosto e a barriga dela, engolindo em seco e com mil emoções diferentes me dominando.

-Ahn... Percy? - Ela franziu o cenho, segurando o meu rosto com as duas mãos. - Você está bem? Parece que você vai vomitar, ou desmaiar, ou talvez os dois.

-Eu... você... - Ela deu um sorriso de leve. - Você quer dizer que você...?

-Que nós vamos, finalmente, ter nosso bebê! - Ela me corrigiu assentindo com um sorriso enorme, segurei o rosto dela com as duas mãos sentindo uma enorme vontade de chorar.

-Eu amo você, eu amo você... - A puxei para mim, a beijando e a mesma soltou uma risada antes de me abraçar pelo pescoço. Colei nossas testas quando nos separamos. - Eu não tenho palavras pra dizer o que to sentindo, felicidade não chega nem perto de descrever tudo isso.

-Eu sei, estou sentindo exatamente a mesma coisa. - Ela respondeu com os olhos brilhando. - Eu te amo, cabeça de alga! Tipo, muito mesmo.

-Todas as lágrimas foram, finalmente, compensadas. - Murmurei a abraçando e ela assentiu fungando, me afastei rapidamente. - Quanto tempo você está?

-Quase 16 semanas... - Tombei a cabeça tentando entender e ela suspirou. - Quase 4 meses, Percy.

-Não vejo diferença na barriga. - Murmurei passando a mão no local.

-Isso é porque a musculatura do meu abdômen é um pouco rígida. Se eu parar de treinar como eu treino, a barriga vai aparecer logo. - Assenti não conseguindo impedir o meu sorriso de crescer, puxei ela mais pra mim a abraçando. - Qual nome você vai querer que a gente coloque caso seja menino? - Ela perguntou com a voz abafada pela minha roupa.

-Se você quiser, podemos colocar Luke. - Ela se levantou rapidamente e seus olhos se encheram de lágrimas novamente.

-Obrigada por isso. Mas eu tinha pensado em Charles, se ele não tivesse se sacrificado tenho certeza de que não estaríamos vivendo esse momento hoje, e até mesmo em Jason - Ela franziu o cenho. -, não éramos tão próximos assim mas os ideais de vida dele durou até a morte e, nisso, ele me lembra muito você. - Sorri.

-Teremos tempo para pensar nisso, mas não vou deixar de pensar agora em um nome pra caso for uma menina...

-Qual você tem em mente? - Ela perguntou semicerrando os olhos pra mim.

-Zoe. - Ela levantou a sobrancelha. - Zoe me desprezava por ser homem mas ela era uma guerreira e tanto, como você. E, muito mais importante, ela ajudou a trazer você de volta pra mim.

-Não tenho oposições, se você não mudar de ideia até lá e se nosso bebê for uma menina, podemos chamá-la de Zoe. - Sorri voltando a beijá-la, mas ela logo se afastou. - Eu amo você... vocês!

Beijei a testa dela e abaixei a cabeça para beijar a barriga dela para que nosso bebê já começasse a sentir todo o amor que eu sinto por ele.