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História The Other Side Of The Arrow - Fragmentos


Escrita por: QueenB1 e SofiaMartins

Notas do Autor


How can you see into my eyes like open doors?♫

Chegamos hoje trabalhadas no bilingue, baby!

Voltamos mais cedo, e bem animadas para um desafio: e se esse capítulo de hoje bater a meta de 15 comentários? A recompensa seria um capítulo postado logo após a meta ser cumprida. Quem topa, levanta o arco - que piada péssima.

Felicity jovenzinha voltou, e ela quer contar uma história. A história de como ela recebeu a notícia que mudou a vida dela.

Capítulo 30 - Fragmentos


Fanfic / Fanfiction The Other Side Of The Arrow - Fragmentos

"Todo este tempo, eu não posso acreditar que não podia ver. Continuei na escuridão, mas você estava ali, na minha frente. Estive dormindo mil anos, e parece que tenho de abrir meus olhos para tudo. Sem um pensamento, uma voz, uma alma. Não me deixe morrer aqui. Deve haver algo mais. Traga-me para a vida.

Evanescence - Bring me to life."

Felicity Smoak

➸ Flashback

➸ 2006

Algo dentro de mim havia se destroçado.

Apesar de ter sido liberta, ainda me sentia com algum tipo de amarra, abrigada em uma casa de duas pessoas totalmente desconhecidas, e trancafiada em um quarto solitário. Não era o lugar, era o meu espírito.

Depois de algumas horas, sentindo uma agulha me levar um pouco de energia pelas veias, me senti um pouco melhor. 

Minha história de vida tinha se tornado algo improvável. Fui sequestrada pela mãe do meu namorado, e resgatada por uma mulher que se considerava uma Robin Hood moderna. Queria mesmo acreditar que estava dormindo nesse exato momento.

Ouvi batidas contra a porta entreaberta.

Alguém olhou para dentro, me procurando pelo quarto. 

Ela demorou um certo tempo, até me encontrar no canto da cama, abraçando meus joelhos, totalmente derrotada.

Fiz um esforço para levar meus olhos até o rosto da mulher que me salvou.

— Eu posso abrir as janelas agora? - Falei tão baixo que duvidei se ela tinha ouvido bem.

A única ordem que eu tinha era: "Não abra as janelas."

— Sei que está assustada. Eu já estive nessa posição, mas saiba que está protegida aqui.

A mulher ao meu lado esbanjava uma beleza madura, semelhante a da garota de óculos que, descobri horas antes, ser sua filha. 

— Você precisa me deixar na Universidade de Starling City. Meus amigos devem estar procurando por mim... - Uma lágrima pesada fez seu caminho para fora do meu rosto, e eu a expulsei com a mão. 

Ela respirou longamente e para minha surpresa, abriu as janelas do quarto. Aquele ato fez meu corpo estremecer e encolher ainda mais. 

— Quero que olhe lá fora. - Ela disse, ao se afastar.

Mesmo relutante, abandonei minha posição de derrota, e me aproximei das janelas. Era noite lá fora. A rua não era longa, e terminava em uma praça totalmente desconhecida. Em volta haviam casas coladas umas as outras. Era uma vizinhança basicamente unida. O bairro em si não me causava nada na memória. 

— Quero esclarecer que não será possível levá-la até a Universidade de Starling City. - Me virei para ela tão abruptamente, que meu cérebro girou junto. 

— Por quê? 

— Porque não estamos em Starling City e nem em estradas próximas. Você está em Cambridge, Massachusetts. 

Em algum momento, me encontrei no chão do quarto, com lágrimas pesadas nos olhos. Eu queria gritar, mas meus pulmões não tinham força o suficiente. Minha raiva se concentrou em minhas mãos, que usei para lutar contra o piso acarpetado. A dor entre os dedos era o mínimo diante da minha atual situação. 

A mulher que eu nem sequer sabia o nome, se abaixou em minha frente e segurou meus ombros. Os olhos dela eram espelhos, onde pude ver meu reflexo totalmente desequilibrado. 

— Eu preciso saber tudo o que houve e o que te trouxe até aqui, mas antes você deve encarar a realidade. 

Percebendo que suas palavras não estavam surtindo efeito, ela apenas saiu pela porta, liberando o espaço para que eu pudesse passar pelo estágio da dor.

Eu não sabia quanto tempo havia se passado, quando criei forças para  levantar do chão e deixar o quarto. 

A casa era de um tamanho razoável, com um curto corredor mas poucas portas, que deduzi serem quartos e banheiros. Logo encontrei a escada para o andar de baixo. Quando meus pés pisaram no último degrau, encontrei a garota falando com os fones de ouvido.

Sentada no sofá, ela digitava em um notebook. 

— Ele está fugindo pelo centro-oeste. O caminho está limpo... - Eu não fazia ideia do que ela estava falando. 

Parecendo ter a sensação de que alguém estava a observando, ela virou sua cabeça em minha direção. 

Com a mão no peito, ela murmurou: — Que susto. Eu não vi você aí, e também não ajuda o fato de que está parada como a noiva cadáver, pronta para me matar. 

Desviando sua atenção de mim, ela voltou a falar:  — Ela saiu do quarto. Vejo você em casa, mãe. - Retirando os fones, e se desvencilhando do computador portátil, ela se levantou.  

— Está com fome? Eu fiz sopa. Sei que seu estômago passou alguns dias sem algo saudável.

— Eu preciso de um telefone... - Uma tosse inesperada me impediu de continuar. 

— Minha mãe vai chegar em breve e podemos conversar, tudo bem? Enquanto isso, você poderia se alimentar... O que acha? 

— Eu não quero nada. - Falei de forma exasperada, observando a sala. Em algum canto desse lugar deveria ter um aparelho celular. 

— Vejo que minhas roupas ficaram ótimas em você. - Ela apontou para as roupas emprestadas. Sem esperar uma resposta, a garota caminhou para a cozinha do outro lado. 

Aproveitei a oportunidade para vasculhar em volta. Não havia nada que pudesse me ajudar a sair daqui.

Um cheiro de comida impregnou o ar, na mesma hora em que a mulher desconhecida saiu de uma das portas, que não era de fato a de entrada. A situação só piorava. 

O cheiro só aumentava, e foi inevitável não sentir meu estômago revirar. Encontrando uma lixeira próxima, despejei o que quer que ainda restasse ali dentro. 

Limpando minha boca com a costa da mão, olhei envergonhada para os dois rostos que me encaravam. 

— Precisamos ir ao médico. - A mulher disse. 

— Não... Eu preciso de um telefone. - Respondi com a voz rouca. 

— Tudo bem... Acho que já esperamos tempo demais. - A garota tomou a frente. — Sabemos quem você é. Levantei suas informações baseadas em uma foto que tirei sua. Se chama Felicity Megan Smoak, natural de Starling City, e cursa Ciências da Computação. Suas informações são limitadas. Não sabemos como veio parar aqui, exceto que salvamos você de alguém que, com certeza, queria sua morte. Não vamos te deixar pegar em um telefone até entendermos o que está acontecendo. - Cruzando os braços, ela parecia insistente. 

Eu não teria como fugir de vomitar - literalmente - toda a verdade. 

— Foi isso que aconteceu. -  Me perdi em pensamentos, depois de relembrar tudo aquilo. 

— Essa mulher não é humana. - Alena protestou, e eu pude ver seus olhos brilhando de tristeza.  

— Eu preciso voltar e denunciar Moira por sequestro. Oliver precisa saber quem a mãe realmente é. - Minha própria voz era irreconhecível para mim mesma. 

Yelena, a mulher que havia me salvado, estava de pé diante da janela. Ela ouviu minha história atentamente e não proferiu nenhuma pergunta. 

Foi um espanto quando ouvi sua voz depois de um tempo em silêncio. 

— Voltar não é uma opção. 

— Voltar é uma opção desde que Starling City é a minha casa. - Rebati.

Olhando por cima do ombro, ela se manteve em silêncio mais uma vez, parecia ponderar sobre algo. 

— Diga a ela, Alena. 

Alternei minha atenção entre Alena e Yelena. O que mais poderia ser despejado em cima de mim que pudesse me fazer recuar? Não havia nada, exceto a vontade de voltar e dizer a verdade a Oliver. Ele merecia saber.

— Eu recolhi uma amostra do seu sangue e fiz uns testes iniciais com os equipamentos que temos aqui. Felicity, não tem uma maneira de dizer isso sem que pareça assustador... mas você está supostamente grávida. 

Inesperadamente, um ataque de riso tomou conta da sala. Neguei com a cabeça, segurando minha boca para conter o riso. Isso era um pesadelo, nada disso era real. Deveria ser um daqueles sonhos bizarros que ficam presos no subconsciente. 

Em meio aos risos, minha visão ficou turva das lágrimas que se formavam, trazendo a certeza de que isso era a minha realidade.  

— Espero que tenha entendido que voltar não é uma opção. - Yelena saiu da sala, e apenas Alena permaneceu. 

— Eu sei que deve ser desesperador, não posso nem imaginar. Mas saiba que minha mãe e eu sabemos o que é viver com medo, e apesar de tudo, tínhamos uma a outra. Você nos tem, Felicity. - Tocando em meu joelho, ela sorriu de forma terna. — Você deveria ir descansar, amanhã vamos ao médico para ter certeza. Não se preocupe com documentos, inicialmente vamos nos consultar com pessoas amigas. 

Mais tarde, a constatação da verdade caiu ainda mais em minhas costas quando me olhei no espelho e liguei os pontos que deixaram Yelena atordoada. 

Moira suspeitava. E agora, todas as coisas que foram ditas naquele galpão se formavam no quebra-cabeça. 

E o pior foi concluir que Moira tinha ordenado meu fim justamente pela suposta criança. 

O suposto bebê que seria seu neto. 

O suposto bebê que seria o filho de Oliver

E, assustadoramente, o bebê que seria meu filho. 

➸   

Era o meu segundo dia aqui. Apesar de me sentir fora de lugar, eu sabia que estava segura. Moira deveria fazer uma busca por Cambridge atrás de mim. 

Encontrei Yelena e Alena tomando café da manhã. Meu estômago ainda parecia indisposto para alimentos. 

Meus olhos deveriam ter grandes bolas escuras pela madrugada não dormida, mas isso não foi mencionado quando elas me viram.

— Ei, como se sente? - Alena me questionou, largando sua torrada.  

Morta

— Estou melhorando. 

Yelena se levantou e me estendeu um telefone. 

— Se quiser tranquilizar alguém. - Pegando o aparelho, o segurei tão firme que poderia quebrar meus dedos. — Vou fazer umas ligações e descobrir o melhor momento para levá-la ao médico. - E nisso, ela se foi. 

A vendo sumir pela porta, me virei para Alena. 

— Talvez ela não goste da ideia de uma desconhecida em sua casa. Eu não a culpo. 

— Não é isso, acredite. Um dia podemos falar sobre isso. Minha mãe só está pensativa, estamos pensando em algo que possa te ajudar.  

Conheci um pouco mais de Alena naquele momento. Tinhamos muitas coisas em comum. Para minha surpresa,  ela também cursava Ciências da Computação no MIT, pelo que sabia era uma das melhores universidades do mundo. 

Alena era mais jovem dois anos. Me perguntei como uma menina tão nova poderia ser tão madura e responsável. Então lembrei de Thea, e a lembrança vasculhou meu estômago. 

Conversamos vagamente sobre o assunto de sua mãe ser uma espécie de vigilante da cidade. 

Elas tinham um propósito: manter a cidade segura. Eu só não sabia o princípio de tudo isso.  

E nem estava preparada para mais problemas dos quais não podia lidar. 

Descobri que fiquei em cárcere privado por cinco dias. Cinco longos dias. E, inacreditável ou não, hoje era o último dia do ano. 

— Monitoramos o depósito por esses dias. Muitos carros escuros rodeavam o lugar. Sabiamos que tinha algo suspeito, mas não poderíamos adivinhar que você estava lá. - Alena claramente estava se sentindo culpada. 

Não sabendo como lidar com todas essas informações, apenas optei por voltar para o quarto, e me forcei a ligar para Donna, mas a coragem havia sumido. E se ela soubesse que desapareci? Como eu poderia explicar isso a ela?

Discando seu número, aguardei de olhos fechados a cada chamada. Assim que a ligação foi aceita, disparei: — Mãe? 

Felicity, você desapareceu! - Sua voz era alta e exasperada. Ela sabia. — Que número é esse?

— Mãe, eu posso... - Ela me interrompeu.

Meu bebê, você sumiu desde o natal. Posso culpar a universidade pelo seu sumiço, e eu também estive dando duro no trabalho, sinto muito Fel. - Ela não sabia. Um suspiro de alívio saiu de mim. 

— Senti sua falta, mãe. - Uma lágrima escorreu para o telefone.  

Fel, você está chorando? - Perguntou com um tom preocupado. — Felicity Megan Smoak, o que aconteceu? 

Controlei o tom da minha voz. 

— Mãe, eu só liguei para avisar que estou bem. Preciso resolver algumas coisas da universidade agora, prometo ligar em breve. Eu amo você. - Desliguei antes que ela pudesse responder. 

O ar voltou a encher meus pulmões. 

Yelena surgiu na porta do quarto, talvez tenha escutado minha conversa. 

— Ela não sabe de nada. - Expliquei, devolvendo o celular para ela. — Obrigada por isso. 

— Sua mãe deve ter orgulho de você, Felicity, assim como tenho de Alena.

— Eu não sei como dizer a minha mãe que fui sequestrada e não estou em Starling City. Isso parece muito surreal para ser dito.  

— Vamos resolver um dia de cada vez. - Indicando algo atrás de sua cabeça, ela continuou: — Precisamos ir. Alena vai te arranjar um moletom e um boné, acredito que Moira ainda possa estar monitorando a cidade. 

➶ ➷ ➸

A sensação de achar algo é diferente de ter a certeza. Achismo implica em possibilidades. Certeza implica na verdade, as coisas são o que são e você não pode mudar a partir daquele exato segundo. 

— Você está com dois meses, senhorita. É normal que muitas mulheres não percebam até o segundo mês... - O resto das coisas que ele disse ficaram em segundo plano. 

A verdade era clara como água: tinha uma criança aqui. 

Como eu cuidaria de alguém sozinha?

Como eu contaria isso para Donna? 

Foi aí que aconteceu. 

Meu coração começou a acelerar. 

O ar não estava chegando aos meus pulmões. 

Minha visão estava ficando turva. 

— Ela está tendo uma crise de pânico. - Ouvi o médico dizer ao longe. 

Meus olhos estavam pesados, e tudo que veio depois se tornou um borrão. 

 


Notas Finais




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