História The Permanent Insanity - "Sanity" and "Insanity"

 Já fazia quase um dia que Stein havia saído, estranhara a demora do mesmo. Até mesmo perdera contato inesperadamente com ele a poucos minutos naquela noite. Revirava tais pensamentos no laboratório improvisado da casa a qual chamava de esconderijo. Vez ou outra, voltava o olhar para as pequenas cobras que causariam uma possível recuperação da sanidade do albino. Pensara diversas vezes em desfazer-se delas, mas seu lado são não a permitia.

Como tudo permanecia no mais completo silêncio, ouvira a leve batida vinda da sala, levantando-se de sua cadeira e indo até a porta, preparando-se para desfazer o soul protect. Ao abri-la, encontrou Eruka, dessa vez sozinha, parecendo bastante nervosa.

-Ah... é você. - A morena sai do caminho da entrada, Eruka a cruzando pouco antes de Medusa fechá-la. - E então? O que foi?

-B-Bem... eu e Free estávamos seguindo com o trabalho de espionagem que você havia nos dado, até que... - A albina levantara o braço, revelando uma cobra idêntica às tatuagens da morena.

-O que há de mais nisso?

-Essa cobra pulou em meu braço. Não saiu de dentro de mim. Vim até aqui porque, bem... Stein falou conosco a algumas horas e poderia ter acontecido algo.

-Idiota! Por que não me falou pelas suas cobras?!

Medusa estava claramente irritada, Eruka amaldiçoando-se por não lembrar-se desse pequeno detalhe, imaginando sua punição. A morena respira fundo, a encarando e fazendo a cobra sair do braço da albina, retirando alguns papéis da boca do animal, os encarando enquanto a cobra voltava a uma forma semelhante a de um de seus vetores, voltando para seu interior.

-Honey... ele provavelmente foi pego e fez ela vir até mim. - Medusa os deixa em cima de uma mesa próxima, abrindo a porta. - Pensarei em sua punição uma outra hora, precisamos ir até Death City.

-E-Espera... você está pensando em invadir a Shibusen de novo?!

-Algo contra? Posso fazê-la não participar dessa operação...

-E-Eu vou!

-Ótimo. Agora vamos, rápido.

******

O albino, atualmente ainda preso e um tanto surpreso pela repentina aparição da loira, a encarava, Medusa sorrindo enquanto aproximava-se do mesmo, o “Stein colegial” encarando-os um pouco mais distante. Próxima o suficiente, senta-se em sua frente, ainda sorrindo.

-Heh.... você deve estar amando me ver nessa situação, né? Há quanto tempo...

-Ora... mas não havia “me visto” a algumas horas?

-Me refiro a você, minha “Medusa interna”, e não a sua “eu viva”.

-Eu sei. Estava brincando... realmente, já faz um tempo. Não conseguiu “me controlar” por muito tempo desde Asura, não? Matar a mais próxima de si... devo dizer que sinto-me orgulhosa.

-Isso não é uma coisa que deveria se orgulhar, Insanity. - O pequeno albino segue, ainda um tanto afastado de ambos, porém um pouco mais próximo que antes.

-Ora, Sanity... você podia tentar ser mais divertido... nem ao menos “nos” deixa “brincar”.

-Você quer corromper a alma dele, não posso permitir assim tão fácil. Se ele deseja trilhar esse caminho, deixe-o escolher.

-Poderiam por gentileza me explicar o que está acontecendo? - O albino segue, os interrompendo. - Entendi uma parte, mas gostaria de explicações.

-Ele ainda tem muito de você, Sanity... bem, “honey”... - Disse em um tom sugestivo, enfatizando o apelido que ele recebera contra sua vontade. - Em resumo, somos sua parte sã e insana. Eu venho atiçar sua insanidade adormecida e ele vem atrapalhar nossas “brincadeiras”.

-Em outras palavras, ela o leva a fazer coisas que você se arrependeria e eu mantenho sua consciência.

-Até aí eu entendi, mas.... o que estão fazendo aqui? Não apareceram apenas para me confundir mais ainda, né?

-Ora, não é óbvio? Não poderá “me restringir” para sempre. Por causa de Asura, pude ganhar mais força e tentar “tomar o controle” de sua alma.

-Se deseja “me manter”, terá que escolher entre um de “nós”.

-Como assim? Terei que escolher entre minha sanidade e loucura justamente quando tenho altas chances de ser julgado por um acidente causado por meu lado insano?

-Hey, hey... não recorda-se das palavras de Medusa? Eu não o faço mais agir por impulso, como antes. Agora acendo seus desejos mais profundos e ocultos, Stein. Se matou Marie ou beijou Medusa naquela noite, foi porque queria, mesmo que minimamente.

-Nisso ela está certa. - “Sanity” segue. - Detesto admitir, mas é a verdade.

-Heh... maldita cobra. - Ele abaixa a cabeça, encarando suas pernas e as da loira. - Se não tivesse libertado Asura, eu não estaria agora discutindo com ilusões.

-Impressionante, ele ainda não percebeu... - Sussurrou em um tom baixo o bastante para Stein não ouvir, levantando-se e seguindo até Sanity. - Bem... iremos deixá-lo um pouco. Até logo, “honey”.

Ao levantar seu rosto, já não via mais a loira ou seu “eu colegial”, pouco depois ouviu a porta abrir, uma leve claridade entrando, revelando um Spirit o olhando um tanto decepcionado. Aproximando-se sozinho, deixando os três estrelas o aguardando em frente à porta, se abaixa, encarando o ex-parceiro.

Ao ver o ruivo, Stein desvia o rosto, encarando uma das paredes, sério, enquanto recebia leves “shinigami chop” repetidamente do deathscythe, o obrigando a voltar a encará-lo, fuzilando Spirit com os olhos.

-O que quer, senpai? Não tenho nada a te dizer.

-Stein... você não é assim... o que houve? Por que matou Marie? O que o fez invadir a Shibusen? Se colaborar, podemos perdoá-lo.

-Não me obrigue a repetir. Eu estou “perfeitamente são”. - Fechou entre risos loucos, em uma tentativa de convencer o ruivo. - Como disse “ela”, fiz tudo isso porque quis! - O albino se curva, encarando Spirit extremamente perto, o sorriso louco estampado em sua face, o ruivo um tanto assustado pela ação repentina do albino. Após Spirit tombar para trás, sentando-se pela perda de equilíbrio, Stein volta a ficar sério. - Se veio apenas para ouvir o que esperava, saia.

-Stein... - Ele senta-se, o encarando. - Você não era assim. O que houve? - Stein se cala, voltando a encarar a parede, ignorando o ruivo. Spirit se levanta, de costas para o albino, seguindo até a porta entreaberta. - Amanhã será seu “julgamento”. Kid e Mabaa-sama irão decidir sua sentença.

-Heeh... um shinigami e uma bruxa... me julgando? Por que não tomam logo minha alma?!

-É uma pena que tenha se rendido à insanidade, Stein... mesmo com Asura preso na lua...

-Eu ouvi isso, deathscythe... se estivesse na mesma situação que eu, faria o mesmo. Mas isso nunca saberemos, né, cãozinho ruivo do Shinigami?

Spirit apenas o encara antes de sair da cela, Stein soltando risos loucos enquanto o deathscythe trancava a porta. Ao sentir a alma de Spirit e dos três estrela se afastando, Stein se cala, encostando-se na parede. Pouco depois, a “Medusa loira” aparecendo em sua frente, dessa vez sozinha. Aproximou-se do albino, acariciando seus cabelos, Stein estranhamente sentindo a mão da loira.

-Não precisava fazer todo esse teatrinho, e sabe disso.

-Se eu não o fizesse, ainda estariam aqui. Prefiro ficar sozinho, já que irei morrer de qualquer jeito.

-Acho que não... se quisesse ficar sozinho, já teria me mandado embora. - Insanity senta-se nas pernas agora esticadas do albino, ele não sentindo seu peso mais ainda assim sabia que algo estava sobre elas. - Sente saudades “dela”, não?

-O que está insinuando?

-Medusa. Se quisesse, já a teria entregado. Na verdade, nem ao menos deixaria aquela cobra fugir.

-Já que ela tem uma “nova chance”, ao menos a deixarei se divertir um pouco.

-Vejo que ainda é um pouco desligado com relação a isso... - Ela encosta-se em seu ombro. - Nee, o que sente em relação a ela?

-“Ela”? Medusa? Acredito que seja apenas uma curiosidade.

-Realmente, continua o mesmo garotinho desligado sobre seus sentimentos.

-Falando assim, parece até ela.

-De certo modo, seu inconsciente me fez parecida com ela. Talvez por admiração ou...

-Está insinuando que gosto dela mesmo já a tendo matado uma vez?

-Insinuando? Estou afirmando. Se a odiasse ou fosse apenas uma simples curiosidade, não teria aceitado sua ajuda ou nem ao menos feito essas idas à Death City. - Ela se levanta, beijando a testa do maior, a estranha sensação de sentir os lábios dela em sua testa. Pouco depois ouvira uma explosão, sentindo junto a ela cerca de três almas de bruxa. - Ora... pelo visto vieram te buscar. Lembre-se de nossa conversa hoje mais cedo e decida-se, Stein...

Ela novamente some, a tempo de ver o sorriso louco do albino, junto aos seus risos. Se continuasse negando esse seu lado, ela o consumiria como nesses curtos intervalos. Agora, a morena invade novamente a Shibusen, dessa vez por ele, para salvá-lo. Não conseguiria segurar tal riso. “Ela” estava chegando.