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História The Pirate King's Dark Shadow - Arco II: Alabasta Capítulo XIV:


Escrita por: CorvinusCorvus

Capítulo 15 - Arco II: Alabasta Capítulo XIV:


[Alguns dias depois]

Mawaha estava deitado na grama da entrada do palácio, esparramado pelo verde que pinicava a pele, e com um dos braços apoiando sua cabeça. Tinha os olhos para o céu azul conforme girava o frasco com o líquido transparente entre seus dedos. Fechou as pálpebras e apenas escutou o barulho do vento que carregava consigo o barulho de passos ainda bem distantes.

- Duas horas...não, diria que umas quatro e meia até chegarem em Alubarna. – Continuava a girar o frasco na mão, franzindo a testa e bufando. – Como são lentos. Já fazem alguns dias desde que eu dei a ordem, e mesmo assim eles demoraram para chegar. Francamente. – Murmurou se sentando. Esticou o corpo e passou suas unhas pelo vidro, arranhando a superfície. – Mas se bem que seria um problema caso eles estivessem já bem perto daqui. Ainda não consegui o que queria e o senhor Crocodile está em um mal humor ultimamente. – Um ruido ao fundo de sua cabeça chamou sua atenção, fazendo o grisalho sorrir e se abaixar no chão. Estendeu a mão e deixou que o roedor conhecido subisse.

- Conseguiu o que queria, Mawaha? – Micco cheirava o grisalho, afastando sua cabeça pelo forte odor que vinha. – Você está fedendo a charuto. Que nojo.

“Ainda não, mas eu tenho certeza de que hoje não passa.”

Ignorou o comentário feito, guardando o frasco no bolso da blusa.

“Mas acho que vou ter que acalmar meu senhor primeiro. Fazer ele relaxar um pouco para então conseguirmos o que queremos.”

Bufou coçando os olhos, Tinha um incomodo bem no canto e mesmo que coçasse, parecia que estava preso com cola.

“Agora vá. Você sabe o que tem que fazer, não é Micco?”

- Hum...ainda sim acho que isso é uma péssima ideia. O senhor Crocodile não parece que vai gostar muito disso. – Micco bufou descendo da mão que repousava no chão.

“E desde quando você liga para o que ele vai gostar ou não? Somos piratas, Micco, e não bichinhos de estimação obedientes.”

Mawaha sorriu de canto, andando novamente para dentro do palácio conforme o pequeno roedor corria para outro lado.

Assim que entrou pela porta, foi recebido com olhar julgador do corsário que fazia o caminho inverso a sua caminhada. Tinha um rosto sério e uma testa bastante franzida.

- Estava com um rato nas mãos? Que repulsivo. – Sua testa continuava franzida.

- Se continuar a franzir sua testa desse jeito, vai acabar com rugas. – Mawaha tentou tocar a ponta dos dedos sobre a superfície da testa, tendo que ficar na ponta dos pés para poder fazer tal ato, mesmo assim não conseguindo. Crocodile era bem alto, tinha por volta de dois metros e cinquenta e três centímetros. Bufou quando não conseguiu, tendo sua mão afastada. – E eu estava entediado para um caralho. Não pode me julgar por querer brincar com o primeiro animal que apareceu na minha frente. E além do mais, aquele ratinho era bem fofinho também.

- É um rato, Mawaha. São sujos. – Crocodile bufou ao receber um revirar de olhos.

- Você é um homenzinho irritantemente chato e entediante. – Cruzou os braços. Tinha um olhar de tedio sobre seu rosto. – Não acontece nada desde aquela “batalha” vergonhosa aqui em Alubarna. Nenhuma movimentação e nada do tipo. Estou morrendo de tédio aqui. – Bufou mais uma vez.

- Vá ler um livro ou algo do tipo ao invés de ficar brincando com roedores da qual você não sabe se tem doenças ou não. – Olhou o grisalho de cima a baixo. – Mas se bem que ele combina com você. Ambos devem ter vindo do mesmo lugar.

- Aí, nossa não precisa partir para a ignorância. – Mawaha mordeu o canto da boca, cortando a bochecha. O sangue brotou no canto, o fazendo desviar o olhar e colocar uma das mãos sobre a boca. – Não é só porque está irritado que você deva descontar em mim.

Crocodile segurou a bochecha do garoto grisalho, virando seu rosto e passando a língua pelo filete que escorria. Sua língua fez o trabalho de limpar a cor rubra que escorria pelo canto, causando uma ardência e separando os lábios.

Seu hálito tinha um cheiro característico de vinho da melhor qualidade e charuto caro. Mesmo que escovasse os dentes com fervor, Mawaha ainda sim conseguia sentir o cheiro preso na boca. Até que gostava.

- Eu sei que você gosta disso. Não finja que não, pois não combina com você. – Apertou a bochecha.

Mawaha tinha os lábios abertos, estava surpresa com o ato. Piscou algumas vezes, acompanhando o corsário conforme andava pelo corredor. Sorriu em um bufar e o seguiu.

- Por que está com esse sorriso idiota estampado no rosto? – Crocodile olhava para frente, ouvindo as risadas baixas que vinham da garganta de Mawaha.

- Nada não. – Soou melodioso, cumprimentando Robin com a cabeça mais ao final do corredor. – Para onde vamos?

- E onde mais iriamos? Para cela do rei Cobra. – Tirou um charuto do bolso, sendo aceso por Nico Robin. – Sua tática de quebrar o espírito dele até que deu certo. O fazer ouvir os gritos de Nefertari dia e noite foram bem uteis. Quem diria que um homem daqueles seria quebrado por algo tão simples como aquilo.

- O amor faz as pessoas fracas. Tire algo ou machuque alguém que ama e veja o reino de cartas desmoronar. – Mawaha colocou as mãos na nuca, esticando as costas. – Nem mesmo a mais resistente das construções consegue suportar o choro desesperado de alguém que ama. Reinos inteiros podem ser devastados por um único toque. – Seus olhos estavam no alto, o fazendo rir com a ironia da situação. – Enfim. De nada.

- Eu não estou te agradecendo. Você não fez mais do que a sua obrigação como membro da Baroque Works. Conseguir informações a todo custo é sua única tarefa. – Crocodile soprou a fumaça por entre os dentes.

- Ele é sempre assim? – Mawaha olhou para a mulher de chapéu de Cowboy que concordava com a cabeça, sorrindo pela situação. – Elogiar alguém por um trabalho bem-feito não vai te matar, sabia disso?

- Então além de gostar de ser humilhado, como acontece todos os dias, você também gosta de receber elogios? Realmente, é uma pessoa baixa e sem dignidade alguma. – Crocodile continuava com suas duras palavras fazendo Mawaha ficar de boca aberta a cada frase que saía, o fazendo bufar em frustração.

Os três andaram até chegarem no comodo onde o antigo rei estava. O homem velho permanecia sentado no chão, com o olhar baixo e murmurando algo.

- Está pronto para falar? – Crocodile desligou o gravador e se colocou à frente do homem. – Onde ele está? Eu sei que o tem e que está aqui em Alabasta, então vamos polpar o tempo um do outro.

- Como você pode ser um homem tão cruel assim!? Ela é só uma garota! Não deveria passar por algo tão horrível como isso! – Cobra gritava com lagrimas nos olhos, chorando.

- Se me contar onde ele está, prometo soltar sua filha. – Crocodile sorriu ao ver o velho rei erguer a cabeça. Seu rosto tinha a marca do cansaço e exaustão.

- E como eu vou confiar em você!? Depois de tudo o que fez com o meu país...meu povo...e agora...minha filha. – Cobra abaixou a cabeça, voltando a chorar. – Por que torturar aquela garota adorável? Por quê!?

Mawaha revirou os olhos e bufou alto. Tinha os braços cruzados e um olhar cansado.

- Você só tem duas opções no momento: Acreditar na minha palavra de que irei soltar Nefertari Vivi ou continuar a escutar os gritos de desespero dela. É a sua decisão. – Crocodile se virou e começou a andar até os dois que apenas observavam. – Caso opte pela primeira opção, eu lhe asseguro que a princesa Nefertari Vivi não vai ser tocada até sair de Alabasta. Direi a meus homens espalhados por todo o país que a deixem partir tranquilamente. Dou minha palavra. – Parou ficando de costas e olhando sobre os ombros. – Não pense que terá uma opção melhor que essas duas, pois não vai ter. E se demorar para escolher, eu mesmo escolho por você. O que prefere?

- Não! Por favor! Tudo menos a última! – Cobra ergueu a cabeça em desespero com lagrimas escorrendo mais ainda pelos olhos. – Droga!

- Vejo que já fez sua decisão. – Crocodile se virou. Tinha um sorriso satisfeito em seu rosto. Voltou a andar até o antigo rei, se colocando a sua frente e com um olhar superior. – Pode começar dizer.

O interrogatório se estendeu por mais tempo do que todos gostariam, com o rei parando algumas vezes para chorar e implorar por sua filha antes de dar continuidade com a demorada história cheia de enrolação para finalmente revelar onde estava aquilo que o Corsário tanto buscava.

Os três saíram da sala. Mawaha tinha os olhos baixos, a testa franzida e uma boca inchada por estar com mais perguntas em sua cabeça do que quando entrou. Não entendia nada do que o rei tinha falado e muito menos do que aquilo significava.

- Que porra é um Poneglifo? – Mawaha puxou a manga da blusa de Robin, olhando para os lados e perguntando baixo.

Robin não disse nada, apenas negou com a cabeça, colocando o indicador sobre a boca e soando um som com uma grande presença de S.

- Já temos a localização dele. – Crocodile tinha uma voz rouca e baixa. – Nico Robin, prepare tudo para movermos o Cobra para outro lugar. Se o que ele nos disse estiver certo, iremos precisar da sua presença.

Mawaha continuava a olhar para os dois, pendendo a cabeça para o lado e perdido no assunto. Não estava entendendo nada do que ambos falavam ou do porquê daquela mulher ser importante.

- Será que tem como alguém me explicar o que está acontecendo? – Mawaha tinha a testa franzida, sendo ignorado pelos dois. Robin fez uma reverencia com a cabeça e saiu, deixando o grisalho aos cuidados do corsário.

- Ei, Crocodile...- Mawaha puxou a manga da blusa, atraindo a atenção do mais alto. – O que é exatamente isso que está procurando?

Crocodile o olhava de cima, soltando o ar preso em seus pulmões. Suavizou sua expressão e levou Mawaha para um lugar mais reservado.

- Vai me contar ou vai ficar de segredinho? Não é justo, já que fui eu quem ajudou a conseguir tal informação. – Cruzou os braços no canto da porta. – Crocodile? – Chamou.

-  Poneglifos são roxas misteriosas que se acreditam estarem espalhadas por todo o mundo. Com textos antigos e localizações de armas antigas gravadas em sua superfície. – O corsário bufou cruzando os braços. – Alabasta é um dos locais onde uma dessas pedras se encontra.

- Elas são tão importantes assim? – Mawaha franziu a testa, pendendo sua cabeça para o lado. – Mas espera, se essas pedras são tão importantes, por que só uma única pessoa tem o conhecimento de onde ela está? O resto da população não deveria saber também?

- Não é tão simples quanto parece, Mawaha. O conhecimento sobre essas pedras não é algo aberto ao público. Poucas pessoas sabem. – Franziu a testa com a pergunta. – Não sabe sobre isso?

- Se eu soubesse, não estaria te perguntando. – Mawaha o cortou. Fechou os olhos e balançou a cabeça em negação. – Se poucas pessoas sabem sobre eles, e uma delas sendo o antigo rei Cobra...Nefertari Vivi não deveria saber da sua existência também? Por que não a interrogou primeiro?

- Como eu já disse, esse conhecimento não é aberto para o público geral. – Crocodile franziu mais ainda a testa, andando em direção ao garoto que tinha o olhar no chão e coçava o queixo. – Digamos que o governo mundial não vê com bons olhos pessoas que sabem sobre essas pedras, ou até mesmo quem as sabem decifrar. – Ficou frente a frente com o grisalho, apoiando uma das mãos na parede. – Algumas de suas escrituras possuem indicativos de onde armas ancestrais estão escondidas. Armas tão poderosas que o governo mundial teme que sejam descobertas.

- Calma. Vamos por partes. – Mawaha balançou a cabeça com as informações. – Você está dizendo que existem pedras com informações gravadas que levam a armas ancestrais com um poder fodido de destruição, e que essas mesmas pedras. A existência delas, são apagadas pelo governo? E que uma dessas coisas está aqui em Alabasta!? – Mawaha passou a mão pela testa, franzindo e olhando para o chão. Juntou os pontos em sua cabeça como em um quebra cabeça. – Agora tudo faz sentido! Você veio para Alabasta a três anos atrás na procura dessa pedra estranha, descobriu que a informação que levava a ela estava na posse do rei, armou o pior cenário possível para que o povo se revoltasse contra o governo, surgiu como um herói e forjou a morte do rei para que você pudesse tirar as informações sem que ninguém desconfiasse! – Mawaha tinha um sorriso nos lábios. – Caralho agora tudo faz sentido!

- Bingo. – Crocodile sorriu de canto ainda com os olhos no grisalho que voltava a colocar a mão sobre o queixo.

- Mas ainda sim tem coisas que não fazem sentido. – Mawaha começou a andar pelo local. – Você tinha a posse do rei que continha as informações. O que eu não entendo é como o antigo rei Cobra sumiu e depois reapareceu em Alabasta. Não faz sentido isso.

- A algum tempo atrás, houve um problema na segurança onde eu o mantinha sob vigilância. Alguns dos subordinados do rei o soltaram, mas quando foram capturados, o rei já tinha deixado o país. – Crocodile se recostou na parede, acompanhando Mawaha com o olhar. – E antes que você pergunte. Não usamos Nefertari de isca a primeiro momento, pois queríamos atrair sua atenção usando Alabasta como palco.  Espalhando a mensagem pelos Bilions que eu estava planejando explodir a capital, e caso isso não desse certo, usaríamos a princesa.

- Entendi...- Mawaha murmurou. – Faz até que sentido, tendo em vista que você conseguiu uma atenção bem chatinha dos jornais. Falando nisso, quando cheguei aqui em Alabasta, percebi que tinham marinheiros aqui e me falaram que o país em si não recebia muito bem os piratas. Por quê?

-  Alabasta é uma grande exportadora de perfumes, frutas e medicamentos derivados das raízes e outras coisas vindas do deserto. Como o país se associou comigo, o governo mundial deu seu jeitinho, com uma única condição, relatar tudo o que acontecia aqui. Por isso ela não é bem-vista aos olhos dos piratas, já que é um país que está sobre a proteção da Marinha e de um corsário. – Cruzou os braços bufando. – Como você não sabe dessas coisas? É algo de conhecimento geral.

- Digamos que eu fiquei preso por um bom tempo e quando se está na cadeia, você não recebe o jornal diário. – Mawaha sentiu o canino começar a coçar novamente. Algo naquela conversa o deixava agitado e um pouco irritado. – Espera. Você disse que o governo mundial não gosta de pessoas fuçando sobre os ponefoda-se...

- Poneglifos. – Corrigiu Crocodile.

- Isso. – Mawaha apontou para o corsário que tinha um sorriso de canto. – Se o governo mundial é um cuzão a respeito disso, você não iria lidar com um problema maior ainda já que a marinha está aqui? Além disso, não teria que fazer um relatório informando sobre a existência dessa pedra aqui?

- Quem disse que eu tenho que relatar tudo o que acontece em Alabasta para a marinha ou para o governo mundial? – Crocodile ergueu a cabeça em um ato de superioridade.

- Velho safado! Cobra lazarenta! Você está escondendo as informações do governo! – Mawaha abriu a boca em um sorriso, soltando um bufar. – Ou está enviando relatórios falsos para eles! – Olhou para o teto, puxando o ar. – É por isso que você nunca foi investigado por aqueles merdas! Você envia relatórios falsos para eles dizendo que as coisas em Alabasta estão bem, que o povo está feliz e os caralhos. Maquia toda a bosta que acontece e repassa como se aqui fosse o melhor lugar do mundo! Nossa como você é um filho da puta! – Começou a rir cobrindo a boca. – Isso é muito esperto e inteligente de se fazer, porque assim você pode procurar ou fazer o que quiser aqui que no final do dia, a sujeira vai ser escondida de baixo do tapete!   

- Eu disse para não me subestimar. Acha mesmo que eu deixaria pontas soltas durante esses três anos? Por favor, eu sou um ditador e não um líder de esquina. – Crocodile se aproximou do grisalho, o vendo coçar os caninos com a ponta da unha. – Já pedi para não fazer isso. Vai se machucar desse jeito. – Afastou a unha próxima a gengiva. – Se está com sede ou sentindo incomodo nos caninos, apenas fale.

- Não é isso. – Mawaha bufou coçando a testa. – É só tensão, mas não sei exatamente pelo que...- Balançou a cabeça voltando a sua linha de raciocínio. – Eu tinha lido em um jornal sobre um possível escândalo de venda de drogas ou algo assim. Faz muito tempo, não lembro direito. – Subiu os olhos para o homem que abria um pouco a gola da camisa. – Você tem algo a ver com isso, não tem?

- Quer realmente que eu responda? – Crocodile puxou o grisalho para o seu colo, sentindo as mãos cruzarem seu pescoço, servindo de apoio. Escutou uma risada próxima ao seu ouvido. – Sim, é verdade. – Sentiu a língua de Mawaha passar pela pele. Era quente e molhada, causando arrepios involuntários pelo corpo juntamente aos caninos que perfuravam a carne, causando uma dor semelhante a uma picada de agulha. Pendeu a cabeça mais para o lado, permitindo que aquele garoto faminto aproveitasse o máximo. – A Baroque Works não é só uma organização feita para assassinos ou ladrões. A princípio, eu a criei para tomar Alabasta e depois que isso aconteceu, fiquei pensando no que mais eu poderia fazer com ela, então a expandi. Hoje em dia eu tenho homens espalhados por todos os lugares e no submundo também. Vão desde vendedores de drogas a assassinos de aluguel, mas todos com um propósito, descobrir a podridão que o governo mundial esconde.

- Podridão? – Mawaha passou a mão pelos cabelos, mudando de lado e indo morder o outro canto do pescoço. O gosto do sangue do corsário era quase viciante demais para parar de tomar. Era um vinho doce, forte, encorpado e carregado de história. Se pudesse, iria marcar todo aquele grande corpo com as marcas de suas presas, pois o sangue ficava ainda melhor a cada nova mordida feita. – Do que está falando?

- Qual é, Mawaha? Não acha que está sendo ingênuo demais agora? – Crocodile apertou a cintura com sua mão pelas mordidas que se espalhavam. – Todo governo possui seus podres, sejam governos feitos por pequenos reis ou o governo mundial. Todos nós escondemos a sujeira de baixo do tapete. Por mais bondoso ou tirano que um rei ou um governo seja, ele nunca será 100% limpo ou sujo. Sejam eles reis, imperadores do mar ou o Governo mundial, todos nós sempre iremos esconder nossos defeitos ou erros, pois não queremos passar uma imagem mundana para nossos súditos. Um rei que diz ser completamente honesto ou que nunca pecou na vida, não passa de um mentiroso e esse é o ponto que me diferencia dos outros. Nunca escondi que sou um líder tirano, apesar de ter manipulado toda Alabasta para conseguir um único objetivo, mas bem no fundo, todos nesse país sempre souberam que eu nunca fui do bem, mas não se importavam. E sabe o porquê? Quando se tem comida, agua e é protegido, foda-se quem está sentado no trono de um reino. O seres humanos são egoístas por natureza, só se importam com o seu próprio bem-estar ou da sua prole. Qual o problema de quinze mil pessoas estarem passando fome ou se desde que eu cheguei, nunca mais choveu? Um povo de barriga cheia e com dinheiro no bolso não liga para quem os governa ou quem está chorando na porta de sua casa. – Rangeu os dentes quando sentiu sua perna fraquejar. – Ei, não acha que já bebeu demais? Vai acabar me fazendo desmaiar por falta de sangue, garoto. – Segurou os fios grisalhos e os puxou, afastando a boca do pescoço, sentindo a língua passar uma última vez pelos buracos que escorriam sangue. – Virou um vampiro por um acaso?   

- Foi mal, mas você tem um sabor tão maravilhoso que não pude resistir. – Mawaha limpou o canto da boca, descendo do colo do corsário. – Mas até que você está certo. No mundo em que vivemos, não tem como você ser completamente bom ou mal, e se usar pessoas e manipular o máximo foi uma opção? Então que seja.

- Mas sabe uma coisa que não faz sentido em tudo isso? – Crocodile passou a mãos sobre o pescoço, sentindo o ardor deixado e limpando o sangue. – Meu pessoal do submundo não achou nada sobre você. É quase como se fosse um fantasma. Sem história, registro familiar ou pegada existente, é quase como se tudo tivesse sido apagado.

- Está me investigando agora? – Mawaha cruzou os braços e se encostou na parede.

- Não podia? – Crocodile ergueu uma das sobrancelhas, recebendo um aceno negativo com a cabeça.

- Não.... – Mawaha bufou pesado, sentindo um peso quando engoliu a saliva. – É só que por um milésimo de segundo eu senti um pouco de esperança. Só isso.

- Esperança? Sobre o que exatamente? – Crocodile se juntou a parede, cruzando os braços e olhando para baixo.

- Não sei exatamente. – Mawaha sorriu fraco, voltando a engolir a seco e sentir os olhos se encherem de lagrimas com uma sensação da qual não sabia identificar de onde vinha. – As únicas coisas que eu sei são que...- Bufou e passou o polegar pelo olho que coçava. – Deixa para lá. Não é como se você fosse se importar com isso mesmo. – Se recostou da parede e foi em direção a porta.

- Se eu estou parado do seu lado e não estou te humilhando, é porque eu quero saber do que você está falando, Mawaha. – O corsário bufou. – E seria muito mais fácil conseguir as informações se você não ficasse fazendo cu doce e agindo feito um emo depressivo, que fica desviando do assunto.

- E por que você quer saber? – Mawaha puxou um ar de forma pesada ao olhar para o homem. Tinha os olhos cansados.

- Digamos que quando uma pessoa passa a machucar um usuário de fruta elemental sem ter a presença de agua, ou quando essa mesma pessoa passa dias sem dormir e parece que isso não o afeta. Sem contar o curioso caso de você mudar fisicamente a noite e ficar bebendo o meu sangue...- Crocodile dizia baixo e rouco. – Eu acho que isso é motivo suficiente para despertar uma curiosidade. 

- Pra início de conversa, é você quem me oferece seu sangue. Em nenhum momento eu pedi. – Mawaha franziu a testa.

- Eu sei e não estou reclamando, só curioso para saber o motivo disso. – Seu tom parecia um pouco diferente do costumeiro, junto a mão que sinalizava a frente do corpo. – Mas mesmo que esteja curioso para saber, não vou te pressionar para me contar. Ainda mais se for um assunto do qual você não goste de mencionar.

- Por que diz isso? – Mawaha franziu ainda mais a testa conforme pendia a cabeça para o lado.

- Você está apertando suas unhas contra a pele da sua mão a um certo tempo. Diria desde que eu mencionei sobre ter te investigado. – Crocodile tirou um lenço do bolso da camisa, indo até o grisalho e colocando sobre os cortes que pingavam.

- Eu fiz isso? – Mawaha encarava o sangue que escorria vermelho e pingava no chão junto a lagrimas que escorriam por seu rosto. – Inferno! – Virou o rosto para o outro lado, limpando com as costas da mão. – Por que eu estou chorando do nada? Que droga!

- Olha só. Ele todo emotivo. – Falou baixo com um sorriso de canto, envolvendo o machucado com o lenço e o amarrando. Crocodile subiu a mão e fez um carinho na bochecha. – Até que você fica bonitinho chorando, mas ainda sim é irritante.

- Sério? Até em momentos assim? Você está falando sério? – Mawaha bufou e revirou os olhos, afastando a mão do corsário e balançando a cabeça.

- De qualquer forma, essa reação parece ser algo inconsciente, talvez um mecanismo de defesa. – Crocodile se afastou voltando a ter um olhar serio em seu rosto. – Seja o que tiver acontecido no passado, seu corpo se recusa a lembrar ou o experienciar novamente.

Mawaha olhou para a mão com o tecido, tocando suas bochechas molhadas e franzindo a testa.

- O que aconteceu...- Murmurou ouvindo a porta se abrir.

- Você me disse que tinha 28 anos certo? E julgando que você não sabe de metade do que está acontecendo no mundo a fora, acredito que tenha ficado preso todos esses anos. – Crocodile pegou outro charuto, o colocando entre os lábios e o acendendo. – Acredito que mais coisas tenham acontecido nesse tempo além daquilo que você lembra. Algo ruim ao ponto de fazer todo o seu corpo se recusar a lembrar.

- Então você não quer mais saber? – Mawaha seguiu o corsário pelo corredor, encontrando Robin mais uma vez junto ao antigo rei.

- Não, eu quero. Mas do que adianta ficar curioso sobre um assunto que nem mesmo seu inconsciente quer contar? – Crocodile olhou para o homem de aparência cansada, o analisando e sorrindo de canto. – Primeiro resolva seus problemas pessoais e depois, se sentir vontade, me conte sobre seu passado.

- Senhor, temos um problema. – Robin disse se aproximando do corsário. Tinha uma expressão neutra. – Nossos Bilions ao entorno do palácio relataram ver soldados da marinha se aproximando pelo deserto.

- O que!? – Mordeu o charuto e franziu a testa o máximo que conseguia.

- A marinha? O que ela faz aqui!? – Mawaha franziu a testa junto ao corsário.

“Já se passaram quatro horas e meia? Nem percebi.”

- Como eles não relataram isso antes, Nico Robin!? – O corsário continuava ficando ainda mais furioso. – Avise aos Bilions para que fiquem de prontidão nas entradas de Alubarna. Não deixe que nenhum marinheiro entre na cidade capital! – Se virou para o grisalho. – Mawaha.

- Sim senhor. – Falou endireitando a postura.

- Você vai ficar encarregado dos outros prisioneiros e no comando, enquanto eu e Nico Robin vamos levar nosso convidado de honra para o seu devido lugar. – A veia em sua testa parecia que iria estourar a qualquer momento. – Mate qualquer um que escapar, me entendeu? Sem falhas dessa vez.

- Sim senhor. Não vou o decepcionar dessa vez. – Mawaha tinha um sorriso em seu rosto, fazendo uma reverencia com a cabeça conforme via o corsário se afastar e sumir em meio ao corredor. Mawaha passou a mão pelo rosto, mudando totalmente a sua expressão conforme pegava o frasco transparente. – Chegou a hora.

“Micco, você sabe o que fazer. Pegue as chaves da cela dos chapéus de palha enquanto eu vou fazer o meu serviço.”

Micco apareceu de um canto das curvas no corredor, indo até o grisalho e acenando com a cabeça.

“Cathiopea, venha o mais rápido possível para Alubarna. E não se esqueça de trazê-los com você. O tabuleiro já foi montado, só precisamos das nossas peças.”

Mawaha voltou a andar pelo corredor se separando mais uma vez do animal de estimação. Passou pelos guardas em seu caminho, os nocauteando o mais rápido que conseguia com um golpe na nuca, mobilizando o máximo que podia na curta janela de tempo.

Flexionou suas pernas, as alongando e alongando a cintura antes de começar a correr pelo palácio.

 Mawaha era relativamente rápido e ágil quando via algum Bilion que poderia ser uma possível ameaça para seu plano. Tirava todos do caminho até o reservatório de agua, o mesmo que nutria os dutos de ventilação.

Assim que chegou à porta de metal que dava para a escadaria de baixo, o grisalho não polpou esforços para quebrar as dobradiças com seus chutes, dobrando um pouco a porta e a chutando para baixo. Pouco se importava se estava fazendo muito barulho ou não, aquilo não iria ser um grande problema no final. Mas o resultado foi o já esperado, os Bilions que ficavam guardando o reservatório logo começaram a subir gritando e exaltados.

- Senhor Mawaha? O que significa isso!? – Perguntou um dos homens apontando uma arma para o grisalho que tinha um olhar serio em seu rosto.

Mawaha subiu a mão até o Aerís que usava e apertou em sua ponta, causando uma pequena interferência nos comunicadores próximos.

- Vocês estão no meu caminho. – Mawaha tinha uma voz séria e fria, indo para cima dos homens que pontavam as armas em sua direção. Os dedos nos gatilhos prontos para disparar e causar um grande barulho e alertar o resto, seria um problema caso isso acontecesse. Mawaha era mais rápido e ágil que eles, agradecendo mentalmente por isso. Os desarmava tão facilmente que não tinha graça e os desmaiava apenas com poucos golpes. – A sorte de vocês é que eu não posso mata-los. – Descia as escadas descalço e em meio aos homens desmaiados, passando por cima de alguns. – Vou precisar do seu poderio de fogo e investigação daqui para frente. Baroque Works.

Abrir a segunda porta foi bem mais fácil que a primeira, não precisando de muito esforço e bem menos violência. Mawaha entrou no comodo mais frio e foi até o grande tanque, o vendo lacrado.

- Fácil demais. – Passou suas unhas pelo aço, o cortando como se fosse papel, arrancando a tampa. Tirou o frasco de dentro do bolso e despejou todo seu conteúdo dentro das aguas, misturando o líquido transparente. Foi até um canto e abriu toda a válvula, fazendo a agua jorrar por todos os corredores do palácio como se fosse uma chuva.

O homem com tatuagens por todo o corpo voltou ao corredor, se molhando nas águas que caiam como pesadas gotas de chuva e vendo os Bilions dispostos pelo corredor caírem pelo chão, quase completamente desmaiados à medida que passava por eles.

A válvula de segurança logo disparou, impedindo o banho de continuar e a doce agua parar de jorrar em disparada.

Mawaha se dirigiu a sala onde as armas dos tripulantes do Going Merry estavam, a abrindo sem nenhuma dificuldade e procurando pelos objetos.

“Que segurança fraca e patética.”

 Olhou para o chão vendo os homens caídos. Revirou os olhos conforme ia até os armários e pegavam as coisas. Duas katanas, um bastão azul e duas bolsas e um óculos. Os colocou de baixo do braço e voltou a fazer seu caminho pelo corredor molhado para pegar mais algumas coisas.

                              ❂

Os chapéus de palha se encolhiam na sela, olhando um para o rosto do outro e bufando.

- A Mawaha não veio nos ver desde aquele dia. – Luffy dizia com as bochechas infladas e jogado no chão. – Por que será?

- Luffy você ainda está com isso na cabeça? Deixa aquele cara! Ele já provou que não é gente boa! – Ussop brigava com o capitão, o segurando e balançando de um lado para o outro. – Ele nos traiu, esqueceu!?

- Ei, Luffy, chega disso...- Nami bufou olhando o capitão de canto. Tinha feito um casulo com os joelhos e braços. – Quanto mais rápido esquecermos aquele Mawaha, melhor.

- Mas...- Luffy continuava a reclamar, tocando na grade e sentindo suas forças irem embora.

- Para de tocar nas grades! – Ussop bateu na mão do capitão, a afastando do metal.

O silencio caiu sobre a cela, ficando morbidamente estranho e causando um certo desconforto nos piratas.

- Ei...vocês não acham que está estranhamente quieto hoje? – Sanji olhou ao redor, franzindo a testa.

- Você está sendo paranoico, cozinheiro de araque. Eu não percebi nada de diferente. – Zoro tinha os braços cruzados e os olhos fechados.

- O que disse!? – Sanji se levantou indo em direção ao espadachim e dando chutes. – Repete o que você disse, espadachim de merda!

- O que!? [...]

- O Sanji está certo...- Nami levantou a cabeça, passando seus olhos por todo lugar. – Tudo está muito silencioso e nem mesmo tivemos a visita de um Bilion aqui. – Franziu a testa. – Está quieto demais.

A briga parou conforme o silencio caía novamente no comodo, os fazendo ficarem apreensivos. Seus ouvidos podiam escutar um barulho bem fraco vindo pelo corredor, quase não sendo possível de se escutar direito, junto a um outro um pouco mais alto.

- Tem alguma coisa vindo...- Zoro abriu os olhos os levando em direção a porta e franzindo a testa.

Ao fundo podiam ouvir barulhos molhados de passos, pisando forte contra o chão e se aproximando cada vez mais, junto aos dois outros barulhos.

- E está se aproximando...- Ussop começava a suar frio se afastando das grades. Engoliu a seco.

Os passos ficavam cada vez mais altos conforme se aproximavam e ecoavam pelo silencioso palácio. Ouviram quando a porta foi destrancada e aberta. Ussop, Nami e Chopper se encolheram em um canto, se apertando e escondendo os rostos conforme os olhos brilhavam em meio ao escuro e um barulho agudo preenchia o ambiente.

- Ah! É UM MOSNTRO COMEDOR DE PIRATAS QUE SENTE O CHEIRO DE MEDO, ONDE SEU PRATO PRINCIPAL É O GRANDE E CORAJOSO CAPITÃO USSOP! – Gritou Ussop se espremendo ainda mais entre os dois, recebendo um soco no topo da cabeça pela atiradora.

- Quem está aí...- Zoro franziu a testa, se colocando em posição e levando as mãos onde ficavam as katanas. Uma memória muscular. – Droga!

A porta continuava a abrir bem devagar, junto com o grunhido e unhas afiadas que apareciam.

Os três mais covardes continuavam a gritar e a se espremerem, tremendo e chorando.

- Foi aqui que pediram uma entrega de armas? – Mawaha colocou a cabeça pela porta. Tinha um sorriso no rosto junto de Micco em seu ombro e com um molho de chaves. – E quem sabe uma chave da cela?

- Mawaha! – Nami falou alto. Tinha o queixo caído, se soltando dos outros dois e indo até a grade.

- O que você faz aqui!? – Ussop correu até a grade, a segurando em mãos e com os dentes cerrados. – Veio nos provocar mais uma vez? Ou esfregar na cara que mudou de lado e que é um traidorzinho de bosta!?

- Antes de ficar aí latindo feito um cachorro de rua que foi abandonado pelo dono.... - Mawaha colocou a bolsa no chão junto ao resto das armas. Pegou a chave que Micco tinha entre os dentes e destrancou a sela. – Que tal fazer algo de útil, tipo pegar suas coisas?

Luffy não hesitou, assim que a porta se abriu, pulou no rosto do grisalho, o fazendo andar para trás e acertar a mesa, batendo suas costas e o fazendo morder os lábios pelo choque. Mawaha batia contra o braço do capitão, o puxando e tentando soltar seu rosto.

- Luffy! O que está fazendo!? – Ussop gritava correndo até o garoto do chapéu de palha, o puxando junto a Chopper que tinha um tamanho bem maior que o de costume.

- Ei, Luffy! – Dizia a rena puxando com força.

- Luffy, você está me esmagando...- Mawaha virou o rosto, tinha um sorriso de canto e um olhar mais relaxado. – Vai, me solta agora ou eu vou te morder.

Luffy continuava agarrado ao de cabelos grisalhos, apertando ainda mais seus braços contra o corpo e o fazendo soltar uma longa risada. Mawaha subiu o braço até os dentes e mordeu suavemente a pele, o mais suave que podia.

- Luffy! Solta! – Ussop continuava a puxar, mas o homem borracha não soltava por mais que tentasse.

- Senhor capitão, eu sei que está todo empolgado, mas devo lembrar que vocês ainda tem trabalho a fazer. – Mawaha sentiu o abraço se afrouxar. Pegou Luffy pelas axilas e o colocou no chão. Balançou a cabeça em negação pois a sua vista, ele parecia uma criancinha alegre. – Se quiser acabar com o Crocodile, suba as escadas, até o seu final e siga reto no corredor. Ele vai estar na entrada do palácio.

- Certo! – Luffy sorriu fazendo um sinal positivo com a cabeça e apoiando suas mãos na cintura.

- E Luffy...- Mawaha segurou o pulso do capitão. – Na porta tem um barril de agua. Você vai precisar. – Apertou o pulso.

- Está tudo bem, Mawaha. – Luffy estendeu a mão até os cabelos e fez um carinho. – Até mais. – O capitão sorriu e voltou a correr assim que o pulso foi solto.

Mawaha soltou um bufar mais aliviado preso em seu peito, se virando para os outros e recebendo um tapa na cara. Não reagiu, apenas abaixou a cabeça.

- O que deu em você!? Sabe o que poderia ter acontecido!? – Nami gritava cruzando os braços e vendo o grisalho balançar a cabeça afirmativo. – Porra, Mawaha!

- Não vou justificar o que eu fiz. Aqui não é o local para isso e muito menos a hora...- Mawaha ergueu a cabeça, tinha a testa franzida. – Preciso que vocês vão até o pátio central de Alubarna. O Crocodile deixou uma bomba armada na torre do relógio que pode ser detonada a todo momento.... Existem outras espalhadas pela capital, mas essas não são importantes. Já não representam uma ameaça.

- E por que deveríamos confiar em você? – Zoro colocou as duas katanas de volta a cintura, cruzando os braços em seguida.

- Eu adoraria ficar aqui e explicar toda a situação, mas o tempo não está a nosso favor. – Mawaha coçou a sobrancelha. – Vivi...- Chamou a de cabelos azuis. – Seu pai está com o Crocodile.

- Onde? – Vivi franziu a testa.

- No mesmo local onde o Luffy está indo. – Mawaha tinha uma voz baixa e seria. – E tem mais uma coisa. – Fez um movimento com as mãos, chamando a princesa para mais perto e cochichando algo em seu ouvido.

Vivi respirou fundo, abaixando a cabeça, se afastando e caindo ao chão.

- O que você fez, Mawaha? O que falou para ela!? – Ussop olhou para a princesa e voltou para o grisalho, ameaçando de segurar suas roupas. Não teve sucesso assim que  Mawaha se afastou.

- Não me toque! – Mawaha falou alto, o olhando sério.

Os chapéus de palha se entre olhavam e franziam a testa. Zoro encarava o grisalho com um olhar sério e duro enquanto os outros se voltavam para a princesa que chorava no chão. Mawaha bufou passando a mão na testa e apertando o braço.

- Obrigado...- Vivi falou baixo apertando a mão sobre o peito. A princesa se levantou correndo e foi em direção ao grisalho que desviava.

- Ei...Vivi! – Mawaha continuava a se esquivar da garota, andando de um lado para o outro e passando por baixo dos braços da de cabelos azuis. Por um deslize, Mawaha quase caiu no chão por suas roupas estarem encharcadas, o fazendo parar e receber um abraço pelas costas. – Me solta...

Vivi balançou a cabeça em negação, apertando ainda mais seus braços ao entorno do de cabelos acinzentados. Mawaha abaixou a cabeça, mordendo a boca.

- Me solta, Vivi. – Mawaha continuava a morder a boca. Realmente não gostava de abraços ou contato físico no geral.

- Ei, Vivi! – Ussop tinha uma mão erguida para a princesa, indo em sua direção.

- Obrigado...Mawaha...- Vivi dizia entre palavras chorosas e rosto molhado pela agua. – Muito obrigado...

- Obrigado? Ei, Vivi...por que você o está agradecendo? – Ussop abaixou a mão conforme franzia a testa.

- Não temos tempo para isso agora, princesa Vivi. A marinha está vindo para Alubarna. – Mawaha olhou de canto, virando sua cabeça e fazendo a voz sair mais para o lado da de cabelos azuis.

- Marinha? O que ela quer aqui? – Zoro franziu a testa.

- Zoro....agora não. – Mawaha tinha um semblante sério em seu rosto, se soltou da princesa e a passou para frente. – Explicarei quando tudo isso acabar.

- Sinceramente viu...- Nami bufou balançando a cabeça. Foi até a bolsa e pegou o bastão azul. – Você é impossível, Mawaha. – Deu um peteleco na cabeça do grisalho, pegando o pedaço de papel e o colocando sobre a roupa. – Se eu não tivesse entendido isso. Você estaria em sérios problemas. E que letra é essa daqui? Eu sei que não é a sua.

- É do Ace. – Mawaha sorriu ao falar o nome. – Foi uma boa ideia ter ido com ele. – Sinalizou para pulseira em seu pulso.

- Ace!? – Um coro se fez, olhando o grisalho com olhos arregalados.

- O irmão mais velho do Luffy!? O que ele tem a ver com isso, senhorita Mawaha? -  Sanji se cortou, limpando a garganta e franzindo a testa. – Mawaha...

- Pode continuar me chamando de senhorita Mawaha, Sanji. Eu não ligo. – Mawaha tinha um sorriso de canto, acompanhando o cozinheiro em sua alegria, o vendo falar com uma voz mais fina e de maneira repetida. – Aquilo só foi teatro.

- Espero que você tenha uma boa explicação para tudo isso. – Zoro continuava com um tom sério, tirando uma das katanas do cinto e batendo com a bainho no topo da cabeça.

- Logo vocês vão entender. Não se preocupem. – Mawaha voltou a ficar sério, olhando o espadachim com olhos profundos e sérios.

Os dois ficaram se olhando por alguns segundos, não quebrando o contato visual por nada.

- Amargo. – Chopper quebrou o clima passando a pata pela agua que pingava das roupas, a levando para a boca. – O que é isso na sua roupa, Mawaha?

- Ah isso...- Mawaha coçou a nuca. – Sabe o frasco que você tinha na sua mochila? Esse gosto vem dele misturado com a agua.

Os chapéus de palha pararam e se entre olharam em pânico e com medo.

- Mas aquilo era veneno! Mawaha! – Chopper gritava desesperado e balançando as mãos. – E eu coloquei na boca!

- Doutor Chopper, relaxa [....] – Mawaha acompanhava a rena correr pela sala. Sentiu uma pequena pontada nas costas, o fazendo franzir a testa suavemente.

- E eu bati no Mawaha! Ai minha, nossa, eu toquei em veneno! – Nami se juntava a rena que corria de um lado para o outro.

- Gente...- Chamava o grisalho com uma expressão de cansado. – Se acalmem...

- Ai meu...não! Eu sou muito jovem e bonita para morrer! – Nami gritava chorosa e com as mãos sendo balançadas.

- Mawaha, se eles continuarem assim, vamos perder mais tempo! – Micco se mexia nos ombros.

- Eu sei disso Micco. – Mawaha bufou e soltou um grito que cortou a sala, fazendo Nami e Chopper pararem com o desespero. – Parem de se desesperar, minha nossa! Vocês não vão morrer por isso e já até entraram em contato com ele!

- O que está falando, Mawaha? – Nami voltou a se juntar com o grupo.

- Lembra o que os agentes da Baroque Works injetaram em vocês? Isso que está misturado na agua é o mesmo. – Mawaha cruzou os braços. – Eu fiz vocês entrarem em contato com ele antes para caso a cela onde vocês estivesse, tivesse um duto que transportava agua ou algo do tipo, assim que entrasse em contato com a pele, vocês não iriam apagar.

- E enquanto ao Luffy? Ele não entrou em contato com o sedativo! – Nami continuava conforme ouvia a risada do grisalho cortar o comodo.

- Ele entrou sim. Todos vocês entraram em contato. – Mawaha foi em direção a porta, a abrindo e sinalizando com a cabeça. – Mas o dele foi um pouco diferente.

- Diferente como? – Chopper franziu a testa andando para fora do comodo e indo até as escadas.

- Vocês tiveram contato direto pelas seringas, já o Luffy também entrou em contato direto com o sedativo, mas não do mesmo jeito que vocês. – Mawaha acompanhava um a um a sair, se colocando no final e os acompanhando. – Quando o Luffy chegou para lutar contra o Crocodile. Ele me pediu para provar minha lealdade acabando com o capitão de vocês. – Subia as escadas com as mãos atrás do corpo. – Crocodile estava me observando enquanto eu lutava, então eu não podia simplesmente injetar o sedativo no Luffy de maneira convencional.... Eu o coloquei nos meus olhos, mais em específico, nas lagrimas.

- O que? Como? – Chopper parou em meio aos degraus, olhando o grisalho.

- Eu peguei a seringa que ele estava e a enfiei em um dos dutos lacrimais. Depois foi só esperar. – A resposta de Mawaha fez todos pararem e o olharem. Alguns tinham os olhares surpresos e outros apavorados. – Doeu para um santo caralho, não vou mentir, mas no final, deu certo. E quando comecei a chorar, as lagrimas com sedativos caíram na pele do rosto do Luffy, sendo absorvidas e o fazendo desmaiar.

- Que nojo...- Zoro tinha uma feição enjoada em seu rosto. Sentindo um arrepio subir pela espinha.

- Mas o sedativo não iria fazer efeito em você também, senhorita Mawaha? – Sanji franziu a testa. – Pelo que eu me lembro, ele era bem forte e nos apagou legal.

- Não, ele não funciona comigo. – Mawaha olhou para baixo, sentindo um incomodo na nuca. Um incomodo que não queria passar de jeito nenhum. – Quer dizer...ele funciona de uma maneira diferente comigo.

- E onde você arrumou isso, se me permite perguntar? – Ussop cortou conforme andavam pelo longo corredor vendo os Bilions desmaiados.

- Não permito não. – Mawaha murmurou, recebendo uma mordida de Micco. – Tá, nossa que inferno. – Bufou e cruzou os braços. – No deserto...

- No deserto? Como você achou uma coisa assim? – Nami se virou apertando os olhos e vendo Mawaha ficar com as bochechas mais avermelhadas. – Hum...Mawaha?

- Sim...- Mawaha olhava para o lado.

- O que aconteceu no deserto? – Nami continuava a perguntar, vendo o grisalho olhar ainda mais para baixo e ficar com as bochechas ainda mais avermelhadas. – Você e o Ace....

- Não! Meu senhor, Nami! – Mawaha cortou a navegadora o mais rápido que pode, olhando para os lados e a puxando para um canto. – Eu fiquei com fome e comi um cacto, okay? E aparentemente a seiva dele causava um efeito relaxante e sedativo!

- E por que essa vergonha toda para falar isso? – Nami ergueu uma das sobrancelhas acompanhando o dedo que era estendido na direção do espadachim. – Ah...entendi.

- É bem difícil falar sobre isso quando se tem o Zoro por perto! Não vou me arriscar a ter outro apelido. – Franziu a testa. – Então fica quieta.

- Relaxa. – Nami bateu nas costas do grisalho. – Eu não vou contar.

As duas começaram a rir baixo e voltar a se agrupar com o primeiro grupo.

- E então? – Ussop tinha as mãos na cintura.

- Certo, pessoal! – Nami bateu as mãos à frente do corpo. – Vamos montar um plano.

- Estão me ignorando?

- Mawaha, você que passou mais tempo com o Crocodile e com a Baroque Works. O que devemos fazer? – Nami continuou se juntando em um círculo.

- Não diria mais tempo e sim só por alguns dias. – Mawaha murmurava coçando a parte de trás da cabeça.

- Tanto faz, Mawaha. – Nami cortou.

- É sério?  

- Bom, pelo que eu ouvia pelos corredores e pelas reuniões de membros, tem vários Bilions espalhados pelas ruas de Alubarna, principalmente na torre do relógio. Lá no centro. – Mawaha apontou por uma janela. – Quando ele capturou o pai da Vivi, o rei Cobra. Ele deu a ordem para que os Bilions desativassem a bomba, mas que não a tirassem de lá, ou seja [...]

- Ela ainda está armada no relógio...- Nami bufou.

- E não é só isso. – Mawaha foi até a janela, continuando a apontar para fora. – Estão vendo algo de estranho nele?

Os chapéus de palha se aproximaram, apertando os olhos e focando no mesmo ponto.

- Os ponteiros não se movem! – Disse Chopper.

- Sim. Ele está travado em 10 minutos. A bomba está marcada para as quatro e meia da tarde. -  Mawaha se escorou no canto, cruzando os braços. – O Crocodile tem o controle da bomba com ele, mas infelizmente eu não consegui descobrir onde ele está. Se caso qualquer Bilion o avise lá de baixo que estamos tentando desativar a bomba, ele vai a ligar e teremos um grande problema.

- Teremos que agir de maneira discreta. Sem chamar a atenção. – Zoro cruzou os braços.

- Por isso eu os dopei. – Apontou com a cabeça. – Pelo menos uma delas está inutilizável. Mas nossos problemas não acabam aí. Crocodile espalhou os Bilions pelas entradas de Alubarna para tentar deter os marinheiros que estão vindo pelo deserto. Isso pode ser tanto bom para nós como pode ser um tiro no pé também, por isso a discrição tem que ser a nossa arma.

- E quanto aos membros da Baroque Works, senhorita Mawaha? – Sanji tinha um tom sério em sua voz. – Eles devem estar espalhados pelas ruas também, e se os encontrarmos, seu plano vai ter sido em vão.

- Tirando o mister 2, como vocês já viram. Todos os outros também já foram apagados pelo sedativo na agua. Vocês não terão problemas em relação a eles. – Mawaha continuava a explicar. – Já tinha pensado nisso bem antes, Sanji. – Sorriu para o cozinheiro. – Na realidade, foi uma das primeiras coisas que eu pensei quando estava bolando o plano.

- E por que não devemos nos preocupar com o mister 2? Vai me dizer que já lidou com ele também... – Zoro franziu a testa.

- Ele está em Katorea e provavelmente já deve ter sido preso pela marinha. – Mawaha falou rápido.

- O que!? – Outra vez o coro gritou. – A marinha está em Katorea!? Como você sabe disso!?

- Porque foi eu quem os mandou para lá. Que pergunta idiota. – Balançou a cabeça. Mawaha mordeu a língua percebendo o jeito que aquela frase soou. – Mas antes que vocês possam pensar besteira ou qualquer merda dessa. Os mandar para Katorea não passou de uma pequena armadilha. – Sorriu de canto. – Ou uma informação errada...Enfim, o ponto é que o mister 2 não é mais um problema igual a todo resto da Baroque Works, apenas os Bilions.

- “Eu só fico imaginando no quanto esse velho planejou.” – Zoro encarava Mawaha que passava a língua pelos caninos. Sendo encarado de volta. – “Tenho até medo de imaginar o que se passa nessa cabeça.”

- O que foi, Zoro? Perdeu alguma coisa na minha cara? – Provocou cutucando a gengiva com o indicador. – Está me encarando como se eu tivesse um mapa do tesouro estampado nela.

- Não, só estou vendo como você é velho. – Respondeu o espadachim com o mesmo tom.

- Bom, já que está quase tudo explicado. Eu vou indo. – Mawaha estalou as costas, alongando novamente suas pernas.

- Você não vai vir com a gente, Mawaha? – Chopper cruzou os braços.

- Não, doutor Chopper. Ainda tenho algumas coisas para fazer antes de me juntar a vocês. – Falou com um sorriso de canto. Agora sim estava se divertindo. – Alguns conhecidos precisam ser soltos. Vão na frente, eu alcanço vocês depois.

- Está bem...- Chopper bufou seguindo o corredor junto aos outros.

Mawaha continuava a olhar os Chapéus de Palha seguirem o longo tapete vermelho. Cruzou os braços e bufou.

- Se ficar parado aí, vai acabar se perdendo no caminho, Zoro. – Balançou a cabeça. – O que foi? O gato comeu a sua língua? – Mawaha sentiu as mãos do espadachim subirem até sua nuca, tocando a cicatriz e pressionando levemente. Um arrepio subiu por seu corpo o fazendo afastar a mãos. – Saco...para com isso e vai embora logo.

- Me deixa morder mais uma vez aqui. – Zoro falou puxando o grisalho até um canto, subindo a mão pelos fios cacheados.

- E por que eu deixaria? Por um acaso você tem algum fetiche com morder pessoas? – Mawaha virou o rosto. Não conseguia encarar o espadachim já que lembrava do que ele tinha dito a uns dias atrás. Aquilo o deixava com vergonha de certa forma.

- Porque eu estou com vontade de morder a sua nuca, só isso. – Zoro aproximou a boca do pescoço, deixando um beijo suave e que causava arrepios inconscientes. – Além de que eu gosto de te morder e provocar. Você fica todo constrangido e vermelhinho, parece até um puritano.

“Puta merda! PUTA MERDA! EU TINHA ME ESQUECIDO QUE ELE ERA ASSIM!”

- Está cheirando a fumaça, Mawaha. – Sua voz subiu pelo pescoço, chegando ao ouvido e nublando a mente. – Andou fazendo o que?

“Puritano? É, claramente ele não sabe nem metade da história...E se soubesse o que aconteceu a uns dias atrás...”

A mão livre de Zoro subiu pela cintura, a apertando e passando suas unhas por cima da roupa, continuando com os beijos no pescoço. Os descendo e caminhando até a nuca chamativa, passando seus dentes sobre os cabelos.

“Pelo amor de qualquer divindade! Não tenho tempo para isso! QUE PORRA ZORO!”

- Está bem! – Mawaha afastou o espadachim. Se virou e puxou o cabelo. – Só anda logo ou realmente vai acabar se perdendo dos outros, e vai acabar estragando todo o meu plano.

Zoro sorriu de canto e aproximou os lábios da pele morena. Deixou vários beijos rápidos sobre a superfície, os alongando conforme o tempo junto a sua mão que segurava a do grisalho, apertando seus dedos.

- Anda logo...- Mawaha fechou os olhos pela sensação que subia da base de sua espinha até o ponto mais alto de sua coluna, chegando bem em cima da cicatriz. Zoro passou a ponta da língua e fechou os dentes envolta da marca, a mordendo com vontade e deixando um pouco de saliva escorrer. Mawaha tinha esquecido de como era aquela sensação e dos efeitos que causava. Aquela dor era quase inebriante aos sentidos, saborosa e suculenta.

Seus dentes ainda coçavam, o deixando doido pela sensação tão desagradável e pela secura na garganta que o fazia querer tossir.

O grisalho subiu a mão que segurava até o ombro, deixando o pulso a mostra e o mordendo com força, arrancando sangue.

- O que está fazendo? – Zoro afastou a boca da nuca, recebendo um olhar entre o meio dos fios de cabelo. Tinha seu pulso mordido e chupado com vontade, o fazendo perder o folego. – Essa é uma bela expressão...- Sussurrou rente ao ouvido, puxando a cintura para mais perto da sua e puxando o pescoço para trás. Passou seus olhos pelo grisalho que continuava a chupar seu sangue como se fosse algo tão vital quanto água. Mordeu a bochecha morena, passando sua língua pela pele.

- Ainda não está maduro o suficiente... – Mawaha soltou o pulso, abrindo a boca e colocando a língua para fora deixando um pouco de sangue escorrer. – Não como o dele e isso o deixa áspero na garganta. – Murmurou ao lamber os lábios e se afastar do espadachim. – Ei, cabeça de alface. – Apontou para Zoro. – Vá se juntar com os outros. Anda logo!

- Cala a boca e para de ser tão mandão! – Zoro falou alto, sendo respondido por um dedo do meio. Revirou os olhos e pressionou onde as mordidas estavam. – Esse garoto, viu...

 

[Entrada principal do Palácio de Alubarna]

Luffy corria pelos corredores molhados, batendo seus chinelos contra o tapete encharcado e espirrando agua pelos cantos.

- Crocodile! – Gritava o garoto de chapéu de palha e colete vermelho, correndo em direção conforme esticava seus braços para frente, segurando os cantos das paredes e se arremessando com tudo na porta. Do lado de fora, uma fina nuvem de poeira, pedras e madeira voava causando surpresa nas três pessoas. – Seu maldito!

- Então você foi saiu? Bom, isso eu já podia esperar. Aquele seu companheiro nunca iria te abandonar. – Dizia o corsário vendo o garoto vir em sua direção com o impulso da catapulta, com os braços flexionados e prontos para o atingir. – Não importa quantas vezes nós lutemos, Luffy do Chapéu de Palha. Você não será capaz de me atingir com um soco se quer! – Com um charuto em lábios e uma confiança de causar inveja. – Ou será que quer ser perfurado novamente. – Sorriu vendo o punho se aproximar do seu rosto conforme seu corpo se transformava em areia aos poucos, se espalhando pelos ares, e de repente, um som alto e o homem com casaco de pele se encontrava voando pela entrada do palácio.

Crocodile acertou o chão com força. Sua boca sangrava e seus olhos pareciam distantes, Luffy finalmente tinha acertado um soco.

O pirata esticou seus braços, segurando o corsário contra a construção grande e quadrada ao fundo, transformando suas pernas em uma espécie de roda que girava em alta velocidade.

- Quem é aquele!? – Cobra tinha a boca aberta e olhos arregalados enquanto Nico Robin apenas observava a batalha que acontecia de longe com um sorriso no rosto.

- Será possível...que ele...- Crocodile tinha os dentes cerrados conforme fazia força para tentar se soltar ou empurrar o garoto para longe. Luffy soltou suas pernas do chão, sendo arremessado em direção ao de casaco de couro.

- Serra...- Gritava ao bater sua testa contra a de Crocodile, o fazendo cair novamente ao chão. – De borracha. – Luffy tinha um sorriso largo em seu rosto, voltando ao chão e respirando ofegante. – Daquela vez no deserto, quando a agua de Yuba respingou em sua mão, ela me mostrou o truque. – Pegou a mangueira acoplada no barril, apertando a válvula de cima e molhando seu braço. – Quando você fica molhado, não pode se transformar em areia. Você tem medo de agua e foi por isso que você roubou a chuva. – Sorriu largo. – Agora eu posso acabar com você. Então levante-se e vamos lutar!

O silêncio caiu no pátio com o antigo rei de Alabasta em choque no chão com o que tinha acabado de acontecer bem de ante dos seus olhos. O tirano no poder estava caído bem ao chão, imóvel, mas um sorriso que se desfez no rosto de Nico Robin era o sinal que aquela luta ainda não tinha acabado.

Luffy continuava a chamar o corsário que permanecia imóvel no chão, rindo e se levantando aos poucos. Sua risada aumentava gradativamente, ficando mais alta e sequenciada.

- Acha que pode me derrotar? – Crocodile tinha um sorriso no rosto rente ao sangue.

- Sim, você não pode mais se transformar em areia. – Luffy tirou seu chapéu de palha e o jogou na grama. Arrumou seu centro de apoio, fechando os punhos bem a frente de seu rosto.

- Fico impressionado que tenha percebido isso à beira da morte. – Crocodile gesticulava com a mão, ainda sentado na grama. – Mas ainda existe uma diferença fundamental entre nós dois que você não pode superar. E esse é o nível dos sete corsários.

- E daí que você é um dos sete corsários? – Luffy falava com convicção, atraindo a atenção de todos. – Sendo assim, eu sou o oitavo! – Gritou.

O silencio caiu na praça.

- Quem é esse rapaz? – Cobra tinha uma gota de suor escorrendo por seu rosto.

- Um pirata. – Robin respondeu encarando os dois homens. – Acho que você não ouviu os boatos que corriam pelas ruas de Nanohana ou por toda Alabasta. A princesa Vivi formou uma aliança com alguns piratas. E aquele garoto é o capitão dos tais piratas.

- Ele? – Cobra voltou seu olhar para Luffy junto a mulher do chapéu de cowboy que sorria.

Luffy pressionou o pé no chão, esticando seu braço o mais longe que conseguiu, pegando velocidade e força antes de fazer um ataque.

- Isso não vai ajudar em nada se eu me esquivar dos seus ataques. – Crocodile mudou a cabeça de direção, fazendo o golpe passar reto dando espaço para que segurasse o braço do garoto, o apertando. – Mesmo que esteja coberto por agua, minha mão ainda é capaz de sugar toda água de você.

- Droga! Ele ainda tem essa habilidade! – Luffy corria em direção ao braço à medida que era transformado em múmia. Chutando Crocodile com a perna livre de agua para o fazer sumir nas areias. Se jogou para cima e encheu a boca com uma boa porção de agua fazendo seu braço retornar ao estado original. – Foi você quem disse, não? – Luffy sorriu e jogou a agua por todo seu corpo. – Que, dependendo de como você usa a sua Fruta do Diabo, ela fica mais forte. – Esticou novamente sua mão, a arremessando com tudo em direção ao corsário que continuava com um sorriso no rosto. – Espingarda...- Luffy puxou a base do braço, a soltando e criando ondulações por todo o braço de borracha para cobrir uma área maior. Crocodile arrastou os dentes e se afastou antes que o novo golpe o acertasse. – De borracha!

- Movimento esperto! – Dizia irritado com aquele jovem pirata a sua frente. Transformando sua mão em areia e em um golpe já conhecido, cortando o chão e tudo a sua frente com uma lamina de areia.

- Outra vez isso!? – Luffy desviou, se encolhendo e sentindo a espada de areia passar direto e trazer uma brisa forte consigo à medida que destruía um pedaço da parede. – Essa foi por pouco. – O corte era profundo no chão, chegando facilmente a uns cinco ou seis metros para baixo. Luffy esticou mais uma vez o braço na direção o corsário que continuava parado.

- Acha que pode me vencer se continuar a usar os mesmos golpes? – O sorriso nos lábios de Crocodile aos poucos foi sumindo assim que viu o punho ser recolhido e uma joelhada bater com toda força contra seu rosto, o jogando novamente no chão. – Eu queria fazer isso a um tempo já! – Luffy tirou o barril de suas costas e o jogou em cima do corsário. – Te cobrir de agua!

- Isso era algo previsível! Tempestade de Areia! – Crocodile criou uma pequena tempestade que jogou o barril cheio de agua e o pirata para cima.

- Droga! – Luffy arrastou os dentes procurando o barril em meio a tempestade. – O barril! O barril! – Segurou as madeiras com força conforme voltava ao chão assim que a tempestade sumiu.

Crocodile ria.

- Veja como está desesperado, Luffy do Chapéu de Palha. Não pode fazer nada sem esse barril.  – Tinha os braços abertos e um largo sorriso no rosto. – Pelo visto nada mudou desde a nossa última luta.

- Você tem razão. – Luffy tinha a testa franzida e os olhos focados no homem. – Até agora nada mudou. – Pegou a mangueira e a usou como um canudo, bebendo toda agua e deixando seu corpo inchado, parecendo um balão de agua.

- Você está falando sério!? – A expressão de Crocodile mudava conforme o corpo crescia e tomava um formato arredondado. Cerrou os dentes. – “Esse pirralho...está falando sério?”

Robin ria das expressões que o chapéu de palha fazia, cobrindo a boca com a mão e se divertindo com tudo aquilo.

- “Ele não percebe a situação em que está?” – Crocodile continuava a cerrar os dentes e franzir sua testa ainda mais. Franzia tanto que pareciam que as veias iriam saltar. Seus lábios tremiam em no mais puro ódio. – “O que você está tramando Mawaha!?” – Rangeu mais os dentes. – Chega dessa palhaçada toda, seu pirralho! – Gritou indo em direção ao chapéu de palha.

Luffy encheu a boca com agua e a jogou sobre o corsário, o molhando por completo.

- “Droga!” – Crocodile ficou parado por um instante pelo choque.

- Quem está chamando de palhaço!? – Luffy gritou esticando os braços para trás e pegando impulso.

- “Essa não! Meu corpo...” – Seus olhos estavam parados em um único ponto, junto de seu pensamento que nem ao menos ouviu o que era dito.

- Eu sempre luto a sério! – Luffy continuava a gritar esticando ainda mais seus braços para trás para pegar impulso, trazendo as duas palmas para a frente. – Bazuca... – Batendo com toda força contra o peito do homem parado, o arremessando para longe e fazendo cuspir sangue à medida que batia contra uma estrutura que lembrava um mausoléu.

Cobra tinha a boca caída ainda mais com o que acontecia entre eles. Mal podia acreditar que aquele homem que transformou sua vida, de sua família e de seu povo em um inferno por três anos, estava sendo derrotado tão fácil por um jovem capitão pirata. Já Nico Robin apenas observava sem muitas expressões.

- O que achou disso, crocodilo de areia? – Luffy limpou sua boca encarando a poeira que subia da construção e do corsário caído ao chão.

- Inacreditável! – Cobra falava com a boca aberta e quase sem palavras. – O Crocodile....está sendo ferido por aquele garoto?

- Não é hora para ficar admirado, mister Cobra. – Robin falou segurando o homem com sua habilidade de criar membros, amarrando seu corpo em meio aos braços. – Bem, agora, você vai me guiar...até o lugar onde o Poneglifo está escrito. – Apertou o rei.

- E isso vai te ajudar em quê? – Cobra respirava pesado, suando e tentando se soltar.

- Não faça perguntas inúteis! – Robin apertou mais os braços, machucando os ombros do antigo rei de certa forma. – Tudo o que você tem que fazer é me guiar. – Olhou sobre os ombros para Luffy que a encarava, rindo anasalado. – Sua sorte pode ter acabado. Parece que está sem tempo.

Um barulho alto preencheu a praça, um barulho de pedra se quebrando conforme o corsário se levantava em meio as rochas brancas.

- Saia logo daqui, Nico Robin. A não ser que queira ficar toda seca, também. – Tinha uma voz ameaçadora semelhante ao seu olhar. – Desta vez, perdi a minha paciência.

- Nico Robin!? – O antigo rei olhou surpreso para a mulher, engolindo a seco.

- Sim, como desejar. – Fez uma reverencia com a cabeça, segurando o rei pelo braço e o guiando para dentro de uma construção.

- Escute, chapéu de palha. – Crocodile colocou a mão no solo. – Toda pedra sobre o solo...um dia padece. – A grama abaixo de sua mão e ao redor rapidamente começaram a secar e a se transformar em areia junto ao chão e todo o resto.

- A grama está secando! – Luffy olhava para os lados espantado com as plantas que secavam e desapareciam em questão de segundos.

- Secagem do Solo! – Crocodile dizia com uma voz ameaçadora, quebrando o solo abaixo e criando crateras na entrada do palácio.

- O... OQUE!? – Luffy falava espantado, perdendo o equilíbrio e quase caindo dentro de uma das enormes crateras feitas. Salvo pela sua estranha habilidade de borracha. – Essa foi quase! Seu maldito! – Encheu sua boca de agua e disparou algumas bolhas que foram sugadas pela mão do corsário. – Ele sugou a água com a mão!?

- Está tentando acabar com o meu ataque, Luffy do chapéu de palha? – Crocodile tinha a testa franzida vendo o jovem capitão sair de dentro da cratera. – Se for assim, é uma pena que esteja enganado. O poder da areia está na aridez absoluta! – Abaixou a mão ao solo novamente. – Observe. – Uma grande quantidade de areia e vento começou a ser soprada para cima e o chão a tremer. – Essa mão direita seca tudo o que toca. Infinitamente. – Areia começava a ser jogada para cima por entre as fendas criadas, junto as estatuas que se transformavam em areia diante dos olhos de Luffy e eram sugadas para baixo.

- A pedra! Até mesmo as estátuas estão se tornando areia! – Luffy se afastou um pouco devido ao solo se transformando em um cobertor dourado, subindo em um outro ponto de equilíbrio. – O solo...está morrendo! – Ergueu o pé conforme seus chinelos sumiam junto as outras coisas.

- Tudo o que essa mão toca...seca! – Crocodile tinha um sorriso em seu rosto junto a o olhar de ameaça. Uma enorme nuvem de areia se formava em suas costas. – Morte do solo! – A grande nuvem cobriu o corsário, indo em direção a Luffy e cobrindo todo o resto do pátio do palácio.

Luffy foi quase pego pelo deserto criado por Crocodile, se não tivesse pulado para a parte de cima do pátio do palácio, teria sido pego pela habilidade.

- Essa foi por pouco. – Dizia bufante conforme olhava o deserto criado embaixo de seus pés. Tinha certa dificuldade para subir devido ao corpo inchado pela agua. – Aquela mão direita não é brincadeira. O jardim se tornou um deserto. – Continuava a passar seus olhos pelo pátio desértico do palácio na procura de Crocodile. – Onde será que ele foi?

Uma grossa nuvem de areia aos poucos começou a tomar forma bem em frente ao capitão, o fazendo ficar praticamente sem ar.

- Você me fez ir longe demais. – Crocodile tinha um sorriso visivelmente irritado em seu rosto. Segurou Luffy pelo pescoço e apertou. Desviando da agua que era jogado em sua direção. – Errou.

- Croco...- Luffy aos poucos secava, tomando uma aparência mumificada conforme toda agua de seu corpo era secada.

Crocodile tinha um sorriso satisfeito em seu rosto, vendo o garoto secar cada vez mais e mais.

- Mais uma vez, você perdeu. – Sua voz era baixa e o olhar tão afiado quanto a espada de areia. – Luffy do Chapéu de palha.

Crocodile soltou o capitão, acompanhando o corpo seco cair em meio as areia do deserto. O homem logo seguiu para onde sua companheira tinha ido, recebendo um chamado que o deixou mais irritado ainda.

- O que!? – Cerrou os dentes de raiva. – Como assim o resto dos Chapéus de Palha estão fora das celas!? – A cada palavra dita, o corsário ficava cada vez mais irritado, com veias aparecendo por toda a sua testa. Crocodile virou o gancho que tinha no lugar da mão e abriu um pequeno compartimento com um botão do tamanho de uma unha e o apertou. A sua frente, o ponteiro do relógio começava a se mover novamente, junto a uma grande camada de areia que se espalhava por Alubarna. – Aquele maldito. – Cerrou ainda mais seus dentes, fazendo um barulho alto. Seu corpo começou a se transformar em areia que era carregada pelo vento e sumindo com a figura do homem. – Não tenho tempo para lidar com eles agora, tenho um compromisso no cemitério real.

 

[Entrada da escadaria do Palácio]

- Onde você estava, marimo de merda? Não escutou que estamos com pressa? – Sanji provocava o espadachim que se aproximava a distância. – Se dependêssemos de você para desarmar a bomba, ela já deveria ter explodido!

- Cala a boca, sobrancelha maravilha! – Zoro gritava para o cozinheiro.

- O que disse, espadachim fajuto!? – Sanji bateu a testa contra a do de cabelos verdes, o fazendo se afastar.

- Ei, ei, ei! Falem baixo os dois! E se um dos Bilions nos achar!? Que saco! – Nami se aproximou dos dois do bando e deixou um soco ao topo das duas cabeças. Bufou. – E o que vamos fazer? Iremos todos em direção a torre do relógio ou nos separar?

- Se formos todos juntos, poderemos acabar chamando a atenção dos Bilions. Grupos muito grandes acabam sendo bem chamativos. – Vivi entrou na conversa. – Seria bom nos separarmos em grupos menores e irmos com calma. Pelo que o Mawaha falou, a bomba está parada em 10 minutos, mesmo não estando desarmada.

- Ah como a senhorita Vivi é tão inteligente! – Sanji dizia com corações nos olhos e com uma voz fina, recebendo olhares cansados dos outros companheiros.

- A Vivi tem razão, se separar parece ser a melhor opção no momento. Não queremos uma atenção extra. – Zoro cruzou os braços, sentindo um desconforto no pulso que pingava um pouco de sangue.

- Ah, Zoro! O que aconteceu com o seu braço! Ele está sangrando! – Chopper gritava correndo até o espadachim, tirando a mochila das costas e puxando algumas ataduras.

- Isso foi culpa da Mawaha, ela quem fez isso. – Zoro falava em um tom neutro esticando o braço, sentindo o gelado do antisséptico ser passado e depois coberto por algumas voltas do curativo.

- A Mawaha fez isso? Mas é uma marca de mordida bem funda e está sangrando. – Chopper franziu a testa, bufando e desistindo da relação que aqueles dois tinham. – Vocês dois tem que parar de ficar se mordendo. Daqui a pouco um de vocês vai acabar se machucando seriamente.

- Mas não foi uma mordida costumeira, essa foi diferente. – Zoro cruzou os braços e franziu a testa. – Ela parecia um pouco diferente também.

- Diferente? Diferente como, Zoro? – Nami foi quem se juntou dessa vez.

- É um pouco difícil de explicar sem parecer estranho, mas a Mawaha tem um cheiro natural que lembra muito as estações do ano. É floral, gelado e um pouco calorento também. Um perfume muito sutil que é bem difícil de ser percebido a não ser que você esteja muito perto para poder o sentir. – O espadachim fez uma pausa, franzindo um pouco mais a testa. – Mas agora ele está um pouco diferente, tem um cheiro bem suave de sangue misturado a ele, que causa uma sensação de perigo bem na espinha.

- Hum...concordo. – Chopper cruzou os braços. – Quando nos vimos lá em Rainbase, o Mawaha ainda estava com o cheiro normal, mesmo com o sangue seco. Mas depois quando nos separamos e ele apareceu lá na cela, seu cheiro estava diferente. Diria que um pouco mais ameaçador também.

- E não é só isso. Antes de me juntar a vocês, algo bem estranho aconteceu. – Sua voz era baixa e rouca, um pouco seria também. – Aquele cabeça grisalha deliberadamente mordeu o meu pulso e começou a beber o sangue.

- Está falando sério, cabeça de marimo? Não acha que está fantasiando? – Sanji dizia sarcástico, recebendo um aceno negativo com a cabeça.

- Eu até poderia concordar com você se essa não tivesse sido a segunda vez que ela faz isso. – Zoro continuava com os braços cruzados. – Na luta contra o mister 1, eu fiquei seriamente machucado e perdendo muito sangue, foi quando a Mawaha apareceu dizendo que estava apenas observando, mas que estava com sede e que quase não conseguia se controlar com o cheiro do sangue que vinha.

Chopper abaixou a cabeça, coçando o queixo, pensativo.

- Isso é muito estranho...- Nami franziu a testa, mexendo a boca de um lado para o outro. – Isso nunca tinha acontecido antes, não é Zoro? A Mawaha nunca comentou nada sobre isso com você?

- Não, se aquele velhote tivesse falado qualquer coisa desse tipo, teria me lembrado. – Continuava o espadachim.

- Será que o Mawaha é um vampiro? – Nami falou abrindo a boca e batendo as mãos umas contra as outras.

- Vampiro? Você já está exagerando, Nami...- Zoro tinha um olhar cansado no rosto.

- Pensa comigo, Zoro. – Nami puxou o espadachim. – A Mawaha não dorme de noite, tem as mãos supergeladas, se cura mais rápido do que uma pessoa normal quando se machuca, tem caninos e unhas super afiadas também, e não gosta da luz do sol porque julga ser muito quente. E agora temos essa vontade em beber sangue. Se juntarmos tudo, da o que?

- Ei...

- Ah...nunca pensei que nós encontraríamos um vampiro na realidade! Ainda mais um que fosse ser tão bela igual a senhorita Mawaha é! – Sanji dizia alegre e rodopiante, com olhos perdidos e um sorriso largo. – Ah senhorita Mawaha, pode tomar meu sangue se quiser! Eu não vou me importar!

- Cozinheiro erótico...- Zoro provocou com um semblante enojado em seu rosto.   

- O que foi, alga ambulante!? – Sanji parou o mesmo instante, virando seu corpo e indo em direção ao espadachim.

- Será que vocês poderiam parar de se perder e focar no que é importante? Temos uma bomba para desarmar! – Ussop interrompeu a briga e as teorias que surgiam. – Estamos no meio de um problema aqui! E agora não é hora e muito menos lugar para isso!

A voz do atirador fez com que todos parassem e se olhassem.

- O Ussop tem razão. Vamos nos focar em desarmar a bomba primeiro e depois pensamos nessas coisas. – Nami limpou a garganta.

- Mas temos um grande problema. Suponhamos que a bomba seja armada novamente, não sabemos a dimensão da explosão. – Ussop cruzou os braços.

- Se levarmos em consideração que ela foi armada no meio da praça para o Exército Rebelde, provavelmente seria uma explosão que cobrisse toda essa área. – Nami cruzou os braços e franziu a testa. – Uns dois a cinco quilômetros talvez?

- Se for uma bomba desse tamanho, quando o bombardeio começasse, tanto Bilions como o exército Rebelde seriam pegos no fogo! – Vivi tinha um tom preocupado em sua voz.

- Aquele crocodilo de merda...- Sanji tinha as mãos no bolso.

- Então o quanto rápido chegarmos à torre do relógio...

- Esperem um pouco! – Disse Ussop em um tom alto. – Por que vocês estão tão confiantes que a bomba está lá na torre do relógio!? Só por que o Mawaha falou? E se ele estiver mentindo? Ou, e se o Crocodile mudou a tática e espalhou os explosivos entre os Bilions? Vocês escutaram ele dizendo que tinham bombas espalhadas pela capital, não ouviram?

- Não acredito que a senhorita Mawaha esteja mentindo sobre isso, Ussop. Ela parecia bem seria quanto a isso. – Sanji continuava com suas mãos dentro dos bolsos, olhando o atirador.

- Igual o que aquele lá fez durante esses outros dias? Mentindo estar do lado do Crocodile, sobre a marinha...Sabe se lá o que mais ele está mentindo. E se isso não passar só de um truque para nos enganar!? E se não existir bomba nenhuma e for mais uma armadilha? – Ussop continuava franzindo a testa.

- Armadilha ou não, agora isso não importa. E se essa bomba realmente existir e não estiver no relógio como o Mawaha disse, então de qualquer forma nós teríamos que nos separar para procurar. Mas não acredito que aquele cabeça grisalha esteja mentindo. – Zoro ergueu a cabeça, tinha um olhar sério em seu rosto. – Vamos dividir o grupo. Metade vai para torre do relógio e a outra metade segue procurando os detonadores caso estejam com algum Bilion. Temos que impedir que eles sejam detonados a todo custo!

- Como nós vamos encontrá-los? -  Ussop quase engasgou com a resposta.

- E em apenas 10 minutos! – Nami seguiu o atirador.

- É só não serem pegos pelos Bilions que teremos tempo de sobra para os encontrarem. E caso sejam, tratem de impedi-los que comuniquem o Crocodile o mais rápido possível! – Zoro continuava.

- Escuta aqui: Se o diâmetro estipulado da explosão for realmente de cinco quilômetros, então eles irão disparar a uma distância de dois quilômetros e meio, não é?  - Ussop perguntava olhando para os tripulantes.

- Não, acho que você está errado. É bem provável que os detonadores estejam perto ou ao redor da praça principal!  - Vivi falava olhando para Ussop.

- E por que você acha isso? Se os detonadores estiverem aqui vão explodir junto com todo mundo! – Dizia Ussop desesperado.

- Mas o Crocodile é um homem desse tipo. – Nami cerrou os dentes.

- Ele deixaria os próprios homens morrerem!? – Chopper falou agoniado, saindo de seus pensamentos.

- Maldito! – Sanji acendeu um cigarro que tinha entre os lábios.

- É melhor nos apressarmos. – Zoro falou apontando para o relógio que começava a se mover, recebendo um sinal positivo com a cabeça. – Vamos separar os grupos então. Nami, Chopper e Ussop, vocês vão para a praça central, enquanto eu vou para o portão sul e o Sanji para o portão norte.

A pequena reunião foi interrompida conforme alguns gritos e sons de vozes ecoavam por Alubarna, fazendo os Chapéus de palha começarem a correr e a se separarem.

Vivi tinha se separado do resto do grupo, correndo por uma rua que começava a se encher com uma fina camada de areia.

- “Dessa vez, é o limite crucial!” – Vivi corria escutando os gritos vindos dos cantos junto as areias que cobriam o céu e as ruas. – “O destino desse país...será decidido...em 10 minutos!” – Conforme o ponteiro do relógio que voltava a se mover.

O grupo tinha se separado como o combinado, com Nami e Chopper indo para um lado a procura dos detonadores. Ussop tinha se separado daquele grupo, indo em direção a Zoro para o acompanhar e sentindo uma adrenalina gigantesca correr em corpo com o grande relógio movendo seus ponteiros.

Tinham perdido um tempo considerável com a discussão e separação do grupo.

- Onde estão!? Onde podem estar os detonadores!? – Nami corria olhando para os lados junto a rena de nariz azul.

- Nami, só faltam oito minutos! – Falou Chopper sentindo a pressão daquele momento.

- Ainda podemos encontrá-los em oito minutos! Certeza de que eles estão perto do relógio! – Continuava a navegadora. – Não importa o que aconteça, não podemos deixar que explodam!

Sanji corria por uma das ruas vazias de Alubarna, respirando pesado, olhando cada canto e cada casa que ficava em seu caminho.

- “Uma explosão de aproximadamente cinco quilômetros! Não estamos falando de algo pequeno!” – Sanji correu até uma casa, abrindo a porta e passando seus olhos pelo comodo vazio. – Droga, não estão aqui! – Seguindo para a próxima e outra e mais outra. – Merda!

A areia continuava a cobrir todas as curvas, vielas, ruas e frestas da cidade, diminuindo a visibilidade de todos que estavam em suas ruas. Isso, de certa forma, era algo bom para os Chapéus de Palha.

- Merda! Isso significa que em 8 minutos, Alubarna irá sumir do mapa? – Ussop corria ao lado de Zoro, olhando para o relógio. – Em oito minutos, todos nós vamos morrer!

- Não temos tempo para ficarmos apavorados, Ussop! – O pequeno grupo passou por alguns Bilions que começavam a entrar em confronto direto com marinheiros que adentravam a cidade pelas escadas de acesso. – Droga, estão aqui!  

- Zoro, olha! – Ussop apontou para cima, para um canhão. – Será que podemos alcançar? Subir até lá em 8 minutos?

- Não temos tempo para isso! – Zoro correu em direção ao canhão em cima do prédio, usando Bilions e marinheiros como apoio para chegar mais rápido ao topo.

- Mas que merda! – Gritou Ussop rangendo os dentes e indo para o bolo de piratas e marinheiros conforme Zoro chegava primeiro ao topo do prédio.

Zoro correu subindo as pequenas escadas que davam acesso ao local, sendo recebido por um dos Bilions.

- Você é um dos Chapéus de Palha! – Disse o homem.

- Não tenho tempo para isso. – Zoro virou a katana, deixando o lado da lamina virado para si conforme batia na nuca do Bilion, o fazendo desmaiar.  

- É isso! – Ussop gritava apontando para o objeto enquanto subia desengonçado pela borda.

Zoro rangeu os dentes e chutou o canhão.

- Não é isso...está cheio de musgo! – Chutou o canhão que se partiu em dois pela velhice.

Em Alubarna, uma nova batalha começava. Bilions contra soldados da marinha que não paravam de subir pelas escadas, vindos do deserto e sendo acompanhados por uma grande nuvem de fumaça que se formava no horizonte.

Vivi corria pelas ruas conhecidas, respirando pesado e olhando desesperada para os topos das casas ou para afrente.

- “Só temos mais sete minutos...” – Tropeçou em uma pedra solta no chão, caindo com tudo e batendo o queixo. – Preciso parar isso!  

 

Do outro lado de Alubarna, Nico Robin andava com o rei, ouvindo o som da nova batalha que se iniciava, conforme guiava o homem pelas ruas. Aquela caminhada tinha demorado mais do que o previsto já que a marinha tinha conseguido se infiltrar em Alubarna.

- Nico Robin. Esse é o seu verdadeiro nome? – Cobra perguntava com um olhar sobre os ombros.

- Algum problema? Não acho que isso importe para você. – Robin tinha os olhos para frente.

- A vinte anos, uma garota com esse nome conquistou má fama por todo o mundo. Por que ela apareceu aqui e agora? – Cobra continuava com o olhar de canto para a mulher.

- Tudo o que tem que fazer é me levar ao lugar onde está o Poneglifo. – Robin franziu a testa conforme uma movimentação chamava sua atenção. – É um lugar perigoso para ficar esperando, não acha, Marinheira?  Me deixe passar, eu tenho pressa.

- Não posso! Um soldado ferido me contou tudo o que está acontecendo em Alubarna! – Tashigi falava alto, apontando seu dedo para o homem preso ao lado de Nico Robin. – Quem você pensa que é essa pessoa?

- Bem, não me importa quem ele seja. Eu odeio qualquer um ligado ao governo mundial. – Continuava Robin com uma voz seria. – Se não me deixar passar...

- Eu não pretendo te deixar passar! – Tashigi gritou ao desembainhar sua katana, junto aos outros soldados.

- Se é assim, terei que matar todos vocês então. – Robin continuava com a mesma expressão séria.

- Esperem... essa mulher [...]

- Se preparem! – Gritou Tashigi apertando o cabo da katana.

- Saiam do meu caminho! – Robin franziu a testa. – Trinta flores! Estrangular!

Braços começaram a brotar nos marinheiros atrás de Tashigi, envolvendo seus pescoços e os apertando e os levando para o chão.

- Você é usuária de fruto! – Tashigi rangeu os dentes.

- Eu disse que estava com pressa, não disse? – Robin continuava, tinha a mesma expressão seria em seu rosto, com um toque de preocupação. – Não me deixem mais nervosa!

Os homens continuavam a cair no chão, com as bocas escorrendo saliva e perdendo a consciência.

- Sargento-major! Essa mulher é a Nico Robin! – Apontou um dos soldados. – Não há dúvidas. O capitão Smoker pediu para eu procurar pelo seu antigo poster de procurada! Essa mulher é... - Engoliu a seco. – A vinte anos atrás, ela tinha uma recompensa conhecida em todo o mundo por sua cabeça! Até mesmo eu me lembro do antigo artigo do jornal. O incidente no qual seis navios da marinha foram afundados...por uma garotinha de apenas oito anos! O governo a declarou como ameaça de primeira classe e estabeleceu uma recompensa de setenta e nove milhões de berris por sua cabeça! Depois disso, ela desapareceu sem deixar rastro!

- Pare com a falação! – Robin falou alto. – Vão me deixar passar ou quer que todos morram? Então, o que vão escolher!?

- “Vantagem numérica não significa nada contra ela. Além de que temos outro problema também. Não esperava encontrar a Nico Robin aqui!” – Tashigi mostrava seus dentes, sentindo um suor escorrer pelo rosto. Pegou um relógio do seu bolso e o olhou. – “Droga! Não temos tempo...” - Ergueu sua mão. – Sargento, mande todos os seus homens para a praça principal! Nossas informações constam que Crocodile plantou uma bomba naquela região, impeçam que ela exploda a todo custo!

- Uma bomba!?  O que!? – Cobra tinha o queixo caído, olhando para a mulher que o segurava. – Vocês já conseguiram o que queriam, então porque acionaram novamente ela!?

- Mas sargento-major! [...]

- Rápido! – Tashigi se virou para o homem com uma expressão séria. – Só temos seis minutos até que o bombardeio comesse!

Os marinheiros concordaram com a cabeça e começaram a se separar pelas ruelas de Alubarna, deixando Tashigi, o antigo rei e Nico Robin sozinhos.

- Agora, solte-o. – Tashigi mandou colocando sua katana na frente.

- Já mandei sair da frente! – Robin dizia séria, usando seus poderes e segurando o pescoço da mulher, o puxando para cima e apontando a katana para o meio.

Tashigi tremia de medo conforme o barulho da guerra que acontecia pelas ruas parecia ficar distante. Seus olhos eram focados na mulher com chapéu de cowboy, respirando fundo entre as duas mãos.

As ruas se tornavam uma mistura de Bilions e soldados da marinha que guerreavam uns contra os outros. Mais e mais reforços do corsário chegavam pelas ruas ou vindos do deserto, subindo as escadas e passando por cimas dos marinheiros. Alubarna tinha se transformado em um lugar caótico novamente, com sangue sendo jogado para todos os lados. Bilions e marinheiros caindo.

 

[Jardim do Palácio]

Luffy continuava caído em meio as areias criadas a partir das pedras e folhas verdejantes. Do céu caía uma enorme bolha de agua, as mesmas que tinha jogado para acertar o homem, despencando como se estivessem em câmera lenta, batendo contra o corpo do Chapéu de Palha e o inundando. Seus poros absorveram a tão doce agua com tamanha urgência, fazendo o garoto retomar a cor rosada e saudável da pele.

Luffy se levantou em um pulo, respirando fundo e sorrindo.

- Droga! Achei que iria morrer! – Respirava fundo e pesado, olhando para o ponto ao topo do palácio. – Aquele maldito...ele foi embora. – Virou seu rosto para um canto do jardim, se levantando e indo pegar seu chapéu. – Eu o vi voar para aquele lado. Não vai fugir tão fácil, aquele crocodilo! – Começou a correr na mesma direção que o corsário tinha ido, usando seus braços como catapultas e pulando por cima dos prédios. Luffy via a luta que era travada abaixo de si, ouvindo os gritos dos Bilions e uniformes conhecidos que tanto odiava. Uma luta entre marinha e Baroque Works. Franziu a testa.

Mais ao longe, em um lugar mais sossegado e com construções monumentais, Nico Robin trazia o rei, olhando para os lados e admirando a calmaria que se instalava.

- Esse é o cemitério da família real. Onde os antigos reis dormem para sempre. – Dizia a mulher olhando por cima do ombro. – Mostre onde o Poneglifo está.

Cobra foi até uma estatua com formato de gato e a girou usando seus ombros, não era tão pesada como parecia à primeira vista, girando com facilidade, acionando uma alavanca e abrindo um alçapão no chão bem próximo de onde estavam.

- Uma escadaria secreta! – Disse a mulher surpresa.

- O Poneglifo que vocês tanto procuram fica no final dessa câmara subterrânea. – Cobra apontou com a cabeça, seguindo a mulher que começava a descer as longas escadas. – Ninguém deveria saber da existência dele.

- O submundo é muito vasto. Mesmo como o rei de uma nação membra do Governo Mundial, não se pode esperar que você e eles saibam de tudo. – Robin descia as longas escadas, fazendo o salto de seu sapato ecoar pelas paredes, sendo seguida e observada por Cobra. – Mas eu não lhe culpo. Você provavelmente não imaginava que ainda havia alguém no mundo...capaz de ler as palavras.

- Você pode ler o Poneglifo!? – Cobra quase tropeçou na escada.

- Sim. Foi por isso que Crocodile quis trabalhar comigo. E é por isso que ele não pode me matar. – Parou em um dos degraus. – Eu acredito...que a localização de Pluton pode estar escrita no Poneglifo desse país. – Se virou para o rei que balançava a cabeça. – Estou errada?

- Eu não sei. – Cobra franziu a testa. – Por gerações, a família real de Alabasta está com a responsabilidade de protegê-lo. É tudo que nos importa.

- Protegê-lo?  Não me faça rir! – Dizia voltando a descer as escadas.

Demorou alguns minutos até que chegassem ao fundo da tumba. Era um lugar escuro, cheio com sarcófagos e estatuas.

- Esse é o local do funeral imperial não é? – Robin olhava para os lados, admirando os desenhos nas paredes e a arquitetura.

- Fica logo depois das portas interiores. – Cobra sinalizou com a cabeça, vendo a mulher andar até a frente e abrir as pesadas portas de pedra.  

Robin tinha um enorme sorriso em seu rosto, admirando o enorme pedaço de pedra quadrada com escrituras estranhas.

- Você disse a verdade. – Se aproximou da pedra azul, tocando em suas escrituras e correndo os olhos por cada traço ou ponto.

Longe do cemitério dos reis, no caminho, Tashigi rastejava pelo chão com um dos joelhos machucados, quase quebrado. Sua mente só se lembrava do ocorrido de poucos instantes atrás, de como Nico Robin a quase matou e acabou com todos seus homens em questão de segundos.

A sargento-maior rastejava para perto de sua katana, tentando se levantar para perseguir aquela mulher.

- “Nico Robin...eu vou te capturar.” – Tossia espalhando um pouco de poeira. Podia escutar uma risada ao fundo, a fazendo se virar e encarar o Corsário. - Crocodile!

- Parece que aquela mulher te deu uma lição. – Tinha um sorriso no rosto. – Quem poderia imaginar que a marinha me seguiria até essa cidade. E ainda por cima, tomar a rota mais longa? Que desperdício de tempo. – Seu olhar de desprezo só aumentava conforme andava até a subordinada da marinha. – E o que aconteceu com o seu chefe? Aquele maldito fumacento fugiu? Um perdedor não pode falar sobre justiça. É uma regra do mar. Por que não volta para o quartel general da marinha e discute um pouco sobre justiça? – Sua risada ecoava pela rua vendo a mulher se rastejar atrás na tentativa de o pegar, o vendo sumir diante de seus olhos.

 

[Pelas ruas de Alubarna]

Os grupos separados continuavam a sua busca, correndo, discutindo e com um Zoro dando um soco na cabeça do atirador que fazia graça. O relógio marcava cinco minutos para a explosão, junto com os gritos de guerra e os barulhos de pessoas sendo jogadas de um canto para o outro. As paredes de Alubarna tremiam junto as ruas que sentiam como se um terremoto estivesse acontecendo, fazendo pedras rolarem e pessoas se desequilibrarem, algo do lado de fora que estava causando tamanha discórdia.

Nami brigava com a rena, pedindo para que usasse seu olfato e sentisse o cheiro do detonador, mesmo com o animal insistindo que naquela situação em que se encontravam, era inútil. As ruas estavam cobertas com sangue seco e ainda com os vestígios de pólvoras, sem mencionar nos novos odores que surgiam e na desordem da rua, subindo a poeira e confundindo mais ainda os cheiros.

Sanji por outro lado, corria acelerado por todas as ruas, olhando em todas as casas e suando mais do que tudo pela maratona, ficando frustrado por não conseguir. Teria que tomar um bom banho depois de tudo aquilo.

O cozinheiro estava de saco cheio, cansado e com o corpo um pouco dolorido, foi quando sua mente juntou os pontos, vendo que o que Mawaha disse minutos atrás fazia sentido. Parou de correr franzindo a testa, indo em direção a parede, a chutou criando um caminho por entre as casas. Não tinha tempo para andar pelas ruas, então criou um atalho.

Do outro lado, com Nefertari, era a mesma coisa. A princesa corria pelas ruas, desviando dos soldados e dos tiros, caindo e se levantando, mas nada. Aparentemente o plano de todos se dirigirem para a praça tinha ido por agua abaixo. Aquela altura todos estavam mais preocupados em achar supostos detonadores do que pensarem de um jeito mais prático possível ou o mais obvio.

Vivi olhou para o céu, vendo algo grande descer em sua frente, um grande pássaro e pousar bem no centro. A de cabelos azuis parou em um instante, mal conseguia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Seu coração pareceu falhar uma batida com a visão nostálgica.

- Pell! – Gritou Vivi correndo até o falcão que se transformava em homem, o abraçando e chorando de alegria. – Eu pensei que você tinha morrido! Pell! – Vivi falava em prantos, afundando a cabeça entre o peito do cavaleiro do reino que apenas afagava seus cabelos azuis e sedosos. – Onde você estava esse tempo todo!?

- Peço que me desculpe, mas não conseguia ir até vossa majestade para a proteger. Crocodile me manteve preso por todos esses anos junto dos outros. – Pell dizia com um sorriso no rosto, captando uma movimentação e um tremor no chão.

- O que é isso!? Um terremoto!? – Vivi se afastou franzindo a testa assustada e olhando para os lados.

- Não, é outra coisa. – Pell olhou para cima, vendo algo ondular por entre os prédios, serpenteando, destruindo casas e fazendo um barulho horrível que gelava a alma.

- Pell! – Mawaha gritou de cima da cabeça da gigantesca serpente de areia, apontando para o soldado. Tinha outra pessoa sobre as escamas, alguém que não conseguia ver ao certo.  – Tire a minha mulher daqui! Só temos quatro minutos até a explosão da praça!

- Mawaha! – Vivi falou alto vendo Cathiopea passar por entre as casas de pedra, destruindo tudo em seu caminho e criando grandes fissuras pela rua. Vivi sentiu seu corpo ser segurado pelo soldado que se transformava em um gavião e subia aos céus. – Pell! O que está fazendo!?

- Peço perdão princesa Vivi. – Pell continuava a subir o mais alto que podia, levando a garota para uma área segura conforme a gigante serpente avançava cidade adentro. Do alto, Vivi podia ver a extensão do comprimento de Cathiopea. Quando Mawaha estava em cima do animal, ou quando ele os levou para Alubarna ou atravessou o rio Sandora, não pode reparar, mas a serpente era realmente gigantesca. Cathiopea conseguia dar quase duas voltas inteiras em Alubarna, ficando com parte do seu corpo ainda enterrado na areia e com o resto dentro da cidade. Realmente, aquela era uma cobra bem grande.

Mawaha mordia as unhas em pura agonia com o que estava escutando entre a cidade, os corações batendo acelerados e as dúvidas que conseguia captar vindas dos cérebros dos companheiros. Isso o deixava puto da vida, o fazendo arrancar o topo das unhas conforme tinha seu braço cruzado a frente do corpo.

- Como eles puderam demorar tanto assim!? Eles tinham 10 minutos para chegar à praça principal, subir na porra da torre do relógio, e desarmar essa buceta de bomba! O quão difícil é isso!? – Mawaha resmungava apertando os punhos e bufando alto. Seus olhos buscavam pelos chapéus de palha em meio a toda confusão e gritos de medo que se espalhavam por Alubarna pela gigantesca serpente.

- E você tem como os culpar, Mawaha? Você meio que mentiu para eles sobre quase tudo e depois quer que eles acreditem nas suas palavras como se fossem as únicas? – Dizia o acompanhante sobre a cobra, escorado no chifre da serpente.

- Você não me estressa não que eu te jogo daqui de cima do Cathiopea e realmente te mato. – Mawaha revirou os olhos falando rápido e voltando a morder as unhas procurando os companheiros.

- Credo como é temperamental. – Continuava o companheiros segurando no chifre e olhando para frente. – Como você aguenta ele, Cathiopea? Parece ser difícil trabalhar para alguém assim. Por que não vem trabalhar para mim?

- Tá querendo comprar a minha cobra agora!? Eu realmente vou te jogar daqui de cima. – Mawaha tinha a boca aberta, desviando a atenção por um segundo das ruas e se virando para o de capuz. – E eu não sou temperamental, só não gosto quando atrapalham meus planos.

- Vai fazer biquinho? – Provocou recebendo um revirar de olhos do grisalho.

- Ali, Cathiopea! – Mawaha apontou com o indicador para um dos chapéus de palha. Deu dois toques ao topo da cabeça da serpente que entendeu. Seu rosto tinha uma expressão furiosa, com veias saltando e com a respiração quente de pura raiva. – Que porra vocês estão fazendo, Chapéu de Palha! – Falou alto para Zoro e Ussop. – Eu não mandei vocês irem até a torre do relógio!? Não disse que essa merda de bomba estava na porra do cu daquele lugar!? Será que vocês não sabem compreender uma simples fala!? – Mawaha continuava a falar alto com os dois que pareciam assustados com a serpente.

- O que o Cathiopea está fazendo aqui, Mawaha? – Zoro perguntou, recebendo um olhar furioso do grisalho.

- Sendo mais útil do que vocês. – Mawaha respondeu bufando e apontando para que os dois subissem na serpente que abaixava a cabeça.

- Não precisa ser grosso, Mawaha. – Ussop falou engolindo a seco vendo a serpente que o olhava furioso.

Mawaha arrastou os dentes e desceu da cabeça de Cathiopea, junto do que a acompanhava.

- Você é um asno sem capacidade intelectual por um acaso ou é só o seu cérebro que foi trocado por merda mesmo, Ussop!? – Mawaha segurou o rosto do homem, o levando até um canto da rua e mostrando a briga que acontecia. – Está vendo isso, Ussop!? Isso são pessoas inocentes que vão morrer porque vocês não cumpriram a merda de uma ordem! Bilions, marinheiros, rebeldes ou cidadãos. Essas pessoas não têm nada a ver com o que está acontecendo aqui, ou com a loucura do Crocodile! Vão morrer porque a porra de um atirador idiota, incompetente e com merda na cabeça não sabe ficar calado por 10 minutos! – Mawaha virou o rosto do homem para o seu. – Sim, eu ouvi tudo o que vocês estavam falando e isso foi me deixando cada vez mais puto da vida, mas isso não é hora e nem lugar. – Sentiu uma mão sobre os ombros, o fazendo bufar e aliviar um pouco da tenção. – Cathiopea...- Tinha uma voz alta e séria. – Vá para torre do relógio o mais rápido que você conseguir. Estou pouco me fodendo se irá passar por cima de meia dúzia de pessoas ou se vão sair voando por ser veloz, apenas faça o que estou mandando. Você sabe o que fazer quando chegar lá. – Apontou para Zoro. – Já você e os outros chapéus de palha vão se reunir na porra do cemitério da família real o mais rápido que conseguirem, e não vão questionar minhas ordens. – Mawaha tinha um brilho vermelho no olhar, recebendo um aceno afirmativo com a cabeça. – Não se atrasem ou desviem do caminho.

- Você está falando sério...

Ussop foi cortado quando viu o prédio atrás de si colapsar com um único soco do grisalho, o partindo em pedaços pequenos e caindo como se fossem grãos de areia. Mawaha tinha um olhar amedrontador em seus olhos.

- Vão...- Falou baixo para o atirador, o vendo engolir seco. Estalou os dedos e o pescoço, endireitando as costas. – Vá com eles também. E não se esqueça de dar as ordens para seus homens.

- Onde você vai? – O acompanhante passou o olhar pelo grisalho, o vendo arrumar a bolsa que carregava no ombro.

- Fazer o meu trabalho. – Mawaha continuava com a voz irritada, recebendo um aperto nos ombros, seguido de um puxão para mais perto. – Sai de perto cara, que saco! Você tem trabalho para fazer, careca maldito.

- Grisalho temperamental. – O acompanhante sorriu de canto e deixou um beijo na bochecha, bem perto do lábios carnudos.

Mawaha saiu correndo o mais rápido que podia, subindo nos prédios e pulando entre um telhado e outro.

Cathiopea ergueu a cabeça e seguiu para o local destinado junto com os três homens sobre o topo da cabeça.

 

[Nas ruas próximas a entrada do cemitério]

Luffy corria descalço pelas ruas de pedra, cambaleando e sentindo a ferida feita por Crocodile se fazer presente. Um ponto se abriu bem no centro do estomago, fazendo o sangue escorrer vermelho pelo corpo. O capitão cambaleou até uma parede, batendo e caindo no chão, pressionando o furo.

- Hã? Isso é estranho...Eu comi muita carne. – Luffy fazia forças para se levantar do chão, segurando na parede e a manchando de sangue. – Esse machucadinho não é nada. – Dizia voltando a correr, subindo os três degraus que davam acesso ao cemitério e caindo sobre a grama. – Talvez eu esteja um pouco cansado...- Seus ouvidos captavam os gritos e sons de ferro sendo batido.

Enquanto a guerra continuava, Robin ainda passava seus olhos pelas escrituras. A cada nova linha lida, meia dúzia de soldados da Baroque Works caiam em meio as ruas como se não fossem nada além de sacos de batata.

- O que você procura, está escrito aí? – Cobra continuava a encarar Nico Robin.

A mulher continuava a sua leitura, pressionando seus dedos igual a sola do Corsário que batia contra as pedras da calçada e o sorriso que se formava nos lábios ao ver a escadaria secreta.

Os passos soavam melodiosos e sonoros, aumentando e causando uma grande ansiedade nos corações.

- Existe outro? – Perguntou Robin ainda com os olhos focados. – Esse é o único que seu país abriga?

- Desapontada? Eu mantive a minha promessa. – Cobra dizia com uma voz séria, olhando para a mulher.

- Tem razão. – Robin correu o olhar para o canto dos olhos, ouvindo os passos do corsário.

- Um lugar bem adequado para o segredo mais bem guardado do país. – Crocodile se aproximava da enorme rocha. – Por mais que se procure, isso é impossível de se encontrar sem saber... – Se colocando ao lado da mulher. – Então esse é o Poneglifo, Nico Robin.

- Você foi rápido. – Abaixou a cabeça.

- Um artefato curioso nós temos aqui. Conseguiu decifrá-lo? – Crocodile passou seus olhos pela pedra vendo os símbolos.

- Sim. – Respondeu a mulher ainda de cabeça baixa.

- Ótimo, então leia-o para mim. – Falou o homem com certa empolgação na voz. – Esse Poneglifo me interessa.

Robin se voltou para a pedra, apertando os olhos.

- “Kahira cai para Alabasta. Essa é a era do paraíso, ano 239. Ano 260: a dinastia Bitein de Taymar começou seu reinado. Ano 306: o grande templo de Taph é construído em Erumalu. Ano 325: o herói de Oltea, Mamudin...”

- Ei, ei, espera um pouco. É isso o que queríamos saber!? – Crocodile voltava a ter veias de raiva surgindo por sua testa. – Eu não dou a mínima para a história desse país! Conte-me em que lugar desse país inútil está a mais aterrorizante das potências militares! – Sua voz saía em um rosnado raivoso. – Onde está Pluton!?

- Não diz. – Robin se virou para o corsário.

- O que? – Crocodile continuava com o mesmo tom.

- Tudo o que conta é a história desse país. – Robin continuava, abaixando a cabeça e franzindo a testa.

- Está falando a verdade!? – O corsário ficava com cada vez mais raiva.

- Pluton...Nada sobre isso está escrito aqui. – Continuava Robin, fazendo o silêncio cair sobre a sala enquanto Cobra a olhava com os olhos bem abertos.

- Entendo. – Crocodile fechou seus olhos, soltando um bufar. – Então é isso...que pena. Você foi uma boa parceira...mas eu decidi te matar agora.

- O que!? – Robin se afastou da rocha.

- O pacto que fizemos a quatro anos se completou. Naquela época, você disse que se eu te levasse ao Poneglifo, ele me daria a localização da arma.  Durante esses quatro anos na Baroque Works, seu intelecto e administração foram exemplares. Isso bastava para mim. Era útil ter alguém como você por perto. – Crocodile fechou seu rosto. – Mas, no final das contas, você acabou quebrando sua palavra! – Atacou com o gancho em sua mão, fazendo a mulher se afastar. – O Poneglifo desse país não possui uma palavra se quer mencionando a localização de Pluton. Ou, será que...mesmo que possua, você não tem a menor intenção de me contar?

Robin franziu a testa.

- Mas eu não sinto raiva de você. E sabe por que, Nico Robin? – Cerrou os olhos.

- Idiota...eu trabalhei para você por quatro anos. Sempre soube que acabaria assim. – Robin tirou um frasco do seu bolso, o jogando em direção ao corsário que recuou, mas não adiantou, a habilidade da mulher proporcionou que um braço fosse criado, segurando o pequeno frasco. – Quando você está molhado, eu posso te ferir com uma lâmina! – Corria na direção do homem com um punhal em mãos. O homem de areia desapareceu em poucos segundos, fazendo a agua cair ao chão. – Onde ele está!? – Robin olhava para os lados desesperada procurando o corsário, sentindo seu corpo ser atravessado pelo gancho.

- Eu te perdoo por tudo, Nico Robin. – O gancho atravessou o peito, sendo puxado com força e fazendo o sangue preso ao ouro espirrar no chão. – Porque eu...jamais confiei em alguém em toda a minha vida! – A mulher caiu ao chão. – Pela reação de Cobra, eu sei que Pluton existe de fato. Eu só terei de encontrá-lo sem a ajuda do Poneglifo. – O chão acima de sua cabeça começou a tremer, fazendo pequenas pedras soltas caírem. – O que foi isso!? Ainda é cedo para a explosão da praça! – Crocodile se virou para o homem que tinha ido se sentar em um canto. – Foi você, não foi?

- Hã? Nada demais. – Cobra dizia calmo escorado em um canto. – Essa câmara possui uma armadilha que a faz desabar, se eu empurrar um pequeno pilar. – Crocodile cerrou seus dentes. – Vocês vão morrer aqui comigo. – Sorriu. – Junto com o décimo segundo rei da dinastia Nefertari. Eu jamais permitirei que você consiga o seu país de areia.

Toda a movimentação do solo fez com que Luffy acordasse de seu pequeno sono, se sentando e coçando a cabeça.

- Ah, que cochilo bom! – Se espreguiçou parando por um segundo. – Hã? Ah! Verdade...meu corpo parou de se mover do nada. Então eu me cansei e tive que tirar um cochilo. E, agora, eu me sinto muito melhor...

- Você tem um corpo estranho, Luffy. Já te disseram isso? – O grisalho bufava, se apoiando nos joelhos e respirando fundo. – Puta que pariu, fazia um tempinho que eu não e exercitava desse jeito. Ah...credo, eu sinto os meus pulmões queimarem.

- Ah, Mawaha! Faz muito tempo desde que você chegou aqui? – Luffy se virou no chão, coçando a cabeça e sorrindo. – Foi mal, eu cochilei legal.

- Pior que não, cheguei agora a pouco. – Mawaha esticou as costas, colocando suas mãos bem ao centro, deitando seu peso. Relaxou os ombros e pegou a mochila, tirando um tabuleiro de xadrez dobrado. – E porra Luffy, a sua tripulação vai acabar me infartando.

- Hum...o que eles fizeram? – Luffy pendeu a cabeça para o lado, franzindo a testa, vendo as peças serem colocadas em ordens estranhas. – Vai jogar sozinho?

- Eles tem um sério problema em seguir ordens ou em saber quais são suas prioridades. – Mawaha bufou, tirando algumas peças do caminho e pegando um pequeno relógio. Colocou seu dedo a frente do corpo, o deixando erguido por alguns segundos e depois apontando para frente. – Você não tinha alguma coisa para fazer?

Luffy seguiu o dedo, parando para pensar e soltando um grito.

- Ah! O crocodilo! – Se levantou do chão e começou a correr. – Eu vou acabar com ele!

Mawaha sorriu fraco, pegando uma peça e a mexendo no tabuleiro conforme fechava o relógio.

- Não estou jogando sozinho, Luffy...- Olhou para frente, cruzando as pernas e fechando seus olhos. Pendeu a cabeça para trás. – Só estou esperando meu adversário chegar.   

Luffy corria por todo o cemitério, passando pelas lápides e reparando em uma passagem bem a sua frente, aberta e chamativa. Parou, olhou o buraco.

- Aquele buraco...- Respirava pesado. – Tem cheiro de crocodilo.

Crocodile continuava a frente do rei, com um sorriso largo em seu rosto.

- Veja se você não é um rei perfeito. Trouxe-me até aqui planejando me enterrar vivo junto com você? Tudo pelo bem do seu país? – Crocodile dizia com um sorriso sarcástico no rosto. – Mas...você não pode me matar. - Cobra ergueu as sobrancelhas. - Se eu transformar todas as pedras em areia, vou poder escapar! – Riu. – Jogou sua vida fora, Cobra! – O corsário se virou abrindo os braços e olhando para frente. – Só mais três minutos. Com a destruição do cemitério e da praça, todos aqueles que se opõem a mim serão aniquilados de uma vez! Deveria ter feito isso a uns dias atrás ao invés de adiar! – Voltou a olhar para o antigo rei. – E, desse momento em diante, o país todo será meu! – A risada do corsário ecoava por toda a tumba, despencando junto as rochas.

Luffy descia o mais rápido possível pelas escadas, gritando o nome e desviando de algumas pedras. Olhando para as construções antigas e franzindo a testa com aquele lugar estranho.

Pulava de um canto para o outro, subindo em algumas colunas e se catapultando para mais ao fundo.

O sangue pingava e escorria pelas pernas de Luffy devido o machucado, correndo pelo corredor e deixando um rastro de pegadas ensanguentadas.

As pilastras caiam quebrando tudo em seu caminho junto as paredes que eram estouradas e o barulho abafava o som das risadas do governante tirano. Crocodile olhou para uma parede que se quebrou de maneira estranha, vendo a silhueta conhecida, o fazendo ranger os dentes. Luffy respirava pesado, bufando e soltando o ar quente pelas narinas e boca.

- Maldito! – Falou baixo fechando o rosto.

- Está preso aqui, crocodilo! – Luffy tinha um olhar sério em seu rosto.

- Como está vivo!? Por que se levanta toda vez que eu te mato!? – Crocodile falava alto, apontando o gancho para o marinheiro. – Hein, chapéu de palha!?

- Por que ele teve que vir aqui? Poderia ter sobrevivido. – Cobra dizia baixo olhando de canto. – Quem...é ele?

- Quantas vezes eu vou ter que te matar para te satisfazer!? – Continuava a gritar.  

- Você ainda não devolveu o que roubou! – Luffy dizia sério, inclinando o corpo para frente.

- O que eu roubei? – Colocou a mão sobre o peito, apontando o gancho. – Dinheiro? Fama? Confiança? Vidas? – Sorriu. – A chuva? O que quer que eu devolva? Já roubei mais do que eu consigo lembrar!

- O país. – Falou Luffy.

- O país? – Começou a rir.

- Quando chegamos nessa ilha, ele já tinha sido roubado. O país já não era mais deles. – Luffy encarava o corsário com o olhar sério, franzindo a testa cada vez mais. – Se esse era mesmo o país dela...Se ele fosse realmente o país dela, ela seria capaz de sorri mais! – Gritou e correu em direção ao corsário.

- Depois de todo esse discurso, o que pretende fazer sem agua? – Crocodile tinha um sorriso no rosto vendo o garoto correr em sua direção e o dar um chute bem no rosto, forte o bastante para o fazer voar até uma parede atrás de si.

- “Impossível! Como ele me acertou sem estar usando agua!?” – Tinha os dentes cerrados, se levantando do chão e olhando fixamente para o chapéu de palha.

Luffy estalou os dedos várias vezes, olhando fixamente para o corsário, esticando seu braço para trás e o trazendo com toda a força contra o rosto do corsário, o jogando novamente contra a parede, a quebrando conforme o corpo atravessava as pedras.

- Desgraçado. Isso foi...o sangue? – Olhou para as mãos de Luffy que pingavam o líquido vermelho.

- Então o sangue também molha a areia, hein? – Olhou para suas mãos.

- Rainbase, o palácio real e agora essa câmara subterrânea. – Crocodile se levantava do chão rindo. – Já viu o inferno duas vezes, mas ainda volta para me desafiar. Irei compensar sua persistência.

- Seu...- Luffy disse em um rosnado, levando sua perna para trás, tentando acertar o corsário que desviou se jogando no chão.

- Como pirata! – Crocodile fez um movimento com o gancho, fazendo sua ponta mudar de forma, como se a capa do gancho estivesse aberta, revelando alguns buracos na ponta que deixavam escapar um vapor roxo. – Parece que, independente do que eu faça, você vai continuar tentando me derrotar. Acho que é hora de te tratar como o empecilho que você é.

- Ele tirou...o que é isso? – Luffy franziu a testa.

- Um gancho com veneno. Já que você é um pirata novato, deve saber disso. – Dizia o corsário vendo o garoto se preparar. – Sabe que uma batalha entre piratas é uma batalha até a morte. E que não existe regra! – Uma pedra, a maior que conseguia, caiu bem ao lado dos dois. – Quando a explosão acontecer na praça bem acima de nós, esse lugar será igualmente destruído. E esse será o fim. Então vamos decidir o vencedor de uma vez por todas!

As pedras continuavam a cair dentro da câmara, subindo uma enorme nuvem de poeira e cobrindo todo o ambiente com uma coloração amarronzada, junto aos tremores.

Do meio de uma nuvem de poeira, Luffy arremessou sua mão na direção do homem de casaco de pele, desviando por poucos centímetros. Crocodile não perdeu a chance e tentou acertar o garoto com o gancho envenenado, causando um pequeno arranhão pelo braço que foi puxado. Luffy pulou para trás, pegando distância e respirando pesado conforme encarava o corsário que se encontrava do mesmo jeito. Ambos cansados das batalhas travadas uma atrás da outra.

- Pistola de borracha! – Gritou Luffy correndo em direção ao corsário com o braço indo em sua direção, mudando de posição e o tentando atacar com a sua perna, recebendo outro arranhão do gancho envenenado, e acertando uma pedra que parecia derreter com a potência do veneno.

Crocodile tinha um sorriso no rosto enquanto a testa mostrava um pequeno corte se abrindo e deixando o sangue escorrer.

A tensão era evidente entre os dois, nem mesmo piscaram quando uma enorme pilastra caiu a sua frente.

Luffy e Crocodile corriam em direção um ao outro, com o jovem capitão acertando seu pé contra o rosto do corsário, o fazendo perder o foco por alguns segundos para que pudesse segurar o gancho e o jogar contra a parede usando apenas a força.

- “Quem é ele?” – Cobra observava a batalha travada bem a sua frente, achando aquele garoto admirável. – “Os maiores guerreiros do reino pareciam inúteis comparados ao Crocodile, e mesmo assim...”

- Perfurado, enterrado vivo e desidratado...- Crocodile falava baixo, erguendo seu rosto do chão. – Você pode ter sido capaz de retornar de tudo isso, mas não vai mais se levantar depois dessa. – Levantou o gancho. – A luta acabou! O veneno já está se espalhando pelo seu corpo.

- Você não sabe de nada! – Luffy fechou os punhos.

Os terremotos se tornavam cada vez mais frequentes na câmara junto a batalha que permanecia em polvorosa sobre suas cabeças.

- Eu...não entendi...o que você disse. – Crocodile olhava Luffy com olhos ferozes, vendo o garoto fechar ainda mais a expressão em seu rosto e fazer um ataque. Desviou, mas os golpes continuavam consecutivamente quase não dando chance para o homem de casaco de pele desviar. Ambos respiravam pesados e cansados. – Ainda não percebeu? Você já está morto! O veneno penetrou por suas feridas e vai acabar com você! – Sorriu a ver o garoto cambalear para o lado, fechando um dos olhos. – Seu corpo está começando a ficar dormente, não está? Independente se você perder ou ganhar essa luta, vai ser enterrado nesse santuário subterrâneo!

As pedras continuavam a cair junto a Luffy que apoiava um dos joelhos no chão.

- O que você quer não está nesse país! Estou errado? Você está lutando pela causa de outra pessoa! – Franziu a testa falando feroz. – Porque morreria por isso!? Apenas um ou dois companheiros...Se você os abandonar, nunca mais poderão te atrapalhar! Vocês são todos completos idiotas...

- Como eu disse...Você não sabe de nada! – Luffy se levantava do chão, com a mão apoiada sobre o estomago. Respirando pesado e sendo observado pelo rei. – A Vivi...Ela pede que os outros não morram, mas é a primeira a jogar sua vida fora para salvar outra pessoa. Se eu a tivesse abandonado, ela teria morrido. Você a teria matado!

- Eu não entendo! – Crocodile cortou com uma voz grossa. – É por isso mesmo que eu disse que você deveria abandonar esses fardos...

- Eu não quero que ela morra! – Gritou Luffy erguendo a cabeça. – Nós somos companheiros! – Se levantou do chão. – É por isso que, enquanto ela não desistir do seu país, nós não vamos parar de lutar!

- Mesmo se você morrer? – Crocodile tinha um olhar soberano em seu rosto.

- Quando eu morrer, vou simplesmente morrer. – Gritou Luffy.

Crocodile começou a rir das palavras ditas.

- Mesmo que você grite desse jeito, seu corpo não pode te ouvir. – Desceu seu olhar para Luffy que voltava a cair no chão. – Você está em uma bela situação, Chapéu de Palha.  

Luffy respirava pesado em meio ao chão, puxando o ar e soltando vapor ao liberar. Seu corpo estava sentindo os efeitos do veneno. Crocodile ria abrindo os braços de maneira comemorativa conforme as grandes pedras caíam e sua risada falhava em ecoar pelo lugar.

- Seus amigos devem estar desesperados agora, Luffy do Chapéu de Palha. Acha mesmo que eu iria cometer um erro tão idiota como esse? – Ria vendo o rei com olhos arregalados e a boca aberta. – Acredita mesmo que eu não iria cogitar todas as possibilidades antes de armar uma bomba para explodir a praça central? – Olhou para Cobra.

- Quanta crueldade! – O antigo rei dizia pondo o corpo para frente.

- Chame isso de “estar preparado”, mister Cobra. Quando se planeja uma operação, deve-se levar em consideração os acidentes que podem acontecer, no caso, um bando de pirralhos querendo salvar um país fadado a desaparecer. – Voltou a olhar para Luffy que tentava se levantar. – Caso algo acontecesse com os detonadores antes da hora marcada, eu me assegurei que a bomba explodisse automaticamente. Tenho certeza de que aquele seu companheiro de cabelos grisalhos percebeu isso, ele até que é inteligente para alguém da sua laia, mas duvido muito que seus outros companheiros o dariam ouvidos. Alguns de meus homens estavam seguindo vocês pelo deserto o tempo todo e me avisaram que haviam algumas intrigas em relação a vocês, então não foi preciso muito. E mesmo que vocês tivesse o escutado, tudo já estava planejado desde o início. Será uma diferença de poucos segundos, mas ainda sim irá cumprir o seu papel. – Sorriu mais ainda. – O ideal seria que ela explodisse na praça...Mas, com o seu tamanho e potência, não vai fazer muita diferença. Mesmo que a movam de lugar, o estrago continuará o mesmo. – Continuava a rir. – Eu já tinha dito antes...Seu idealismo me dá nojo.

Batalhas sendo travadas, pessoas gritando de medo, soldados caindo aos montes, uma gigantesca serpente circulando a torre do relógio e arrancando seu topo e um garoto de cabelos grisalho sentado em um outro ponto do cemitério, movendo as peças de xadrez. Repousando seu dedo indicador sobre a peça mais importante do tabuleiro, a mexendo de um lado ao outro e sorrindo com os olhos fechados.

Paredes se rachavam, destruindo pinturas e desenhos junto ao gancho que escorria e pingava um veneno roxo pelo chão. A risada maléfica ecoava pelo local ao escutar um enorme estouro vindo de cima e tremendo o teto.

- Finalmente...- Seu sorriso aumentou ainda mais. – Agora não há mais ninguém para me deter!

Luffy não se mexia no chão, junto a peça que era derrubada no tabuleiro. Seu corpo era quase imóvel, pensando nas palavras que tinha dito e em seus companheiros que lutavam com tudo que tinham fora daquelas paredes. Um resquício de força percorreu seu corpo, estava quase inconsciente, mas ainda sim almejava aquela luta, muitas coisas estavam em jogo para que ficasse parado.

Seu corpo se mexeu sozinho, se levantando do chão e se colocando em frente ao corsário. Tinha uma respiração pesada, o corpo sujo de sangue e os músculos doloridos. A cada respirada pesada e puxada de ar dolorida, Crocodile franzia ainda mais sua testa, arrastando seus dentes e sentindo um gosto amargo na boca.

- Você...não pode...- Luffy falava baixo, subindo a voz gradualmente e respirando fundo. Subiu seu olhar para o corsário. – Me derrotar!

- Essas são todas as palavras que consegue forçar a sair? – Tinha uma voz debochada e um sorriso sínico no rosto. Andando em direção ao garoto, desviando das pedras que caiam. – Um blefe de um cão prestes a encontrar a morte? – Continuava com o sorriso em lábios e com o queixo erguido. – Como é típico...Completamente sem fundamento.

Luffy tinha um olhar obstinado para Crocodile.

- Eu vou ser o homem que vai se tornar o Rei dos Piratas! – Falou com toda força de seus pulmões, com olhos cintilantes e arrancando um sorriso do homem a sua frente.

- Escute, garoto. Quanto mais você conhece o mar, mais aprende a não fazer afirmações imprudentes como essa. – Subiu seu gancho. – Eu já lhe disse...que há muitos novatos como você por esse mar! – Crocodile se preparou. – Quanto mais você aprende sobre o nível desses mares, mais distantes ficam esses sonhos! – Correu em direção a Luffy com o gancho levantado.

Crocodile atacou com o gancho venenoso, sendo desviado pelo garoto de borracha, passando seu pé até o início do pulso e o forçando para baixo. O local onde o veneno residia se quebrou e foi arremessado para longe. No rosto do corsário, um suor frio escorria conforme aqueles olhos o encaravam.

- Eu sou...o homem que vai te superar! – Falou Luffy colocando mais força em sua perna e quebrando o gancho dourado do corsário.

Luffy gritou esticando seu braço o mais longe que conseguia, o trazendo com toda velocidade e acertando o rosto de Crocodile, o jogando para longe e arrancando mais sangue. Afundou o rosto ao chão conforme era arremessado para longe, quebrando as pedras quadradas. Recolheu seu braço, segurando a gola da blusa e o arremessando em outra parede.

Crocodile se levantava com dificuldade do chão, rangendo os dentes.

- “O veneno do escorpião já deveria estar fazendo efeito.” – Sua boca pingava sangue. – “De onde esse garoto...tira tanta força assim?” – Olhava por cima dos ombros. Bateu com o resto do gancho no chão, criando uma ponta afiada. – Você não passa de um pirralho que surgiu do nada! Quem pensa que eu sou!? – Corria na direção de Luffy com a ponta afiada, sendo desviado mais uma vez.

- Eu não dou a mínima para isso! – Levantou sua cabeça, gritando. Flexionou o joelho e chutou o homem para cima, o mais alto que conseguia. – Eu vou te superar!

O chute alto fez com que o antigo rei abrisse a boca. Estava em choque com o que via bem diante de seus olhos.

- Eu vou te destruir junto a esse templo! – Gritou Crocodile erguendo a mão e criando uma tempestade de areia. – Areia pesada! – A jogando em direção a Luffy. Destruindo tudo a sua frente e fazendo o templo colapsar ainda mais.

Luffy encheu seu corpo com ar, girando e soltando a pressão pelo chão, o fazendo subir conforme se preparava para um ataque.

- Tempestade de.... - Gritava o Chapéu de palha.

- Espada do...- Se juntou Crocodile.

- Borracha!

- Deserto!

Quatro laminas gigantescas se formaram sobre a cabeça de Luffy enquanto seus braços deslizavam pelas areias, acertando golpes repetidos contra o corpo do Corsário, o levando cada vez mais para cima, batendo contra o teto até que as pedras estourassem e o arremessasse pelos ares.

O chão de toda Alubarna tremia e se rachava, prédios caiam em meio as batalhas, fazendo os soldados pararem e olharem, enquanto outros aproveitavam a chance de contra-atacar o grande exército misturado entre real, rebelde e marinha que olhavam para cima vendo o corsário ao topo de suas cabeças ser levado para cima por um longo braço coberto por sangue.

- Impossível! Entre esse comodo e a superfície havia pura rocha matriz! – Dizia o rei em meias palavras.

Os chapéus de palha parados em frente a praça, lutando contra os Bilions junto ao resto das pessoas paravam e olhavam para cima. Tinham rostos aliviados e com um sorriso entre os lábios.

- Eu só não sei como ele foi parar lá em cima. – Sanji colocou uma de suas mãos sobre os olhos.

- E quem se importa!? Eu estava com algumas dúvidas na cabeça, mas agora... – O sorriso se espalhava pelos companheiros do garoto do chapéu de palha, se juntando para gritarem em um único coro. – Ele venceu!

Vivi olhava de cima de um lugar alto, um prédio junto de Pell. Seus olhos se enchiam de lagrimas vendo o corsário caindo em câmera lenta. E em como um sinal, uma gota de agua caiu sobre o solo de Alubarna, seguida de outra e mais outra e mais outra até inundar as ruas com os refrescantes pingos e lavar toda a impureza e mal que residiam ali.

As lagrimas da princesa se misturavam com a chuva, a fazendo chorar ainda mais e abraçar o soldado ao seu lado. A chuva havia retornado ao país. Enquanto o som da voz de Vivi ecoava pelo silêncio que se fazia pela chuva, atraindo a atenção de todos. Soldados reais, rebeldes e até mesmo Bilions largaram suas armas quando um simples pedido foi feito.

                                                               “Parem de lutar!”

Depois de três anos torturantes, de desgraças, fome, seca, doenças e uma morte lenta e dolorosa. Todo o mal que assolava o país caiu bem diante dos olhos de todos. O corsário, Sir. Crocodile, ou, Mr. Zero, tinha sido derrotado por um simples garoto que usava chapéu de palha.

- Senhor Crocodile? O que ele está fazendo aqui? – Perguntou um dos homens se olhando.

Uma risada rouca e grave surgiu em meio a chuva, andando com os pés descalços até chegar ao centro onde o povo se reunia.

- Por que ele caiu do céu? – Perguntou outro.

Tinha uma peça entre os lábios conforme andava desviando das pessoas e se aproximava do homem quase inconsciente.

- Você disse, senhor Crocodile!? – Ussop tinha uma veia pulsando em sua testa, andando em direção a um dos homens. – Deixa eu te contar o que ele fez com esse país.

- Espera aí. – Sanji olhou para frente, vendo a figura conhecida se aproximar do homem.

- Essa chuva...do modo que ela cai agora...Do modo que sempre caiu...Virá mais uma vez. – Seus olhos tremiam. – O pesadelo acabou.

O homem estranho e de cabelos grisalhos sorriu para os companheiros, fazendo uma reverencia com a cabeça e apontando sutilmente para suas costas conforme pegava o homem, quase que o dobro do seu tamanho, e o colocava em seus ombros.

- O que pensa que está fazendo!? – Gritou um marinheiro se colocando na frente de Mawaha que apenas sorria.

- Eu? Nada, apenas quero terminar um jogo de xadrez. – Continuava a sorrir acompanhando seus companheiros com os olhos até sumirem de vista em meio a toda aquela confusão. – Um homem não pode querer terminar uma partida com outro?

- O coloque no chão. Agora! – Gritou um marinheiro apontando sua espada para o rosto do grisalho que tinha um olhar tedioso em seus olhos.

Mawaha bufou e obedeceu, colocou o corsário ao chão e ergueu as mãos em rendição. Os marinheiros se aproximavam lentamente, o cercando e o vendo de cabeça baixa.

Um segundo, foi o máximo que durou. Em um piscar de olhos, os marinheiros que apontavam suas armas já se encontravam no chão cobertos de sangue e sem alguns membros.

Mawaha ergueu a cabeça e andou em direção a Tashigi que tremia a katana em mãos. Passou seus dedos pelas laminas e debruçou seus ombro sobre a garota.

- Se seus homens tentarem me parar mais uma vez. Eu vou arrancar a cabeça deles e pendurar ao entorno de Alubarna, maldito marinheiro. – O tom de voz era baixo e ameaçador, fazendo o hálito calorento bater contra a orelha. – Nossa trégua acabou quando Crocodile foi derrotado, sendo assim, não existe mais motivos para eu não massacrar todos os marinheiros presentes nessa praça, não é, sargento-maior Tashigi? Sabe? Eu tenho um enorme complexo em relação a marinha, odeio cada alma podre e venenosa que utiliza o uniforme branco, azul e dourado. Para mim vocês não passam de pulguinhas inúteis que devem ser neutralizadas no momento que forem vistas.

- Sargento-maior! – Gritou um dos subordinados apontando sua arma para o grisalho.

- Diga a seguinte coisa para seus soldados se não quiser ver um enorme banho de sangue, tripas e restos mortais voando pelos ares. Os ver rastejar e gritar de dor. – Mawaha olhou em direção ao marinheiro que continuava a brandir sua espada. Apontou uma de suas unhas para a enorme serpente que tinha metade do seu rosto sangrando e queimado, se levantando do chão e abrindo a boca que pingava o sangue fresco. Cochichou algo em seu ouvido.

Mawaha se afastou da marinheira e voltou a pegar Crocodile, segurando a gola da roupa e o arrastando pela cidade até desaparecer.

- Sargento-maior Tashigi? Devemos ir atrás dele? – Perguntava um dos marinheiros olhando para a garota que rangia os dentes e tinha o olhar baixo. – Sargento-maior?

- Não. – Falou Tashigi com um nó na garganta. – Homens! Prendam todos os Bilions que estão na praça! Não deixe nenhum deles fugir!

- Sim senhora! – Responderam em um único som.

- E aos chapéus de palha? – Perguntou um marinheiro.

Tashigi olhou para baixo, franzindo a testa.

- No momento, eu não permitirei que alguém encoste um dedo sequer neles! – Falou em um tom alto.

- Mas por quê!? – Perguntou outro. – Não estamos tentando prende-los!?

- Além disso [...]

O silêncio caiu no pequeno esquadrão com um olhar sério feito pela superior.

A guerra logo foi vencida pela pequena aliança formada entre os três poderes, cercando os Bilions que restavam e os prendendo, mas ainda sim tinham muitas coisas para serem resolvidas.

Luffy continuava caído em meio aos destroços do templo, com o buraco iluminando seu corpo e com o rei sentado ao seu lado.

- Obrigado...- Tinha uma voz grata e um olhar baixo. Suas roupas eram molhadas pela chuva, assim como o corpo do jovem que sorria largo.

- Por nada...- Sua voz saia cansada, exausta e em um meio fio.

Era possível escutar as vozes alegres pelas ruas de Alubarna e de toda Alabasta. Os sorrisos alegres, as pessoas indo para as ruas comemorar a chuva que vinha como uma benção para os tirarem daquele inferno. Arrancando sorrisos, lagrimas e suspiros aliviados. 



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