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História The Pirate King's Dark Shadow - Arco III: O Reino de Chopper na Ilha dos Animais Estranhos.


Escrita por: CorvinusCorvus

Notas do Autor


Capitulo 17

Capítulo 18 - Arco III: O Reino de Chopper na Ilha dos Animais Estranhos.


A agua borbulhava no bule, subindo as bolhas que estouravam e espirravam as gotas para as laterais.

Uma visão nostálgica e dolorosa que Mawaha tinha o vislumbre por sua mente a cada novo estouro. Bufando e passando seus dedos pelo canto do fogão do Going Merry.

                            ❂

“– Então, seu porquinho imundo... – Os passos do almirante ecoavam pela antiga morada que não lhe fazia tanta falta. – Como está se sentindo hoje? Falante, sarcástico ou silencioso? – A ponta do sapato passava pelo rosto baixo, fazendo alguns fios grisalhos serem pegos conforme era levantado, e a sola pressionava a pele morena, a levantando junto a um fio de sangue que escorria misturado com a saliva.

(Isso é só uma memória, Mawaha... Vai ficar tudo bem... Memorias não podem te machucar.)

Akainu levantou mais o rosto, o empurrando com a sola de seu sapato até escutar o aparelho preso a cabeça estalar pela pressão imposta.

Uma das partes da “focinheira” começou a se partir pela força, se soltando e passando contra a pele, fincando o aço afiado em uma parte mais abaixo do pescoço.

- Parece que hoje você está se sentindo meio silencioso não é? – Akainu tinha um olhar no machucado recente, sorrindo ao ver os olhos acinzentados escorrerem para o lado como se não se importasse com o que estava acontecendo. – Parece que você não é tudo isso o que seus registros mais antigos nos mostram. – Passou a mão sobre o machucado feito pelos dentes. – O que foi? Cansou de responder de volta? Vai se tornar um cãozinho obediente?

(Respira, Mawaha.... respira fundo... São apenas memorias involuntárias que seu cérebro está fazendo você relembrar... Está tudo bem...)

Mawaha escorreu seu olhar para Akainu. Era um olhar feroz e com uma intensão assassina que fazia o almirante rir. Sua boca escorria sangue pelas laterais, junto a sua língua que passava em alguns pontos que faltavam em sua gengiva. Seus caninos tinham sumido. Tanto os de cima quanto os de baixo.

- Parece que fizeram um bom trabalho aqui. – Akainu segurou os cabelos grisalhos, causando mais pressão no dispositivo. Com sua outra mão, levou os dedos até a boca aberta a impedindo de se fechar. Levantou o lábio superior e ficou encarando os buracos. – Sei que isso não vai durar muito tempo...mas de qualquer forma. – Olhou para Mawaha que tinha os olhos desviados para um canto. – Isso irá servir de lição para você. – Apertou os fios ainda mais, os puxando com força e segurando a língua entre os dedos incandescentes. – Um cachorro que desobedece seu dono precisa ser educado da forma correta, não é?  -  Mawaha respirava pesado, quase como se suas vias aéreas fossem feitas de pedra. Se mexendo em meio as correntes, gritando com a boca aberta, arrastando seus pés no chão. – Está entendendo agora como as coisas funcionam, prisioneiro 0-0? – Mawaha continuava a se puxar e a mexer, cortando a pele pelo pedaço de metal que parecia uma faca, e chorando pela língua queimada. – Se for obediente e seguir à risca tudo o que eu disser... for meu cãozinho leal e que faz de tudo para me agradar ou ao seus mestres.... Seus verdadeiros... – Akainu tirou os dedos da língua e soltou o cabelo, fazendo o grisalho cair ao chão em pura agonia. – Prometo que farei sua estadia permanente se tornar menos dolorosa e desconfortável possível. – Sua mão e metade do corpo se transformaram em magma incandescente.

Mawaha olhou para cima com as sobrancelhas baixas e um olhar de cansaço.”

A agua continuava a borbulhar conforme Mawaha tinha os olhos baixos, pegando uma pequena bolsa termal do canto, abrindo sua tampa e se aproximando do bico. A agua era despejada dentro do material de borracha resistente, enchendo até a boca e transbordando, enquanto os olhos permaneciam focados em outro lugar.

“Por que tive que passar por tudo aquilo? O que eu fiz para merecer tal destino?”

Sua mão começava a ter um aspecto avermelhado sobre a superfície devido a agua quente que caía, batendo contra os dedos e escorrendo em uma cascata.

“Será que eu fui uma pessoa tão ruim para ter que passar por tudo aquilo? Será que eu estou em dívida com o universo? Meu karma?”

Suas mãos tremiam pela dor que sentia, mas seu corpo parecia desligado. Estava no automático.

“Doí isso... Lembrar do passado...”

- Porque... – Mawaha falava baixo apertando os dedos no bule que já não tinha mais agua para escorrer. – Só...

“- Não tem um motivo...”

Mawaha ergueu a cabeça assim que seu cérebro captou uma voz vinda do fundo, a fazendo virar o corpo, e em questão de segundos, o Going Merry tinha sumido.

Tudo tinha desaparecido, deixando apenas um longo vazio escuro e frio a sua volta.

Mawaha olhava por todos os lados, franzindo a testa e recuando com aquele lugar, mas por mais estranho que parecesse ou por mais assustador que fosse, não sentia medo. Sentia pesar, remorso e tristeza.

“- Não precisa ter medo... não vou te machucar...”  

- Se não vai me machucar, por que não aparece? – Mawaha bufou e se sentou no chão escuro, apoiando sua bochecha na palma da mão. – Não estou com medo... É preciso muito mais que isso para me atingir, voz do além. – Passou seus olhos pelo local mais uma vez. – Talvez eu deva ter enlouquecido de vez.

“- Não, você está em plena sanidade...”

- Você chama isso de sanidade? Eu estou sentado no meio de um lugar desconhecido... não sabendo se isso é a realidade ou um fruto da minha mente, conversando com uma voz que saiu sabe se lá donde... Sendo que a meio segundo atrás eu estava colocando agua quente em uma bolsa térmica para ajudar com a cólica. – Mawaha tinha um olhar cansado e um sorriso de canto, balançando a cabeça e olhando novamente para o chão. – Se isso é estar em plena sanidade... Imagina se estivesse insano?

“- Talvez tenha usado as palavras erradas para definir esse momento... peço perdão.”

- Vai se mostrar ou vai ficar de graça? Não tenho o dia todo... tenho que começar a montar um plano para acabar com o governo e caçar a cabeça de uma certa pessoa. – Mawaha bufou mais uma vez, ficando cada vez mais cansado daquela conversa. Se levantou do chão e começou a andar por entre o escuro. – Está perdendo meu tempo, voz do além, ou grilo falante.

“- Estou sendo um pouco rude não estou? Peço perdão mais uma vez por minha inconveniência, mas acredito que se me mostrar agora, você talvez irá se assustar com minha aparência.”

- Eu só estou ouvindo muita conversa e desculpas. Não estou nem aí para o que você acha, apenas me deixe sair daqui. – Mawaha continuava a andar, parecendo que estava em uma esteira que andava em círculos, não saindo do lugar. – Se vai continuar com essa palhaçada, me deixe sair daqui. Como já havia dito... estou ocupada.

“- Mas não foi eu quem lhe trouxe aqui... Você quem me chamou.”

- Eu? E por que eu te chamaria aqui? Nem te conheço. – Mawaha parou de andar, sentindo um ar gelado em suas costas, o fazendo virar e franzir a testa.  Algo parecia se mexer mais ao fundo do comodo escuro, algo que conseguia ser bem mais escuro que aquele lugar. Escuro e bem alto.

“- Algo dentro de você me chamou aqui... Uma pequena faísca de desespero, pingada nas aguas da loucura... Foi isso que me trouxe aqui.”

- A parte da loucura, você provavelmente deve estar certo, mas o desespero? – Mawaha cruzou os braços, vendo a figura se levantar. Parecia ter o tamanho de uma montanha. E se aproximar. Podia sentir o hálito quente bater contra seu rosto, movendo seus cabelos e rosnando ao falar. – Então esse é você? Acha mesmo que eu teria medo de uma figura tão bela e majestosa como essa? – Mawaha sorriu com a vista. – Está me subestimando.

“- Não, esse à sua frente não sou eu... ele é a personificação de tudo aquilo que você teme. Suas angústias, mágoas, ira, luxuria, prazeres negados e ambições....”

- Hum...é mesmo? – Mawaha levou uma das mãos até o animal que continuava a rosnar e a mostrar os dentes, tentando morder a mão que lhe era esticada. – Um pouco selvagem ele, não?

“- Suas emoções são tão selvagens quanto ele... Se quiser o domesticar, terá que as controlar.”

- E qual é a graça? – Mawaha continuava com a mão erguida, afastando conforme o animal tentava morder. – Você me lembra muito um grande cachorro negro, mas um pouco diferente do convencional. Seu pelo me lembram asas. O que é irônico de certa forma. – Afastou sua mão do grande animal com olhos vermelhos sangrentos que pingavam no chão, e uma enorme calda que circulava o ambiente. – Talvez isso seja um pressagio de morte? – Bufou e sorriu de canto. – Mas me diga, voz do além. Minha consciência.... Por que só se manifestou agora?  

“- Já lhe disse... Você quem me trouxe [...]”

- Corta o papo furado. Sei que não fui eu quem te trouxe aqui, porque se fosse, você já teria se manifestado a muito tempo nesses 28 anos. – Mawaha voltou a cruzar seus braços, escutando uma risada ao fundo. – O que é você? E por que está aqui?

“- Você é bem esperto... Está bem. Eu vou lhe contar.”

- Sou todo ouvidos. – Mawaha voltou a se sentar no chão, escutando o grande animal que rosnava fazer o mesmo, deitando sua cabeça ao lado. O grisalho ergueu uma das sobrancelhas.

“- Eu sou o resquício da joia que você comeu... Não tenho nome ou uma aparência física que agrade os olhos das pessoas. Sou aquilo que chamam de sombra ou outra coisa...”

- Sem nome? – Mawaha falava de modo sarcástico. – Que tal se eu lhe der um? Ficaria feliz?

“- Aconselho que não saia dando nome para pessoas ou seres desconhecidos... Nomes são contratos de almas. Uma vez feito, não pode ser desfeito.”

- Verdade? Que tenebroso, mas mesmo se eu lhe desse um nome, acabaria esquecendo. Minha memória é horrível. – Mawaha continuava com o sarcasmo, vendo um enorme buraco se abrir a sua frente. – O que é isso?

“- Isso é a sua vida... Tudo o que você já experenciou, viu, sentiu ou fez... reside aqui dentro. Até mesmo suas perguntas.”

- Minha vida? – Mawaha inclinou seu corpo para frente, se ajoelhando no chão e levando uma de suas mãos até a grande abertura no chão. Sentiu uma dor sobre seus dedos, como se queimasse e os perfurasse. – Que merda! Ei!

“- Você não pode entrar ali... ainda não domou seus sentimentos selvagens.”

O animal rosnou a frente do buraco, diminuindo seu tamanho e tomando uma aparência mais humanizada, mas com alguns traços do que era antes.

- Tá de sacanagem comigo, não é? É serio que para eu saber quem eu sou ou o motivo disso estar acontecendo... – Apontou para a figura que continuava a rosnar. – Eu vou ter que domar ele? Qual é, eu não levo jeito para cuidar de animais!

“- Se não o domar, não saberá o que é ou qual é o seu proposito aqui... Você o trouxe, você o criou e você criou esse lugar, meu jovem... Somos apenas reflexos das suas emoções conturbadas... Dome-as primeiro antes que elas o domem.”

- O que quer dizer com isso? – Mawaha passava seus olhos pelo local, sentindo a voz desaparecer. Seu corpo foi levado ao chão com um peso sobre suas costas e uma respiração quente batendo em sua nuca. Podia ver de canto um olhar tão ameaçador quanto o seu próprio. O brilho vermelho e as presas que se aproximavam de seu rosto. – Merda!

Mawaha bufava e suava frio, voltando a normalidade. Passou seus olhos pelo local, confirmando que estava novamente no Going Merry, olhando a bolsa de agua quente e sentindo o calor e o ardor sobre os dedos.

- Ô porra. – Xingou fechando a bolsa de agua quente, a afastando e indo colocar seus dedos de baixo da agua.

“Que porra foi aquela? Tá de sacanagem com a minha cara agora? É pegadinha?”

Sua expressão era séria, parecendo a de um velho carrancudo e frustrado.

“Como assim eu vou ter que domar aquilo pra poder ter acesso as minhas memorias e a tudo o que eu sou, ou quem eu sou? Se são minhas, por que eu simplesmente não as pego de volta?”

- Eu poderia tomar a força. Não é como se eu nunca tivesse sentido dor antes. – Murmurava olhando para seus dedos que tinham marcas avermelhadas nas pontas. – Talvez se eu me jogar dentro daquele foço... – Mawaha fechou a torneira, apoiando suas mãos na beirada da pia. – Não, não vai dar certo. – Bufou pegando a bolsa de agua quente.

Mawaha voltou para o deck inferior indo rumo aos quartos e ao “consultório” do médico do grupo. Seus dedos e costas da mão ardiam e incomodavam, provavelmente tinha queimado algumas camadas mais fundas da pele.

O grisalho deu três toques na porta, esperando ouvir a rena permitir sua entrada. Não podia deixar de sorrir ao escutar o doutor andando de um lado para o outro e como suas patinhas faziam um barulho que julgava fofo.

- Pode entrar. – Disse Chopper arrumando algumas coisas sobre a mesa como seu caderno de anotações, livros de medicina e outros utensílios. – Ah, Mawaha, é você. Está tudo bem?

- Doutor Chopper, será que você poderia dar uma olhada na minha mão? – Subiu o braço, mostrando o tom avermelhado sobre a pele morena. – Acabei queimando com agua quente.

- Claro. Senta aqui. – Chopper sinalizou para uma cadeira, a girando e pegando algumas pomadas e ataduras conforme Mawaha se dirigia ao acento. – Como queimou a mão?

- Acabei me distraindo um pouco com meus pensamentos que nem senti quando a agua caiu sobre a pele. – Mawaha falava com a mão sobre a bancada, vendo a rena abrir a boca assim que seus olhos se recaíram sobre o machucado. – O que foi? Por que dessa careta?

- MAWAHA, ISSO É UMA QUEIMADURA DE SEGUNDO GRAU! COMO VOCÊ NÃO SENTIU ELA!? – Dizia Chopper em um tom alto, vendo o grisalho dar de ombros. – Francamente viu... – Bufou conforme começava a cuidar dos machucados da mão. Passando uma pomada por cima da vermelhidão ardente com todo o cuidado, deixando o machucado respirar.

- Obrigado. – Mawaha tinha uma voz calma conforme se levantava e ia deitar na cama, com os pés apoiados na parede, a bolsa de agua quente sobre o abdômen e a cabeça pendida, junto com os cabelos que chegavam até o chão.  – Ainda está com o meu diário, doutor Chopper?

- Sim, estou. – O médico tinha os olhos no paciente, vendo Mawaha o olhar de canto. – O quer de volta? Vai anotar mais coisas?

- Não, pode ficar com ele mais um pouco se quiser... ainda não tenho nada para anotar. Não aconteceu nada de interessante ainda. – Mawaha olhava a porta, sentindo o sangue subir para a cabeça.

- Você encontrou várias coisas interessantes naquele deserto, não foi? Estava vendo os desenhos que você fez, pena que eu não consigo entender nada do que você escreveu. – Chopper falava pegando o diário de dentro de uma das gavetas, foleando as páginas, com brilhos nos olhos.

- Me mostra as coisas que você mais se interessou, e eu vou te falando o que escrevi. – Mawaha continuava naquela mesma posição, virando um pouco o rosto para o lado.

- Isso daqui. – Chopper mostrou a figura das raposas brancas e pretas. – Eu lembro que a Vivi tinha contado sobre elas, mas achava que eram apenas lendas.

- Não, elas realmente existem. Até tentaram atacar a mim e ao Ace na primeira noite. – Bufou colocando uma das mãos sobre o queixo. – Ou será que foi na segunda noite? Enfim... Elas são bem piores do que a Vivi mencionou. São inteligentes, e com uma comunicação incrível de bando. Os fenecos se comunicam por meio de sons muito baixos que eles fazem com a garganta, coordenando ataques, tentando puxar as vítimas para as areias do deserto. – Bocejou. – Um deles tentou me puxar para o deserto como se eu fosse uma presa indefesa, mas não deu muito certo. – Mawaha sorriu para o médico. – Eles também são ótimos escaladores e com presas e garras bastante afiadas... Arrancaram sangue de mim.

- Eles te morderam!? E está tudo bem!? Quer que eu examine os machucados!? – Chopper falava ameaçando a se levantar da cadeira, escutando algumas risadas da grisalha.

- Já se curaram sozinho, doutor Chopper, mas agradeço a oferta. – Mawaha continuava a olhar a rena. – Mas foi um pouco chato de lidar com elas, como andam em bando, parecia que nunca iria acabar. Cansativo demais, mas tinham uma pelagem super macia.

“Deveria ter pegado um pouco para mim... Daria um belo de um casaco.”

- Entendo. – Chopper foleou mais algumas vezes o diário, o virando e mostrando um desenho de uma aranha. – E esse daqui?

- Ah! Essa é uma aranha cega que eu e o Ace encontramos também. – Mawaha tinha um sorriso largo no rosto. – Depois que encontramos o Cathiopea, e ele nos deu uma “carona”. Eu e o Ace chegamos ao que parecia um templo bem antigo, caindo aos pedaços e embaixo dele, acho que era uma catacumba, estava ela. Se o chão não tivesse cedido e eu caído com tudo em cima de umas pedras, provavelmente não teríamos encontrado ela. – Mawaha bufou movendo a bolsa de agua quente um pouco mais para baixo. – Ela tem uma história bem triste na realidade, perdeu seus filhos para os seres humanos, foi cegada e estava sobrevivendo contra a vontade... – Fez uma pausa. – Tudo o que ela mais queria era reencontrar os filhos. Queria morrer.

- Que triste. – Chopper falou olhando o desenho.

- Então eu acabei com o sofrimento dela. – Mawaha sorriu vendo a expressão do médico mudar. – Não, eu não a matei. – Aos poucos se desfez do sorriso. – Eu a libertei do seu desespero. Ofereci uma oportunidade para que continuasse a viver outra vez. Depois de bater nela, é claro. Você pode chorar pelos mortos, sentir raiva ou até mesmo querer morrer por causa disso, mas de toda forma, eles ainda vão continuar mortos.... Prometi que iria a encontrar novamente, voltar para visitar, já que a solidão de uma única alma pode ser comparada aos mais sangrentos campos de batalha. – Mawaha voltou a olhar o teto, forçando o pescoço. – Acho que devo ter me visto nela de certa forma... Uma solidão que te corrói por dentro e destrói tudo o que você é... – Falava com o olhar melancólico.

“Será que eu consigo voltar para lá?”

- Mawaha... por um acaso você [...]

- Não me admira você ter simpatizado com um animal acuado e agressivo.  É quase como se estivesse vendo o seu próprio reflexo. – Zoro entrou no consultório, olhando Mawaha naquela posição e cruzando os braços. – Vai explicar por que sumiu por três dias inteiros e depois voltou como se não tivesse acontecido nada?

“Cara chato do caralho... Agora a pessoa não pode querer ficar um tempo sozinha que já é estranho?”

- Espera, você me chamou de animal acuado e agressivo!? – Mawaha se levantou rápido, se virando na cama, se sentando de um jeito mais “normal”.

- Não, mas se sentiu ofendido, então é como você se enxerga. – Zoro tinha os braços cruzados, bufando e vendo Mawaha abrir a boca para falar algo. – E então? Por que sumiu?

- Sentiu saudade? – Respondeu sarcástico, não recebendo uma resposta direta do espadachim, apenas um olhar sério e duro. – Eu estava doente. Precisava de uns dias para que o meu corpo se recuperasse completamente. Por isso sumi por três dias.

- E por que não disse isso antes, Mawaha? Se tivesse falado que estava doente, eu teria cuidado de você. – Chopper tinha um olhar igualmente sério. – Eu sou o médico do grupo, portanto, é a minha obrigação os manter saudáveis.   

- Eu sei, mas não era uma gripe ou resfriado. Ou qualquer doença. – Mawaha falava apoiando a bochecha na palma da mão. – Vocês lembram do escorpião que o Luffy pegou? E eventualmente eu o peguei para estudar?

- Aquele que fugiu? – Chopper falou.

- Esse mesmo, mas infelizmente ele não fugiu. O desgraçado ficou escondido na minha bolsa e quando eu coloquei minha mão, ele me picou. – Mawaha coçou o olho.

- VOCÊ FOI ENVENENADO!? – Gritou Chopper quase caindo da cadeira.

- Sim. – Disse calmo vendo os dois se olharem. – Queria testar os limites do meu corpo e dessa condição estranha, então deixei que o veneno agisse do jeito que bem entendesse. Tive bastante febre, fadiga e dores musculares, mas nada além disso... E com tudo o que estava acontecendo e com toda adrenalina, meu corpo não teve tempo para assimilar o veneno, o deixando na minha corrente sanguínea, e assim que tudo se acalmou... Ele voltou a agir. Foi por isso que eu sumi por três dias. Foi o tempo que meu corpo precisou para criar uma resistência contra as toxinas e as liberar.

- Você perdeu o juízo, Mawaha!? Isso poderia ter te matado! – Chopper dizia com uma das patas sobre a boca, suando e com um desespero crescente. – TEM IDEIA DO QUE PODERIA TER ACONTECIDO CASO O SEU CORPO NÃO COMBATESSE O VENENO DO ESCORPIÃO!? VOCÊ PODERIA TER MORRIDO! E EU NÃO SABERIA O QUE FAZER JÁ QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU!

- Se acalme, doutor Chopper. Deu tudo certo no final, não tem por que ficar preocupado agora. Eu já estou bem. – Mawaha falava olhando o médico, vendo uma movimentação vinda do espadachim. -  Zoro?

Roronoa deu um soco em seu rosto, fazendo a grisalha o virar com o impacto. O som do soco ecoou pelo quarto. Tanto Chopper quanto Mawaha estavam em choque com a ação tomada pelo homem de cabelos verdes.

- Até quando você vai continuar a ser imprudente assim, Mawaha? Tem noção do que poderia ter acontecido!? – Zoro falava aumentando a voz. Uma sombra recobria seu rosto.

“Ele está bravo? Bravo... comigo?”

- Eu já disse que [...]

- “Deu tudo certo”. “Estou bem agora”. “Queria testar meus limites”. – Sua voz parecia sair como um rosnado bravo, causando uma sensação ruim em Mawaha, uma angústia em seu interior. – Vai testar seus limites até quando, Mawaha? ATÉ MORRER!?

- E se for? E se eu quiser testar eles? – Mawaha continuava, virando seu rosto devagar, encarando o espadachim que permanecia do mesmo jeito. – É a minha vida, Zoro. Meu corpo. Posso fazer experimentos com ele não posso? Posso arrancar pedaços de mim para ver como a pele vai se regenerar... posso ver até quando meu sistema imunológico aguenta antes de entrar em colapso, não posso? Não sou livre para fazer essas decisões? – Seu olhar se fechou para o espadachim. – E seu eu, bem no fundo... seu eu [...]

- CALA A BOCA, MAWAHA! – Zoro deu outro soco, no mesmo lugar. – Você está certo, a vida é sua... é para ser vivida do jeito que você quiser, mas já parou para pensar nas consequências!? – Segurou o colarinho da blusa. – Se você tivesse morrido no deserto, já parou para pensar como que o resto de nós ficaria ao saber disso? Ou se seu plano não tivesse dado certo! Já parou para pensar nas consequências das suas ações, Mawaha!  

- Plano? – Mawaha franziu a testa. Bufou sorrindo e abaixou a cabeça. – Então é disso que se trata... – Segurou os pulsos do espadachim, apertando seus dedos. – Você está bravo, não está? Está bravo comigo...

- Mas é claro que eu estou bravo com você, Mawaha! – Zoro continuava a apertar a roupa entre os dedos. – Não, bravo é pouco... Eu estou puto da vida com você! Todos nós estamos!

“Por que...”

- Me desculpem... – Mawaha tinha uma voz baixa, mordendo o lábio inferior. – Achei que estava fazendo a coisa certa... pelos meus cálculos, iria dar certo. Da próxima vez, vou melhorar.

- Cálculos... coisa certa... Próxima vez!  Você está falando e falando, mas não está escutando! – Zoro apertou ainda mais a gola, sentindo o pulso ser apertado. – Da próxima vez, você pode acabar morto, Mawaha! Acha mesmo que eu quero continuar com uma pessoa que está pouco se fodendo se quer viver ou morrer!? Eu não entreguei a Wado para uma pessoa imprudente ou que não sente vontade de viver! Se quer carregar aquela katana, você tem que a merecer! – Suas mãos começavam a tremer. – “Eu não quero a recuperar do seu corpo morto.”

“O que foi isso? Foi quase como.... Não, deve ter sido só a minha imaginação”  

Mawaha abriu a boca por alguns segundos, como se quisesse falar algo, mas nada saía de sua garganta. Com os olhos de ambos focados um no outro. O silêncio permaneceu na sala por alguns segundos, até um gemido de dor cortar o comodo.

- Merda... – Mawaha olhou para cima, colocando a mão nas costas.

- O que foi, Mawaha? – Zoro soltou a grisalha que se ajoelhou na cama, passando a mão nas costas.

- Deve ter algum fragmento ainda dentro das minhas costas. – Mawaha falava conforme subia suas mãos pelo meio das costas, pressionando a pele e reclamando.

- Fragmento? Fragmento do que? – Zoro falava olhando para o grisalho que segurava os lençóis. – Do que ele está falando, Chopper?

- Não tenho ideia. – Disse o médico se aproximando da cama com um semblante sério.

- Lembra que eu disse que cai sobre umas pedras quando o chão cedeu? – Mawaha puxou o ar. – Então... uma das pedras perfurou minhas costas. Na hora que isso aconteceu, eu tirei boa parte dos fragmentos que ficaram, mas acredito que tenha um ou dois que ficaram presos... – Mordeu a parte interna da boca. – Meu corpo está tentando cicatrizar, mas com eles no caminho, ele não consegue... E isso me causa um pouco de dor. – Subiu suas unhas negras pela pele e as enfiou, abrindo um pequeno corte que começava a sangrar.

- Idiota! Não faça isso! – Zoro segurou a mão, puxando as unhas.

- Relaxa aí, espadachim marombeiro... isso daqui não é nada. – Mawaha afastou a mão que segurava e impedia de fazer o necessário. Virou seu olhar para o médico que tinha a sobrancelha franzida. – Doutor Chopper, o resto fica para você. Não consigo ver minhas costas ou onde esses incômodos estão.... Você vai ter que os tirar. – Mawaha voltava a perfurar as costas, criando um pequeno corte de no máximo cinco centímetros.

Chopper concordou com a cabeça, indo para sua bancada pegar alguns materiais e se preparar para aquela pequena “operação”.

Mawaha apertava o lençol entre os dedos devido a sensação que julgava nojenta em suas costas. Sentia o metal gelado da pinça mexendo entre seus músculos, pegando e puxando os fragmentos que restavam em suas costas. Era gelado, incomodo e que fazia seu estomago se revirar.

“Lembrei o porquê de não gostar de cirurgias... Me lembra daquele homem.”

 Alguns minutos se passaram até Chopper tirar tudo o que tinha prendido entre as costas, se certificando e fechando o pequeno machucado com alguns pontos e ataduras.

- Pronto... – Passou o casco na testa. – Acho que tirei tudo. Está sentindo algum incomodo, Mawaha?

Mawaha se levantou da cama, mexendo um pouco as costas.

- Não no momento... – Franziu a testa pela sensação do esparadrapo em sua pele. Aquilo o deixava louco. Levou suas mãos sobre a branca e a puxou. – Isso daqui está me incomodando.

- O que está fazendo!? Para de ficar tirando os curativos! – Gritava Chopper voltando a pegar mais dos tecidos e ir em direção a Mawaha. – E se seus pontos arrebentarem!?

- Relaxa, mesmo se eles se arrebentarem, vão se curar. – Mawaha se levantou da cama, desviando do médico que corria em sua direção. – Não precisa os enfaixar.

- Claro que precisa! E se você pegar uma infecção ou algo do tipo!? – Chopper falava alto ficando ainda mais irritado conforme via a grisalha abrir os pontos. – Mawaha!

- Doutor Chopper, eu sei que está preocupado comigo, mas de verdade... – Mawaha virou as costas mostrando o machucado que começava a mostrar sinais de cicatrização, com o sangue parando de escorrer. – É bem provável que em duas ou três horas, no máximo, esse pequeno corte já esteja curado.

Os olhos de Chopper brilhavam de interesse e um pouco de espanto também. Já tinha visto os ferimentos se curarem de um dia para noite em Mawaha, mas aquilo era diferente. Estava se curando mais rápido.

- Meu corpo não se comporta da mesma forma que o de vocês. Ele se cura mais rápido e é mais resistente de certa forma. Não importa quantas vezes eu me corte, perca sangue ou seja envenenado. Ele vai se curar. – Limpou o sangue das costas e abaixou a blusa. – Por isso que eu digo para não se preocupar. – Sorriu.

“Humanos... não fazem isso, não é?”

- Você é burro? – Zoro cortou os dois, tinha seus braços cruzados e uma das sobrancelhas levantadas. – Não é só porque se cura mais rápido do que todos aqui, é mais resistente e o caralho que for, que você pode ficar se machucando. – Apontou para Chopper. – Você tem companheiros que ainda ficam preocupados com o seu bem-estar.

Mawaha ergueu uma das sobrancelhas, virando o rosto lentamente para o médico que tinha a testa um pouco franzida e o corpo rígido.

O grisalho abriu a boca quando percebeu. Olhou para Zoro que soltava um ar pesado por seus pulmões e fez o mesmo.

- Foi mal... – Mawaha limpou a garganta, coçando a nuca.

- Às vezes eu fico me perguntando se você não tem senso... – Zoro olhava para um canto, pendendo a cabeça para o lado. – Parece até uma criancinha que não mede suas ações... Um bebezão.

- Vai tomar no seu cu, Roronoa Zoro! – Mawaha tinha a boca aberta e os olhos fechados. – Bebezão de cu é rola! Eu tenho 28 anos!

- 28? – Olhou o grisalho de cima a baixo. – Se é tão maduro assim, por que age de forma infantil ou impulsiva as vezes? Tem certeza de que tem 28 anos?

“Ah como ele é irritante!”

Mawaha revirou os olhos e cruzou os braços.

- O que você veio fazer aqui, Roronoa Zoro? – Mawaha falava soltando um bufar. – Eu tenho certeza de que você não veio aqui só por preocupação.

- Você está certo. – Zoro sorriu vendo mais um revirar de olhos. – Vim avisar que o Luffy está chamando todos lá na cozinha. – Apontou para a grisalha. – Você vai ter que explicar tudo isso de novo.

- Hã? Por quê? – Mawaha bufou em cansaço andando até a porta, sendo seguida pelo espadachim e pelo médico. – Eu odeio explicar as coisas. Tenho preguiça.

- Ninguém mandou sumir por três dias no navio de um certo corsário, e reaparecer como se nada estivesse acontecido. – Zoro falou rápido.

- Que desgraça. – Mawaha bocejou subindo para o deck principal.

E novamente mais e mais brigas e preocupações foram despejadas no colo de Mawaha após contar, o fazendo bufar sentado em um canto quase como se estivesse de castigo por suas ações.

- Como você é imprudente! Tem ideia de que poderia ter morrido, Mawaha!? – Nami falava batendo a mão contra a mesa, recebendo um aceno de cabeça. – Francamente...

- Senhorita Mawaha... – Sanji olhava a grisalha que torcia a boca. – Quanta imprudência.

“Por quê? Eu só estava querendo entender melhor como as coisas funcionam... É errado? Mesmo que seja o meu corpo?”

Olhou para Zoro que estava com a cabeça baixa em um canto da sala, com as katanas na parede.

“Ele parece decepcionado...”

- Ei, Mawaha! Está me ouvindo!? – Nami falava batendo novamente a mão na mesa, vendo a grisalha levar seus olhos até os seus. – Não vai falar nada?

“Causei problemas mais uma vez.”

- E eu deveria falar o que? No meu ponto de vista, não fiz nada de errado. – Mawaha pendeu a cabeça para o lado, vendo Nami bufar junto aos outros.

“Não entendo... Por que estão desse jeito?”

Se virou para Crocodile que lia o jornal e fumava seu charuto.

Chopper moía algumas ervas no chão, enquanto Sanji lavava alguns pratos e Nami olhava um mapa que tinha conseguido em Nanohana a um tempo atrás. Já tinha se cansado de toda aquela confusão. E com tudo o que tinha acontecido, não tinha tido tempo de mostrar a nova descoberta para os companheiros.

Zoro olhava por cima dos ombros.

- Essa não é a ilha onde o Tesouro Imperial descansa? – Falou o espadachim com uma empolgação na voz.

- Sim, ela é conhecida como Ilha Oukan. Ou, ilha da Coroa. – Nami tinha os olhos no mapa. – Quando encontrei esse mapa lá em Alabasta, quase não pude acreditar.

- Já era esperado que a senhorita Nami encontrasse um mapa com tamanha importância. – Sanji tinha um sorriso em lábios junto a um cigarro conforme mexia nas panelas.

- Aposto que é um tesouro realmente incrível! – Dizia Ussop com o nariz erguido.

- Vamos descobrir! – Luffy seguiu na empolgação. – Eu estou ficando empolgado só de imaginar!

- Não vamos. – Chopper falou mexendo em sua mochila, atraindo a atenção dos companheiros.

- Do que você está falando, Chopper? – Sanji voltou seu olhar para a panela.

- Tem um tesouro lá só esperando por nós. Que tipo de idiota deixaria uma chance dessas escapar? – Nami descansava a bochecha em uma das mãos.  

- Mas deve haver piratas assustadores tentando pegá-los! – Chopper se levantou do chão, falando alto e suando.

- Você é um pirata também. – Luffy desenhava em um papel, ouvindo a rena dizer algo, mas estava entretido demais.

- Dá um tempo... – Ussop se levantou do palanque que estava.

- Mas, escutem, eu fico enjoado. E seria ruim se alguém se machucasse! – Chopper continuava a dizer com as patinhas sobre a testa.

- Caso alguém se machuque, nós temos um médico conosco, não é? – Continuava o atirador com um sorriso no rosto, indo em direção a rena.

- Temos, mas [...]

- Vai mostrar o quão novo você ainda é com tudo isso?  Você nunca pode saber que tipo de mostro nós vamos encontrar! – Ussop instigava o medo de Chopper.

- Monstro!? – Dizia a rena suando ainda mais e se afastando com as caretas do narigudo. Gritando e mexendo suas patinhas.

- Como ele consegue acreditar nisso? – Nami olhava para o lado.

- Tesouro é? – Crocodile soprou a fumaça, subindo seu olhar para a grisalha que cutucava o chão. – Quem sabe com esse tesouro...você possa pagar o que me deve, Mawaha.

Mawaha revirou os olhos.

- Sua dívida ainda é bem alta, e mesmo sendo um homem paciente, ainda sim gosto do meu dinheiro. – Continuava Crocodile com um olhar sério, vendo as reviradas de olhos e os bufares soltados.

- Dívida? Que dívida? – Sanji desligou o fogo, olhando para os dois junto ao resto da tripulação.

- Você está endividado, Mawaha? – Nami perguntava olhando para o grisalho que mexia a cabeça.

- É... tipo isso. – Bufou se levantando do chão. – Quando estava jogando e apostando com o Zé do Gancho, acabei pedindo mais dinheiro do que eu tinha disponível. – Andou até Crocodile, o olhando de cima a baixo, pegando o jornal que lia. Estava procurando algo. – Consequentemente eu acabei com uma dívida que ultrapassa a casa dos seis ou oito zeros. – Deu de ombros. – Não lembro.

- COMO ASSIM!? – Gritavam em coro com as bocas caídas.

- Mawaha, como você conseguiu uma dívida desse nível!? – Nami falava mais alto que todos, sentindo suas pernas fraquejarem, a obrigando a se sentar.

- Eu gosto de apostar. – Mawaha continuava com os olhos no jornal, franzindo a testa.

- Não existe nenhuma recompensa em seu nome. Já olhei. – Disse Crocodile pegando o jornal novamente. – Se tivesse, eu mesmo te entregaria para a marinha para recuperar o dinheiro que você me deve.

- Mesmo se tivesse coragem, você não faria. – Mawaha pegou o charuto e o apagou entre as mãos. Apoiou uma entre a madeira e a outra sobre o ombro do corsário, ficando perto de seu ouvido e cochichando algo.  

Crocodile tinha uma veia pulsante na testa junto a seus dentes que rangiam de pura raiva.

- Não conte com a sorte o tempo todo, Mawaha. – Sua voz soava venenosa e perigosa. – Eu posso acabar com todo esse navio só com a minha mão direita.

Os chapéus de palha engoliram a seco, se levantando das cadeiras e se preparando para caso precisassem lutar.

- É mesmo? – Mawaha afastou seu rosto, passando sua mão pelos cabelos do corsário e os puxando com força. – Se destruir o Going Merry, você vai acabar caindo na agua, Crocodile, e como é usuário de fruta do diabo, acabará afundando.

- Acha mesmo que eu não vou pegar meu navio de volta? – Falava se levantando, fazendo Mawaha soltar seu cabelo.

- Você não vai fazer isso. – Mawaha levantou uma das mãos para os companheiros, um sinal para que não interferissem. – Pois se fizer... Você sabe muito bem do que eu sou capaz de fazer. – O olhar do grisalho era frio, confrontando o Corsário. – Eu não tenho medo de você, Crocodile... Mas é você quem deveria ter medo de mim.

Crocodile soltou uma risada anasalada, passando sua mão sobre o pescoço de Mawaha. O erguendo, fazendo suas costas baterem contra parede.

- Só um toque e você morre... E meus problemas iriam acabar. – O olhar continuava feroz de ambos os lados, com sorrisos a mostra. – Acha que pode escapar da morte?

- Eu já escapei várias vezes. – Mawaha falava virando o rosto para os Chapéus de palha que se olhavam e pegavam suas armas. – E você? Será que consegue escapar dela?

- Acha mesmo que eu não consigo lidar com os seus companheiros? – Tinha o olhar de canto. – Luffy do Chapéu de Palha pode ser um empecilho, mas e quanto aos outros? Acha mesmo que não consigo acabar com todos?

- Não é com eles que tem que se preocupar, Crocodile. – Mawaha segurou o rosto do corsário, apertando suas unhas entre a pele, causando pequenos cortes que escorriam. – É comigo.

Crocodile começou a rir, junto a Mawaha que o seguia. Soltou o grisalho e voltou a se sentar em sua cadeira.

- Ei...  Mawaha... você não disse que tinha ele na palma da sua mão? – Ussop falava engolindo a seco, acompanhando o outro com os olhos.

- Está com medo? – Mawaha se espreguiçou, estalando as costas e seus dedos. Soltou um bufar. – Relaxem. Se ele realmente quisesse os matar, já teria feito. – Olhou novamente para o corsário que voltava a ler. – Mas ele não vai fazer nada enquanto eu estiver aqui.

- Ele não parecia estar “na palma da sua mão” agora a pouco! Não, ele parecia que iria nos matar. – Ussop continuava, se exaltando a cada segundo que passava.

- Ter uma pessoa na palma da sua mão não necessariamente significa que você a pode controlar, ou, controlar suas emoções. – Mawaha se sentou à mesa, passando os olhos pelo mapa. – Mesmo que eu o tenha comigo, não posso o impedir de fazer suas ameaças ou o que for... Mas ele não vai nos atacar. – Levantou seu olhar para o grisalho. – Não é, Crocodile?

O corsário apenas bufou.

- Bom, de todo o modo, não posso usar esse tesouro para pagar minha dívida. – Mawaha franziu a testa junto aos seus lábios. – Talvez eu venda o Jolly Roger e use o dinheiro para quitar essa quantia... É bem provável que ainda irá faltar bastante, mas pelo menos eu estarei bem mais próximo ao fim do que do começo.

- Você não vai vender o meu navio. – Crocodile dizia com os olhos sobre o papel.

- E por que não? Ele é um navio grande, está em um bom estado e a madeira é de alta qualidade... Com certeza iria tirar uma boa grana. – Mawaha cruzou seus braços. – Por falar nisso. – Olhou para o homem, tinha a boca aberta e um sorriso nos lábios. – Você está tentando compensar alguma coisa com ele, Crocodile? Segundo Freud, talvez você esteja.

- Não foi bem isso o que você disse daquela vez. – Crocodile respondeu mais rápido que o grisalho, dobrando o jornal e o colocando em um canto. – Quais foram exatamente as palavras que você usou? Grande e grosso? E até se engasgou.

Mawaha riu em escárnio, passando sua língua por um dos caninos.

“Ah... esse filho da puta...”

- Me pegou... – Mawaha ergueu as mãos em rendição. – Não vou vender o Reginaldo Crisântemo III.

- Esse não é o nome do meu navio. – Continuava Crocodile, sendo ignorado pelo grisalho.

Os chapéus de palha se olhavam com a boca aberta, vendo Mawaha mexer no mapa normalmente e Crocodile se levantando e saindo da cozinha como se nada estivesse acontecido.

Chopper parecia mais assustado do que antes, andando para trás e esbarrando em Luffy que tinha a cabeça pendida para o lado. Se assustou com o desenho que o capitão fez, soltando um grito.

- Se você se assusta tão fácil assim, significa que você não está pronto para ser nosso companheiro. – Dizia Zoro com uma voz forte.

- Eu não estou assustado! E se chegar a hora, eu vou lutar bravamente com vocês! Igual o que eu fiz em Alabasta! – Chopper respondia.

“Sendo assim... por que aquele atirador ainda está aqui? Ele não é o mais covarde de todos?”

- Belas palavras. Seria ruim caso você se acovardasse na hora que as coisas ficassem difíceis. – Sanji trouxe alguns pratos, os colocando sobre a mesa.

- E-eu vou me tornar um corajoso pirata! – Dizia Chopper fazendo os companheiros sorrirem.

Um barulho fora do navio chamou a atenção de todos. Era quase como se algo estivesse explodindo, fazendo Chopper e Ussop gritarem.

Os chapéus de palha saíram correndo de dentro da cozinha, indo para o deck principal. Em sua frente, uma ilha rodeada por pedras e com agua sendo jogada pelos buracos.

- Ei, uma ilha! – Dizia Luffy olhando para a ilha conforme Zoro e Sanji passavam em suas costas, se assustando com os jatos de agua que viam do fundo.

A explosão causada pela agua fez com que Merry e o outro navio preso ao de ovelha fossem jogados para cima, o mais alto que podia.

- Uma erupção vulcânica embaixo d’agua!? – Zoro se segurava no corrimão do navio, junto a Chopper.

- Olhem! Lá embaixo! – Nami apontava para a nuvem que se formava ao entorno da ilha.

- As nuvens de fumaça estão formando um círculo! – Zoro tinha um suor preso em seu rosto, olhando para baixo e vendo a altura em que estavam.

- Um círculo!? -  Luffy correu para o lado do espadachim. Tinha um sorriso no rosto.

A fumaça circulava o local, diminuindo aos poucos e revelando sua forma.

- Você acha.... que pode ser... – Ussop se segurava nas cordas da vela. Estava quase que enroscado.

- Sim, sem dúvida! – Nami sorria.

- É a Ilha Oukan! – Gritou Luffy com um enorme sorriso.

 Going Merry e Jolly Roger voavam sobre a ilha devido à pressão que os jogou para cima, passando pelas arvores, relevos e riachos.

- Que ilha linda! – Luffy falava com um brilho nos olhos e um largo sorriso à medida que os navios começavam a perder altitude.

- Ei, não é hora para ficar apreciando a vista! – Zoro falava cerrando os dentes pelo que se aproximava. A aterrisagem.

À medida que caíam, Chopper era arremessado para fora do navio, batendo contra o ninho da gaivota e se enrolando na bandeira de caveira. Segurou em suas pontas, mas o tecido se partiu, o fazendo ser arremessado para fora do navio.

- Chopper! – Gritou Luffy esticando seu braço na esperança de segurar o companheiro, sendo em vão.

Ambos os navios bateram com tudo na agua, quicando e deslizando pela superfície enquanto aos chapéus de palha batiam sobre as madeiras do deck.

- Ei, pessoal, vocês estão bem? – Zoro perguntava ao se levantar do chão, passando seus olhos rapidamente pela tripulação.

- Sim...de alguma maneira... – Ussop falava ainda preso as cordas.

Sanji abriu seus olhos, quase tendo um infarto ao ver que estava caído sobre as coxas da navegadora.

Nami escutava os murmurinhos vindo do cozinheiro, se irritando e o jogando para longe.

- Que irritante! – Falou se levantando e limpando o vestido.

- Ah... a senhorita Nami fica tão linda quando está irritada. – Dizia Sanji caído ao chão.

- Ei, vocês aí... – Chamou uma voz vinda da baia da praia, atraindo a atenção do capitão e seu imediato. – O que vieram fazer nessa ilha? – Por que vieram até aqui?

- O-o que!?O pássaro falou!? – Ussop se soltou das cordas, caindo ao chão. Correu até o corrimão do navio e ficou encarando o animal.

“Pássaro falante?”

Mawaha se levantou quase arrastado do chão, subindo e se colocando ao lado dos outros. Apertou os olhos.

“Parece um velho muito idoso...e com roupas estranhas.”

- É um papagaio. Claro que pode falar. – Zoro encarava o animal.

- Porém, eles não falam desse jeito! – Nami correu até a ponta, sinalizando com as mãos.

- Compreender a língua humana é uma tarefa trivial para alguém como eu! – Dizia o animal que era carregado e acompanhado por outros dois. – Entretanto, honestamente falando, os únicos animais nessa ilha que podem falar...sou eu e o Karasuke. – Afastava seu corpo vendo o garoto de chapéu de palha se aproximar.

- Legal! Essa é uma ilha misteriosa! – Luffy juntou as mãos à frente do corpo, ficando bem próximas do papagaio que falava.

- Quem é você? – O papagaio encarava Luffy.

- Bem na hora! Você conhece o Chopper? – Ignorou a pergunta feita pelo animal falante. – Chopper...

- Chopper? – Repetiu o papagaio pendendo a cabeça para o lado.

Mawaha encarava o papagaio de dentro do navio, apertando seus olhos e fazendo um barulho com a boca.

“Essa porra é um papagaio? Tem certeza? Ele é careca...e fala que nem gente velha... É um papagaio mesmo?”

Seus ouvidos captaram um ruido bem baixo vindo de um canto da ilha, junto a uma sensação que subia por suas costas, o fazendo desviar o olhar.

- Ei! Chapéus de palha! – Crocodile falava alto passando para o navio de ovelha. Estava visivelmente irritado. – O que estão fazendo!?

- Shh... – Mawaha soou para o corsário, colocando seus dedos na frente da boca, apertando seus olhos.

- Você fez “Shhh” para mim? – Outra veia apareceu em sua testa, seguido de outro som com S. – Quem você pensa que é!?

- Fica quieto, porra! – Mawaha falava com a testa franzida. Voltando seu olhar para a ilha. – Alguém acabou de morrer.

- Morrer? Do que você está falando, Mawaha? – Zoro tinha o olhar sobre a de cabelos grisalhos.

- Não conseguem ouvir? A lamuria? – Mawaha continuava com a testa franzida para a floresta. Apontando para um lugar. – Está vindo de lá.

 

[Em algum lugar da ilha]

O som de sino anunciava o que todos os animais da ilha mais temiam, junto a enorme fila que se formava, parando bem à frente do buraco de uma arvore. Era possível escutar o choro ecoando pelos animais estranhos, seu luto.

Dentro da arvore, um grande leão com uma coroa dourada ao topo de sua cabeça e asas. Com um pelo alaranjado que chegavam até o chão. Patas que se assemelhavam a mãos humanas, com garras longas e negras.

Em seu leito, uma criança e um corvo tão estranho quanto o animal que morreu, aproximavam e lamentavam a recente morte.

- O leão Kirin... – Dizia a criança com um lamento em sua voz.

- Mobambi... – Dizia o corvo estranho. – Nosso rei soberano aproveitou bem sua vida, era a sua hora de morrer. Você não pode ficar de luto para sempre.

- Eu sei disso, Karasuke. – Mobambi dizia conforme o sino continuava a ser tocado por várias vezes.

- “Quando a ilha exibir sua coroa, os céus nós darão um novo rei animal.” – Continuava o corvo guiando o garoto por uma rua de terra.

- Mas ela é verdadeira? Essa lenda... – Mobambi tinha uma das sobrancelhas erguidas. – Realizar a cerimônia realmente vai chamar um novo rei?

- Sim, provavelmente. – O corvo andava, se aproximando de um grupo de animais e ajeitando o óculos que usava. – Os anciões sempre tiveram fé nisso.

Enquanto isso, Chopper rolava ladeira abaixo, com a bandeira enrolada em seu pescoço.

- Um novo Rei animal que vêm do céu. – Mobambi sorria. – Não importa como você veja, é difícil de acreditar...

Rolando por entre a grama e caindo de um desfiladeiro. A rena tinha lagrimas em seus olhos conforme caía, caindo bem em cima de uma pedra, o fazendo urrar de maneira estranha.

- Rei!? Ele disse rei!? – Mobambi correu assim que viu o animal a sua frente. Tinha a boca aberta em descrença e os olhos arregalados.

- Ele veio dos céus! Ele poderia ser... – Karasuke falava igualmente surpreso.

Chopper continuava a gritar, aumentando seu tamanho pela queda. Levantou cambaleando, andando de um lado para o outro e sentindo a dor lasciva em sua bunda causada pela pedra.  Foi quando reparou na grande quantidade de animais a sua frente, o saudando como seu novo rei.

- Ele é o novo Rei Animal! – Falava Karasuke sendo seguido pelos outros que festejavam gritando e urrando de maneira animalesca. – Surgiu um novo Rei Animal!

- Rei...Animal? – Chopper murmurava olhando os animais estranhos que saltavam, grasnavam, batiam seus cascos e celebravam. – Um rei? Onde? – Se virou para Mobambi e Karasuke, olhando para os lados.

- Incrível! Ele fala a língua humana! – Mobambi correu até Chopper que recuou. – Ele pode falar a língua humana!

- Quem é você? E o que é um Rei Animal? – Chopper o encarava, passando seus olhos de cima a baixo.

- Não seja tolo! Você é nosso rei soberano! – Comemorava a criança.

- Então a lenda era verdadeira...- Karasuke se juntou ao garoto. – Você é nosso rei animal!

- Hã!? Rei!? – Gritou Chopper boquiaberto. – Eu sou o novo Rei animal!?

 

[Grupo do Luffy]

Os chapéus de palha tinham saído do Going Merry, o deixando ancorado perto da orla, com Micco e Robin como seus “protetores” já que ambos não estavam com vontade de explorar a nova ilha.

O grupo andou por um tempo, passando pela floresta, até chegar em um campo aberto, com grama verdejante e com algumas pedras espalhadas pelo chão. Luffy e Ussop se jogaram sobre uma, deitando e reclamando como sempre, enquanto os outros se encostavam e ficavam olhando a cena.

- Que fome! – Gritou Luffy seguido de seu estomago que roncava.

- Não tem nada além de campos e floresta para onde quer que a gente vá...- Dizia Ussop seguindo as reclamações do capitão. – Procurar o Chopper por tudo isso não vai ser fácil.

- Nós podíamos nos separar, assim iriamos cobrir mais terreno... Além de dividir nossa força de busca. – Mawaha falava sentada com as pernas cruzadas e uma mão repousando na bochecha. – A ilha deve ter o que? Uns dois a três quilômetros? Se nos dividirmos em três grupos, talvez podemos achar o Doutor Chopper mais rápido... Ele é uma rena que fala e anda em duas patas, não deve ser tão difícil de o encontrar.

- Pode ser uma boa ideia... – Sanji falava olhando para o grupo, tinha um cigarro entre os lábios. – Mas eu queria saber o porquê de vocês estarem nos seguindo. – Virou a cabeça para os animais que vinham logo atrás.

- Quieto humano! Eu não sei quais as suas intenções. Honestamente, eu estou mantendo meus olhos em vocês. – Dizia o papagaio calvo.

“Ele é muito paranoico...”

- Nós não somos pessoas das quais você precisa se preocupar. Nós não vamos come-lo. – Zoro cortava o papagaio falante, o olhando com uma expressão de despreocupação conforme um grito de Luffy pedindo carne se sobrepunha sua voz. – “Menos aquele ali.”

Mawaha colocou a mão no ouvido, olhando para os lados e franzindo a testa em direção a Zoro.

“De novo? Que porra foi essa!?”

- O que foi, Mawaha? Perdeu alguma coisa na minha cara? – Zoro falava vendo a grisalha balançar a cabeça. – Você está muito estranha.

“Eu podia jurar que escutei algo...”

- Está se sentindo bem? – Crocodile olhava Mawaha de cima com o seu olhar de superioridade e desprezo. – Não vai desmaiar de novo, vai?

- Por quê? Está preocupado? – Mawaha falava sarcástico levantando a cabeça para o corsário, vendo sua mão ir em direção a sua testa, passando seu dedo mindinho pela pele. – Eu estou bem

- Então por que está suando? – Crocodile tirou o dedo da pele, mostrando pequenas gotas que reluziam com o brilho.

- Estamos de baixo do sol forte e andando por um tempo, é normal que você comece a suar, não é? Seu corpo precisa se resfriar e essas coisas... – Mawaha afastou a mão de sua testa, batendo as costas contra a palma. – Você não sua por acaso?

- Mas é claro que sim. – Crocodile cruzou os braços, voltando seu olhar para o espadachim que os encarava. – A única diferença, é que meu corpo produz pouco suor por conta da minha fruta. Não seria muito viável um usuário da fruta da areia suar da mesma maneira que você ou os outros. Eu me tornaria inútil.

“Mas você é de certa forma... Se não estiver em terra firme, estiver no mar ou embaixo da chuva, você é meio que inútil, não é?”

- Carne! Carne! Eu quero cravar meus dentes em alguma carne! – Luffy continuava a gritar, levantando seu corpo da pedra e o mexendo de um lado para o outro. – Eu estou com fome!

- Honestamente, suspeitos... – O papagaio tinha um suor escorrendo de sua testa conforme olhava na direção do capitão.

- Senhor papagaio calvo, eu tenho uma pergunta para você. – Mawaha ergueu a mão, chamando a atenção do animal. – Vocês estão fazendo algum funeral? Alguém morreu aqui?

- P-por que dessa pergunta tão repentina!? – Dizia o papagaio olhando Mawaha com a testa franzida. – Você é um humano bem suspeito! Não vou responder a essa pergunta!  

“Eu? Só por perguntar se alguém morreu? Ah, por favor.”

Mawaha apontou para o rosto, vendo o animal balançar a cabeça por repetidas vezes. Bufou e voltou a cruzar os braços.

“Independente se você vai ou não me responder... Eu posso muito bem sair mata adentro procurando de onde está vindo esse barulho.”

Um porco alongado, fino e com nariz grande corria até o topo de uma colina, grunhindo alto por suas narinas e atraindo a atenção dos chapéus de palha.

- O que aquele porco estranho esquisito está fazendo? -Nami olhou em sua direção, seus olhos pareciam maiores com a surpresa, enquanto Luffy se levantava da pedra, com a boca cheia de saliva e a língua para fora.

Mawaha novamente colocou a mão sobre a orelha, franzindo a testa e fechando um dos olhos.

- O que... O que é isso que eles estão dizendo? – Segurou na manga de Crocodile, apertando o tecido, sentindo o olhar pesado cair.

“Algo está vindo...”

- É o porco mensageiro! Parece que surgiu um novo Rei Animal! – Dizia o papagaio com uma voz animada vendo o porco estranho sair correndo o mais rápido que conseguia.

- Rei Animal? O que é isso? – Luffy pendeu sua cabeça para o lado, sentindo o chão tremer abaixo do seus pés. – Hum? O que está acontecendo?

- Por que o chão está tremendo? – Ussop seguiu o capitão, olhando para a grama e para o horizonte. – O que é aquilo? – Uma nuvem de poeira se formava.

- Pessoal corram! Está vindo uma debandada! – Mawaha falava alto escorrendo sua mão até o olho fechado, erguendo a cabeça e apontando para a nuvem de poeira que parecia gritar e urrar.

- Uma debandada? – Sanji olhou de canto para a grisalha que apontava para frente.

Os animais mais estranhos que o imaginário pudesse criar começavam a correr ao entorno dos chapéus de palha, desviando das pedras em que estavam, trazendo a poeira para cima.

- Incrível, é uma debandada animal! – Sanji subiu sobre uma das pedras, se levantando e olhando para frente.

“São muitas vozes...”

- Onde eles estavam escondidos!? – Dizia Ussop igualmente surpreso e com os olhos arregalados.

 - Honestamente, isso é uma importante celebração! Um novo Rei Animal nasceu! – Continuava o papagaio a frente dos tripulantes do Going Merry.

As pedras em que estavam sentados começaram a se mover, revelando outros animais. Rinocerontes, que se sacudiam e começavam a correr, carregando o grupo.  

- O que é isso!? Eu pensei que eles eram meras pedras! – Nami falava quase gritando e se segurando nos animais que corriam.

- Eles são rinocerontes quadrados! – Dizia Ussop.

- Que legal! – Luffy tinha as mãos erguidas para cima. Estava se divertindo.

 

[De volta ao Chopper]

- Por que eu sou o Rei Animal? – Chopper tinha uma coroa em sua cabeça e um enorme banquete de frutas variadas a sua frente.

- Porque você veio do céu, como diz a lenda. – Mobambi dizia sinalizando com as mãos.

- E de onde vem essas roupas? – Abaixou o olhar para a estranha combinação.

- Ah, a muito tempo, eu... – Mobambi balançou a cabeça como se espantasse um pensamento. – Isso não tem importância agora... – Vendo Chopper se afastar. – Ei! Onde está indo!?

- Casa! Para o navio dos meus amigos! – Chopper continuava a andar, sentindo suas roupas serem puxadas.

- O que está dizendo? Se nosso Rei soberano for embora, quem irá proteger a ilha? – A criança continuava a puxar a roupa.

- Eu não sou nenhum Rei Soberano, seu maluco! Eu sou o Tony Tony Chopper! – Afastou sua mão com o casco.

- Então seu nome é Chopper? Que nome bonito! – Mobambi sorriu. – Eu me chamo Mobambi.

- Verdade? – Chopper se aproximou. – Eu tenho um belo nome? Acha mesmo? O homem que me ensinou medicina, o maior de todos os médicos do mundo, me deu esse nome.

- Hã!? Você é médico!? Que legal! – Dizia Mobambi com um sorriso ainda maior em seu rosto. – Na verdade, vários de nossos amigos estão machucados! Você é realmente incrível!

- Eu sou...incrível? – Chopper tinha o olhar baixo.

- Mas é claro! Se a coisa ficar feia, você será de grande ajuda! – Continuava a criança.  

- Sim, mas ainda... – Chopper puxou suas bochechas.

- Você provavelmente é corajoso e muito forte também! – Mobambi continuava com os elogios vendo Chopper aumentar seu tamanho e socar uma pedra, a quebrando. – Q-que incrível!  

- Não importa quantas vezes você me elogie, isso não irá me fazer feliz! – Chopper falava animado, batendo palmas e se mexendo de um lado para o outro. – Seu infeliz...

- Você parece bem feliz na verdade... – Mobambi murmurava vendo a cena.

- Certo, pessoal! Como parte da celebração pelo mais novo Rei Animal coroado, vamos todos ouvir seu discurso de coroação! – Karasuke dizia fazendo um silencio cair sobre o círculo a volta de Chopper, com olhos arregalados e brilhantes em anseio pelo discurso do rei.

- Hã? – Chopper via os animais o cercarem. – Esperem um pouco, eu nunca concordei em seu o seu Rei Soberano.

- Você não pode? – Mobambi tinha uma voz triste.

- Desculpem, eu sou... – Chopper pisou em uma pedra, gritando por ter furado seu pé. Seu grito causou uma grande confusão devido as palavras que saíam de sua boca.

- Ele declarou: Rei! – Mobambi voltou a ficar feliz conforme a rena caia ao chão. – Você é realmente nosso Rei Soberano, não é?

- Mas que maravilhoso discurso de coroação! – Karasuke dizia igualmente feliz sendo seguido pelos animais que comemoravam e Chopper chorava pelo machucado em seu pé.

O chão continuava a tremer com os animais que corriam felizes e ansiosos para ver o novo rei coroado, pulando sobre uma colina e fazendo os Chapéus de palha caírem no chão.

Seus olhos se encheram com a maravilha que era o lugar. Verdejante, abundante em agua, com plantas estranhas junto as animais que festejavam.

- O que é aquele lugar!? É incrível! – Luffy falava se levantando do chão, segurando seu chapéus. – Vamos lá dar uma olhada!

- Esperem aí, humanos! – Falava o papagaio se colocando a frente dos chapéus de palha. – Honestamente, vocês não podem entrar assim! Vão assustar nossos amigos!

- Assim como? – Luffy olhou para suas roupas. – Tem alguma coisa de errado com elas?

- Nossa ilha não é visitada por humanos. É proibida na realidade, e honestamente, se vocês chegarem desse jeito, vão acabar assustando os animais e causando uma grande confusão! – Continuava o animal levando seu olhar para Mawaha que esfregava seu olho. – Principalmente aquele ali. Ele é o mais estranho de todos.

“Eu? O que eu fiz agora?”

- Então parece que vamos ter que nos disfarçar. – Nami se levantou, colocando suas mãos na cintura.

Luffy e Ussop corriam pelos campos cheios de criaturas estranhas. Se balançando em galhos com animais que lembravam macacos ou algo do tipo, escorregando em um casco de tartaruga e usando a barriga de uma centopeia como escorregador, ou até mesmo, girando em um cacto bem alto para serem arremessados ao centro de um grupo de animais que tinham uma expressão não muito amigável.

- Ele leva a sério demais suas horas de lazer, não é? – Dizia Nami fantasiada, olhando Luffy.

- Sim. – Seguiu Sanji ao lado da navegadora.

- O que foi? Depois de todo o trabalho que eu tive para fazer nossos disfarces, vocês não vão se juntar a nós? – Ussop corria na direção de Luffy, parando e olhando para os dois sentados.

- Não, nós passamos...- Sanji tinha uma expressão de derrota em seu olhar com os disfarces que eram, no mínimo, humilhantes. Um pinguim quadrado, um macaco orelhudo e um panda que parecia ter levado uma boa surra.

Luffy corria ao entorno do grupo, sendo seguido por alguns animais que faziam círculos no chão.

- Essa ilha com certeza é divertida! – Luffy falava em meio as risadas. – Mas cadê o resto do grupo? Achei que a Mawaha estava com vocês.

- O Mawaha disse que iria ficar de baixo de uma arvore lá na colina. Queria descansar um pouco e se refrescar de baixo de uma sombra. Segundo ele, o dia está muito quente. – Nami falava apontando para uma arvore alta e com uma sombra grande. – Ele disse também que preferia morrer a vestir algo tão humilhante quanto isso. E o Crocodile só jogou o disfarce na cara do Ussop.

- Ei, vocês repararam que o Mawaha está um pouco diferente desde que saímos de Alabasta? – Ussop se aproximava do grupo, se sentando a frente conforme Luffy continuava a correr. – Ele parece mais distante do normal, um pouco aéreo as vezes e frio. Fisicamente falando.

- Tá preocupado, Ussop? – Zoro tinha um sorriso sarcástico no rosto, vendo o atirador revirar os olhos.

- Não é questão de estar ou não preocupado, Zoro. Só estou comentando algo. – Ussop cruzou os braços. – Um cara como ele se curar de um veneno em três dias, se machucar e em poucas horas já estar curado, quase nunca ficar doente, escutar coisas que nenhuma outra pessoa consegue...

- Sem mencionar a queimadura nas costas da mão e dedos. Se me lembro bem, a Mawaha não tinha aquilo quando chegamos na ilha... – Nami tinha um olhar pensativo. – E era uma marca de queimadura.

- Sem contar o negócio do sangue e as presas afiadas também [...]

- Eu não sou um vampiro, caralho! – Mawaha gritava do topo da colina, assustando a navegadora e o atirador. – Para de ficar inventando mentiras sobre mim, Ussop ou eu vou descer daqui e arrebentar a tua cara!

- Ah, que medo! – Ussop falou alto correndo até Nami e a abraçando. – Mas espera um pouco... – Ussop parou por alguns segundos, olhando para a colina. – Como que ele está escutando a nossa conversa sendo que está longe.

- Cara! Eu escuto o coração de vocês batendo através do piso do Going Merry! Acha mesmo que eu não consigo escutar vocês conversando a essa distância!? – Mawaha continuava a gritar do topo da colina. – E NÃO, EU NÃO SOU UM VAMPIRO!

- Um vampiro iria dizer que não é um, apenas para se acobertar... – Ussop murmurava ainda abraçado na navegadora.

- Que incrível, Mawaha! Você é um vampiro! – Luffy tinha os olhos brilhantes para o topo.

- EU NÃO SOU! – Mawaha continuava a gritar a plenos pulmões.

- Agora nós temos um vampiro no nosso bando! Eu estou tão empolgado! – Luffy continuava a falar alto, sorrindo e pulando de um lado para o outro, enquanto Ussop e Nami cochichavam e Zoro e Sanji os olhavam cansados.

- Francamente... – Mawaha bufou embaixo da sombra, voltando a se sentar no chão. – Agora eles vão ficar com isso na cabeça por semanas! O conceito de vampiro é tão ridículo quando o da terra ser o centro do universo.

- Se não queria que eles achassem que você é algo desse tipo, não deveria parar de ficar tomando o sangue das pessoas que mal conhece? – Crocodile falava sentado ao lado de Mawaha, mas não no chão. – Isso deixa as coisas mais estranhas.

- Falou o homem que fez uma cadeira de areia só para não se sentar na grama. – Mawaha o olhava de cima a baixo.

- Se você quer ficar sentado no meio da grama, com as formigas subindo por sua perna e te mordendo, ou no meio da urina dos animais.... fique à vontade. – Crocodile tinha uma voz baixa e rouca, fumando seu charuto.

- Nossa, mas você não sabe se divertir mesmo, não é? – Mawaha revirou os olhos, se levantando do chão. Bateu suas roupas e andou em direção ao corsário que o olhava de canto.

- O que quer? – Crocodile ergueu uma das sobrancelhas vendo Mawaha passar uma de suas pernas sobre seu colo, ficando a sua frente.

- Advinha? – Falou apontando para os caninos.

- E depois pergunta o porquê dos seus companheiros acharem que você é um vampiro. – Crocodile continuava com aquela mesma pose conforme os botões de sua blusa eram abertos. – Eu não sou sua fonte de sangue particular para você ficar tomando toda hora que o convêm, Mawaha. – Afastou as mãos da grisalha.

- Temos um acordo, não temos? – Mawaha pendeu a cabeça para o lado.

- Nosso acordo consistia na Baroque Works. Não me lembro de ter sido especificado que eu seria a sua bolsa de sangue. – Crocodile apertou o pulso. – Se quiser que eu lhe dê um pouco do meu sangue, já que ele é o único que o satisfaz, você precisa me dar algo em troca.

- Sexo não é uma opção, Crocodile. Pelo menos não essa semana já que eu estou sangrando. – Mawaha falava rápido negando com a cabeça.

- Já disse que você não é interessante ao ponto de me despertar o desejo de te foder. – Respondeu na mesma velocidade. – E mesmo que fosse, você estar menstruada não iria me impedir de te foder. Adultos não se importam com isso.

- Nossa, quanta delicadeza. – Mawaha soltou o ar pela boca como em uma risada. Cruzou os braços a frente do corpo. – E o que você quer saber?

- Quem é você, Mawaha? E por que a marinha não está atrás de você? – Crocodile tirou o charuto dos lábios, soprando a fumaça para a frente. – Depois do que fizeram em Alabasta, do seu plano perfeitamente esquematizado e de como colocou a marinha no devido lugar e no momento certo... Seu nome deveria ter aparecido nos jornais, não acha? Deveria ter um cartaz de procurado, e eu acredito que o Smoker não seja do tipo que omite assuntos como esse para seus superiores. Então me diga... Quem é você?

- Já disse que eu não sei. – Mawaha soltou um longo bufar, pendendo a cabeça para trás. – Estou tão curiosa quanto você para saber isso. Também acho estranho o fato de não ter ninguém atrás de mim, ainda mais depois da invasão na prisão do céu... É como se quisessem esconder o incidente.

- Prisão no céu? – Crocodile parecia mais interessado.

- Sim. Eu fiquei preso por um bom tempo em uma prisão suspensa no céu... Se não fosse pelos chapéus de palha, provavelmente ainda estaria lá. – Mawaha sorriu de canto. – Acredito que você já deva ter ouvido falar sobre ela... Bom, seus capangas da Baroque Works que trabalham lá no submundo.

- Nunca ouvi falar sobre uma prisão suspensa, Mawaha. – Crocodile cortou com a voz grossa. – E duvido muito que meus subordinados iriam esconder isso de mim.

- Sério? – Mawaha voltou seu olhar para o corsário que tinha a testa franzida. – E eu não estou mentindo dessa vez, mas vai de você querer acreditar ou não.

- Uma prisão no céu que nem mesmo o submundo ouviu falar e um prisioneiro que não é procurado pelo governo, e é extremamente peculiar.  – Riu em um bufar. – Tudo isso parece muito bem planejado e até mesmo fantasioso.

- Eu é quem não vou reclamar. Não quero voltar para lá. – Mawaha pendeu novamente a cabeça para trás. – Uma vez que você prova a liberdade, não quer mais a soltar. – Bufou voltando o corpo para frente. – E aí? Já está satisfeito com a resposta? Posso chupar o seu sangue agora? Meus caninos estão me irritando.

- Não foi a resposta que eu queria, mas consegui uma informação boa. – Crocodile segurou os cabelos grisalhos, puxando os fios, fazendo Mawaha mostrar os caninos. – Mas acho que podemos começar por aí.

- Vai mandar seus homens procurarem por uma prisão no céu, ou será que vai tentar achar alguma informação referente a ela? – Mawaha sorria conforme seu rosto se aproximava do pescoço. Apoiou uma de suas mãos sobre o tronco da arvore, abaixando a boca, lambendo os lábios e engolindo a saliva.

Crocodile sorriu com a pergunta. Sentia a língua quente e molhada passando por sua pele alva, seguido de alguns chupões leves e passadas de dente. Mawaha não mordeu de primeira como costumeiro, estava instigando o corsário, o ouvindo reclamar e apertar ainda mais seus cabelos.

- Ei, vai ficar enrolando até quando? Se continuar assim, eu vou deixar que você se vire sozinho. – Crocodile tinha a testa franzida ainda sentindo as passadas de língua sobre sua pele e os chupões deixados que ficavam cada vez mais fortes, marcando a pele. – Mawaha!

O grisalho sorriu com a voz forte, fincando suas presas bem fundo no pescoço, criando uma fina cascata do sangue adocicado que começava a escorrer e a adentrar na boca. Era uma sensação aliviante beber daquele sangue profano e venenoso que corria sobre as veias de Crocodile, pingando em sua língua e escorrendo pela garganta como um mel ferroso. A cada segundo que passava, seu corpo ansiava por mais e mais.

- Você fica cada vez melhor... – Mawaha falava deixando um bufar quente sair por sua boca, batendo contra o ouvido do corsário. Apertou sua mão contra a arvore, arranhando a madeira conforme mordia outro lugar.

- E parece que você quer me secar, não é? – Crocodile tinha um sorriso de canto, soltando os fios grisalhos, escorrendo sua mão pela lateral do corpo, enfiando seus dedos dentro da blusa e apertando a carne, bem em cima da cicatriz que descia a coluna. Ouviu um bufar ser solto pelo nariz. – Hum... então você tem uma parte sensível? Que irônico.

- Se continuar a pressionar minha cicatriz, eu arranco a sua cara. – Mawaha soltou o pescoço, passando a mão embaixo do queixo, o erguendo. – Só duas pessoas podem tocar nela e você não é uma delas. – Seus olhos pareciam sérios conforme uma gota de sangue se formava na ponta do lábio inferior.

- E você está desperdiçando meu sangue. – Passou a ponta da língua pela gota que pingava, a mostrando ao centro da língua. – Deixe para ficar irritado depois que estiver satisfeito.

“Maldito crocodilo.”

Mawaha bufou e voltou a tomar o frescor, passando a língua pelos filetes de sangue que escorriam ao centro da pele, os puxando para dentro e tomando um bom gole daquele vinho.

Limpou o canto da boca, olhando nos olhos do corsário, sentindo a pele ser apertada pelos dedos.

- Me solte. – Falou com um tom neutro, sentindo novamente o aperto em suas costas e os dedos que escorriam até a cicatriz, a pressionando com a ponta. – Você é surdo?

- Você deve estar achando que eu sou seu cachorrinho obediente, não é? – Crocodile tinha o rosto fechado, pressionando ainda mais a base da cicatriz. Os choques que eram causados pela sensibilidades faziam com que Mawaha tivesse que se apoiar nos ombros largos. – Tomando meu sangue quando quiser. Me ameaçando. Contando meias verdades.

“Merda! Esse lugar não...”

Mawaha apertava os dentes, os arrastando conforme sentia as pontas subirem e descerem pela cicatriz. 

- Quase destruindo meu cassino com aquela serpente.... Tomando meu país como se não fosse nada... A Baroque Works... E meu navio... – Crocodile falava com o queixo erguido, pressionando ainda mais os dedos, fazendo Mawaha apertar ainda mais sua roupa com os dedos, causando pequenos rasgos pelas unhas. – Você está pegando muitas coisas de graça, não acha? Acho que vou aumentar sua dívida para compensar todo o prejuízo que você me deu. O que acha?

“É o mesmo lugar... que aquele homem... apertou daquela vez... Merda.”

- Não vai me responder? – Pressionou ainda mais o meio das costas, descendo a ponta dos dedos até a base. – Sendo assim, vou ver isso como um sim. – Ergueu uma das sobrancelhas. Bufou e afastou os dedos da grande marca que descia sobre as costas.

- Ei...ei...ei, Crocodilo de areia.  – Mawaha segurou o rosto do corsário com violência, apertando a mandíbula. Sua pupila parecia brilhar em um tom avermelhado e intenso. – Até agora eu estava sendo complacente e tendo certa calma com você, mas você passou de todos os limites possíveis. -  Puxou a pele, trazendo o rosto para mais perto do seu. – Quer que eu arranque sua cabeça aqui? Só te peguei como um souvenir porque sua fruta me chama a atenção e por que tem a Baroque Works, mas nada mais do que isso. Seu sangue não é tão especial quanto pensa e só o tomo, pois não tenho nada melhor. Ele é saboroso feito um vinho requintado que mata minha sede e alivia a dor e o cansaço em meu corpo. – Crocodile continuava com o mesmo olhar sério em seu rosto. – Mas vou lhe avisar uma única vez, então preste a atenção em minhas palavras. – Mawaha mostrava os caninos, deixando uma pequena fumaça escapar por sua boca. – Se tocar na cicatriz em minhas costas mais uma vez... Eu arranco a sua língua com meus dentes, corto os seus braços e pernas com minhas unhas afiadas e te deixo em uma vala cheia de bosta. Você vai ser um troço sem braços e pernas, gritando e implorando por ajuda de maneira deplorável até que alguém lhe ache. E com sorte, não seja entregue para a marinha. – Soltou o rosto com brutalidade, saindo do colo do corsário que limpava os cortes causados pelas unhas. -  Aumente a dívida o quanto quiser, eu vou te pagar de um jeito ou de outro. Já disse que eu não tenho medo de você. Mas é você quem deveria me temer... Não sabe do que eu sou capaz e muito menos do meu passado.

- Você é bem corajoso para um pirralho que mal acabou de sair das fraldas. – Crocodile o seguia com o olhar, a vendo se sentar no chão.

Mawaha revirou os olhos, se apoiando nos joelhos e olhando para frente.

“Quando se passa tanto tempo na prisão, você aprende a não ter medo de uns merdas como você... Que acham que podem ter tudo o que querem, na hora que querem e de qualquer forma... Pessoas como você, Crocodile... Me dão nos nervos e me deixam com uma louca vontade de arrancar a cabeça.”

- Parece que eu realmente te deixei irritado, não é? Isso me faz ficar cada vez mais curioso sobre você, Mawaha... Por que não gosta que toquem em suas costas? – Crocodile o olhava com a sobrancelha erguida, vendo o grisalho apertar seus olhos e aproximar seu corpo para frente. A risada do corsário ecoava na colina.

Mawaha continuava a olhar para frente, se levantando do chão e andando um pouco mais a frente. Sua sobrancelha franziu mais ainda.

- “O que será que aqueles dois estão fazendo lá em cima?” – Nami olhava na direção da risada, erguendo uma das sobrancelhas e ignorando as risadas de Luffy e Ussop que continuava a correr.

 A alegria era tanta que mal podiam notar quando o chão começou a tremer novamente e os animais voltaram a correr em debandada. Não sabiam diferenciar o que era diversão de fuga.

Animais que pareciam uma mistura de touros com tatus de jardim corriam em direção ao pequeno vale, assustando os outros e os obrigando a correrem em direções opostas.

- O que está acontecendo? Por que estão fugindo? – Nami olhava a sua volta, franzindo a testa e se encolhendo para não ser acertada pelos animais desesperados.

- Quem são eles? – Luffy perguntava olhando na direção da grande massa escura, de olhos vermelhos e narinas bufantes que se aproximava.

- Eles são os Devoradores de Chifres! – O papagaio corria até os chapéus de palha com uma voz agoniada. – Eles atacam cegamente os animais chifrudos. Eles tem causado as mortes de todos os anciões da ilha! – A ave careca batia suas asas, voando por cima dos humanos, pegando altura e se afastando.

- Certo! Então me deixe acabar com eles! – Luffy tinha um sorriso no rosto, alongando seus ombros à medida que os animais de aproximavam.

- Esquece isso, Luffy! É muito arriscado! – Ussop segurou embaixo das axilas do capitão, o levantando e correndo, se separando do grupo principal.

Os touros tatus negros seguiam em direção ao atirador que corria, se dividindo em alguns grupos para perseguir outros animais com chifres.

- Por que estão me perseguindo!? – Gritava Ussop correndo o mais rápido que podia.

- Os chifres! Eles atacam animais com chifres! – O papagaio continuava a voar sobre as cabeças dos dois chapéus de palha.

- Chifres? – Ussop pendeu a cabeça para o lado. Em questão de segundos desceu Luffy de suas costas, o colocando no chão e saindo o mais rápido que podia.

- Ei, Ussop! – Luffy gritava dando as costas para a grande manada. Podia sentir o hálito quente chegar e bater contra a nuca. – Ai, merda!

- Se abaixa, Luffy! – Mawaha gritou correndo em direção ao capitão, vendo seguir suas ordens. Apoiou uma de suas mãos contra a coluna, a usando de apoio para ganhar impulso e acertar um chute bem forte contra o maxilar de um dos touros esquisitos, o fazendo bater contra a manada, jogando alguns para os lados e abrindo um espaço no meio. Mawaha se colocou à frente do capitão, com uma das mãos abertas como um sinal. Tinha a testa franzida. – Tira os galhos do chapéu e me dê.  – A voz era calma e baixa, enquanto seus olhos eram ferozes para os bichos que se recuperavam do chão, olhando para os lados a procura de Luffy.

Luffy seguiu a instrução mais uma vez, puxou os dois galhos e passou para a outra mão nas costas de Mawaha que continuava com o olhar firme.

- Bom. – Mawaha sorriu. – Ei! Papagaio careca! – Chamou vendo a sombra causada no chão. – Se eu afastar esses animais daqui, você vai ficar me devendo algo, okay? Um favor.

- Hã!? Como assim!? – Falava o animal que voava, vendo o bando soprar a fumaça entre as narinas e arrastar seus cascos no chão. – Honestamente, eu nunca faria um acordo com um humano!

- Nem se a vida dos seus anciões ou amigos, o caralho que for, depender disso? – Mawaha apontou com a cabeça. – O grupo está dividido e alguns estão indo na direção dos outros e de alguns companheiros meus. Se não fizer algo... mais irão morrer. – Seus olhos voltaram para os animais que urravam e batiam seus cascos, sacodindo a poeira do corpo e voltando a correr. – Será que consegue ver mais sangue derramado?

- “Ela é alguma espécie de demônio!? Que humano é esse!?” – O papagaio olhava ao seu redor, vendo os animais correndo desesperados, perseguidos e alguns sendo capturados pela manada de olhos vermelhos. Um suor escorria por seu rosto.

- Você não tem muito tempo para decidir...- Mawaha andou um pouco para trás, levando Luffy à medida que se afastava. – O que me diz?

- “Sinto que isso será uma péssima decisão...” – Bufou o papagaio. – Está bem, eu aceito!

- Ótimo! – Mawaha colocou um sorriso no rosto, pegando os galhos e os colocando ao topo da cabeça. Os enrolando nos fios grisalhos e atraindo a atenção dos animais.

- O que vai fazer, Mawaha!? Ei! – Luffy falava vendo o grisalho disparar para um lado, sentindo o vento causado pela velocidade dos animais baterem contra o seu rosto, mas alguns desgovernados ainda avançavam em sua direção. – Merda! Merda! Merda! – Gritava Luffy voltando a correr e quase sendo pisoteado pelos poucos desgovernados. Salvo graças a habilidade do usuário de fruta elemental. – Crocodile!? Está ajudando?

- Não me agradeça. – Dizia o corsário com o charuto em lábios acompanhando Mawaha com os olhos enquanto segurava Luffy pela gola da blusa. – “Ele é suicida ou algo do tipo? Não vai conseguir enfrentar tudo aquilo sozinho.”

Mawaha corria em direção a manada separada, ignorando o papagaio que gritava em sua orelha. Precisava atrair a atenção dos outros para um outro canto e evitar que casualidades acontecessem.

O moreno passou seus olhos pelo ambiente, analisando o que poderia usar em meio a corrida conforme escutava os urros e as bufadas mais próximas. Diminuiu sua velocidade para pegar uma pedra no chão, sentindo seu corpo ser batido pelos animais ferozes, o fazendo quase se desequilibrar.

“Eles tem uma carapaça dura...”

Mawaha passou a mão em sua lateral voltando a correr.

“Preciso de algo mais duro ou afiado para atravessar eles, mas o que? Não acredito que tenha algo assim por aqui.”

Mais uma vez os animais voltaram a bater contra a lateral do grisalho, o fazendo se desequilibrar e rolar no chão. Corriam em sua direção com ferocidade e brutalidade, batendo uns contra os outros.

 Graças a sua agilidade, Mawaha conseguia desviar, mas não com tanta facilidade quanto queria, estava começando a se sentir cansado novamente, quase como se sua energia estivesse se esgotando.

Em um deslize, um dos animais quase o abocanhou, tendo seu rosto arranhado pelas unhas que se partiram.

“Minhas unhas não conseguem cortar a carapaça deles!?”

- Mawaha! – Nami gritou de cima da colina se levantando.

- Fiquem ai em cima! – Mawaha gritou de volta se desviando dos ataques dos animais, usando seus corpos como um trampolim para pegar impulso. Encarava suas unhas quebradas, apertando seus dedos.

“Não... não é isso. “

Franziu a testa olhando a manada que voltava a correr em sua direção. Sorriu largo.

- Ei, papagaio careca! Mande os animais de chifres correrem na minha direção! – Falou a grisalha voltando a correr pelos campos. – Mande-os seguirem até mim e não pararem de correr. Não importa o que aconteça!

- Ficou louco! Os Devoradores de Chifres irão pegar vocês! – Gritava o pássaro que voava.

- Só faz o que eu estou mandando! – Mawaha cortou o pássaro com uma voz mais grossa do que de costume, o fazendo tremer.

- “Maldição!” – O papagaio voou para longe, indo em direção aos animais que continuavam a correr desesperado. – Pessoal, prestem a atenção!

- Crocodile! Vou precisar da sua ajuda! – Mawaha continuava com a corrida. Estava começando a ficar ofegante e a suar como nunca.

- Hum... então agora quer minha ajuda? – Crocodile tinha uma voz sarcástica com o charuto preso nos lábios.

- Preciso que você crie uma pequena neblina de areia quando aqueles animais chegarem aqui. – Mawaha apontava para frente, sentindo seu tornozelo quase ser mordido por um dos animais. Virou seu corpo com toda força que tinha, acertando na têmpora e afastando a manada mais uma vez. – Preciso de uma cortina de areia!

“Por que eu estou fazendo isso? Era só jogar os galhos para um canto qualquer e sair correndo! Desgraça...”

- Não. – Crocodile falou com um sorriso no rosto. – Se vire, você quem quis fazer isso.

- Hã!? Você está falando sério!? – Mawaha novamente podia sentir o bufar dos animais contra seus tornozelos, junto a segunda manada que se aproximava a sua frente.

“Droga! Preciso pensar rápido! Ele não vai me ajudar...”

- Ei! Papagaio careca! – Mawaha gritou com todo seu pulmão. – Mande os animais correrem o mais rápido possível na minha direção e desviar no último instante, não antes!

- Mas eles vão acabar te acertando assim! [...]

- Só faz! – Mawaha gritou dando mais uma longa volta. Tossindo e pingando suor de seu rosto.

“Merda... meus pulmões estão começando a arder.... Preciso melhorar minha resistência.”

O papagaio obedeceu mais uma vez, gritando para seus companheiros que faziam diversos sons como se concordassem.

Seus cascos batiam com mais força no chão, correndo com mais velocidade e respirando com mais força. Suas veias pulsando o sangue quente e a adrenalina que vinha junto com o medo.

Mawaha continuava a frente da manada feroz que quase mordia seus calcanhares para o derrubar no chão.

“Sete metros...”

Corria com toda a energia que tinha, abaixando ainda mais seu corpo para ganhar mais velocidade.

“Seis metros...”

Seus olhos estavam focados a sua frente com sua boca mexendo e a testa franzindo. Apertou suas unhas no chão, arrancando a grama.

“Cinco metros...”

Os chapéus de palha se levantavam de onde estavam sentados, ansiosos e com o coração batendo na boca. O suor escorria se seus rostos.

- Crocodilo de merda, faça alguma coisa! Eles vão se chocar contra a senhorita Mawaha! – Sanji falava olhando para o corsário que apenas observava a cena, soprando a fumaça pela boca e os olhando com um ar de desprezo. – Está me escutando!?

- Por que devo ajudar? – Crocodile tinha uma voz monótona. – Não é como se eu devesse nada a ele. Por que devo arriscar minha vida por um zé ninguém?

“Quatro...”

- Maldito! – Sanji rosnava franzindo a testa.

- Mawaha, sai do meio! Eles vão te acertar! – Nami gritava colocando seu corpo para frente.

“Só mais um pouco.... mais um pouco... Três metros...”

Mawaha continuava com a corrida, a essa altura já não se importava com o ar quente batendo contra a pele ou se estavam muito perto. Mesmo sentindo a dor no lado pela batida, continuava a correr.

- “Esse cara é maluco ou o que!?” – Zoro cerrava seus dentes com a vista, segurando suas katanas, apertando a ponta.

- Ei, Mawaha! Vai para o outro lado! – Luffy gritava suando igualmente aos outros de cima do morro. – Ajuda ele, Crocodile.

- Ele não parece estar precisando da minha ajuda. – Crocodile continuava com aquele mesmo ar de superioridade, sorrindo de canto. – Se seu amigo quer se matar, deixa.

“Dois....Aquele maldito crocodilo de areia.”

Mawaha tinha os olhos para a colina, bufando um ar quente antes de voltar a olhar para frente. Ergueu uma de suas mãos, colocando dois dedos para cima.

- “Hum...o que ele vai fazer?” – Crocodile ergueu uma das sobrancelhas.

- Não posso olhar! – Nami cobriu os olhos e se virou.

- Mawaha! – Gritou Luffy e Zoro.

- Senhorita Mawaha! – Seguido de Sanji.

“Um!”

Mawaha apontou os dois dedos para um dos lados, vendo os poucos animais com chifres correrem na direção conforme a manada furiosa se aproximava por trás.

Tinha um sorriso no rosto ao saltar para cima de um dos animais com carapaça forte, os vendo correrem mais rápidos, derrapando na terra tentando parar e se chocando com o bando que virava na direção dos chifrudos, batendo casco com casco, crânios, as duras armaduras e criando um bolo de animais que caiam para os lados desnorteados, fazendo uma nuvem de poeira subir.

Algumas de suas carapaças eram quebradas pelo impacto, atraindo a atenção do grisalho que estava no meio de todo aquele bolo de animais ferozes, agitados e confusos. Algumas patas o atingiam, batendo contra suas coxas, pernas, braços e peito conforme eram virados no chão.

- O- o que está acontecendo lá? Vocês conseguem ver alguma coisa? – Nami tinha um olho por entre os dedos.

- Não... apenas poeira. – Zoro tinha um suor escorrendo do canto do seu rosto.

Mawaha continuava a receber os golpes ao tentar sair do meio daquele bolo. Mordendo os lábios, sentindo a cabeça ser chutada.

Isso fazia seu corpo inteiro coçar e suas unhas arderem.

“Estão começando a me irritar...”

Tentava subir seu corpo pelos animais que a puxavam para baixo, pisoteando seu peito e a fazendo cuspir sangue.

“Mas se bem que eles não tem culpa... eu quem me joguei aqui no meio...”

Seus olhos estavam voltados para cima, vendo o céu e a poeira que o cobriam. Respirava pesado.

“Até que é uma boa visão aqui... mesmo sendo pisoteado por esses animais ferozes...”

Seu corpo continuava a expelir sangue, e seus ossos continuavam a ser quebrar. Mordidas eram deixadas por seu corpo junto aos galhos que se quebravam.

“Morrer sendo pisoteado não estava no topo da minha lista, mas é o que tem para hoje...”

Seus ouvidos captavam os gritos vindo do morro e os corações acelerados. Virando sua cabeça para o lado.

“Será que eu o decepcionei de novo? Não o quero ver com aquela cara mais uma vez... machuca...”

Mawaha soltou uma risada abafada com o pensamento.

“O que doí exatamente? E por quê?”

Seus olhos tinham um toque vermelho causado pelo sangue, sendo guiados pelas memorias do deserto de Alabasta.

“Aquela foi uma noite boa... queria o ver de novo.”

Mawaha continuava debaixo dos animais, puxando o ar pelos pulmões, mas com uma grande dificuldade.

- Portgas D Ace... – Mawaha falava em um sussurro, escutando algo em um dos ouvidos e lembrando de algo que tinha sido dito pelo de sardas. Seu corpo reagiu por instinto, dando cotoveladas, chutes e arranhões nos animais que gritavam ferozmente.

Os corações acelerados batiam mais fortes conforme a poeira baixava e os gritos dos animais ecoavam pelo jardim.

O sangue jorrava para cima e a aterra se tingia de vermelho, os fazendo cobrir a boca.

- Da onde está vindo todo esse sangue... – Nami tinha as mãos trêmulas com a imagem grotesca a sua frente. Suas pupilas pareciam menores à medida que algo saía do meio dos animais que corriam de volta. Ou do resto que sobrou. – Mawaha...

Tudo parecia ter acontecido em questão de segundos, ou até menos do que isso.

O coração pulsava conforme Mawaha subia o morro e o cigarro de Sanji caía contra o chão.

A cena parecia se passar em câmera lenta junto aos pingos de sangue que caíam do rosto e manchava as vestes do grisalho.

Mawaha andou em direção a Crocodile que ainda tinha um olhar de superioridade, soprando a fumaça para longe.

- Ei... Mawaha... – Luffy dizia com um suor escorrendo, passando seus olhos pelos machucados abertos no corpo.

Mawaha ergueu uma de suas mãos, fazendo um sinal negativo com os dedos, os balançando de um lado para o outro.

- O que quer? – Crocodile falava com uma voz superior, não recebendo uma resposta, apenas um puxar em suas roupas, o fazendo cair ao chão de joelhos. – Já não teve o suficiente por hoje? – Olhou de canto para os expectadores conforme tinha sua blusa aberta. – Eles estão olhando... Não se importa mais com isso?

- Cala a boca... – Mawaha tinha uma voz forte, segurando o rosto e o virando para o lado. Abaixou seu rosto e cravou suas presas no pescoço, mais forte que a primeira vez e mais fundo também, fazendo o corsário segurar a roupa manchada de sangue. O som de chupada ecoava pela colina, com os chapéus de palha espantados com a vista.

- Parece que vocês tem um vampiro a bordo... – Crocodile tirava o charuto da boca, apertando a roupa entre os dedos e soprando a fumaça. – Sr. Capitão. – Soou sarcástico, afundando cada vez mais seus dedos na roupa à medida que Mawaha tomava mais do seu sangue. Sentia as unhas passarem sobre seus cabelos, ou serem enfiadas contra sua roupa. A visão dos chapéus de palha cobrindo sua boca ou com um semblante assustado provocava certa graça, o fazendo rir. Crocodile continuava a apertar a roupa sentindo a dor das presas em seu pescoço, ecoando suas risadas ainda mais pela pequena colina. 


Notas Finais


Até semana que vem


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