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História The Pirate King's Dark Shadow - Arco V: A Maldição Da Espada Sagrada. Capítulo XXIV:


Escrita por: CorvinusCorvus

Capítulo 25 - Arco V: A Maldição Da Espada Sagrada. Capítulo XXIV:




“Um pulmão perfurado. 30 ossos quebrados. Uma bacia deslocada, o joelho fora do lugar e alguns, vários cortes pelo corpo. Bom, poderia ter sido bem pior.”

- Eu estou vivo! Eu realmente sou um guerreiro imortal! Mesmo nas piores situações, eu sempre tiro a sorte grande! – Dizia Ussop se levantando do chão depois de ter acordado do desmaio devido ao impacto. – O super-herói Eterno! O guerreiro dos mares, Ussop, está aqui!

- Ei, guerreiro imortal, preciso da sua ajuda aqui. – Mawaha falava com o rosto virado para Ussop, respirando pesado e mordendo o canto interno das bochechas. – Preciso que coloque a minha bacia de volta no lugar e o joelho também. Se meu corpo começar a curar sozinho, teremos problemas.

- Cadê o Luffy? – Ussop perguntava olhando para os lados na busca do capitão, vendo o chapéu de palha.

- Ele saiu andando sozinho, mas como a minha bacia está fora do lugar, não consegui ir atrás dele. Não faz muito tempo que ele saiu, acho que foi pegar alguma coisa. – Mawaha levantava o corpo sentindo os pulmões doerem e serem perfurados pelas costelas quebradas.

“Merda, não consigo respirar direito... estou com hemorragia interna e começando a ficar com sede.”

Mawaha subiu os braços ate a boca e mordeu mais uma vez, tomando o sangue mais velho do que antes e com um gosto mais nojento também, o fazendo cuspir.

- Que nojo! Não cuspe para o meu lado! – Falava o atirador se levantando rápido do chão e indo na direção da grisalha. – Me diz de novo. Por que eu deveria te ajudar? Foi você quem se colocou nessa situação, não foi? Por que não se ajuda sozinha?

“Por que talvez assim mostre que você é uma pessoa mais honrada e não uma bucha de canhão incompetente? Um verme nojento que rasteja pelo convés do navio? Mostra que é capaz de trabalhar em equipe?”

- Por que com duas pessoas procurando o Luffy, as chances de achar ele aumentam consideravelmente? Ou talvez por que somos companheiros de navio e companheiros ajudam uns aos outros? Você escolhe.  – Mawaha falava puxando um ar pesado e sentindo novamente o peito queimar. – E além do mais, se eu pudesse me ajudar, já teria feito, Ussop. Você não é nem de longe a primeira pessoa que eu pediria ajuda. Vai por mim. Preferiria morrer do que ter a sua ajuda.

- Então por que está pedindo ela? Se prefere a morte tanto assim, por que não cala a boca e morre de uma vez? – Ussop olhava o corpo caído ao chão, o sangue espalhado e os ossos a mostra na bacia. O atirador levou a mão até o osso avantajado, pressionando seus dedos contra a pele machucada, causando ainda mais dor em Mawaha que segurava o grito, arranhando a terra com força e subindo o seu pescoço.

- Diferente do que pensa de mim...Ussop... Eu fiz uma promessa e vou até o inferno para cumpri-la. – Mawaha falava mordendo a boca, arranhando a pele e fazendo o sangue escorrer. – Vou proteger o Luffy. Cuidar dele até o último instante da minha vida.

- Do nada? Por que quer proteger nosso capitão? Você mal conhece ele. Até pouco tempo atrás em Alabasta, tinha dito que estava pouco se fodendo para as pessoas. Se viviam ou morriam. O que foi que mudou esse pensamento? – Ussop apertou ainda mais o osso, o afundando para baixo e fazendo Mawaha gemer ainda mais de dor.

- Eu disse que iria proteger aqueles que me salvaram, não disse? Sendo assim, estou mantendo a minha palavra. – A dor fazia seu estomago se revirar e o gosto metálico subir por sua garganta.

- Mas não faz muito sentido isso. Houveram várias situações que você quase me matou. Lá no navio, em Alabasta e por aí vai. Já quebrou essa promessa várias vezes, e é por isso que ela não faz sentido nenhum. Então, Mawaha, me diga. O que te fez mudar de ideia? – Ussop continuava a pressionar o machucado, descendo a mão e apertando o joelho, causando outro tipo de dor, reparando na pulseira que usava desde a ilha de areia. – Essa não é a pulseira que o irmão do Luffy estava usando? Por que está com ela? – Ussop levou a mão até o pulso, quase tocando o objeto e recebendo um soco no meio do nariz.

- Não toque! – Mawaha falava com o rosto franzido, levando a mão para baixo do corpo, escondendo o objeto.

- Filho da puta... – Ussop apertava o meio do nariz que começava a escorrer sangue, voltando sua testa com tudo e a batendo contra a de Mawaha. – Não acha que está sendo muito cuzão para alguém que precisa de ajuda?

Mawaha o encarava com olhos ferozes, o vendo se levantar e colocar o pé a frente do seu rosto, deixando a sola suja perto da boca.

- O que é isso? – Ergueu uma das sobrancelhas.

- Se você lamber a sola do meu pé, prometo colocar sua bacia e seu joelho no lugar. – Ussop tinha um sorriso de canto.

“Merda, eu abaixei minha guarda perto dele... Fui imbecil demais. Por um segundo pensei que ele poderia me ajudar. Como fui ingênua.”

- Acha mesmo que eu vou lamber a sola do seu pé? – Mawaha continuava com a sobrancelha erguida, seguindo o dedo para o chapéu de palha caído no meio das folhas, o fazendo franzir a testa.

- A cada segundo que você enrola, o Luffy entra cada vez mais floresta adentro. Não disse que iria o proteger? Se ele acabar se machucando... – Esfregou a sola suja contra a boca. – O Ace vai te culpar por não conseguir proteger o irmão mais novo dele.

- Desgraçado... então você sabe. – Mawaha falava rangendo os dentes, sentindo o pé apertar contra a bochecha, machucando pela terra presa.

- Foi só juntar 1+1. Você voltando com o cheiro dele depois de passar alguns dias no deserto, usar essa pulseira e agora, ficar com esse papinho de “proteger o Luffy a todo custo”. Não precisa ser um gênio para entender a relação que você tem com o irmão mais velho do Luffy. – Ussop continuava a arrastar seu pé.

-  O que foi? Agora eu não posso querer proteger o irmão mais novo de um amigo? Quando que isso virou um crime? – Mawaha falava sarcástico, sentindo um chute em seu rosto.

- É um crime apenas para aberrações como você, Mawaha. Um amigo? Por favor, vocês são bem mais do que isso, não são? Diria que são bastante íntimos até. – Ussop continuava.

- Está com ciúmes, meu caro? – De novo foi sarcástico.

- Nunca que eu teria ciúmes de uma aberração feito você, ainda mais que faz essas coisas por aí. Espalhando seu DNA imundo por todo lugar que passa. – Pressionou o lábio com a ponta do sapato. – Mas vamos. Vai ficar aí até quando? Se quiser ganhar mais alguns pontinhos com o Ace, vai precisar fazer isso.

“Maldito... Mas não posso ficar aqui parado. Sou o único que consegue achar o Luffy no meio de toda essa floresta. Mesmo que isso seja uma facada na minha dignidade.”

Mawaha apertou os lábios mais uma vez, rangendo os dentes e aos poucos abriu a boca, colocando a língua para fora e a passando contra a sola suja, trazendo toda a impureza para dentro de seu corpo junto a um constante ódio que crescia. Tinha os olhos ferozes para o atirador que ria baixo da cena.

Ussop afastou o pé e fez o que tinha prometido. Primeiro colocou a bacia de volta no lugar, fazendo toda a força que conseguia e se divertindo com os gemidos de dor que saíam dos lábios do garoto. Depois foi o joelho, o mexendo de um lado para o outro para que machucasse ainda mais antes de o colocar de volta.

Mawaha se virou no chão, pressionando o lado que não tinha sido prejudicado pela queda, mas ainda sim tinha o pequeno problema de estar com sede. E muita sede.

Para seu corpo se recuperar por completo, precisava tomar sangue. Todo sangue que podia.

- Bom, agora que está tudo no lugar e eu posso andar. Bora procurar o Luffy. – Mawaha se levantou do chão sentindo as costelas arderem como fogo, o fazendo tossir um pouco. – Se eu não me engano, o Luffy deve ter ido para cá. – Apontou para a frente onde o mato era um pouco mais alto e deitado.

- E quem te deixou no comando? Como diz com tanto afinco? – Ussop falava indo para a direção oposta, fazendo a grisalha respirar fundo, colocando as mãos sobre os lábios com as palmas juntas.

- Assim, eu vou tentar te explicar do jeito mais didático possível, Ussop. – Mawaha falava apontando para a mata. – Está vendo como as folhas estão deitadas indo em direção ao norte? Você acha que elas nasceram assim ou porque alguém passou por elas? Eu posso afirmar com toda certeza de que elas não nasceram deitadas. Sem mencionar que o chapéu do Luffy está para cá, o que sugere que ele veio para esse lado e não para o outro, senhor narigudo. Porra, você é o atirador do grupo e não sabe o básico de rastreamento? – Mawaha cruzou os braços, engolindo a saliva que se formava na boca.

- Foi mal se eu não sou uma abominação que parece ter o conhecimento de tudo dentro desse cérebro pequeno. – Ussop falava andando em direção ao chapéu.

“Será que eu devo avisar? Não, deixa ele descobrir sozinho.”

- Você vai ficar aí latindo ou vai vir? – Ussop falava olhando sobre os olhos vendo Mawaha cobrir a boca como se quisesse rir. – O que você [...]

Em questão de segundos, o atirador foi puxado para baixo por um largo buraco no chão, gritando e ecoando pela floresta até que não fosse ouvido.

“Você sabe que poderia matar ele, não é? Por que não fez?”

- Pelo simples fato de eu não querer matar o Ussop. A resposta é tão simples quanto a pergunta. – Mawaha falava pegando o chapéu, o limpando e olhando o buraco no chão. – E não fala comigo não, cavalo de troia. Não esqueci o que você fez agora pouco.

“Em minha defesa, nós dividimos o mesmo corpo. Sendo assim, se você perde o controle, eu perco o controle... Foi mal se eu estava tentando satisfazer uma sede incontrolável de sangue que literalmente quebra nossos ossos... Mas de qualquer forma, eu sei que você está mentindo. Sei que quer matar aquele atirador. Então por que não faz?”

- Eu disse que não ia machucar nenhum chapéu de palha, não disse? Eu nunca falho com uma palavra dada. Deveria saber disso já que dividimos o mesmo corpo e mente.  – Mawaha olhava o buraco, bufando e se jogando.

“E o que vai fazer a respeito dessa sede de sangue que só cresce? Sabe que se continuar assim, esse sangue que corre em suas veias vai começar a apodrecer. Ficar tão sujo que o acabará matando. Precisa trocar.”

- Não parece ser ruim. Morrer até que é interessante. – Mawaha dizia sorrindo escorregando pelo túnel, sorrindo de canto conforme atingia o chão da caverna. – Estou brincando, tenho que devolver essa pulseira.

 

[Em algum canto da ilha]

Zoro tinha as joias em mãos, a levando para um fosso em meio a uma pequena lagoa conforme era observado por Saga, Toma e os outros dois que tinha um sorriso em lábios.

- Aqui está bom? – Zoro dizia olhando sobre os ombros recebendo um concordar vindo de Saga. O espadachim soltou as joias no buraco, as vendo cair em meio a escuridão e sumir como se nunca tivessem existido a primeira instancia.

- Bom trabalho, Zoro. Obrigado. – Dizia Saga em meio as risadas do homem mais forte que cortava a noite e os vagalumes.

- Esse tipo de coisa, você poderia ter feito sem mim. – Dizia Zoro olhando o homem de cabelos grisalhos

- Não. – Saga olhou para cima, para a grande lua redonda. – Era algo que não poderia ser feito sem você. – O braço voltava a doer, o fazendo se curvar e apertar a ponta do ombro, chamando a atenção do espadachim e do mais novo do grupo.

- Saga! – Dizia Zoro correndo em direção ao amigo, franzindo a testa com a ação repentina. – Não eram essas joias a razão do seu sofrimento? Então, se destruíssemos essas joias...

- Está tudo bem! Eu não estou sofrendo agora. – Saga continuava a apertar o ombro, suando e respirando pesado. – Eu estou simplesmente tremendo de felicidade. Cedo ou tarde você vai entender.

- Com isso, Roronoa Zoro é agora um de nossos companheiros. – Dizia o homem mais forte em meio a uma risada, acompanhando o de cabelos verdes com os olhos.   

- O lendário Santoryuu é realmente incrível. Eu definitivamente quero treinar contra isso. – Dizia o homem de cabelos vermelhos arrepiado e com máscara no rosto.

-  Isso é ótimo, não é? Eu também quero duelar contra o senhor Zoro. – Toma colocou as mãos atrás da cabeça. – Ah, é mesmo! O Luffy do chapéu de palha foi morto pelo mestre junto a um outro cara do seu antigo bando. Um de cabelos cacheados e acinzentados. Mesmo que ele tenha usado o corpo para o proteger, é praticamente impossível sair com vida daquele golpe. Mas acho que isso não é mais do seu interesse, senhor Zoro, certo?

Zoro franzia a testa.

 

[De volta ao buraco]

- Que lugar é esse? Eu consigo me meter em lugares estranhos, às vezes. – Ussop olhava para os lados, se deparando com uma bifurcação nos tuneis que seguia. – Tem um túnel aqui. – Andou mais um pouco. – E por aqui também E aqui também! – O atirador andava olhando para os lados e entrando cada vez mais dentro dos tuneis. - Droga! Luffy!

- É para o outro lado. – Mawaha puxava a bolsa, fazendo o atirador cair no chão e bater as costas contra uma pedra.

 – Filho da puta! – Xingou Ussop.

- Foi mal. – Dizia olhando para o túnel, franzindo a testa para os barulhos que escutava mais a frente.

“Só que não.”

- Ei, ei, ei, seu grisalho de merda! Por que não me avisou que tinha um buraco lá no meio!? Você sabia, não sabia? – Ussop dizia puxando os fios de cabelo conforme Mawaha andava com o chapéu em mãos. – E por que você está segurando isso? O chapéu do capitão não pode ficar nas mãos de qualquer um! – Tentou pegar o objeto de palha, sendo desviado pelas mãos de Mawaha.

- Tinha é? Agora isso explica o porquê de eu ter escutado um barulho estranho quando o Luffy saiu andando. Então ele tinha caído naquele buraco. – Mawaha continuava a andar pelo túnel mudando o chapéu de mãos e o erguendo sobre a cabeça. – Parabéns Ussop, pelo menos fez algo de útil com essa sua vida ridícula e de dar pena.

- Ei, Luffy! Grite se você estiver escutando! – Ussop gritava em meio as tentativas de pegar o chapéu das mãos de Mawaha que era consideravelmente mais ágil. – Ei! Luffy! – Sua voz ecoava pelos tuneis, ficando cada vez mais distorcida e distante.

- Ei, imbecil! Se continuar a gritar desse jeito, eu não vou conseguir escutar ele! – Mawaha colocou o chapéu na cabeça e desceu um soco bem ao topo da bandana que o narigudo usava. – Fica em silêncio, o eco da sua voz atrapalha a minha audição! Infernos!

Mawaha fechou os olhos enquanto segurava o chapéu sobre o topo grisalho, focando sua audição em todos os tuneis que se ligavam. Podia escutar as aguas que pingavam das estalactites do teto, dos morcegos de se mexiam e faziam barulho se preparando para voarem, pois a noite já havia caído, dos vermes que rastejavam pelo chão e pelas aranhas que andavam.

“Se concentre... Procure algo que seja dele.”

Respirava fundo, não ligando para todo seu corpo que doía ou pela sede que aumentava consideravelmente. Puxava os cheiros com o nariz quase como se fosse um animal e ouvia tudo ao seu redor.

“Onde você está... Luffy... Eu consegui te ouvir agora a pouco.”

Mawaha continuava com os olhos fechados, virando seu corpo para cada abertura da caverna, escutando o coração de tudo que estava vivo. Os barulhos que Ussop fazia caído no chão, dos passos feitos pelas patas das centopeias, o fazendo arrepiar, o fluxo de agua que escutava e algo que descia pelos tuneis.  

- Onde você está... – Murmurava baixo franzindo ainda mais a testa, se virando para um buraco e escutando uma risada. – Achei você! – Soltou um sorriso conforme as risadas aumentavam, o fazendo ir em direção de onde o barulho estava vindo junto as sandalhas que passavam pelo chão.

Luffy passou correndo pelo lado, tendo o braço segurado e puxado de volta para o meio. Abriu um sorriso ao ver os dois companheiros e ter o chapéu colocado de volta em sua cabeça.

- Parece que está cheio de energia, não é, Capitão? – Mawaha tinha um sorriso aliviado em seu rosto ao ver o garoto. – Fiquei preocupado por um segundo.

- Ah, Mawaha! Então você já acordou? Que bom. – Luffy falava olhando par ao chão, vendo Ussop se levantar esfregando a cabeça. – E o Ussop também está aqui! Que legal! – A risada continuava.

- O que é tão engraçado? – Ussop pendia a cabeça para o lado.

- É que agora pouco eu puxei uma corda e aquela coisa apareceu. – Luffy apontava para uma enorme pedra que rolava em direção aos três.

- Você só pode estar de brincadeira. – Mawaha tinha um olhar cansado para a pedra que rolava em sua direção junto a Ussop que gritava. – Luffy! – Dizia vendo o capitão rir e começar a correr. O grisalho balançou a cabeça e começou a seguir o garoto, puxando para suas costas e segurando Ussop pela gola da blusa conforme corria por entre os tuneis.

- Ei, eu posso correr! Me deixa descer, Mawaha! – Luffy reclamava em meio as risadas e reclamações.

- Vocês dois são lentos demais! Vamos acabar sendo esmagados por ela se dependerem de vocês. – Mawaha falava sentindo as costelas e seus ossos quebrados reclamarem. Tinham suas bochechas puxadas pelo capitão que segurava o chapéu e ria.

“Estou gastando mais energia do que posso aguentar... Sem mencionar que meu corpo já está no limite e eu não renovei o sangue ainda... Isso não vai acabar bem.”

- Idiota! Não saia puxando cordas que nunca viu! – Ussop gritava conforme era arrastado, quase voando pela força da grisalha.

- Ali, Mawaha! Parece ser um túnel muito interessante! – Luffy dizia apontando para um buraco, sorrindo ainda mais conforme a grisalha seguia pelo caminho indicado.

“Se os deixasse correr, provavelmente seriam pegos pela pedra. E eu teria que usar minha força, mas do jeito que meus ossos estão, teria que ser o dobro, talvez o triplo.”

- Droga! A inclinação das rochas fez com que a pedra viesse para cá! – Mawaha falava com o rosto para a gigantesca bola que os seguia. – Luffy! Consegue quebrar aquela pedra?

- Quebrar? Por quê? Está divertido não está? – Luffy dizia pendendo a cabeça para o lado e franzindo a testa.

- Esse não é o problema. Está vendo esse túnel? É bem provável que não tenha saída. Geralmente cavernas assim são conhecidas por terem tuneis que não levam a lugar algum, e se esse for o caso, seremos esmagados. – Mawaha falava tossindo um pouco pelo exercício, engolindo o sangue preso em sua boca. – E se formos esmagados, não poderemos ver o Zoro de novo, não é?

- Você tem razão. – Dizia Luffy sorrindo conforme virava seu tronco entre as costas da grisalha, levando a mão o mais para trás que conseguiu e a atirando em direção a pedra, a quebrando em vários pedaços. Mawaha parava de correr, descendo o capitão de suas costas e jogando o atirador em um canto. Luffy tinha um olhar triste em seu rosto junto as mãos que iam atras de sua nuca enquanto Ussop respirava fundo. – Mas até que foi divertido.

- Você simplesmente não consegue entender o sentimento dos outros, não é? – Ussop falava ainda respirando fundo, enquanto Mawaha se escorava mais ao fundo, tossindo um sangue grosso e escuro. – Mas eu estou tão aliviado que você esteja bem.

- Eu não vou morrer assim tão fácil! – Luffy dizia com um sorriso no rosto, com um punho formado a frente.

- Luffy... – Dizia o atirador com os olhos marejados, limpando o nariz que escorria. – Você me deixou preocupado à toa.

- Será que podemos sair daqui agora? Eu tenho certa aversão a lugares escuros. – Mawaha falava limpando o canto da boca, recebendo um olhar de Luffy.

- Será que tem alguma saída? – Ussop olhava para os lados.

- Bom, se eu estiver certa. É bem provável que esses tuneis acabem se ligando a um único lugar, já que eles se formam a partir de um único ponto sedimentado no chão. Uma caverna, e como nós descemos por um no meio do mato... se seguirmos em frente, talvez achemos onde eles se ligam. – Mawaha tinha a mão na cintura, franzindo a boca. – O grande problema é achar qual túnel é o certo, muitos deles parecem serem bem recentes, então não devem ter saída. E se acabarmos em um túnel muito velho, as paredes podem ceder e acabar nos soterrando.

- Hum... por aqui, eu tenho certeza! – Luffy apontou em uma direção qualquer, andando junto a Ussop e deixando Mawaha parado os encarando.

“Ele não escutou o que eu disse!?”

- Ei, Luffy! – Mawaha falava andando mais apressado até o capitão que olhava para outra bifurcação.

- Qual lado será? – Ussop falava olhando para os dois lados.

- Por aqui. – Dizia o capitão correndo para outro túnel conforme o grisalho marcava a parede.

Os dois corriam mais a frente enquanto o homem mais velho vinha atrás, um pouco mais lento e dolorido.

- Olha! Uma corda! – Dizia Luffy com um sorriso no rosto, puxando o cipó, fazendo Ussop e Mawaha se desesperarem. – Ué?

- Ufa...achei que fosse uma armadilha. – Ussop falava mais aliviado enquanto o grisalho mostrava os dentes e segurava a respiração conforme o chão começava a tremer.

- O que foi que eu disse sobre os tuneis! Puta que pariu, Luffy! – Mawaha falava alto voltando a colocar o capitão nas costas, com um peso a mais do atirador, conforme corria e desviava das pedras. – Eu disse que tinham tuneis velhos aqui! Disse que eles poderiam desabar a qualquer momento! Será que você não para e pensa um pouco!? Nós podemos ser soterrados, aqui embaixo!

- Ah, foi mal! – Luffy continuava com o sorriso no rosto, segurando o chapéu e rindo das pedras que despencavam do teto.

- Isso é realmente uma armadilha! – Gritava Ussop se segurando com mais força no capitão, olhando o teto que caía em suas costas, ficando a milímetros de os acertarem. – Ei, Mawaha! Se continuar desse jeito, nós seremos pegos!

- Eu sei! – Mawaha falava entre os dentes, arfando de cansaço e de dor em seus ossos.

“Se fosse só o Luffy, talvez eu conseguisse correr mais rápido.... talvez eu tivesse mais força... mas não. Eu estou fraco, cansado, faminto.”

- Então pode-se ter uma aventura dentro de um túnel também! – Luffy continuava a sorrir, colocando uma de suas mãos para frente com o punho fechado.

“Por que eu não consigo deixar ele no chão? Correr por conta própria? Por que o pedido do Ace tem tanta influência assim? Por quê?”

O chão sedia com as pedras que despencavam do teto, deixando a corrida bem mais difícil para Mawaha, tanto para se equilibrar, quanto para manter o ritmo, o fazendo tropeçar por algumas vezes e quase cair no chão.

- Eu juro... que se vocês puxarem... mais qualquer corda desses tuneis... – Dizia entre respiradas fundas e passos pesados conforme corria. – Eu mesmo enterro os dois!

Luffy ria alto em meio ao túnel que despencava, subindo e inclinando seu corpo para frente.

Fora do túnel, na vila onde os Chapéus de palha residiam, o sono havia caído sobre todos, junto com o cansaço do massacre de mais cedo. Pessoas espalhadas entre casas, chão e perto de uma fogueira que os aquecia com o reconforto. Maya cobria o homem que a havia protegido e que guardava a entrada, suspirando fundo e andando mais uma vez em direção a floresta.

Robin a acompanhava com os olhos conforme andava até a construção cheia de símbolos e escritas, tocando seus dedos sobre as pedras geladas.

- Três reis... uma sacerdotisa e uma lua.... e.... uma oradora. – Robin franzia a testa conforme era observada pela mais velha da vila

Maya corria entre os verdes enegrecidos pela noite e espalhados a vista, com vários vagalumes sobre o ar, quase como se iluminasse o caminho, voltando ao mesmo lugar onde nadava no dia. A garota se ajoelhou perante a estatua e um choro pesaroso pode ser ouvido junto ao nome sussurrado do homem de cabelos grisalhos.

Luffy, Mawaha e Ussop desciam por outro túnel, escorregando os pés, pegando cada vez mais velocidade pela descida, com o capitão rindo cada vez mais junto ao atirador que gritava com todo o pulmão. Mawaha usou seus pés para parar a velocidade assim que chegaram em uma área mais plana, cortando a força e deixando o atirador cair novamente de cara ao chão enquanto descia Luffy de suas costas. 

- Divertido! – Dizia Luffy arrumando o chapéu ao recebeu um pequeno soco ao topo da cabeça.

- Se continuar assim, vai acabar nos matando, Luffy. – Mawaha falava bufando cruzando os braços, sentindo o joelho machucar. – Francamente.

“Três ossos esmigalhados. Um joelho quase fora do lugar pela segunda vez.”

- Não é divertido! – Ussop falava subindo o corpo com rapidez. – Ei, Mawaha! Qual é a sua!? Por que me jogou no chão!?

- E desde quando eu tenho culpa por você não conseguir se segurar? – Mawaha olhava para frente franzindo a testa, sentindo uma pequena brisa de ar.

- Hum? O que é aquilo? – Luffy andou até uma pequena pedra junto dos outros companheiros, vendo uma inscrição cravada, os fazendo virarem a cabeça. Mas logo a atenção do capitão foi captada pelo azul ao fundo, o fazendo correr de volta ao túnel. – Olha lá! É a saída!

Os dois voltavam a correr, sendo acompanhados por um grisalho de cabelos coloridos cansado, um pouco de saco cheiro e cogitando em deixar os mais novos sozinhos. Era muita animação em um único lugar.

- Estamos fora! – Gritava Ussop com os braços para cima, saindo em um lugar estranho com construções que nunca tinham visto antes.

- Ali tem uma torre estranha. – Luffy pendia a cabeça para o lado, franzindo a testa e bufando junto ao atirador.

- Nós podemos estar fora, mas onde é que nós estamos!? – Ussop bufava mais uma vez. – É inútil se não conseguimos retornar para onde os outros estão, Luffy!

- Ei, Mawaha, você que sabe sobre tuneis, se nós voltarmos pelo caminho oposto, podemos sair daqui, não é? – Luffy dizia olhando a grisalha que contemplava o lugar.

- Talvez, mas eu não tenho certeza. É como eu já disse, Luffy. Esses tuneis e cavernas parecem serem velhos, não acho que seja uma boa ideia sair correndo por eles. Um deles já desabou sobre nossas cabeças e fomos perseguidos por uma pedra. Olhando agora, essa construção e aquele ideograma lá atrás, eu não acho que sair andando por aí seja a melhor opção. – Mawaha cruzou os braços apontando com a cabeça para a construção. – Eu diria que a melhor solução seria continuarmos por aqui. Duvido que essa seja a única entrada para chegar nessa torre. Podemos subir nela para nos localizarmos. – Apontou para o topo. – Lá de cima teremos uma boa visão dessa floresta e provavelmente poderemos ver qualquer sinal de que tem alguém ao redor, tipo fumaça ou fogo.

- Certo, então nós só temos que ir pelo caminho oposto, não é? – Luffy dizia com um sorriso no rosto, voltando para dentro da caverna.

- Ei, Luffy! Não ouviu o que eu disse!? – Mawaha tinha a boca aberta e as sobrancelhas franzidas.

- A sua solução não parece ser nenhum pouco divertida. Não tem aventura nenhuma nisso. – Luffy dizia com as mãos atrás da cabeça.

- Talvez você esteja certo, Luffy. Vamos! – Ussop concordava correndo para dentro.

Mawaha apenas olhava os dois sumirem em meio ao escuro do túnel, puxando um ar pesado sobre os pulmões, os sentindo queimarem.

O caminho continuou com Luffy correndo como se não houvesse amanhã, com um sorriso no rosto e acionando uma armadilha do chão.

- E-espera, Luffy! – Gritava Ussop logo atrás sentindo o chão ceder e um buraco se abrir, fazendo os dois caírem. Luffy se segurou na beirada com seus braços de borracha, seguido do atirador que segurava em seu pescoço conforme caía.

- Eu avisei que teriam mais armadilhas, não avisei! – Mawaha falava pulando para o outro lado do buraco, causando pressão no joelho e o deslocando novamente. Seu corpo veio ao chão junto com uma dor insuportável que subia, o fazendo pressionar o chão e os dentes conforme via o capitão voltar para o topo com sua habilidade.

- Está bem aí, Mawaha? – Luffy falava se abaixando do lado do grisalho que continuava a olhar para baixo, o ouvindo puxar o ar com força.

“Merda! Com um joelho deslocado, não vou conseguir correr caso ele acione mais armadilhas! Isso é ruim... é muito ruim!”

- Tô, eu só estava querendo ver a profundidade desse buraco. Acho que ele deve ter pedras bem afiadas no fundo. – Mawaha falava ao se levantar, pressionando o joelho machucado e mordendo a boca com mais força. – Luffy, tenta ser um pouco menos intenso. Esses tuneis parecem estarem cheios de armadilhas perigosas. Você não está sozinho, não é o único que pode acabar se machucando. Tirando eu e você, o Ussop é o único aqui que corre risco de vida, então tente ir com mais calma, okay?

- Certo! – Luffy dizia ainda com o atirador agarrado em seu pescoço, correndo novamente pelos tuneis, sendo seguido por Mawaha que tentava manter a velocidade. Luffy parecia mais empolgado do que antes, tanto que nem viu quando o atirador caiu por ter batido com a cabeça em uma pedra, o arrastando até certo ponto onde encontraram outra pedra com inscrição estranha.

- Aqui! – Luffy falava com um sorriso ainda mais largo, correndo novamente em direção a luz no final do túnel. – Saímos! – Largando o atirador no chão e vendo mais uma construção estranha.

- E mais outra torre estranha, de novo. – Ussop dizia cansado.

- Nami! Sanji! Vocês estão aqui? – Luffy soava melodioso, gritando com tudo que tinha em seus pulmões, ecoando a voz pela construção.

- Parece que nós temos que voltar. De novo. – Ussop se levantou do chão olhando a sua volta.

E mais uma vez voltavam para dentro dos tuneis, acionando cada vez mais armadilhas de agua, lanças afiadas, rodas de pedras que os perseguiam mais uma vez, exigindo cada vez mais de seus corpos. 

Os três chapéus de palha chegaram a mais uma escritura sobre as pedras que tinham duas salamandras os observando.

- Estou com um mal pressentimento sobre isso. – Ussop se abaixou, colocando a cabeça para frente e franzindo a testa.

- Ei, será que você sabe para onde esse caminho vai dar? – Mawaha falava se agachando no chão, olhando para a salamandra que lambia os olhos, apontando para o lado. – Entendo...

- O que você está fazendo? – Ussop ergueu uma das sobrancelhas.

- Ah, é verdade! Você consegue entender os animais igual o Chopper, não é!? – Luffy falava com um brilho nos olhos vendo o grisalho concordar com a cabeça.

- Então tem um templo mais a frente? E você sabe se lá tem uma saída que dê na floresta? – Mawaha continuava a falar com o animal que descia pelo chão, o olhando e subindo em sua mão. – Tem certeza? Você não está carregando o seu filhote? Pode ser perigoso. – Soltou um sorriso com o barulho que ouvia, erguendo a mão até os cabelos e colocando as salamandras sobre os fios escuros. – Ele disse que não sabe se tem uma saída mais a frente, mas que pode nos guiar pelos tuneis até sairmos daqui.

- Então vamos por aqui! – Dizia Luffy andando na direção de outra saída do túnel, vendo outra construção, diferente das outras duas. – Olha, não é que tinha outra mesmo! Essa já é a terceira.

- Como eu pensei. O que tem de tão interessante em encontrar isso? – Ussop bufou jogando o corpo para frente.

- Você sabe o que são essas construções? Ou o porquê delas estarem aqui? – Mawaha olhava para cima, recebendo um barulho feito pelo animal. – É... como eu pensei. Você é muito novo para saber o que é.

- Eu estou com fome. – Luffy dizia com o estomago roncando, colocando o corpo para frente e quase fechando os olhos, se jogando para trás e caindo entre a terra.

- Eu também. – Seguiu o atirador se sentando ao chão.

- Foi por isso que eu sugeri usarmos a primeira torre como ponto de referência para nos localizarmos. Mas não, os dois cabeças duras resolveram me ignorar e agora estão aí, com fome. – Mawaha bufava cruzando os braços. – Bem-feito para os dois.

- Você não está com fome, Mawaha? – Luffy olhava caído ao chão.

- Claro que eu estou. Na real, eu estou faminta, mas sei como controlar ela. O que me preocupa agora, são vocês. – Bufou andando de volta para os tuneis. – Façam uma fogueira com os galhos e folhas secas que tem aqui em volta. Vou ver se eu consigo pegar alguma coisa dentro da caverna, isso se os animais não tiverem sido espantados por toda essa agitação. Francamente viu.

- Foi mal, Mawaha. Estou contando com você. – Dizia Luffy com um sorriso no rosto jogando seu corpo para cima e indo a procura do que foi pedido pelos arredores.

Mawaha se afastou um pouco do grupo que estava, olhando para os lados e caindo em meio ao chão, segurando seu joelho e costelas com força. Podia sentir todo seu corpo queimar, arder em febre, o fazendo suar como nunca. Seus músculos gritavam de dor, sua respiração saía pesada e com sangue quando tossia.

- Já faz horas que estamos andando. Horas que eu estou forçando meu corpo para além do seu limite... Se continuar assim, vou acabar desmaiando pelo cansaço ou pelas hemorragias. – Apoiou sua cabeça contra a pedra, puxando todo ar que conseguia, levantando um pouco seu tronco e olhando o joelho fora do lugar. Aquele era o maior incomodo que poderia imaginar a ter naquela hora. – Preciso o colocar de volta. – Respirava fundo colocando uma das mãos sobre o osso, sentindo uma dor insuportável, o fazendo recuar a mão. Iria gritar com toda certeza no momento em que o voltasse ao estado original. – Merda! – Falava sobre os dentes, olhando para os lados na busca de algo para poder morder e não fazer barulho. Mawaha olhou para baixo, para sua blusa queimada e suja. Soltou um longo bufar e a tirou, a rasgando em dois pedaços. – A Nami vai me matar quando descobrir isso... mas é para um bom motivo. – Mawaha enrolou um dos pedaços e o colocou bem dentro da boca enquanto descia seus dedos pela perna e pressionava o osso de volta ao lugar, o fazendo gritar abafado pela dor e as lagrimas escorrerem pelo rosto. Jogou seu corpo no chão pela dor, pressionando o joelho de volta ao lugar que latejava e tinha uma cor roxa sobre o musculo.

“Pronto, agora eu só preciso de algo para o manter no lugar até que meu corpo volte a se curar.”

Mawaha olhava para os lados, mexendo no chão na busca de algo duro o suficiente para colocar sobre a perna, a manter estável. Algo com duas pedras mais alongadas que agradeceu por ter achado. Pegou as duas e as colocou uma em cada lado do joelho, as amarrando com o pedaço de roupa que tinha partido em dois. Apertou o mais forte que conseguiu e ficou por mais um tempo sentada no chão, respirando fundo.

- O Luffy da muito trabalho.... acho que vou acabar ficando doida com ele. – Mawaha falava com um sorriso de canto, se apoiando na parede e seguindo o túnel em busca de qualquer inseto que pudesse encontrar, recebendo ajuda das duas salamandras.

 

                             ☼

O sol se levantava entre as montanhas e florestas, fazendo os pássaros esticarem suas asas e alçarem voo em meio ao céu azulado com raios dourados.

No dojô, os marinheiros se reuniam em fileira, com posturas firmes e olhos focados no líder a sua frente, junto de seus generais que riam e sorriam com o que estava por vir.

- Em breve, o momento pelo qual estávamos esperando irá chegar. – Saga falava com uma voz imponente, recebendo um olhar de canto vindo de Zoro. – Quando esse momento chegar, eu darei a todos vocês poderes inimagináveis. O que separa o bem do mal nesse mundo, não é lei, ordem ou Deus! É poder! – Saga dizia com um rosto feroz. – Poder! Somente poder pode fazer você se tornar um Deus invencível e assim conseguirá dominar o mundo. Isso é a verdadeira justiça! – Subiu sua mão até a espada que tinha em suas costas, com suas íris brilhando em vermelho. – Nós, espadachins... junto com essa Espada de Sete Estrelas... pelo bem da justiça... – O homem brandia a espada a frente dos soldado, com um brilho verde em sua lamina. – Vamos criar um mundo novo...com nosso próprio poder! – Fazendo os soldados e seus generais erguerem suas espadas com o mesmo brilho nos olhos, gritando como trovões que cortavam o céu. – Para realizar meu sonho, Zoro...eu te chamei aqui.

- Sonho? – Zoro tinha a testa franzida com a imagem a sua frente.

- Isso mesmo. Na noite da Lua Cheia Vermelha, o meu sonho se tornará realidade! – Dizia Saga olhando para o amigo com olhos perigosos, em meio aos gritos furiosos de euforia em ansiedade pela noite. A espada brilhava ainda mais junto as perolas que se moviam e caiam em meio as aguas, sendo levadas por uma leve correnteza.

[De volta ao vilarejo]

De volta ao vilarejo, Chopper enchia a boca com comida oferecida pelos moradores e preparadas por Sanji. Maya enchia um copo com o que parecia ser chá, passando para os convidados.

- Seus ferimentos já estão curados? – Perguntava a garota de cabelos azuis com um olhar baixo e melancólico.

- Sim! Eu estou bem agora! Viu? – Dizia o cozinheiro mexendo seu ombro para cima e para baixo, fazendo a garota soltar um sorriso.

- Deixem essa ilha depois dessa refeição. – Dizia a mulher mais velha do vilarejo sendo acompanhada pelo capitão. – Eu já avisei vocês ontem.

- Enquanto o Luffy não voltar, nós não sairemos daqui, não é? – Chopper olhava para os companheiros de viagem.

- Sim. – Dizia Sanji apoiando a cabeça sobre o punho.

- Aqueles três devem terem se perdido em algum caminho da floresta. É sempre assim! – Nami falava balançando a mão e bufando.

- Eles acham que é uma aventura! – Sanji tinha um sorriso no rosto.

- Então assim que seus amigos chegarem [...]

- Por que vocês estão tão ansiosos em se livrarem de nós? – Sanji interrompeu a mulher mais velha. Tinha uma sobrancelha erguida e uma curiosidade crescente.

- É por que nós somos piratas? – Chopper falava franzindo a testa em preocupação.

- Não, isso não é verdade! Nós estamos fazendo isso para o bem de vocês! – Dizia o general da vila.   

- Pelo nosso bem, você diz. – Nami o encarava com a boca aberta.

- Digam-me. Por que vocês vieram aqui? Foi pela espada, não foi? – A velha interrompia a pequena conversa, os encarando com um olhar sério conforme esperava uma resposta.

- Sim! Isso porque a Nami ama tesouros. – Chopper dizia sem filtro algum, com um sorriso no rosto.

- Chopper! Você não tem que falar isso! – Dizia a navegadora se levantando da mesa com uma cara furiosa e surpresa pela resposta sincera vinda do médico, o vendo rir.

- Como eu pensei. – A velha bufou balançando a cabeça.

- A Espada de Sete Estrelas não é o que vocês pensam. Ela não é um tesouro qualquer. – Falava Maya com a mesma expressão melancólica em seu rosto.

- A Robin disse a mesma coisa, não foi?  – Comentou a navegadora.  

- Tragédia irá chegar, quando a Lua Vermelha dominar o céu, na noite importante de Asuka e dos três príncipes. Quando eles virem a linda sacerdotisa pela primeira vez, se apaixonaram por ela. – Robin dizia com uma voz calma olhando para baixo e com um sorriso de canto. – E pelo bem dela. Eles criaram a Espada de Sete Estrelas como prova de seus amores e começaram a lutar. Esses irmãos começaram uma luta terrível. A terra e os céus choraram pelas milhares de almas que foram sacrificadas. Então... a espada absorveu todos os lamentos das pessoas e trouxe sofrimento e destruição. – Robin se levantou da mesa, indo em direção as pedras com escritas, sendo acompanhada pelos chapéus de palha e os três moradores da vila, se abaixando e passando seus dedos pelas escrituras. – É uma maldição mortal. No final, por causa dessa maldição demoníaca, Asuka desmoronou.

- Uma maldição mortal? – Sanji falava sentado na escada com um cigarro em sua boca.

- Incrível... você sabe tanto. – Maya falava impressionada com a mulher que lia as escritas.

- A Robin é uma arqueóloga, uma bem inteligente! – Dizia Chopper com um sorriso em seu rosto.

- Mas, eu não sei o que acontece depois disso. – Passava suas mãos pelo musgo que cobria uma parte da pedra. – Parece que a avalanche destruiu as outras marcações.

- Deixe-me... contar o resto. – Dizia a mulher de certa idade com uma voz fraca andando até a escada e a subindo por meio de pulinhos. – Os poderes malignos da espada iniciaram uma guerra após a outra em busca de sacrifício de sangue.  Guerras se iniciaram por quase todos os lados. – Indo em direção a estátua caída, passando sua mão pela imagem da sacerdotisa. – Nosso lindo mar, se tornou um escravo da escuridão. E então... Para salvar todos. A sacerdotisa usou sua própria vida para purificar todo ódio e mal que foi absorvido pela espada. – Apertou o cajado. – Como forma de recordação, os príncipes rezaram para ela, obtendo as três joias do Deus Asuka e selando o mal dentro da espada.  Toda vez a cada 100 anos, o mal da espada ganha força por causa da Lua Vermelha que emite poderes demoníacos.

- Poderes demoníacos? – Robin ergueu uma das sobrancelhas.

- É por isso que precisamos levar as três joias, para as três torres. Nós devemos executar a cerimônia de selamento.  – A velha continuava a olhar a figura da sacerdotisa.

- A noite Da Lua Vermelha? – Nami franziu a testa.

- É hoje a noite. – Respondeu o general.

- Então a marinha não vai permitir que vocês prossigam com a cerimônia? – Continuou Nami.

- Seu líder é uma pessoa chamada Saga. Foi ele quem roubou a Espada de Sete Estrelas. – As lembranças do homem faziam com que Maya abaixasse ainda mais a cabeça, como se algo em seu corpo doesse. – A Cerimônia de Selamento é um grande obstáculo para ele que quer reviver o poder maligno da espada. Ele pode alcançar isso roubando as joias. – Franziu a testa. – Mas aqueles... seduzidos pelo poder da espada não podem se aproximar das joias. E foi por isso que vocês foram envolvidos.

- Espera um momento! Quem é esse tal de Saga? – Nami dizia colocando o corpo para frente. – Você quer dizer que o Zoro fez isso por ele?

- Mentiroso! Por que ele faria isso!? – Chopper seguia Nami na indignação.

- Eles eram companheiros da mesma escola de kendo quando era jovens. – Maya falava causando espanto dos dois mais covardes do grupo. – Quando o Saga costumava a ficar aqui, ele me contou sobre seu passado. A promessa que eles fizeram.

- Uma promessa? – Nami pendeu a cabeça para o lado.

- Sim. A alguns anos atrás, Saga se encontrou com o espadachim de vocês em uma missão. Ambos invadiram um navio pirata atrás da recompensa já que eram Caçadores de piratas. – Maya andava junto aos ouvintes, seguindo a mulher que andava pelo vilarejo. – Mas em meio a batalha, Saga acabou caindo e prendendo um de seus braços sobre as correntes, em um navio prestes a explodir com os explosivos. Frente a possível morte do amigo de academia, Saga o fez prometer que viveria para cumprir seus objetivos e desde aquele dia, Zoro jurou que o salvaria, a qualquer custo, para que realizassem seus sonhos lado a lado. Zoro em seu o maior espadachim do mundo e Saga na busca da espada da justiça.

- Saga, quem milagrosamente sobreviveu a explosão do navio pirata, ficou incapaz de usar seu braço direito desde então. – Continuava a velha andando por uma pequena estrada de terra. – Quando ele estava em desespero, ele veio para essa ilha na Grand Line.

- O salvador do Zoro. – Falava Nami pensativa.

- Uma promessa... – Seguia Sanji.

- A pessoa que você mencionou agora pouco, Saga. Ele não parece ser um cara mal. – Robin dizia encarando a mulher que andava a frente de todos.

- Quando Saga veio para essa ilha, ele estava deprimido e perdido todos os dias. Mas, incentivado pelo encorajamento e coragem da senhorita Maya, ele aos poucos foi abrindo seu coração e mais uma vez teve esperança em sua vida.

- Eu esperava que eles se casassem e morassem juntos nessa ilha para sempre. – Falava a mulher parando no caminho.

- Senhorita Maya...é verdade que... – Dizia Sanji vendo a garota correr até o topo de uma colina, enquanto Crocodile observava de longe soltando a fumaça do charuto.

- Entretanto, a um ano atrás, piratas invadiram essa pacata ilha. – O homem olhava para a garota na colina. – Junto conosco, Saga também levantou sua arma para lutar contra eles.

- Naquela época, Saga pegou a Espada Amaldiçoada. – Apontou para a construção que era envolta por um grande lado. – Que estava naquele grande castelo... A Espada de Sete Estrelas.

- Senhorita Maya... – Falava Sanji com os olhos sobre a garota, deixando o silêncio cair entre os ouvintes.

Foi quando um som de risada sarcástica cortou o ambiente, fazendo os presentes se virarem para o corsário.

- Que patético. Ficar se lamentando por algo que você não tinha como parar. Pretende ficar aí se remoendo pelos cantos, com essa cara de bunda, esperando a piedade dos outros. Que passem a mão na sua cabeça, dizendo que não foi sua culpa. Como se fosse a porra de uma criança.  – O Corsário soprou a fumaça do charuto mais uma vez. – Já aconteceu. Foi decisão dele pegar a espada, foi a decisão dele a usar mesmo sabendo das consequências. E se caso ele não soubesse, então isso é responsabilidade de todos dessa ilha. Qual o sentido de ficar aí, chorando, se culpando e não fazendo nada para reverter essa situação? Sua melancolia, choro ou autopiedade não vai fazer o passado voltar. Entenda de uma vez, garota, o que aconteceu, não tem como voltar atrás. Se realmente quer salvar o homem chamado Saga, faça a porra de alguma coisa e não fique aí correndo em colinas, subindo ao seu topo, esperando que alguém a salve! São seus problemas, seus demônios para serem enfrentados que, eventualmente, arrastaram todos para esse buraco. – Ergueu o queixo com um olhar de desprezo. – Espada Sagrada, maldição, joias magicas. Isso é apenas uma fração de toda equação. Está esperando que essa merda toda se resolva sozinha? Que essa noite seja mais uma como dentre todas as outras? Para um bando de velhos e religiosos que sabem da história, vocês não parecem estar preocupados com o que vai acontecer, não é? Se realmente estivessem um pingo preocupados com o bem-estar de todos, iriam atras da joias. Iriam lutar com tudo o que tem para recuperar o que foi roubado. “Mas eles são muito fortes”, isso não existe! Vocês é que são covardes e preguiçosos demais para lutar por aquilo que acreditam. Se realmente quisessem que o poder demoníaco da Espada de Sete Estrelas fosse selado ou contido, não estariam aqui perdendo tempo jogando conversa fora e sim procurando as joias ou pensando em como irão deter a tormenta que cairá essa noite. – Crocodile passava seus olhos por todos, erguendo ainda mais o queixo e apertando o charuto entre os lábios. – No menor dos problemas, começam a correr em círculos feito baratas que perderam a cabeça e não sabem se nortear. Estão esperando que seu capitão surja do nada e os proteja como ele fez em Alabasta? Ou será que estão esperando um plano mirabolante bolado pelo Mawaha? Ou talvez, quem sabe, que o espadachim de vocês volte como se nada tivesse acontecido e os ajude a deter aquele homem? Vão esperar até quando para começarem a agir por conta própria? Vocês são malditos piratas ou um bando de palhaços? Deixe eu dizer algo para vocês. O único conselho que eu vou lhes dar, veja como um agrado momentâneo. Existirá momentos em que vocês, sejam o bando do Chapéu de palha ou esses inúteis da vila, que se encontrarão sozinhos no meio da merda. Enterrados até o pescoço sem ter para onde correr, e é nesse momento que vocês terão que fazer suas próprias decisões. Vocês não são crianças, e a Grand Line não é um parquinho onde seus pais podem deixar vocês se divertirem sem nenhuma preocupação! Quando esse dia chegar, por que ele vai chegar. Quando vocês não tiverem o capitão de vocês perto, o imediato e o único que realmente parece entender a situação que é a Grand Line, o que vocês vão fazer? Vão deixar serem soterrados, com um braço para fora esperando que uma força exterior os puxe para fora ou vão começar a agir feito a porra de um bando de piratas?  - Olhou para a garota que continuava a encarar a construção ainda com o olhar melancólico. – Você pode ficar aí chorando, se lamentando ou pensando no que poderia ter feito para ajudar, ou pode limpar essa expressão nojenta do seu rosto e começar a fazer algo que preste. – Franziu a testa. – Pessoas como você, os chapéus de palha, Nefertari Vivi e todos os que vieram antes são os que me deixam mais irritados. Basta algo dar errado que já começam a se desesperar e se autossabotarem. Nada atrapalha mais do que emoções em momentos desesperados. Os deixam inúteis e descartáveis.

- Não é tão simples como você pensa! Se... se eu tivesse poder para mudar o que aconteceu naquela hora, teria feito. – Maya falava com os olhos baixos.

- E por que não fez? Por que não se jogou na frente do seu amado Saga? Não o impediu de pegar a espada? – Soltou um sorriso. – Já sei o que vai dizer. “Eu não consegui, sou fraca demais”, não é? A verdade é que você queria que ele te salvasse. Bem lá no fundo você queria que ele pegasse aquela espada amaldiçoada e a salvasse porque é uma inútil que não consegue se proteger sozinha. Queria que o príncipe encantado a salvasse de ser morta pelos piratas malvados que invadiram sua ilha, porque querendo ou não, um único pensamento passava sobre seu cérebro naquela hora. “Eu posso resolver isso com as joias. Vai dar tudo certo.” Mas no final, viu que a bosta era mais fundo do que podia imaginar. – Crocodile andou até o morro, olhando as aguas e ate onde ia. – É um caminho bem longe da vila não é? Para chegar nesse castelo, você deveria ter passado por uma floresta bem densa, subir aquelas longas escadas, não é? Uma tarefa que requer certo esforço para uma pirralha que carrega um homem ferido.

- Como sabia que ele estava ferido? – Falava a velha franzindo a testa.

- Não insulte a minha inteligência, até mesmo um primata entenderia que ele estava ferido, se não tivessem não teria recorrido a Espada de Sete Estrelas. – Crocodile tinha uma voz baixa e séria. – E é esse sentimento que te corrói por dentro, não é? Você sente nojo do pensamento que teve naquele momento, de como as coisas viraram. Depois que o seu amado Saga pegou a espada que você não queria, quando viu o que ele se tornou, o arrependimento bateu e você fugiu. Fugiu do monstro que seu egoísmo criou. Tem tanta vergonha do que fez que nem consegue escutar o nome dele sem fazer essa cara patética e irritante. – Segurou o pescoço da jovem, a deixando na beira da colina, apoiada nas pontas dos pés. – Se quer que esse seu sofrimento ridículo acabe, eu posso dar um final digno a você. Posso te jogar daqui de cima, e eu lhe asseguro que dessa altura, você não sai com vida.

- O que está fazendo, crocodilo de merda! – Sanji gritava indo em direção ao corsário que empurrava ainda mais a garota. – Solte a senhorita Maya!

- Se tem tanta vergonha de viver, por que ainda está aqui respirando esse ar? Por que no instante que viu o que seu amado se tornou, não o prendeu até que a Lua Vermelha surgisse e que isso tudo fosse resolvido? Por que o deixou solto? – Descia a mão ainda mais, fazendo a garota escorregar. – Porque é uma covarde que quer que os outros façam seu trabalho sujo! Não suporta o fato de o ver daquele jeito e fica lamentando, esperando que todos passem a mão na sua cabeça. É uma criança mimada que está pouco se fodendo para quantas pessoas podem acabar morrendo.

- Você está errado! Eu... eu não quero que ninguém morra! – Maya falava alto batendo suas mãos contra a mão de areia.

- Mas foi o que o seu egoísmo acabou fazendo, não foi? Pessoas inocentes da sua vila morreram pelo seu desejo de ser protegida. Pelo desejo de que seu povo fosse protegido a todo o custo. Agora que tal parar de brincar de casinha e começar a agir feito um adulto de respeito? Assuma suas responsabilidades! Seus erros ao invés de chorar pelos cantos como se fosse um maldito rato ferido! – Jogou a garota para o lado à medida que se transformava em areia, desviando de Sanji e se pondo as costas dos que apenas olhavam sem ter muito o que fazer e com um suor pingando em seus rostos. – Se quer ajudar seu povo medíocre, sugiro que comece assumindo seus erros e enfrentando seus próprios demônios e não esperando salvadores milagrosos.

- Você está bem, senhorita Maya? – Sanji dizia indo até a garota e a ajudando a se levantar. – Maldito Crocodile, como consegue dizer coisas tão cruéis assim para uma dama como a senhorita Maya!?

- Vocês que se esqueceram quem eu sou. Eu levei um país inteiro a beira do colapso, matei pessoas de fome e sede. Doenças se espalhavam pelo ar por Alabasta enquanto eu manipulava todos para acharem que era uma boa pessoa. Vocês se equivocam cada vez mais, chapéus de palha. Quantas vezes eu vou ter que esfregar na cara de vocês que eu não sou um cara bom? Quantas vezes a Mawaha vai ter que falar isso para vocês? – Cruzou os braços sobre os peitos. – Estão esperando que eu mude o meu temperamento e jeito de pensar só porque estou no navio de vocês? Acham mesmo que eu vou mudar? Por favor, um tigre selvagem não deixa de ser menos perigoso só porque deixou que uma ou duas pessoas acariciassem seus pelos. Eu ainda sou o corsário que envenenou seu capitão e perfurou sua barriga sem nenhuma piedade. Não entendam errado, Chapéus de palha. Não tenho nada contra vocês já que os julgo inferiores, é só que é cansativo os verem desse jeito. Quanto mais cedo entenderem isso, mais cedo vão parar de se surpreenderem.

- Se pelo menos eu pudesse ter protegido a senhorita Maya! – Falava o guerreiro da vila.

- Não diga isso! Ninguém deve se culpar! – Falava a velha da ilha fazendo o corsário revirar os olhos mais uma vez e soprar a fumaça de sua boca. – Ninguém deve...

- Depois daquela noite, o coração do Saga ficou completamente controlado pela espada amaldiçoada. – Dizia Maya apertando a mão de Sanji, deixando lagrimas escorrerem por seu rosto. – E, então o Saga...não. A Espada de Sete Estrelas colocou os espadachins da marinha sobre seu controle, para derramar mais sangue. – Franziu a testa. – Tudo isso para que as trevas dominassem o mundo mais uma vez.

- O que você disse!? – Nami quase engoliu a língua.

- Pessoas matando umas as outras, e o sangue jorrando feito um rio. Uma terrível destruição mundial onde tudo e todos... é destruído. – Dizia a velha com os olhos em Maya.

 

[De volta aos tuneis]

- Tem sido assim desde ontem. Quando é que vamos sair daqui? – Ussop tirava algumas flechas de sua bolsa as jogando para os lados, tendo a mãos segurada por Mawaha. – Ei, me solta.

- Ô imbecil, se continuar a mexer nelas sem ver por onde toca, vai acabar envenenado. – Mawaha mostrava a ponta das flechas que continham um pó acinzentado. Passou seus dedos e os levou até a ponta da língua, sentindo o gosto amargo. – É cianeto.

- Cianeto? O-O que uma coisa dessas faz aqui!? E por que estão nas flechas!? – Gritava o atirador jogando as flechas para longe.

- Você ficaria surpreso de como é fácil achar isso na natureza. Ele pode ser extraído de frutas, legumes e até mesmo em fontes de agua específicas. Diria que é um dos venenos mais fáceis de serem encontrados. Tão fácil que ao longo da história, já foram registrados cerca de uns 300 casos de envenenamento acidental por cianeto. Ou talvez tenha sido mais, não me lembro bem. Esse veneno é tão comum e fácil de se encontrar que diversos reis, nobres ou figuras importantes, foram mortas por ele. – Mawaha quebrou uma das flechas em seu ombro, vendo Luffy com uma expressão preocupada em seu rosto. – Relaxa, Luffy. Ele já está nessas flechas a muito tempo. Quanto mais tempo ele fica exposto ao ar, ou é mal preservado. mas ele perde sua eficácia.

- Mas você acabou de dizer que o Ussop iria morrer se tocasse nelas! – Luffy falava segurando o grisalho pelos ombros, o balançando de um lado para o outro. – Você não vai morrer, não é, Mawaha!?

- Eu não vou, Luffy. – Mawaha sorriu fraco, colocando uma das mãos sobre a cabeça do mais novo, bagunçando os cabelos. – Só disse aquilo para assustar ele. É igual aquele ditado. O seguro morreu de velho.

- Você promete!? – Luffy franziu a testa, aproximando seu rosto.

- O que? – Mawaha afastou o rosto.

- Promete que não vai morrer!? – Luffy voltava a aproximar seu rosto da grisalha que continuava a afastar.

“Daí você me fode, meu anjo.  Se eu fizer isso.... não vou poder quebrar essa promessa.”

Mawaha piscava ainda afastando o rosto do chapéu de palha que continuava a encarar e a apertar seus braços.

- Mawaha!? Você promete? – Luffy falava mais uma vez, franzindo cada vez mais a testa.

- Tá, tá, agora se afasta. – Mawaha virava o rosto e esticava o pescoço. – Você está muito perto.

- Então promete direito. – Luffy se sentou ao chão, levantando uma das mãos e o dedo mindinho. – Me promete com o mindinho.

- Você é uma criança por um acaso? – Mawaha tinha a testa franzida e uma expressão de desgosto para o dedo. Bufando pela insistência do capitão, o fazendo ceder e unir os dois dedos. Luffy balançava as duas mãos, cantando algo que Mawaha não entendia muito bem, o fazendo pender a cabeça para o lado conforme os dois dedos eram apertados. Sentia algo entre eles, algo que parecia os conectar e causar um arrepio estranho.

- Pronto, agora se você quebrar essa promessa, vai ter que cortar seu dedo fora. – Luffy falava com um sorriso no rosto vendo o desespero do grisalho.

- HÃ!? Como assim!? Tá de sacanagem com a minha cara!? Luffy! – Mawaha se levantava do chão vendo o capitão fazer o mesmo, o ignorando e andando novamente pelos corredores com as mãos atrás da cabeça. – Francamente, esse garoto. – Puxou a ponta da flecha ainda pesa entre a pele.

- Deve ser por aqui. Está decidido. – Luffy seguia por outro túnel.

- Espera, Luffy! Se eu continuar a te ouvir, não importa quantas vidas eu tenha, não vão ser o suficiente! – Ussop se levantava do chão seguindo em direção ao capitão e Mawaha que já tinha desistido a muito tempo de dar uma direção que fosse mais segura. Segurando seu braço e o puxando para outro lugar. – E até quando você vai ficar andando por ai desse jeito!? – Apontava para o tórax da grisalha. – Vê se coloca alguma coisa.

- Cara, são só peitos. Você tem, o Luffy tem. Cresce, por favor. – Mawaha revirou os olhos para o atirador. – Além de que, eu não tenho nada para cobrir meu corpo. Se soubesse que iriamos ficar presos em um túnel por horas, que o Luffy iria ser atacado por uma chama do capiroto e que vocês não iriam me escutar dando as direções certas, com certeza eu teria trazido uma segunda blusa para uma ilha que o destino era, no máximo, um dia para reabastecer tudo e voltar para o mar.

- Eu não me importo. – Falava Luffy com os braços ainda atrás da cabeça.

- Viu? Você é o único que está se importando com isso, Ussop? – Os três continuavam a andar pelo caminho escolhido, se encarando e estranhando uns aos outros, mais Ussop em relação a Mawaha.

- Como você não se importa com isso, Luffy? Ela ficar andando por aí com isso balançando de um lado para o outro. É estranho e incomodo! – Ussop falava apontando para o corpo de Mawaha que balançava a cabeça e franzia a testa.

- Peitos, Ussop. São peitos. – Falou o grisalho.

- Não vejo o porquê de achar estranho. Nós tomamos banho juntos todos os dias. Não tem motivo para isso acontecer. Eu já me acostumei. – Luffy falava de maneira calma, tendo sua boca fechada pela mão da grisalha que balançava a cabeça.

“E é agora que eu me fodo bonito.”

- Muita informação, Luffy. É muita informação. Não precisa, okay?  – Mawaha falava com um sorriso forçado no rosto.

Os três andaram por mais um tempo até sentirem o chão desabar novamente em uma avalanche de pedras. Tinham acionado outra armadilha.

- É o caminho errado! – Gritava Ussop em meio as pedras que os faziam deslizar até acertarem um buraco, sendo soterrados. – Chega disso! – Reclamava saindo de baixo das pedras redondas e lisas conforme Luffy ria. – Se o Zoro não tivesse saído correndo daquele jeito

- Eu estou preso. Estou morrendo de fome. – Luffy se encolhia entre as pedras, com o rosto derretido.

- Ainda? O que você comeu ontem não foi o suficiente? Não consegue aguentar até sairmos daqui? – Mawaha saía com muito esforço de baixo das pedras, indo na direção do capitão e o puxando para fora.

- Eu quero a comida do Sanji. – Luffy dizia se jogando entre as pedras.

- Ouviram isso? – Ussop falava atraindo a atenção dos dois.

- É agua.  – Mawaha dizia franzindo a testa por algo que sentiu vindo do ar. Se levantou e correu em direção a uma fissura na parede, de onde vinha o barulho de agua. Subiu pelas pedras e ficou encarando o reflexo junto as três pedras redondas ao fundo.

- O que é isso? – Luffy se ajoelhou do lado, acompanhando conforme a grisalha tirava os objetos de dentro da agua, os encarando fixamente. – Ei, Ussop! Nós achamos umas coisas esquisitas!

“Eu consigo ouvir... consigo as ouvir.”

Mawaha tinha os olhos sobre os objetos roxos, sorrindo de canto e sentindo aquela mesma sensação subir por seus braços. Um formigamento que ardia e fazia o corpo doer mais ainda, queimando nas veias e destruindo o sangue.

“Um poder incrivelmente forte, de contenção... e as lembranças que vêm junto.”

Seus olhos pareciam ver um filme de todos que já possuíram as três joias, que inundavam seu cérebro e o fazia doer pela quantidade de informações que eram jogadas uma atrás da outra. Informações importantes, informações inúteis, o significado das joias que sussurravam a historia para o grisalho, o fazendo as apertar sobre o peito. Mawaha franzia a testa e rangia os dentes com o que via diante de seus olhos, um resquício de lembrança que fazia seu sangue borbulhar.

- Roronoa...Zoro...- Murmurava entre bufadas quentes de raiva, se levantando do chão e com olhos ferozes.

- Disse alguma coisa, Mawaha? -  Luffy olhava o grisalho que tinha um sorriso no rosto e os olhos fechados.

- Não, não foi nada, Luffy. – Mawaha segurava as três pedras com ainda mais força.

- É um deposito de agua? – Ussop subia com dificuldade, vendo Luffy escorregar no lodo do chão e pressionar outra alavanca. – Ah, não. – A agua estourou do chão, inundando os tuneis e levando os três pelos caminhos que tinham feito, os fazendo prenderem a respiração pela inundação.

O grupo continuava a andar pela mata ao redor do vilarejo, vendo as crianças correndo e a brisa soprando.

- Vovó, existe alguma outra maneira de impedir que a Espada das Sete Estrelas seja revivida? – Nami perguntava olhando a mulher mais baixa.

- As três joias para colocar nas três torres foram roubadas, e sem elas, nós não podemos realizar a cerimônia. – Dizia a velha bufando em frustração.

- Isso é tudo culpa do Zoro... – Chopper franzia a testa.

- Então... quer dizer, que nós só podemos assistir isso acontecer? – Nami continuava com os olhos na mulher velha conforme andavam pelo caminho de volta a ouvindo bufar.

- Só existe mais uma maneira. – Dizia a garota de cabelos azuis escuros olhando para o chão.

- Maya! – Falou a velha.

- A Sacerdotisa Lendária é minha ancestral. – Maya tinha um olhar distante. – Se eu também sacrificar minha vida, então...

- Senhorita Maya! – Dizia o guerreiro.

- A Maya vai se sacrificar!? – Seguido de Chopper.

- Do que você está falando!? Isso é só uma lenda! – Sanji falava alto para os outros. – É uma coisa do passado, não é!? Eu não acredito em uma coisa ridícula dessas.

- Mas, a Espada de Sete Estrelas existe! – Dizia a velha com os olhos no cozinheiro.

- Foi por isso que eu disse, vocês preferem acreditar em algo que nunca foi provado. E deixar sua neta morrer assim sem poder fazer nada!? – Sanji franzia testa e rangia os dentes.

- E você acha que eu estou feliz com isso!? – A mulher mais velha falou em um tom mais alto, abrindo seus olhos pela raiva, surpreendendo a todos, inclusive ao loiro.

- Me desculpe... eu falei demais. – Sanji abaixou a cabeça.

- Esqueça. Eu também não acho que essa seja a maneira certa para resolver esse problema. – A velha se virou, estendendo a mão para Maya, a segurando. – Esse é o nosso destino.

- Destino? – Perguntou Robin.

- Nosso clã herdou o sangue da sacerdotisa por gerações. Pelo que eu sei, nunca houve ninguém com tanto poder quanto Maya. O poder da oração. – A velha apertou a mão da garota. – Agora que não podemos usar o poder das joias... Nós só poderemos contar com o poder de Maya para realizar a cerimônia para impedir o renascimento da Espada de Sete Estrelas. Esse é o nosso destino... me perdoem.

- Eu entendo. – Maya tinha os olhos fechados e um sorriso no rosto.

- Deve haver outra maneira, não é? – Chopper tinha um suor escorrendo pelo rosto. – tem de haver.

Um som alto cortou o ambiente, fazendo o chão tremer e assustar os que estavam de passagem.

- Que som é esse!? – Nami falava olhando para os lados em desespero.

- Não pode ser! A maldição da Espada de Sete Estrelas renascendo!? – Dizia Robin apreensiva.

- Ainda não é muito cedo para a lua aparecer? – Sanji perguntava com a mesma expressão preocupada em seu rosto.

Foi quando o chão cedeu sobre o pedestal quebrado de pedra, jogando agua para cima junto aos três que subiam alto no céu.

- Seu idiota! – Gritava Ussop jogando a agua para fora da boca enquanto caia ao chão.

- Que divertido! – Dizia Luffy com um largo sorriso no rosto.

- Luffy! – Disse Nami com a boca aberta.

- Senhorita Mawaha! – Falou Sanji com os olhos na grisalha que mudava a forma pelo contato a luz solar.

- O que? – A mulher mais velha tinha o queixo caído em surpresa.

- Vamos lá! – Falava Nami para os outros companheiros que começavam a correr na direção onde os três haviam caído, ouvindo as risadas de Luffy.

- O que vocês estão fazendo? – Sanji falava com os olhos nos três caídos ao chão.

- Ah, Oi, pessoal. – Luffy tinha um largo sorriso no rosto.

- Você nos deixou preocupados, Luffy! – Chopper corria na direção do capitão.

- Foi mal, foi mal. – Dizia o capitão ainda com o sorriso no rosto.

- Finalmente nós conseguimos achar vocês. – Ussop dizia com a mão sobre as costas, caído ao chão e com um sorriso aliviado no rosto.

- Olha para essa visão deprimente de vocês... – Nami falava com as mãos na cintura.

- Você não pode dizer nada gentil? – Ussop continuava caído massageando as costas.

- Ei... chapéu de palha. – Uma voz fria cortou a reunião. Uma que era irritada, ameaçadora, seguida de um olhar furioso no rosto. – O que aquele inútil do espadachim de vocês está fazendo com a marinha? – Mawaha falava sentado em cima de uma pedra com o queixo erguido conforme Crocodile ia para o seu lado direito, tirando o casaco que usava e o jogando por cima dos ombros.

- “Fodeu, ela já sabe!” – O grupo fez um som que escapou sobre os dentes.

- Respondam. – Mawaha falou no mesmo tom frio com os olhos focados nos companheiros que engoliam a seco.

- Eu avisei. – Crocodile dizia com um sorriso no rosto.

- Se sabe de alguma coisa, Crocodile, desembuche de uma vez. Não fiquei esperando ou fazendo joguinhos. O que aquele homenzinho faz com a marinha? – Mawaha tinha um olhar de canto para o corsário que soprava a fumaça do charuto.

- Você parece estar bem irritado hoje. Aconteceu alguma coisa lá embaixo? E está cheio de machucados também. – Crocodile erguia uma das sobrancelhas em direção ao mais baixo, segurando em seus cabelos e passando o dedo sobre os lábios. – Esta com tanta fome assim que está perdendo o juízo? Só é preciso ficar um dia inteiro sem tomar sangue que já fica nesse mal humor? - Mawaha puxou o rosto, afastando o dedo dos lábios, sentindo novamente aquele puxão em seu cabelo conforme o dedo entrava em sua boca, pressionando o dedão sobre os caninos e deixando o líquido escorrer para dentro da garganta.

Mawaha afastou o polegar da boca, limpando o canto e respirando fundo. O mais fundo que conseguia.

- E então? Qual a explicação para aquele lá estar andando com ratos imundos feito a marinha? Mudou de lado feito a Itália na Guerra? – Revirou os olhos ao ouvir a risada vinda do corsário. – Se quiser compartilhar o seu pensamento, cachorrinho número um, fique à vontade. Sua dona permite.

- Rolo. – Crocodile falava com um das sobrancelhas levantadas. – Acredito que temos um jogo a continuar, não é?

- Por mais que eu adorasse te vencer nesse jogo de palavras. Coisas mais importantes apareceram, então seja um bom cachorrinho e espere sua dona resolver as coisas para, assim, darmos continuidade. – Mawaha falava esticando o joelho que latejava. Estava mais roxo que da última vez que chegou, provavelmente aquele machucado não iria se curar tão bem como os outros.

- Está desistindo do próprio jogo? Isso é novo. – O rosto imponente e de olhar superior continuava junto a risada.

- Veja como quiser, Crocodile. Meu foco agora é outro. Coisas importantes estão acontecendo ao redor dessa ilha, e sinceramente falando? – Mawaha se levantou com uma certa dificuldade, ficando sobre a pedra. Passou seus dedos sobre os cabelos escuros do corsário e os puxou para trás. – Eu não estou com a menor paciência para pensar em certas palavras para te vencer de um jeito bonito e humilhante. Lhe dar a vitória já é a coisa mais humilhante que você possa aceitar. Sabe que não ganhou por ser mais inteligente ou mais esperto, e sim, porque é entediante o bastante para fazer seu adversário desistir de competir. Você é só um vira-lata que late e mostra os dentes para mim. Que tenta me provocar ao ponto de me fazer esquecer as coisas com clareza. É um ponto escuro em meio a um mar de lucidez. Acha que é inteligente o bastante para me vencer em um jogo que eu mesmo sugeri? Se você realmente fosse um homem que despertasse qualquer interesse em mim, não estaria à procura de pessoas mais fortes, mais inteligentes e com mais poder bélico do que a porra de um simples corsário, que foi afundado no próprio jogo, derrotado pela porra de um garoto de 17 anos de idade em poucos dias de estadia no país. Se tivesse a metade da inteligência que pensa ter, já teria aprendido a muito tempo a não me tirar do sério ou que não passa de mais uma peça posicionada e pronta para agir quando eu bem entender. Você é a porra do meu bichinho de estimação que me segue para cima e para baixo, pronto para dar a patinha quando eu pedir ou me satisfazer do jeito que bem entender. – Puxou um pouco mais os cabelos. – Você não passa de uma diversão, um experimento. Meu experimento.

- Está flertando comigo, Mawaha? – Crocodile tinha um sorriso de canto, o escorrendo para os Chapéus de palha que se olhavam e olhavam a cena a sua frente, sentindo os fios serem soltos com força.   

- Expliquem do começo. O que está acontecendo? – Mawaha voltou a se sentar sobre as pedras, esticando a perna que incomodava.

- Aconteceu alguma coisa com a sua perna, Mawaha? – Chopper falava correndo na direção do grisalho que soltava um grande bufar e apertava algo com uma das mãos.

- Não é nada muito sério, só o meu joelho que acabou deslocando quando nós caímos de um penhasco. Como sou mais resistente que aqueles dois e meu corpo se cura sozinho, usei ele para diminuir o impacto e os danos causados no Luffy. – Mawaha olhava o capitão que ainda ria, o fazendo sorrir de lado. – Ele teria melhorado sozinho se nós não ficássemos correndo de um lado para o outro por conta das armadilhas nos tuneis.

“Eles não precisam saber de muitos detalhes. Só o necessário.... Vão ficar preocupados com a minha saúde, e esse já é o esperado em uma situação como essa. Mas não tanto se soubessem do pulmão perfurado, bacia rompida, hemorragia interna, os ossos quebrados e todo o resto... Não, deixe que eles se curem sozinhos, só preciso de um bom descanso.”

- PELOS CÉUS, MAWAHA! SEU JOELHO ESTÁ EM UM ESTADO DEPLORAVEL! COMO ESTÁ ANDANDO PARA CIMA E PARA BAIXO COM ELE DESSA FORMA!? – Chopper tinha uma voz aguda e preocupada ao ver o roxo que se espalhava. Pressionando as patinhas sobre a pele com calma. – Ele não está só fora do lugar, não, ele esta virado para o lado e começando a cicatrizar dessa forma, causando pressão em toda a musculatura da sua perna! Sem contar que eu acredito que ele está partido em três pontos! Você deve estar sentindo uma dor incrível nesse momento. Nem deveria estar desse jeito. Deveria estar deitada e fazendo o menor esforço possível nessa perna! – Chopper falava aumentando seu tamanho e deitando o grisalho sobre o chão que tinha um sorriso de canto. – Luffy, o que vocês ficaram fazendo para acabarem nesse estado!?

- Não foi culpa dele, doutor Chopper. Eu quem fui imprudente e me coloquei nessa situação. Não podia deixar nosso capitão correndo para cima e para baixo com o Ussop. E se acabassem se machucando? Como iria aparecer com eles machucados diante de vocês? Como iria cumprir aquela promessa? – Mawaha tinha um sorriso de canto, bufando ao sentir as patas sobre o joelho. – Faça o que tiver de fazer, doutor Chopper. Posso lhe assegurar que eu não estou sentindo nenhum tipo de dor. Meu corpo já está acostumado com isso.

“É mentira... está doendo para um santo cacete e eu sinto os músculos se atrofiando sobre o osso posto no lugar errado. Sinto como se cada fibra dos ossos estivessem gritando pela dor... Meu estomago está revirado e sangrando por estar perfurado. O ferimento causado pelo Gasparde está aberto mais uma vez... preciso de sangue. Urgente. Talvez uma transfusão.”

- Eu vou precisar abrir seu joelho para o colocar de volta no lugar, Mawaha. Preciso fazer uma cirurgia se não [...]

- Não tem problema, faça o que tiver de fazer, doutor Chopper. Eu confio a minha vida nas suas mãos. Sei que é um bom médico. – Mawaha sorriu mais ainda.

- Por que não disse que estava tão mal, Mawaha? Se tivesse dito, eu não teria feito aquelas loucuras. – Luffy se sentava em seus joelhos, com a testa franzida e preocupado. – Todas aquelas vezes que você me levou nas costas junto do Ussop... nós dois juntos somos pesados!

- Não sei por que está se culpando por uma decisão minha, Luffy. Eu quem me coloquei nessa situação. Fui eu quem escolhi me jogar daquele penhasco com os dois nos meus braços mesmo sabendo das consequências. – Mawaha tinha o pescoço virado para o capitão, com os olhos no mais novo. – Eu sou bem grandinho para saber medir as consequências das minhas ações, Luffy, então fique tranquilo.

- Mas [...]

- Fique tranquilo. Eu não vou morrer por conta de um joelho machucado. Lembra? – Ergueu o mindinho. – Eu te fiz uma promessa e não sou do tipo que as quebra. Mas se isso o irá deixar mais relaxado. A partir de hoje, não vou me colocar em situações de risco ou que levem meu corpo ao extremo do seu limite. Está mais calmo?

- Não! Você não pode simplesmente dizer uma coisa dessas com uma voz macia e calma desse jeito, Mawaha! E se tivesse acontecido algo pior!? – Luffy falava com uma voz forte e irritada. – E se mais coisas estivessem sido quebradas ou deslocadas além do seu joelho!? Você estava me protegendo o tempo todo, e o Ussop também, mas se quer parou para pensar que nós não somos criancinhas que precisam ser cuidadas ou de apoio para andar. E isso me deixa irritado! Do que adianta você chegar aqui, falar que vai fazer tal coisa sendo que na primeira oportunidade está se jogando na frente de qualquer coisa!? Foi a mesma coisa lá com aquele merda do Gasparde e agora isso! – Luffy aumentava ainda mais a voz, apertando as mãos sobre os joelhos. – Eu não preciso que você me proteja, Mawaha! Você é quem precisa se proteger!

- Do que está falando, Luffy? Vou me proteger do que? – Mawaha tinha a testa franzida.

- Não se faça de idiota! Precisa se proteger de si mesmo! – Luffy olhou em direção ao grisalho que tinha a boca aberta. – Na primeira oportunidade que você tem, se joga a frente dos lobos e isso é irritante! Fez isso em Alabasta quando fingiu estar do lado daquele crocodilo, mesmo sabendo que poderia acabar morrendo... fez o mesmo na ilha dos bichos estranhos se jogando no meio dos Devoradores de Chifres e com o cara estranho... Quantas mais vezes você vai precisar se machucar... nós fazer ficar preocupados para entender!? – Franzindo a testa e rangendo os dentes. – Você faz coisas...toma decisões.... e se machuca de forma violenta todas as vezes, e eu estou cansado de ver isso! Todos nós estamos cansados de ver isso! Você é nosso companheiro e o ver dessa forma é um soco no estomago toda vez que isso acontece! Do que adianta estar livre, compartilhando aventuras e desbravando os mares, sendo que seus pensamentos estão presos em uma gaiola, Mawaha? Qual o sentido disso!?

Mawaha abriu a boca por algumas vezes vendo os companheiros a mais tempo com os olhos baixos e com as mãos fechados em punhos. Subiu sua mão para o rosto, sorrindo em meio aos raios de sol.

- Perdão, acho que não levei em consideração seus sentimentos. – Mawaha falava sentindo a dor sobre o joelho, não a causada por Chopper que o tratava. Era outra coisa que subia por todo seu corpo, o deixando pesado. – Prometo que vou ser mais responsável daqui para frente, Luffy.

“Eu subestimei eles, por um segundo esqueci que os Chapéus de Palha tem sentimentos. Que se magoam com facilidade... que são humanos. Então isso é o que torna uma pessoa humana, é? Ficar preocupado com o bem-estar de um companheiro... Dar bronca quando alguém faz bosta... Chorar quando sente dor. E o que é isso que está me incomodando? É irritante... esse sentimento que cresce no meu peito. É pesado. Sufocante. Nojento. Me sinto culpado. Um lixo por o fazer se sentir desse jeito... Só acabo estragando as coisas mais e mais... A solução mais rápido para isso seria morrer, não é mesmo? Mas nem isso eu posso mais. Prometi que não iria... Outra promessa que eu fiz. Outra dor de cabeça que eu terei no futuro...”

- Essa é a senhorita Maya. – Dizia Sanji depois de alguns longos segundos de silêncio causados pela conversa.

- Você se chama Maya? – Luffy falava olhando para a jovem de cabelos azuis que concordava com a cabeça. – Eu me chamo Luffy.

- E eu Ussop. – Dizia o atirador.

- Mawaha. – Dizia o grisalho levantando a mão ainda deitado no chão.

- O que vocês estavam fazendo durante todo esse tempo? – Nami tinha as mãos na cintura e o corpo posto para frente conforme dava uma bronca nos dois mais a frente.

- Bom, isso é uma longa história. Nós caímos em um túnel que deveria ser de algum animal, e era um túnel super longo [...] – Ussop explicava a história conforme Robin se afastava e ia em direção ao buraco no chão, se abaixando e vendo a agua abaixar lentamente, franzindo a testa.

- Em um momento crítico, vocês estavam passeando. – Bufou a navegadora, levando o rosto para longe junto a sua postura.

- Quem estava passeando!? – Ussop se levantou do chão.

- Nossas provações foram piores do que a de vocês!? – Seguido por Luffy que passava as mãos ao entorno do pescoço do atirador, não medindo sua força e o enforcando.

O sol voltava a cair sobre a terra de Asuka, deixando o céu com um tom alaranjado e com algumas nuvens que se formavam indicando que a noite estava próxima de cair. O vento soprava fraco, balançando a grama que deitava sobre o solo pela pequena pressão envolvida em suas fibras. O cheiro de agua que invadia as narinas, e um pouco de tensão no ar com a chegada da noite.

Os chapéus de palha continuavam reunidos em volta de onde a estátua da Sacerdotisa tinha sido quebrada, ouvindo a história das aventuras de Luffy e entendendo melhor o motivo de não estarem juntos quando tudo começou a acontecer.

- Luffy, então você lutou contra um cara chamado Saga no Dojô da Marinha? – Nami tinha os braços cruzados e a testa um pouco franzida.

- Entendo, então foi isso que aconteceu. O Zoro quer manter sua promessa e por isso que ele foi se encontrar com aquele cara? – Luffy soltou um bufar vendo os companheiros concordarem com a cabeça.

- Sem dúvidas. A espada que estava nas mãos era sem dúvida a Espada de Sete Estrelas. – Concordou Ussop coçando a cabeça. – Aquela realmente não era uma espada qualquer. Apenas um corte saiu uma luz esquisita daquela espada.

- Eu senti isso quando aquela chama verde bateu nas minhas costas. – Mawaha continuava deitado no chão com o joelho enfaixado e com Chopper ao seu lado.

- Me dá calafrios, e era muito ruim se você tocava. – Continuava Ussop olhando para a garota de cabelos azuis. – Mas você, vai mesmo se sacrificar?

- A senhorita Maya já decidiu em seu coração sobre isso. – Sanji tinha os olhos fechados conforme soprava a fumaça.

Luffy se levantou do chão, andando em direção a entrada da vila. Tinha um olhar sério, baixo e determinado.

- Eu só tenho que acabar com aquele cara e tudo vai ficar bem, certo? – Luffy dizia parado em seus calcanhares, com um olhar sobre os ombros.

- É inútil. Mesmo que você derrote Saga, a Espada de Sete Estrelas ainda poderá possuir outras pessoas. Jovem com Chapéu de Palha, força bruta é inútil. – Dizia a velha com uma corcunda nas costas e um olhar cansado em seu rosto.

- Se você não tentar, não vai saber, vovó. – Luffy se virou com os punhos cerrados e o corpo para frente.

- Nós sabemos, Luffy. – Disse Sanji mais atrás dos outros. – Além de que, vai ser impossível achar o Dojô da Marinha, agora. Vocês deram sorte na primeira vez.

- E se você cair naquele túnel de novo, vai demorar séculos para sair. – Ussop ergueu as mãos para o alto, dando de ombros ouvindo o capitão reclamar.

- Esqueça... – Maya dizia virando o rosto com o mesmo olhar de antes. Longe e melancólico. – Eu ainda tenho medo de morrer! Mas, tudo isso aconteceu por minha culpa. – Seus olhos se enchiam de lagrimas. Escorrendo pelo rosto. – Naquele momento... Saga pegou a Espada de Sete Estrelas para me proteger. Se eu... não estivesse lá. – Maya falava alto entre respiradas fundas e choros que ainda escorriam por seu rosto. – Se eu.... não estivesse lá... Saga nunca teria pegado aquela espada maligna! Quem transformou o Saga nisso... Foi tudo minha culpa! – Maya caía ao chão chorando, apertando suas mãos sobre o solo e vendo o chão consumir suas lagrimas.

Um silêncio perdurou sobre a pintura da melancolia e culpa, algo tão pesado que se tornava difícil de respirar o ar. Os chapéus de palha olhavam para a garota que chorava e fungava alto, falando seu nome baixo como se o ato doesse em seus corações. Uma tristeza envolta em remorso e arrependimento. Pesada e negra ao ponto de cobrir seu coração.

Um som de palmas cortou o silencio, junto a uma risada bufada, fazendo os piratas olharem para o chão onde o grisalho estava deitado.

- Já acabou? – Mawaha falava abaixando as mãos, se virando e sentindo as joias rolarem para suas costas conforme ficava de lado, apoiado por sua mão a bochecha. – Esse chororô todo? Já acabou ou vai continuar? Se sim, será que poderia me avisar quanto tempo mais isso vai perdurar? Tenho coisas para fazer.

- Ei... Mawaha, não seja insensível. Você escutou a história, sabe que não está sendo fácil para a Maya. – Nami falava com a testa franzida para o grisalho.

- Escutei e não me importo com isso. O que me importa é saber se esse choro todo, essa lamentação e culpa desnecessária vai ajudar a resolver alguma coisa na situação em que nos encontramos? Em que momento da história, uma pessoa chorando mudou o rumo de uma guerra ou mudou o coração de alguém, Nami? Não importa quantas lagrimas a Maya solte, ou o quão pesado seu coração esteja de arrependimento e culpa, isso não vai trazer o tão amado Saga de volta. Um coração corrompido pelo ódio, não é facilmente mudado pelas lagrimas de tristeza. – Mawaha bufou no chão. – O mar mais tempestuoso não se acalmará apenas pelos brilhos do sol ou pelas lagrimas derramadas de uma viúva sobre o leito azul. Teu coração permanecerá sombrio como as mais grossas nuvens no céu, e teu ódio continuará a crescer independente de quantos gritos sejam soltados aos ventos. – O olhar subiu para a jovem que tinha os olhos molhados do choro, olhando para o chão. – Se quer fazer algo para ajudar seu amado Saga, Maya, sugiro que comece por parar com essa choradeira. Não importa o quanto o ame ou o quão precioso ele seja para você, seu choro e lamento... O luto que sente pesar em seu peito não o irá trazer de volta. Seu coração foi corrompido pela espada, fazendo o ódio que tinha crescer pelo ano que se passou... Está tão enraizado em seu coração que ele mal deve se reconhecer.

- Que merda você está falando, Mawaha!? Está dizendo isso apenas para deixar a Maya mais triste, não está!? – Ussop falava vendo o grisalho revirar os olhos no chão.

- Não, animal de pouca inteligência, O que estou querendo dizer é que esse lamento todo é inútil no momento. Do que adianta você ficar aqui chorando? Se martirizando pelo passado, o remoendo?  - Mawaha se sentou ao chão, sentindo a dor no joelho costurado e ouvindo as reclamações de Chopper. – Pegue esse sentimento que te deixa fraca, inútil, e o segure forte em sua mão, até que a queime. Faça de tudo para que recupere o homem que ame... Você pode chorar, se lamentar pelas perdas e pela solidão que sente, mas no momento em que você pisa em um campo de batalha para travar uma guerra, seja ela santa ou o caralho que for, esses sentimentos devem desaparecer. As nuvens que nublam sua vista devem ser abertas para que consiga ver de frente, em pé no meio do campo, seu verdadeiro inimigo. Você mesmo. – Sorriu de canto com um bufar solto pelas narinas. – Tem medo de morrer? Que piada. Sua vida toda você, eu, Luffy ou qualquer um aqui... que está de pé, sempre andaram lado a lado com a morte, mas não a víamos. Tudo nessa vida pode te levar direto para o caixão e você está aí dizendo que tem medo de se sacrificar? Nessa vida, tudo requer sacrifícios, Maya! Desde o instante que somos concebidos no útero de nossas mães, temos que fazer sacrifícios! Por menores que eles sejam, ainda sim é preciso. Se for necessário uma única vida para salvar bilhões... Se for a sua vida... então faça! Você pode estar morrendo de medo, mas bem no fundo você sabe que eu digo a verdade.

- Ei, ei, ei! Ninguém vai se sacrificar aqui, senhorita Mawaha. Isso já está passando dos limites. – Dizia Sanji com a testa franzida. – A senhorita Maya não vai se sacrificar.

- E quem é você para decidir isso, Sanji? O pai dela? Namorado? Seu guardião? Sem querer ofender, mas você não passa de um estranho que a conheceu a poucas horas. Não pode simplesmente chegar na sua vida e decidir algo só porque acha conveniente! Não pode chegar na porra de uma ilha que mal conhece a história e achar que tem o direito de opinar sobre os rituais ou oferendas! Você pode ser cético que for... gostar de proteger as mulheres... e fazer o que bem entender da sua vida, mas não venha achar que todos tem que seguir esse seu pensamento egoísta! – Mawaha tinha um olhar serio para o cozinheiro. – Você, eu, a Nami, Robin e todos os outros Chapéus de palha não temos o menor direito de julgar ou criticar a forma que as pessoas vivem suas vidas! Se as querem desperdiçar por meio da curiosidade, deixe que os faça! Se querem usar sua única vida para desbravar o mar azul, faça! E se querem a dar como moeda de troca para prender a Espada de Sete Estrelas, deixe! Não é nosso problema. Vocês não são super-heróis que tem que ficar indo de ilha em ilha protegendo pessoas ou resolvendo os problemas dos outros! Vocês são piratas! Se, eventualmente alguém acabar cruzando seu caminho e pedindo sua ajuda, então ajude! Mas não fiquem se enfiando no meio de problemas desnecessários, principalmente quando ninguém pediu! – Franziu a testa. – Agora deixa eu te perguntar, Sanji. Suponhamos que o mundo consiste em 1 bilhão de pessoas, metade dessas pessoas sendo mulheres das mais jovens até as mais idosas. Dentro dessa metade, 1/3 delas tem problemas a serem resolvidos, você vai passar em cada ilha, cada casa, cada beco para ajudar uma a uma apenas para suprir esse desejo de ser aceito em um grupo? A resposta é não, e sabe o porquê? Porque você não é a porra de um herói! Não pode estar em todos os cantos, a todo momento! Pessoas vão se foder independente do que você faça ou do que acha que é certo! Você pode querer ajudar o máximo que quiser, mas suas ações terão consequências, sendo elas boas ou ruim. As consequências são aquilo que regem esse mundo! E você ou nenhum de vocês está pronto para sentir o peso que é isso. Gostam de ficar por aí falando que querem salvar as pessoas que encontram... se enfiando no meio de brigas desnecessárias... se machucando atoa quando isso poderia ser facilmente evitado... Mas mesmo sabendo disso, ainda sim querem arriscar suas vidas, e por quê? Não é porque é o certo a se fazer, e sim porque vocês não conseguem ficar parados observando! São imprudentes muitas vezes e isso me irrita. A imprudência de vocês é algo descomunal e que, em algum momento, vai acabar levando alguém a morte!

- Então você está dizendo para a gente simplesmente deixar que a Maya e todo mundo dessa ilha continuem suas vidas como se nada estivesse acontecido? Que a Maya se sacrifique enquanto nós voltamos para o nosso navio e sigamos viagem!? Passemos uma borracha em cima de tudo!? – Ussop dizia com os dentes rangendo, saindo do meio do povo e indo em direção ao grisalho no chão. Parou quando viu o chão se abrir perto de seus pés como se tivesse sido cortado.

- Dê mais um passo com esse olhar preso em seu rosto, e eu te corto em dois. – Dizia Crocodile com a mão transformada em areia.

- Eles pediram a ajuda de vocês para salvar a vila? Não. Nossa obrigação é pegar o espadachim vira casaca, encher o navio com provisões e ir embora, seguir rumo a próxima ilha, e a próxima, e a depois dessa até que nossa jornada tenha chegado ao fim com o Luffy se tornando rei dos piratas ou acabarmos mortos pelas circunstâncias. – Mawaha estalou os dedos fazendo Crocodile retornar a mão a sua forma original. – Não precisa de toda essa agressividade, Crocodile. Mesmo que ele faça alguma coisa comigo, só brincará com a sorte e com a minha paciência que é bem limitada. De uma maneira geral, eu não me importo com as coisas que o Ussop faz. É quase como se um pedaço de poeira cutucasse o nariz de um animal selvagem. É incomodo, mas não passa disso. – Mawaha sorriu para o atirador. – Senhor Ussop, vou pedir para que pare de irritar meu bichinho. Como pode ver, ele ainda está em fase de adestramento e não segue muito bem os meus comandos. Mesmo o sir Crocodile estando sobre meus cuidados, ele tende a ter comportamentos temperamentais e constantemente age por conta própria, então... – Fechou o olhar. – Se não quiser que o pior aconteça, aconselho que não o tire do sério. Certo?

- Faça como quiser. – Disse o Corsário com o olhar para cima.

- Mas não podemos deixar a Maya se sacrificar, é cruel demais. E não deixa de ser nossa culpa, temos que tomar a responsabilidade! – Nami tinha a mão sobre o peito, o apertando em punho.

- Nami, entenda de uma vez, independente se estivéssemos vindo ou não para essa ilha, o destino da Maya já estava traçado desde o momento de seu nascimento. Poderia demorar meses, ou até mesmo mais alguns anos se fosse o caso, mas ainda assim, ele estaria escrito. Tanto faz se for com ela ou com o seu sucessor. O destino uma vez que foi escrito, não pode ser mudado mesmo que você queira. – Colocou a mão atrás das costas pegando as três joias e as colocando sobre seu colo. – Mesmo que o espadachim vira casaca não estivesse vindo para essa ilha, Saga teria conseguido essas joias de uma forma ou de outra, mesmo que isso significasse massacrar todos dessa pequena vila. Nós só fomos adicionados a equação.

- Isso são!? – Dizia Maya junto a idosa com cajado na mão. – São as joias de Asuka!

- Onde as encontrou!? – Falava a mulher idosa com a boca aberta.

- Elas? Nós as encontramos dentro dos tuneis. O Saga queria se livrar delas, então as jogou em um buraco que as levou diretamente para o leito subterrâneo de um rio. Quando o Luffy acionou outra armadilha, nós caímos exatamente onde elas estavam. Aí ele acionou outra armadilha que nos levou de volta para cima. Caindo bem aqui.

- Dê elas! – Dizia a mulher com uma das mãos estendidas para a frente. – Com essas joias, nós podemos deter a Espada de Sete Estrelas sem ter que sacrificar a Maya.

- Obrigada, muito obrigada mesmo, senhor Mawaha! – Dizia Maya com um sorriso no rosto.

- Opa, calma lá. Eu não disse que as iria entregar assim de mão beijada. Como podem ver, o seu namoradinho/noivo me machucou seriamente, senhorita Maya. Se ele não tivesse usado aquele ataque estranho da espada contra o meu capitão, eu não teria me jogado na frente para o proteger, e sendo assim, não teria fodido o meu joelho. – Mawaha tinha a cabeça para o lado e os olhos em um canto do chão. – Sem mencionar que a grande culpa disso tudo estar acontecendo, do nosso espadachim ter mudado de lado, do Saga ter nos atacado sem motivo nenhum, do doutor Chopper ter gastado suas habilidades médicas e todo o resto, são de certa forma, culpa sua. Então não seria justo você me dar algo em troca? Uma compensação por todo aborrecimento e estresse causado? Eu falo só por mim. Sei que os meus companheiros vão aceitar gratuitamente as coisas.

- Maldito! – Ussop rangeu os dentes dando um passo a frente, sentindo o olhar furioso de Crocodile sobre seu corpo, o fazendo engolir a seco.

- Malditos piratas... sabia que não podia confiar. – Dizia o homem mais forte da vila. – Só estavam esperando uma oportunidade.

- Não me entenda mal, mas é que eu não costumo trabalhar de graça ou sair arriscando minha vida por pessoas que mal conheço, e como a maioria dos meus problemas foram causados por vocês, é mais do que justo eu ter algo em troca, não é? O mundo não funciona assim? Uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto. – Mawaha sorriu para o grupo.

- O que quer em troca? Se for dinheiro, desista. Nossa vila não possui fortunas exorbitantes para lhe entregar. Somos apenas humildes moradores. – Dizia a velha vendo Mawaha balançar a cabeça em negação.

- Eu quero as Joias de Asuka e a Espada de Sete Estrelas. Se os derem para mim, prometo que sua dívida estará quitada. – Cruzou os braços.

- Você ficou louco!? Não ouviu o que a espada é capaz!? E além do mais, eles são objetos sagrados dessa vila, Mawaha! Você não pode os pegar dessa forma! – Dizia Nami com um suor escorrendo no rosto.

- Então vocês preferem deixar itens tão poderosos aqui, sabendo dos riscos que estão correndo, ao invés de dá-los para mim? E se eu os assegurar que consigo dominar a Espada Sagrada? Consigo dominar suas intenções e seu controle da mente? – Passou as unhas sobre as joias ainda em seu colo.

- impossível! Ninguém jamais conseguiu dominar aquela espada! O que te faz ter tanta certeza de que irá conseguir, meu jovem? – Dizia a velha com a testa franzida. – O que nos assegura de que você não só a quer para seus próprios fins pessoas?

- Mas é exatamente por isso que eu quero os quatro itens. – Mawaha pendeu a cabeça para o lado ainda sorrindo. – A Espada de Sete Estrelas apenas domina aqueles cujo os corações são fracos o suficiente para serem influenciados. Mas eu sou diferente de qualquer um que já a empunhou. Meu coração é forte e talvez até consuma todo o ódio e desejo de sangue. Ele é bem grande, sempre cabe um pouquinho mais de rancor.

- Mesmo que você consiga dominar a espada... para que quer as joias? – Dizia a velha.

- Equilíbrio. Um não pode viver sem o outro nesse mundo. A espada é a personificação do caos e da sede de vingança. Já as joias são seu oposto na balança. Elas são a calmaria e a ordem. Não existe caos sem ordem, sendo assim, não existe Espada de Sete Estrelas sem as Joias de Asuka para manter o equilíbrio.  – Mawaha falava mostrando as mãos como se suas palmas fossem dois pratos de balança. – Ambos estão fadados a sempre andarem juntos.

- E como você sabe disso tudo? – A velha franziu mais ainda a testa em desconfiança. – Sabe demais para alguém que nunca esteve nessa ilha. Ou que nunca ouviu nossa história antes.

- Ah, mas eu ouvi. – O grisalho concordava com a cabeça. – Eu ouvi as histórias passadas de geração em geração, voltando como se fossem fitas de um filme dentro do meu cérebro até o momento em que os 4 itens foram criados. Eu senti o gosto do ódio em minha boca, o cheiro de sangue e o veneno que penetrava sobre a lamina, a dando consciência e a deixando cruel. Eu vi os três príncipes se matando diante dos meus olhos. Vi a sacerdotisa se jogar da torre no centro e vi quando os homens choraram por seu lamento. Também vi quando as Joias desceram para os homens para que controlassem a espada. Eu entendo mais do que qualquer um que está aqui parado bem a minha frente. – Subiu o dedo para o ouvido enquanto as unhas batiam sobre as joias. – As joias me contaram sua história trágica. E estão cansadas de exercer a mesma função durante séculos. Querem um descanso digno.

- Quanta baboseira! Você está inventando tudo isso só porque acha conveniente! – Ussop cortou o diálogo.

- Vimos literalmente um homem atirar fogo verde da espada, Ussop, e você ainda acha que isso é mentira? Mesmo sabendo da história de Asuka, das joias e tudo mais? – Mawaha bufou em cansaço, dando de ombros. – Bom, acredite no que quiser, pois eu só tenho um interesse. – Se virou para a velha. – E então velha, vai aceitar minhas condições para ter as joias de volta ou prefere sacrificar a vida da jovem Maya, mesmo sabendo que existe uma grande possibilidade de seu plano não dar certo?

- Você pode me garantir que consegue dominar a espada? – A velha falava escutando a comoção que começava. – Silêncio! – Disse em um tom alto para o grupo, voltando seu olhar para Mawaha.

- Sim. – Mawaha falou conforme concordava com a cabeça.

- Então está feito. Assim que selarmos a espada, tanto ela quanto as joias serão suas. – Disse a mulher apertando o cajado em mãos.

- Você acredita nesse tal de Saga, não é? Então acredite nele até o fim! – Luffy tinha um olhar obstinado em seu rosto, caindo sobre a garota que se levantava do chão e ia em direção a Mawaha e as joias. – Destino não é algo decidido pelos outros. É decidido por nós mesmos! – Luffy sorriu ao ver a garota concordar com a cabeça. – Nós vamos te ajudar, Maya!

- Isso mesmo. O grupo dos Chapéus de Palha. – Sanji tinha uma expressão suave em seu rosto conforme falava com a jovem de cabelos azuis.

- Nós vamos lutar até o fim! – Nami continuou.

- Maya, nós vamos dar o nosso melhor. – Dizia a rena de nariz azul com um sorriso no rosto, fazendo a jovem sorrir com a vista. O peso em seus ombros parecia ter sumido aquela altura. Com as joias em mãos e a ajuda dos piratas dos Chapéus de Palha, a fazendo suspirar mais aliviada

- Pessoal, por favor. – Dizia a garota fazendo uma reverencia com a cabeça. Subiu seu corpo para arrumar sua postura, virando o pescoço para o capitão. – Obrigado Luffy.  

Os chapéus de palha se entre olhavam, cruzando seus braços, ficando à espera da mulher mais velha da vila que apenas os encaravam 

- Por que está tão irritado assim? Você normalmente não deixa aparecer suas emoções. Será que aconteceu algo na floresta? – Crocodile falava conforme ajudava Mawaha a se levantar do chão, o ouvindo gemer de dor. – Parece que você está bem ruim.

- Não aconteceu nada demais na floresta, Crocodile. Eu só quebrei alguns ossos pela queda, só isso. – Mawaha apertou uma das mãos sobre o joelho bom conforme apoiava seu peso o máximo que conseguia para não esforçar a enfaixada.

- Você precisa se alimentar. Está a um dia inteiro sem tomar sangue, e se continuar desse jeito, duvido que passe dessa noite. – O corsário olhava o grisalho andar, o ouvindo bufar.

- Ainda não é o momento. Depois que tudo isso estiver acabado, eu tomo um pouco. – Mawaha teve seu corpo levantado pelo homem que o colocava entre os braços, o assustando de primeira. – Não precisa fazer isso. Eu consigo andar sozinho.

- Cala a boca e apenas aceite esse agrado, pois hoje vai ser a última vez. – Crocodile desceu o olhar para o grisalho que balançava a cabeça em negação, se aproximando do pequeno grupo que bolava um plano.


Notas Finais


Vejo vcs semana que vêm


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