1. Spirit Fanfics >
  2. The Prince of Busan >
  3. Last night

História The Prince of Busan - Last night


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 39 - Last night


Noutro dia, não conseguiu sequer abrir os olhos sem pensar no que tinha acontecido no dia anterior, na montanha russa de sentimentos e sensações, do branco ao preto, do amor ao... ódio.

 Byun Baek Hyun acordou mais disposto do que nunca para metralhar qualquer um que estivesse em seu caminho. Saiu bem mais cedo de casa, para correr, os fones explodindo em Party Up, de DMX. Um rapper que aumentava a sua frequência cardíaca, emolindo qualquer sensação de tranquilidade que pudesse se estabelecer dentro dele. Ele sabia toda a letra daquela música, porque a escutava tanto, que mesmo que fosse péssimo em inglês, ele sabia o que DMX falava em cada verso. 

 Era quinta feira.

 Ou seja, aula de inglês.

  As aulas ficariam mais intensas conforme os dias avançavam e Baekyun não estava nada preparado para o tsunami de tarefas de casa, provas e trabalhos que estava por vir. Muito menos as aulas noturnas, o período quase integral da escola que afetaria muito os seus treinos. Mas, também era um sinal de que as nuvens iriam se abrir, afinal. 

 As férias estavam chegando.

 E com isso, poderia arrumar um estágio, treinaria bastante e voltaria com toda a força para o campeonato que os rondava.  

 Ele parou, na frente dos prédios altos e distribuídos pelo terreno grande da Light. Havia uma atmosfera sombria, com o dia ainda clareando, o céu cinzento, nuvens pairavam o ar, negras e carregadas de chuva; Uma névoa espessa cobria a maioria das ruas e principalmente entre as arvores do colégio, como serpentes, tentáculos esbranquiçados e nevoados. 

 Ele dispensou todas as ligações de Xiumin e Chen na ultima noite. Mas, de um jeito ou de outro, eles tinham conseguido saber que Baek tinha chegado bem em casa. Provavelmente, haviam ligado para sua mãe.

 Ela que teve que voltar para trabalhar depois de busca-lo no meio do nada;

 Raios.

 Como odiava a si mesmo.

 O humor de Baek ficou pior quando tocou EARFQAKE, do Tyler, The Creator. Ele não ousou mudar de música. Apenas aumentou o som enquanto subia os degraus da escola. O corredor não estava cheio, seu coração palpitando e apertado no peito, os olhos cabisbaixos que se recusavam a olhar para cima.

 Não percebeu se olhavam para ele, mas ficou claro que riam dele, quando passou pelo corredor em direção á sala de inglês.

 Apontavam para ele, riam dele, cochichavam sobre ele enquanto o encaravam.

 Ah que ótimo.

 De caçador virou caça.

 Jogou os livros de inglês sobre a carteira, sentou-se aos bufos. Ligou a tela do celular, usou o dedo para rolar a lista do Spotify até...

 GANGSTA PARADISE.

 Abaixou a cabeça entre os braços.

 Era muito drama fazer tudo aquilo simplesmente por rirem dele?

 Céus! Baekhyun, você fazia isso com todo mundo e pior!, pensava ele, e isso realmente melhorou seu humor.

 Ele levantou os olhos, no momento que Chanyeol entrava pela porta. Os olhos castanhos se viraram para ele como puxados por uma corda.

 Baekhyun fez questão de encará-lo nos olhos. Ele não desviaria. Não seria fraco. Não seria covarde. Não se abateria pelo que aquele maldito tinha feito á ele.

 Ao invés disso, iria devolver na mesma moeda.

 Quando Chanyeol ameaçou sentar-se ao seu lado, Baekhyun se ergueu, levando consigo os livros. Os fios do fone balançando até ele levar seu gingado para a última cadeira da fileira encostada as janelas. Queria mata-lo. Todo aquele emaranho de sentimentos pretos, vermelhos, horríveis, que o consumia como daninhas, o esquentava por dentro, a fúria comia cada pedacinho de felicidade que tinha sentido nos últimos dias. As memórias boas, as poucas, com Chanyeol sendo massacradas por xingamentos e odiosos pensamentos de que ele era seu inimigo e sempre seria.

 O dia estava frio, consumido pela gelada nevoa que não se dissipava naquela manhã. As árvores engolidas até a metade por aquela fumaça úmida. As folhagens embebidas de água, da fina garoa que despencava aos poucos, riscava as vidraças, pingava das altas folhas até o chão. Deixou-se levar pela música, sentindo os olhos arderem, de repente, quis muito chorar e nada lhe passava a mente para ter tanta tristeza. 

 Um toque em seu ombro o fez acordar, no meio da música de Kid Cudi. Day 'n' night explodia em seus ouvidos, em uma melodia calorosa, lenta e que despertava uma melancolia absurda dentro dele. Ele tirou os fones e parecia desconectado com o mundo que tinha criado em sua cabeça. 

-Sr. Byun.

O professor de inglês falou algo na língua que ensinava. Baekhyun era muito mal na língua. Por isso, demorou a entender.

-Hã? -Baekhyun imitou um sapo, praticamente, tentando entender o enrolado de palavras que não faziam sentido algum.

-O CELULAR, SR BYUN!

-Ah.

Ele lhe entregou. Risadinhas irrompiam ao fundo. 

-Detenção. Dois dias. 

Baekhyun teve que rir, bem na cara do professor, aos olhos de todos na sala:

-Eu já tô de detenção. 

Silêncio. 

Uma veia de raiva saltava da testa do professor. 

-Então, menos um ponto na média, e mais três dias de detenção na que você já tem, satisfeito? 

Baekhyun engoliu em seco. 

-Posso cair fora da sua aula? 

Blasfêmia. Era como Baekhyun tivesse o atingido com um taco de beisebol na boca do estômago. 

-Saia. Agora. -apontou para a porta. 

Baekhyun não encarou os olhos esbugalhados de Chanyeol, nem muito menos as caras de espantados dos alunos e nem a furiosa do professor. Nada. Apenas manteve os olhos gelados na porta, girou a maçaneta e correu. 

As panturrilhas doíam ainda do dia anterior, mas impulsionou para correr e não estava nem ai para as dores mais tarde. 

Levado até ali, ele se escondeu atrás das arquibancadas. E tomou um susto. 

Park Ji Min. 

Parado em um movimento, estático como se tivessem apertado um botão e o pausado. Ele levava um enrolado de soja à boca. Os olhos nem sequer piscavam diante da imagem (ou o real) de Byun Baek Hyun. 

De quem fugia nos intervalos, por isso estava naquele buraco. 

-Olá. -disse Baekhyun, constrangido, de repente. Parecia estar invadindo o santuário dele. 

Jimin voltou a respirar e levou o enrolado de soja de volta ao pote que estava em seu colo. Lentamente, os movimentos lânguidos, como se estivesse diante de um tigre. 

-O-oii... Eu já vou s-sair. 

Baekhyun mostrou a palma. - Fica. 

Hesitante, Ji Min fez o movimento de que iria guardar o pote, mas Baekhyun sorriu triste para ele, começando um assunto:

-Então, é aqui que você vive no intervalo? 

-A-Sim...

Houve um constrangido e longo silêncio. Baekhyun apenas encarava as pontas das botas militares. Jimin encarava o prato, de repente, sua vontade de comer tinha sumido. Baek Hyun cabisbaixo? 

-O qu-ee houve? 

Baekhyun abraçou as panturrilhas e olhou para ele:

-Você não sabe? 

Jimin negou com a cabeça. 

Que bom. 

Surgiu um sorriso triste no rosto dele:

-Eu sou rico em tese. Mas, bom, moramos na Gondong. 

Jimin quase engasgou com a saliva, os olhos projetados para fora. 

-S-Sério? 

Baek assentiu ao desviar os olhos dos de Jimin. Nunca tinha visto que seus olhos eram castanhos amendoados. 

-Eu moro na rua s-sete. 

-Moro na de baixo. -respondeu Baek imediatamente. 

Jimin se sentou mais perto dele, arrastando a bunda para a frente. 

-Desde quando? Nunca te vi lá! 

Baekhyun pensou em contar tudo, mas foi tão fácil vomitar todas aquelas palavras entaladas em sua garganta. 

Jimin estava atônito. Pai agressivo. Mãe abusada. Divórcio. Pensão. Era como se ele fosse um confidente, um ouvinte de suas travessuras e tristezas, e Jimin era bom nisso.

Teve vontade de chorar, com as memórias das semanas passadas, dele maltratando e judiando de Jimin pelo seu bem prazer. Foi um otario, um babaca escroto que não merecia penitência, pelo contrário, merecia tudo o que estava acontecendo com ele e muito mais. 

Martirizar-se assim encheu seus olhos de lágrimas, Jimin se pôs ao lado dele:

-Você... 

-Desculpe. -Baek escondeu seu rosto nos braços, encolhido naquele cantinho, debaixo da arquibancada na quadra onde jogava na Escola De Busan Light. 

Jimin ficou sentado ali, o escutando chorar, sem saber o que fazer, se deveria acalentá-lo, tocá-lo. Tinha medo e pena de Baekhyun. 

-Desculpe por tudo. - disse Baek, limpando as lágrimas sobre as bochechas vermelhas com as mangas da blusa. - Desculpe por ser um cuzao com você. 

Jimin estava perplexo. Nunca em toda a sua vida poderia imaginar que Byun Baek Hyun pediria desculpas, muito menos conversar com ele, contar sobre sua frustração. 

-Não vou mais te importunar. Vou dar uma corrida. -disse Baekhyun, voltando às frieza dos olhos. 




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...