Jungwoo pov.
O avião acabou de decolar e céus... minhas costas estavam doendo pra caralho. Lucas estava a meu lado, revisando alguns relatórios.
A vista era realmente exuberante, mas a janela embaçada me irritava um pouco.
O questionário estava sobre meu colo, e logo o peguei, batendo com ele na cabeça do capeta.
-Que porra é essa, garoto?- Eu ri, mas logo resmunguei, com um enorme bico nos lábios. Ele havia me dado um soco no braço.
-Essas são as perguntas que vão nos fazer, trate de ler, você tem apenas alguns dias pra saber tudo sobre mim- Ele suspirou, guardando os papéis na maletas preta e pegou o questionário, o folheando.
-Sabe as respostas de todas?- Eu assenti e ele deixou na primeira página.
-Hm.. tenho alergia a que?-
-A sentimentos.-
-Ha ha ha.- Fingiu uma risada e revirou os olhos, indo para a próxima.
-Um segredo meu?-
-Tenho quase certeza de que tem uma tatuagem, mas fez ela em um lugar bem escondido, pois nunca ninguém viu.-
-Quase? O que te faz pensar que isso é verdade?-
-Há um ano, sua dermatologista ligou e deixou um recado, para que você remarcasse a consulta de remoção a laser. Mas me diga. O que é?-
Perguntei curioso e fui ignorado.
-Olha essa, chega a ser patética de tão óbvia. É claro que vamos morar na minha casa. A sua deve ser um apartamento desprezível no pior bairro.-
[...]
Finalmente o avião pousa.
Desço depois de Lucas, que me deixou para trás.
Idiota.
Segurando minha mala, -que nem podia ser chamada assim, pois era uma mochila daquelas de se levar para o acampamento- procuro Lucas em meio a multidão, e o encontro abraçado duas senhoras ao mesmo tempo.
Me aproximo devagar e sou recebido calorosamente.
-Olá!- A de fios grisalhos me abraça e eu retribuio ao carinho de imediato. Como senti falta do calor humano.
-Vamos, boa tarde.- Sorrio para as duas, sem mostrar os dentes.
-Está é minha mãe, Mei Ling e minha avó, Xiao Fheng.- O capeta as apresenta para mim e eu faço uma breve reverência.
-Muito prazer, obrigado por me receberem.-
Já dentro da caminhonete, olho pela janela, admirado com a beleza do lugar. Não posso negar que sempre tive uma paixão pelo Alasca, lugares frios me ganhavam.
A viagem continua, o carro estaciona e sou o último a sair.
Estou fodido, o mar parece estar violento..
-Eu não vou conseguir.- Sussurro ao me aproximar do Wong, recebendo um olhar de tédio.
-Não precisa vir, nos vemos em alguns dias.-
Eu até cogitatia a ideia de ficar em um hotel, porém, meu medo de ser achado por aquele que me persegue é maior. Mordi o lábio inferior e maneei a cabeça negativamente, ficando de costas após jogar minha mala no chão.
Respirei fundo, sentindo minhas pernas fraquejarem a cada degrau que ficava para trás. Eu sempre tive muito medo do mar. Lucas, parece ter percebido que eu estou tendo dificuldades, então resolveu me ajudar. Até que fim.
-Vamos logo, porra, eu estou cansado.-
Me segurei ao máximo para não chutar a cara do capeta, me concentrando em focar o olhar já parede onde a escada estava. Um dos últimos degraus esteve molhado, e eu quase caí ao escorregar. Lucas foi rápido, deixando as duas mãos espalmadas em minha bunda, me impulsionando para cima. Corei, minhas bochechas queimavam e eu me sentia nervoso.
Finalmente termino de descer as escadas, respirando aliviado.
[...]
Após uma eternidade de minutos, chegamos a casa dos Wong, que mais parecia uma mansão.
Eu ainda sentia os efeitos que o barco me causou. Tentando deixar isso de lado, caminho devagar enquanto Lucas está mais a frente, conversando animado com sua avó.
Quanto mais nos aproximávamos da casa, Lucas parecia ficar tenso.
O lugar estava um tanto cheio. Merda, a última coisa que eu queria era isso.
Ao estar dentro da residência barulhenta, Yukhey me puxa para um canto mais vazio, me prensando contra a parede de certa forma.
-Precisam achar que estamos perdidamente apaixonados um pelo outro.-
-Não se preocupe quanto a isso, sei fingir muito bem.- O vi assentir e se afastar com a aproximação de uma homem grisalho. Se comprimentaram apenas com alguns tapinhas nas costas.
-Jungwoo, esse é meu pai Han.-
-Olá, senhor.- Sorrio forçado, apertando sua mão.
-Agora me diga, porque escolheu se casar com alguém que não tem a carreira tão importante quanto a sua?- Ele pergunta em um tom de sarcasmo e eu me encolho ao lado de Yukhey, que trinca os dentes.
-Coma algo e evite falar com essas pessoas arrogantes.-Sussurou para mim antes de dar costas e ir atrás do pai.
Lucas pov.
-Creio que passou uma ótima impressão, pai. Qual o seu problema?- Pergunto com raiva ao fechar a porta do pequeno escritório. Minha relação com meu pai está cada vez pior e conturbada. Suspiro.
Como ele pôde agir daquele jeito? Ainda mais na frente do Jung.
-Eu quem pergunto qual é seu problema. Você aparece aqui depois de tanto tempo; com um homem. Que é um pobretão. Sinceramente.- Ele se vira em minha direção.
Tudo é verdade, mas ninguém precisa jogar na cara dele isso, somente eu.
-Acabamos de chegar, dê um tempo. Chega de brigas por enquanto. E você, não tem direito algum de falar dele dessa forma, afinal, eu lembro muito bem de que já fomos muito mais pobres do que ele é; a ponto de não ter o que comer. Morda sua língua.-
-Aposto que ele está de olho no seu dinheiro, quer subir na vida as suas custas. Deve fazer isso com todos. Aquela cara de coitadinho não me engana.- Ele olhava para a fresta quase inexistente da porta, maneando a cabeça negativamente. Sinto meu sangue ferver, minha vontade de socar ele não é pouca. Respiro fundo, tentando manter a calmo.
-Aquele homem, está subindo na vida por conta própria, pelo talento que ele tem.-
-Ele é seu passaporte. Sei muito bem que está usando isso para que não seja deportado.-
-Ele é meu noivo. Eu vou me casar.-
Sinto o olhar dele queimar sobre mim, parece surpreso. Dou as costas e saio de perto dele, preciso de uma bebida urgente.
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