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História The Protest - Breathe


Escrita por: cabellovip

Notas do Autor


Oláaaaa! Queria agradecer pelos comentários do capítulo anterior, prometo que assim que eu estiver um tempinho, vou responder todos, ok?

Capítulo 11 - Breathe


Pov Lauren.

 

Droga, droga, droga...

Bati as mãos com força no volante do carro tentando controlar minha respiração enquanto dirigia, erradamente a 160km/h. Eu já não estava muito sóbria, e a todo momento vinha a conversa que tive com Camila na minha cabeça. Após ela me deixar parada e entrar no taxi, eu nem senti vontade, nem necessidade de voltar para dentro do bar, fui direto para o estacionamento e peguei meu carro, estava nesse momento brincando de tentar chegar em casa em tempo recorde.

Novamente me veio a jovem advogada em meus pensamentos. Ver as lagrimas descendo de seu rosto me fizeram perceber a proporção do que eu fiz. E pior, me fizeram sentir algo que a muito tempo eu não sentia.

Desespero.

Era isso, Camila havia descoberto que eu tinha feito uma aposta idiota com Frank quando a conheci, porém a tal aposta havia sido a tempos atrás, antes de eu constatar que Camila era uma boa pessoa. E como vou explicar isso para ela?

Eu não sei. Isso é o que mais me assusta, o pensamento de perde-la assim por uma inconsequência minha. Afinal, temos uma amizade, ou pelo menos tínhamos. E não vou mentir que eu gostava do jogo que estávamos fazendo, seja lá ele qual for.

Realmente, eu estou acostumada a estar com algumas mulheres depois que terminei meu noivado, e geralmente as relações são estritas a só e somente, sexo, nada passa disso. O problema é que elas têm total consciência que eu não irei passar daquilo. Camila não tinha, ela se envolveu comigo sem saber que antes a minha intenção era ter algumas relações com ela e não passaria disso, mas em nenhum momento eu a perguntei se era isso que ela estava disposta, eu usei uma amizade cativante para conseguir isso, mas nem ao menos a perguntei se ela estava de acordo.

Isso foi sujo da minha parte, e isso estava destruindo-me no momento.

Não posso negar que senti atração pela mulher, desde quando a vi toda histérica em meu consultório, mas não tenho culpa que ela seja absurdamente linda, é declínio. Meu juízo gritava para não me envolver não por ela ser qualquer coisa, mas por ela ser totalmente oposta a mim. Era quase uma faixa escrita: Isso não vai dar certo.

E por incrível que pareça, deu, deu muito certo, realmente passamos a nos respeitar e apreciar a companhia uma da outra. Camila não é só bonita, ela é extremamente inteligente e interessante. Raramente eu encontro uma pessoa rara ou interessante. É mais que perturbador, é um choque constante. Não que eu esteja à procura de alguém para ter um relacionamento, mas uma boa companhia é essencial. Lembrei-me de quando conversamos no dia que jantamos quando ela me convidou para falar sobre Dinah e Frank. As conversas que tive com Frank a respeito de Dinah, e que ele vinha realmente tentando mudar, graças a Camila, as coisas melhoraram graças a ela.

Ela não merecia, pelo que conheço ela deve estar se sentindo absurdamente usada, e eu sei que uma mulher como ela odeia se sentir usada, principalmente alguém seletivo e aguçado daquela forma.

Mas como ela havia descoberto sobre isso? Era algo que somente Frank e eu sabíamos.

Questionei a mim mesma quando adentrei o apartamento jogando as chaves do carro em um móvel de canto, fazendo mais barulho do que o que eu pretendia.

Será que ele havia contado para Dinah? Ou até mesmo para Javier?

Não, Frank jamais faria isso comigo. Mas foi Javier, só pode ter sido ele, Frank havia mencionado Camila quando conversou comigo após a briga que tive com o dentista hoje no bar, Keana disse-me antes de ir embora que Javier havia chamado Camila para conversar. É, tudo faz sentido, ele havia ouvido e sem nem pensar duas vezes, deve ter dito tudo imensamente distorcido para Camila.

 

Flashback.

-Lauren, porra o que deu em você? Se sujar com o Javier... –Frank disse sério novamente questionando-me após quase vinte minutos de sermão.

-Eu já lhe disse, você sabe que ele me tira do sério. –Falei, tentando controlar a dor de cabeça que começara a dar sinais em mim.

-Eu raramente te vejo perdendo a cabeça, sei que hoje você não está cem por cento sóbria, mas é foda te ver arranjando esse tipo de briga.

Fiz sinal de positivo apenas ouvindo-o enquanto eu tomava mais um gole da bebida em minhas mãos observando o barman a minha frente preparando outro drink na cor azul.

-E a Camila Cabello? Vou te falar, mas ela parece que já está na sua. Nem acredito que você vai conseguir transar com ela tão rápido assim, se tivéssemos apostado dinheiro de verdade eu estaria perdendo uma grana.  –Ele disse sorrindo enquanto tomava um gole da sua própria bebida, me distraí observando a cena, me sentindo levemente tonta.

-Oh, Camila não faz mais parte de apostas Frank, acabei me apegando a ela como uma boa pessoa. Não vou negar que ela é linda, dormir com ela será consequência, caso eu consiga. –Eu disse sincera, levando a mão esquerda para conter um bocejo.

-Ora ora, quem te viu quem te vê, se apegando a boas amizades, se eu não te conhecesse diria que está sentindo algo por ela, e que seu ciúme com Javier foi o ponto de fulgor da briga de hoje –Disse olhando-me intuitivo, levando a mão ao queixo como se me avaliasse.

-Ainda bem que você me conhece, não há chances de isso acontecer. Sobre mim e Javier, você está careca de saber que nós brigamos porque não nos suportamos e isso vai muito antes de Camila aparecer. –Soltei em uma gargalhada bagunçando seus cabelos. -Viu careca!

Observei ele soltar uma risada sem graça e optou para que voltássemos ao local que as meninas estavam, e assim fizemos.

Flashback off.

Joguei-me no sofá recordando da minha conversa de minutos atrás com Frank, tentando vasculhar um ponto de meu cérebro aonde Javier se encaixava. Bufei sentindo a dor de cabeça que era pequena antes, se tornando maior agora.

-Lauren? –A voz de Chris adentrou juntamente com ele na sala.

-O que você está fazendo acordado essa hora? –Perguntei tentando distrair-me dos meus próprios pensamentos.

-Provas, achei melhor dar um gás, amanhã tenho cálculo. –Ele disse fazendo uma careta e abrindo a geladeira para retirar um copo de agua, eu observava seus movimentos deitada no sofá. -Falando nisso, terça feira tem uma reunião geral na faculdade.

-E aonde eu entro nisso? –Perguntei, levantando-me em busca de algum remédio para sanar a dor que parecia vir direto do meu cérebro. -Onde estão a maleta com os remédios?

-Aqui, mamãe mudou de lugar quando veio. –Ele disse revirando os olhos após abrir uma gaveta da bancada e entregar-me a maleta. Eu prontamente ingeri o comprimido desejando que o alivio fosse imediato, só desejando mesmo.

-Você entra na parte em que, eles pedem essas reuniões bianuais com algumas turmas que estão dando mais... Trabalho. –Falou desconfiado, observando atentamente meus movimentos.

-E você está incluso nisso? Engraçado Chris, talvez eu não devesse ir e sim ligar para meu pai comparecer.

-Não Lauren, pra que isso? Não é pra tanto! –Ele disse alarmado enquanto eu caminhava para retirar-me para meu quarto.

-Me manda o horário e eu estarei lá. –Disse e me retirei sem esperar por resposta.

 

Segunda-feira, um dos piores dias humanamente considerados. O movimento estava tranquilo no hospital, sem grandes emergências, então decidi por almoçar fora com Keana. Ela, consequentemente não deixou de me questionar a respeito de Camila. Eu acabei contanto em partes o que havia verdadeiramente acontecido desde que conheci a advogada, recebendo uma bronca enorme da minha colega de trabalho que tratou te dizer que foi horrível a minha atitude. Como se já não bastasse ter passado o dia me corroendo.

Depois de muito pensar a respeito de toda situação, decidi que a melhor escolha fosse deixar Camila ter o tempo dela, tempo nunca é desnecessário, principalmente quando se trata de lidar com erros. Seria melhor não procura-la agora, até porque, acho que as chances de ela me ouvir e termos uma conversa descente seria extremamente poucas senão nulas.

-Dra. Jauregui, temos uma jovem na traumatologia, ela precisa de cuidados. –A voz de Margot, uma jovem residente que integrava minha equipe soou através das portas da sala em que eu estava sentada. Fiz sinal de positivo com a cabeça sem falar nada, apenas fiz meu caminho até o local.

O que é a vida para você? O que é viver? Seria uma pergunta difícil de responder? Para alguns, sim. Eu sou medica e já vi muitas coisas tristes que marcaram a minha vida. Algumas pessoas me tratam como heroína, outras me tratam como se eu fosse culpada.

O mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção para qual nos movemos. Porém, muitas vezes ela pode ser injusta, injusta com aqueles que nem ao menos tem opção de escolher.

Após observar a jovem vítima, questionei-me por segundo o porquê aquilo havia acontecido. Dizem que os médicos uma hora perdem a sensibilidade e passam a ver as pessoas como um todo no geral, isso não é valido para mim, eu sempre vou me comover com certas situações, aquilo realmente me afetava.

Na escola você recebe a lição e depois faz a prova. Na vida você faz a prova e depois recebe a lição. Eu sempre teria algo novo a aprender.

-Ela é vítima de maus tratos, o nome dela é Abigail Colins, tem três anos de idade e escoriações de fraturas na costela e na fibra óssea. Ela precisa de um acompanhamento pediátrico ortopédico, ela teve fraturas no antebraço e na tíbia. –Margot disse enquanto lia a fixa da jovem paciente que estava desacordada. -Sei que pediatria não é sua especialidade dra. Jauregui, mas de ortopedista no momento só temos você. –Ela completou, olhando-me atenta.

-Ela foi agredida? –Perguntei aproximando-me da criança, com medo da resposta, medo do que o coração humano é capaz de fazer sem motivos ou razão.

A jovem Abigail parecia um anjinho mesmo desacordada, tinha a pele branca como neve, e os cabelos embora fossem curtos e poucos, eram loiros. Seus ferimentos eram absurdamente perceptíveis

-Sim. O caso está na mídia, suspeitam-se do pai. Parece que a polícia ainda não achou evidencias suficientes, mas ele está detido sob investigações.

-Eu vou pedir uma ruptura intravascular, e além do raio x completo, também uma tomografia. Você pode fazer isso pra mim Margot? –Perguntei passando os olhos atentos no corpo da criança, seria uma longa jornada de recuperação.

-Claro. Mas, pelo que consta pelos paramédicos ela tem uma infra cranial, então creio que seja complicado, você entende...

-Sempre há uma salvação. –A cortei vendo-a se retirar provavelmente para solicitar os exames que eu pedi.

Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro. E essa é a parte mais complicada do processo, sempre achamos que suportamos tudo, as injustiças, as dores, as fragilidades, as revoltas, mas em algum momento seja ele qual for, isso nos caia.

Caminhei em busca de Margot para tentar que os exames fossem adiantados. Na medicina, qualquer segundo é crucial. Peguei meu estetoscópico pondo-o em volta do meu pescoço de maneira que me fosse útil caso eu precisasse e passei por duas portas onde tinham alguns profissionais movimentando-se.

O crime hediondo ocorrido na cidade de New York no distrito de Brooklyn, chocou todos na madrugada deste domingo, aonde a polícia teve que ser chamada pelos vizinhos que preferiram não se identificar, após ouvirem barulhos e gritos no apartamento 829. Bruce Clint e Janet Colins são casados há 3 anos, e não possuem filhos, a não ser a pequena Abigail Colins que é filha somente de Janet de seu primeiro casamento. Enquanto Janet fazia uma viagem de trabalho, Abigail foi deixada com seu padrasto Bruce e violentamente agredida, ainda sem motivos claros para o departamento de polícia. O suspeito número um seria seu padrasto, Bruce, que se encontra detido no departamento sobre custodia. Ele ainda não possui advogado de defesa, e não comentou nada a respeito do caso.  Algumas testemunhas devem ser ouvidas novamente pela Polícia nos próximos dias. Segundo o delegado que cuida do caso, se ficar comprovado que Janet se omitiu nas situações de violência a que a criança era submetida, pode responder pelo crime de tortura seguida de morte. Janet Colins está sendo procurada pela polícia, mas ainda não foi encontrada. A pequena Abigail foi levada para o Bellevue Hospital Center, mas ainda não há notícias sobre seu estado, somente que é grave.

A repórter falava sobre o caso da criança que estava sob meus cuidados. Eu, assim como outras pessoas que prestavam atenção na televisão próxima a uma recepcionista, estavam chocados com tamanha crueldade.

Eu questiono-me em como será a vida dessa criança caso ela consiga se recuperar totalmente. Apanhar na rua, de um estranho, por mais que isso cause fraturas e outros danos físicos, não tem a influência sobre a personalidade que uma agressão de um pai ou mãe ou alguém de dentro da própria casa tem. Estas estão pessoas estão ensinando as crianças uma forma violenta de ver as coisas e causando danos que muitas vezes são irreparáveis. Mesmo que eu recupere todas as suas fraturas, e cure osso por osso que foi danificado, eu jamais vou poder ajuda-la no que ficar dentro do psicológico dela. A violência psicológica é mais sutil, está na base das outras formas de violência.

Decidi por hora concentrar-me em salvar a vida da criança ao invés de prestar atenção em coisas externas. Após feito todos os exames, Margot informou que o resultado geral sairia somente amanhã.

Dr. Phil, será o médico que dividiria a função comigo, cuidando da pequena Abigail quando eu estivesse ausente do hospital. Fiquei de certa forma aliviada pois ele é um excelente ortopedista e muito experiente.

 

“Estamos juntos nessa missão Dra. Jauregui”. Lembrei de suas palavras ontem quando deixei o hospital. Hoje eu teria plantão, e aproveitaria para concentrar-me na recuperação da pequena. Mas, por hora encontrava-me dirigindo para NYU, resolver as questões de meu irmão mais novo.

-Pensei que você não fosse vim. –Chris estava apreensivo, parado em uma arvore próximo de onde estacionei meu carro.

-Eu disse que vinha. –O respondi, retirando meus óculos escuros e pegando minha bolsa enquanto travava o automóvel.

Caminhamos a um pequeno auditório que fora indicado como o local da reunião, havia uma bancada com alguns professores, e diversos alunos juntamente com seus responsáveis. Um homem, que Chris havia dito ser “diretor de melhorias da universidade” estava falando algo parecido como uma introdução, destacando que o objetivo da reunião era melhorar e sempre melhorar. Observei que entre os professores havia Allyson Brooke, a baixinha amiga de Camila e Dinah que estava no bar aquele dia. Lembrei que ela havia mencionado ser professora, fiz uma nota mental de falar com ela sobre Chris depois.

-Esse cara fala demais. –Chris disse com tom de tedio sem tirar os olhos de seu celular.

-E você deveria prestar atenção. –Falei seria observando-o bloquear o celular e então prestar atenção no homem.

O movimento de pessoas no local era crescente, alguns professores atrasados juntavam-se a bancada enquanto alguns alunos e responsáveis buscavam lugares. Vi quando Camila Cabello adentrou a sala desculpando-se com alguns colegas da bancada provavelmente por seu pequeno atraso. Meus olhos estavam agradecidos por contemplarem tamanha beleza. Ela estava divinamente elegante, com um coque alto nos cabelos, uma sandália rosa claro de saltos, uma blusa social no tom também rosa claro, e uma saia abaixo do joelho branca. Ela caminhou e sentou-se em um lugar ao lado de Allyson, comentou algo em seu ouvido fazendo a loira sorrir.

Eu estava sentada na terceira fileira, e como Camila deveria estar acostumada a dar aulas em locais como este, seus olhos inevitavelmente foram de encontro aos meus, a vi engolir e desviar o olhar prestando atenção nas palavras que o diretor dizia.

-Por que tem professores de direito aqui?  –Questionei Chris com a voz baixa ainda sem tirar o olhar de Camila, que em nenhum momento voltou a mim, fazendo-me ter dúvidas se ela realmente havia me visto.

-Porque não somos a única turma a ter problemas, há outras turmas aqui. –Ele me respondeu no mesmo tom. -Como você sabe? –Me perguntou com expressão de dúvida, provavelmente perguntando-se como eu sabia da informação.

-Tenho uma amiga na bancada de professores. –Disse ainda sem tirar os olhos dela, que desviou novamente para mim por segundos, mas manteve a expressão séria. Tenho certeza que ela havia me visto.

-Quem? –Chris serrou o olhar, provavelmente doido para tirar proveito da situação.

-Dra. Cabello. –Respondi sem tirar o olhar dela, vi quando Chris também a olhou.

-Aquela professora gostosa de direito? Puta que pariu Lauren. –Ele disse em tom surpreso, eu arregalei os olhos respirando extremamente fundo, incomodada por ouvi-lo falar assim dela.

-Cale a boca e preste atenção. –Disse seria afim de acabar com o assunto. Chris deu de ombros e voltou sua atenção para a reunião.

Após cansativos 40 minutos, a reunião ocorreu tranquila, e diferente do que eu imaginava destacaram somente alguns pontos de melhoria das turmas, nada muito grave. A realidade da reunião era mais para promover o novo programa de melhorias da universidade do que qualquer outra coisa. Dado o fim da reunião, observei o movimento de pessoas para se retirarem e segui o fluxo. Chris havia encontrado alguns amigos e estava conversando distraído. Decidi procurar por Camila mas não havia sinais dela, até a avistar passando feito um raio pela porta de saída, eu não sei se estaria com pressa por estar fugindo de mim ou por outro motivo. Decidi ir atrás dela.

Eu realmente não tinha planos de falar com ela ainda, havia decidido dar o tempo necessário antes de procura-la para conversar a respeito do ocorrido, mas já que estamos aqui não vou dispensar a oportunidade. E ela já me viu de qualquer forma.

Apertei o passo para alcança-la no corredor, cada centímetro que me aproximava meu nervoso era crescente.

Vamos lá Lauren é só uma mulher, sei que você está errada, mas só tem duas opções, vocês conversam e se acertam ou ela te trata mal e pronto. Pelo menos você vai fazer sua parte, pedir desculpas e se livrar dessa culpa que te atormenta.

-Ca-mila! –Disse um pouco ofegante após dar uma pequena corrida para alcança-la.

-Sim? –Respondeu virando-se, sua expressão era completamente pacifica.

-Será que podemos conversar? –Falei com certa dúvida de que ela aceitaria, mas precisava arriscar.

-Este é meu local de trabalho, dra. Jauregui, eu não posso atende-la agora. –Seu olhar era absurdamente intimidante.

-Por favor. –Implorei, a vendo abrir a boca e fechar algumas vezes.

Ela finalmente rendeu-se indicando uma sala para que eu entrasse, e eu apenas fiz. Era uma sala de aula que estava vazia, observei Camila entrar logo em seguida, caminhou até a mesa do professor e encostou-se, de braços cruzados.

-Então... –Falou sem tirar os olhos dos meus, a pior sensação era sua expressão indecifrável.

-Camila, sei que nada que eu disser vai apagar a estupidez, mas deixe-me explica-la, ou ao menos tentar... –Tentei um começo e a vi fazer sinal de positivo com a cabeça, dando-me  a chance que eu precisava:

-Eu não sei o que o Javier te falou...

-Como você sabe que foi el... –Tentou interromper-me, mas fui mais rápida.

-Não tente negar, eu sei. Mas não vim falar dele, e sim de nos. –O simples uso da palavra “nos” me trazia sensações ruins, pois a palavra não era usada dessa forma por mim a tempos. -Primeiramente gostaria de te pedir desculpas, por tudo. Frank realmente desafiou-me a dormir com você, porque ele sabia que nós não nos gostávamos e achava que seria algo difícil de conseguir.

-Ah, então isso é divertido para vocês, brincar com os outros? –Questionou novamente intimidante com a expressão de ironia.

-Camila, eu sou o tipo de pessoa que não serve mais para relacionamentos, eu estou quebrada, e é esse tipo de relações que eu venho tendo, saio com algumas pessoas, mas não é nada demais...

-E quem disse que eu estava querendo um relacionamento com você Lauren? Eu achei que você estava tentando ser uma amiga e estava cedendo a essa amizade, e descobri que era um jogo para você? –Cortou-me alterando a voz, sua expressão havia passado de pacifica para irritada.

-Eu não estava jogando, é esse o ponto que quero te mostrar! No começo Frank me desafiou e eu pensei “porque não? ” Mas, fui te conhecendo mais e mais e vi que isso não tinha nada a ver, eu não estava jogando com você, eu estava entregando-me a essa amizade assim como você fez. –Eu disse tentando parecer mais sincera possível, me aproximei dela observando-a tencionar seu corpo e desencostar da mesa que antes estava apoiada.

-Eu não sei o que dizer Lauren, me senti usada, te falei sobre a minha vida, sobre minha família, confiei em você.

Ela manteve a expressão e os braços cruzados, estávamos frente a frente, ela usava seus olhos e olhava todo meu rosto, inclusive a minha boca, mas a expressão continuava seria, eu via magoa em seus castanhos chocolates.

-Não me afasta Camila. –Pedi em um sussurro. Ela estava próxima demais, atraente demais, linda demais. Eu estava lutando com todo meu autocontrole para conter a vontade que eu tinha de beija-la.

-Eu não sei se consigo, eu afasto as pessoas quando não confio mais nelas, eu sou assim. –Ela disse, não tirou os olhos em nenhum momento da minha boca parece que luta com seu autocontrole tanto quanto eu.

-Então me deixa reconquistar sua confiança... –Falei levando minha mão esquerda a seu rosto fazendo carinho em sua bochecha, senti sua pele quente e macia em meu polegar, seu cheiro floral invadia-me como se fosse a própria primavera dentro de mim.

Surpreendentemente, ela não me afastou como eu achei que faria, continuou a ler meus olhos como se buscasse a sinceridade necessária para acreditar em tudo que eu havia dito. Eu queria beija-la, mas não seria correto e justo da minha parte, eu não queria usar Camila e nem dar essa impressão novamente a ela. Eu deixaria as coisas acontecerem por si só, mas no momento eu queria consertar o que fiz mais do que a queria, e eu a queria muito.

-Lauren...  –Sussurrou rouco, com os lábios entreabertos e os olhos nos meus próprios lábios mandando meu autocontrole para a puta que pariu, apertei o maxilar na tentativa falha de controlar-me.

Eu iria beija-la e eu iria beija-la agora.

-LAUREN!!! Eu tava te procurando mana e... –O susto foi tão grande, fazendo eu e Camila nos afastarmos bruscamente, Camila ficou de costas e eu apertei os olhos.

-Chris... Você... O que você quer? –Perguntei, ainda um pouco assustada, meu irmão tinha uma expressão de também susto no olhar.

-Você sumiu, eu iria te pedir uma carona pra casa, mas acho que você está ocupada então, melhor eu pedir um uber. –Ele disse absurdamente irônico e sugestivo, eu gostaria de esgana-lo no momento.

-Sua irmã vai te levar para casa, preciso voltar ao trabalho. –Camila intrometeu-se, ela mantinha a expressão séria de antes. Percebi Chris assentindo com a cabeça e voltando seu olhar para mim, olhei para Camila para então tornar a falar:

-Você janta comigo está noite? Eu te busco às 8PM. –Eu disse encarando-a seria, deixando claro que ainda precisávamos conversar. Ela alternou seu olhar entre mim e Chris e então afirmou com a cabeça. Sorri honestamente feliz despedindo-me e caminhando com meu irmão para o campus.

-Janta comigo essa noite?! –Chris disse imitando uma voz absurdamente fina e caindo em um riso idiota.

-Idiota. –Limitei-me a dizer sabendo que não me trocaria com a mentalidade do meu irmão.

-Quando é que você ficou caidinha pela professora Cabello? –Ele ainda era irônico, porem havia curiosidade em seu tom de voz.

-Isso não é da sua conta. –Respondi e entrei no carro rapidamente travando as portas, deixando Chris do lado de fora batendo no vidro chamando meu nome.

“Isso é pra aprender a deixar de ser intrometido. ” Sussurrei para meu irmão e observei sua expressão de raiva quando dei partida no carro deixando-o para trás sem dó nem piedade.

Embora Christopher fosse um inconveniente, ele havia feito uma coisa boa interrompendo-me com Camila minutos atrás. Eu iria beija-la, e não estava pronta para receber outro tapa na cara como na primeira vez.

Respirei fundo, pensando na advogada. A vida não consiste em ter boas cartas na mão e sim em jogar bem as que se tem. Eu iria me resolver com ela e colocar finalmente um ponto final em toda essa história.


Notas Finais


Falem comigo no twitter: @cabellovip

E Lauren minha filha, cê tá fazendo um jogo comigo?! HAHAHA

Até a próxima ;*


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