Passaram-se algumas semanas desde que Mal acordou do coma. Nesse tempo sua memória da vida no reformatório ia desaparecendo enquanto a realidade se tornava mais clara. Mas ela tinha certeza de que tinha alguma ligação entre aqueles dois mundos.
Nessas semanas ela fez exercícios para voltar a andar já que fazia um tempo que não colocava os pés no chão, além usar os medicamentos necessários.
Certa tarde, ela estava sentada em uma cadeira observando o jardim pela janela.
Thomas: Hoje você pode escolher, temos pudim de baunilha e de chocolate -ele apareceu empurrando uma mesinha com vários potinhos em cima
Mal: Pode ser o de chocolate, o Carlos adora esse pudim
Thomas: Ah, então é ele que come sua sobremesa
Mal: Sim, eu odeio a comida daqui. Mas me responde uma coisa. Você é algum tipo de entregador de comida? Porque é só isso que eu vejo você fazendo
O garoto riu enquanto colocava o potinho de pudim sobre a mesinha que havia ali. Na primeira vez que Mal viu Thomas algumas semanas atrás, ela não tinha o reconhecido automaticamente, mas após conversarem um pouco, logo se lembrou dele.
Thomas é um de seus amigos de infância, é dois anos mais velho e está fazendo estágio de enfermagem.
Thomas: E então, ansiosa pra ir pra casa hoje?
Mal: Com certeza, esse lugar parece uma prisão -falou revirando os olhos
Thomas: O médico já está vindo assinar sua alta
Mal: Sabe da minha mãe ou meus amigos?
Thomas: Sua mãe está conversando com o médico, mas não sei dos seus amigos
Josh: Bom dia Mal, como se sente hoje?
Mal: Ótima e louca pra ir embora - falou se levantando da cadeira e indo se sentar na cama
Josh: Você já vai sair - ele sorriu
Thomas: Doutor aqui os resultados dos exames. Eu já volto com o formulário de alta - ele disse e saiu do quarto empurrando a mesma mesinha que tinha trago
Josh: Tudo em ordem. Mal por acaso você teve algum tipo de problema com sua memória?
Mal: Como assim?
Josh: Consegue reconhecer as pessoas ao seu redor e se lembra de alguns eventos antes do acidente?
Mal: Sim, eu conheço as pessoas e me lembro de algumas coisas mas tenho a sensação de estar faltando algo
Josh: Isso é normal, com o tempo vai se lembrar de tudo. Seria bom se você fizesse terapia
Mal: Vou pensar no assunto
Thomas: Aqui está doutor -falou entregando uma prancheta para o homem que escreveu algumas coisas
Josh: Pronto, já pode ir pra casa Mal, no entanto preciso que venha fazer revisões periodicamente
Mal: Combinado
Evie: Oi, posso entrar? - falou parada na porta
Mal: Evie! - ela esticou os braços pedindo um abraço que logo foi retribuído pela amiga
Evie: Doutor Rivers, Malévola está no corredor, ela tem mais algumas perguntas para o senhor - ela avisou
Josh: Obrigado Evie. Bom Mal, espero te ver em breve
Mal: Eu também, mas que seja bem longe desse hospital - ela riu sendo acompanhada pelos outros, após isso o médico e Thomas saíram do quarto deixando as garotas sozinhas.
Evie: Eu trouxe algumas roupas para você, não pode sair por aí com essa roupa branca estranha- falou colocando uma bolsa sobre a cama
Mal: Obrigada
Evie: De nada. E assim que sairmos daqui vamos direto para um salão de beleza para arrumarmos esse cabelo
Mal: Tá tão ruim assim? - ela perguntou
Então Evie retirou um espelho de mão da bolsa e o entregou para Mal. Os cabelos da garota estavam na altura dos ombros e grande parte da raiz estava loira, porém Mal tinha uma imagem em sua cabeça onde seus cabelos estavam na metade das costas e completamente roxos. Mas como a maior parte de suas lembranças do "sonho" estavam sumindo, essa também desapareceu de sua mente.
Mal: Tem razão, essa parte loira está me irritando
Evie: Você podia tirar o roxo e ficar loira de vez, você ficaria muito fofa
Mal: Ah então porque não troca esse azul pelo seu cabelo natural?
Evie: Deixa meu bebê fora disso. Ele vai continuar azul, lindo e muito hidratado.
Mal: Então deixe o meu cabelo roxo ser feliz tá bem? - ela sorriu pegando a bolsa e indo até o banheiro para se trocar
Evie: Tá bem roxinha - ela riu, mas última palavra de Evie ecoou na cabeça de Mal a deixando meio desnorteada - Você tá bem M?
Mal: Sim, é só que..
Evie: São as lembranças do seu sonho, não são?
Mal havia contado a Evie todas as memórias do sonho no reformatório, pelo menos as coisas que ela ainda lembrava antes que elas começassem a sumir.
Mal: Sim, a maior parte delas se foi, mas algumas insistem em ficar, e honestamente, eu só queria que todas elas sumissem para eu poder ter uma vida normal de novo
Evie: E essas lembranças? Você se lembra com clareza delas?
Mal: Não. Nem sei do se tratam, mas sei que são do meu sonho. Então por favor tente não mencionar mas nada que lhe contei sobre isso, quem sabe assim elas vão embora de vez
Evie: Não tem medo de perder algo importante que aconteceu com você lá?
Mal: Foi só um sonho Evie, não perdi nada. Vou me trocar pra gente dar o fora daqui - falou entrando no banheiro
~♡~
Um mês depois…
Jay desligou o carro, mas deixou a chave alí mesmo. Eles haviam parado próximos à uma loja de utilidades, onde havia de tudo e um pouco mais, era o lugar perfeito para roubar.
Carlos: Certeza que não quer vir com a gente? - perguntou o garoto
Mal: Valeu Los, mas já atingi minha cota de roubos por hoje- falou tocando no colar de ouro em forma de dragão em seu pescoço
Evie: Roubou isso daquela loja chique?
Mal: Sim. E esses anéis também- falou mostrando a mão esquerda com vários anéis
Carlos: Não é justo, ela está roubando mais que a gente
Mal: Em minha defesa, o médico disse para eu fazer terapia, mas não disse qual tipo de terapia, então essa vai ser a minha a partir de agora
Evie: Roubar?
Mal: Isso mesmo
Jay: Ela está crescendo tão rápido, que orgulho - disse emocionado fazendo eles rirem
Então Jay, Evie e Carlos saíram do carro e entraram na loja. Mal aproveitou o espaço e se deitou no banco traseiro, ela fechou os olhos e tentou relaxar um pouco.
Porém, poucos minutos depois ela ouviu as portas da frente abrindo e o carro ligou começando a andar, Mal abriu os olhos, virou a cabeça olhando para os bancos da frente e se sentou num pulo.
Mal: Que porra é essa?!
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