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História The Rise of The True Lord - Capítulo 54


Escrita por: AllyLittleWolf13 e _TiuLucifer

Notas do Autor


ALERTA TORTURA!!!
EU TARRA CHORANDO E ESCREVENDO ESSE CAP E OS PRÓXIMOS! SEJAM FORTES MEUS LINDOS! SE EU CONSEGUI ESCREVER ESSES CAPS, ENTÃO VOCÊS CONSEGUEM LER ELES E DAR APOIO PRO NOSSO AMADO HAZZ!!!


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Capítulo 55 - Capítulo 54


Existe um feitiço muito complexo e difícil de se fazer. Cincinno Execratione Maledicta Congessit. Ele consiste em colocar um selo de restrição mágica em um objeto, este feitiço é comumente utilizado em prisioneiros, para que não consigam escapar do seu cativeiro. Mas este objeto do qual estamos falando é diferente, ele possui uma alteração onde a conexão de familiar e bruxo é bloqueada, e ele só pode ser retirado por um bruxo com o núcleo mágico branco. Ou seja, o garoto que possuía o colar de um nó quaternário pendurado no pescoço não conseguiria se salvar ou ser resgatado. Nenhum de seus amigos possuía um núcleo mágico branco forte o suficiente para desfazer o encanto, bruxos de núcleos neutros não poderiam fazer nada senão lamentar a perda.

 

— Finalmente eles chegaram. — Um homem corpulento que mais parecia uma morsa sorria vitorioso enquanto corria para a porta da frente.

— Senhor Dursley. — Hagrid cumprimentou com lágrimas nos olhos, olhando o garoto desacordado nos seus braços.

— Me dê o garoto. — Vernon fingiu um semblante preocupado, mas o seu interior se revirava de ansiedade. Ele já podia escutar os gritos do garoto e o sangue escorrendo pelos dedos. — Que bom que Dumbledore descobriu a verdade. — Reprimiu uma face de desgosto ao ver o meio-gigante assoar o nariz, agora que estava com os braços livres.

— Cuide bem do garoto. Ele já sofreu muito. — As lágrimas escorriam descontroladamente pelo seu rosto, desaparecendo na espeça barba desgrenhada.

— Claro. Vamos cuidar muito bem dele.

— Até mais, Hazz. — Hagrid acariciou o rosto sereno do jovem antes de se afastar pela rua escura de Privet Drive. Vernon entrou na casa, sua esposa Petunia fechou a porta, enquanto o único filho do casal, Dudley, dava saltos alegres.

— Vamos ficar ricos! — Petunia esganiçou-se ao ver seu marido dirigir-se para o “armário” sob a escada. Alguns dias atrás, Dumbledore acrescentou um cômodo extra na casa. Algo que nenhuma outra possuía.

— Só precisamos que ele assine os papeis que aquele velho maluco nos deu. — Vernon sorriu ao abrir a porta, agora magicamente aumentada, escadas de madeira surgiram no seu campo de visão.

A família muggle sorriu malevolamente, o patriarca desceu as escadas até um porão escuro e frio. Suas paredes e chão eram de pedra, nada ali era aconchegante como nas casas que viam nas revistas e na televisão. Não, esse não era um porão normal. No lugar de ter uma área de lazer com sofás confortáveis e coisas para se divertirem, o cômodo possuía estantes com estranhos objetos nada amigáveis; mesas de madeira com algemas e correntes nas extremidades. Uma única lâmpada mal iluminava o ambiente, sua luz refletindo nos objetos de ferro. Em diferentes locais, pendiam do teto correntes para se prender uma pessoa. Em uma parede havia diferentes tipos de chicotes, e na mais distante havia correntes nada confortáveis. Vernon jogou o garoto no chão, logo abaixo das correntes, Dudley se aproximou animadamente com algemas nas mãos.

— Deixa eu fazer isso, pai? — Perguntou com os olhinhos brilhando.

— Claro, filhão. — Vernon acariciou os cabelos loiros da pequena baleia antes que o garoto se aproximasse do moreno inconsciente. Dudley agarrou os pulsos de Hadrian, prendendo as algemas fortemente, elas deixariam marcas nos pulsos do garoto. Assim que terminou de algemar os pulsos do bruxo, o loiro elevou seus braços sobre a cabeça do mesmo e prendeu as algemas nas correntes da parede, forçando o menor a ficar nessa posição dolorosa por tempo indeterminado.

— Peguei a varinha. — Petunia olhou para o objeto com desgosto e jogou-a longe. — E essa outra coisa estranha. — Comentou para o pedaço quebrado de madeira, logo jogando-o longe também.

— Vamos jantar enquanto essa aberração ainda está dormindo. — Vernon colocou sua mão no ombro do filho.

— Mas eu queria brincar com ele agora! — Fez birra.

— Não vamos desperdiçar o delicioso jantar que sua mãe fez. — Vernon comentou.

— Tudo bem. — Concordou a contra gosto, logo os três saíram do porão e o trancaram. Graças a Dumbledore, ninguém escutaria o que poderia acontecer naquele lugar.

 

— Onde está o Hazz? — Pansy perguntou. Ela e o resto dos Slytherin olharam ao redor dos corredores. Era hora do jantar e Hadrian não havia retornado da “despedida”.

— Eu não estou gostando disso. — Draco avistou os gêmeos Weasley, Neville e Colin indo para o Salão Principal. — Já volto. — O loiro se levantou e correu para alcançar os Gryffindor. — Vocês viram o Hazz? — Os três viraram-se, surpresos e confusos.

— Não. — Fred respondeu franzino o cenho.

— Faz algum tempo que nos separamos. — George comentou.

— Ele disse que iria te encontrar na biblioteca. — Neville completou.

— O que está acontecendo? — Colin perguntou apreensivo, todos notaram o nervosismo do platinado.

— Ele não veio. Não o achamos em lugar algum. — Draco olhou ao redor. Um corpo serpenteando pelo chão e abrindo caminho chamou sua atenção. Nyx vinha rapidamente em sua direção com uma bola de pergaminho na boca. — Nyx! Me diz que o Hazz está bem! — Precipitou-se até a serpente, os gêmeos, Neville e Colin o seguiram. Theodore, Pansy e Blaise chegaram logo depois.

— O que ela trouxe? — Blaise perguntou vendo Draco pegar o pergaminho e desamassá-lo.

— Hagrid disse que tinha algo importante para falar com ele e que era para ir sozinho. — Theodore leu por cima do ombro do loiro. Todos entreolharam-se nervosamente.

— Temos que ver Severus. — Draco pegou Nyx nos ombros e começou a correr até as masmorras, com todos os outros em seus calcanhares. Por onde passavam eles chamavam atenção de alunos confusos.

— Senhor Malfoy? O que faz aqui? — O Mestre de Poções franziu o cenho ao ver o grupo virar em um corredor, todos esbaforidos e com a preocupação irradiando de suas expressões.

— Hazz sumiu. — Pansy esganiçou-se. Os olhos negros de Severus arregalaram-se e seu coração afundou no peito.

— Pra minha sala. — Disse antes de dar meia volta e caminhar apressadamente até sua sala com todos logo atrás. — O que você disse? — Perguntou logo após trancar a porta e jogar um feitiço silenciador.

— Hazz tinha ido se despedir de você e do professor Lupin. — Theodore começou.

— E logo depois ele veio se despedir de nós. — Os gêmeos falaram em uníssono.

— E era para ele nos encontrar na biblioteca logo depois. — Blaise estalava os dedos das mãos.

— Mas ele nunca chegou. — Draco concluiu entregando a carta para o homem, que leu e começou a andar de um lado para o outro.

— Vá para casa e dê Nyx para Tom. — Severus praticamente correu até a lareira e jogou Pó de Floo na mesma. Sim, Hadrian havia comentado com ele sobre a verdadeira identidade de Tom e como ele estava são. — Ele é o único que consegue entendê-la, e ela pode encontrar Hazz com sua ligação de familiar. — Draco correu para as chamas e desapareceu. — Eu vou atrás de Lupin para nós irmos até Hagrid. Vocês voltem para o Salão Principal e finjam que nada aconteceu. — Severus passou as mãos pelos cabelos negros. — Dumbledore deve estar por trás disso.

— Como podemos fingir que nada aconteceu?! — Fred perguntou incrédulo, pouco se importando com a acusação de Severus contra o diretor.

— Não podemos mostrar à Dumbledore que sabemos. Finjam como se Hadrian estivesse se divertindo com Draco. Mas não demonstrem nada e não contem a mais ninguém. E, em hipótese alguma, olhem nos olhos de Dumbledore. Ele pode querer invadir suas mentes. — O grupo de adolescentes assentiu antes que Severus desfizesse os feitiços e saísse corredor afora.

 

— TOM?! — Draco chamou assim que irrompeu das chamas na sala de estar da Malfoy Manor.

— Dray? — Narcissa surgiu na sala completamente surpresa. — O que faz aqui, meu filho? Você deveria estar em Hogwarts. — Se aproximou preocupada ao ver o desespero nos olhos do filho.

— Hazz sumiu. — A mulher soltou um gritinho, que fora abafado por suas mãos. — Eu preciso falar com o Tom. Onde ele está, mãe? — Desesperado, o garoto se aproximou da mulher.

— N-no jardim... — Ela respondeu, suas mãos tremiam em nervosismo. Draco não falou mais nada e saiu correndo.

— Eu preciso falar com Ragnuk e Maray. — Narcissa correu para a porta onde tinha o portal entre as casas.

 

— Draco? — Tom ergueu uma sobrancelha ao ver o loiro vir correndo ao seu encontro. — Você não deveria estar na escola? — Perguntou sarcástico, mas seu sorriso morreu ao ver Nyx no pescoço do loiro e o desespero nos olhos tempestuosos do mesmo.

— Hazz sumiu! — O moreno sentiu seu coração afundar-se.

Eu ouvi Dumbledore conversando com o meio-gigante! Ele o manipulou para levar Hazz embora! — Nyx quase gritou de desespero. — Eu estava tentando contatar ele pela ligação de familiar e indo encontrá-lo, mas cheguei tarde. Eles o selaram! Eu não consigo falar com ele! Não consigo encontrá-lo! Tom! Precisamos achá-lo! — O mundo de Tom Riddle desmoronou-se sob seus pés. A única pessoa que ele amava estava em perigo, a pessoa que o ensinou a amar desapareceu, ele poderia perder para sempre a pessoa que o salvou das trevas. O ódio e a preocupação tomaram conta de si.

— Precisamos achá-lo. E rápido! — Os dois correram de volta para a mansão com os corações dolorosamente contraídos contra seus peitos. Parecia que alguém havia roubado seus corações, respirar era uma tarefa árdua, os pensamentos vagando entre memórias felizes e cenários horrendos, todos envolvendo o lindo garoto de olhos com a cor da Maldição da Morte.

 

Anéis de herdeiro e senhorio são muito poderosos. Eles protegem seus usuários contra magias ofensivas, magias mentais, venenos e compulsões. Estão fortemente conectados com os núcleos mágicos de seus usuários, pois só assim eles aceitam o mesmo. Porém, se a magia do bruxo era selada, os anéis não conseguirão acessar seu núcleo e o rejeitariam; retornando imediatamente para seus devidos cofres, à espera de alguém digno para os reivindicar.

 

Hadrian sentia sua cabeça latejando, seus ouvidos zuniam irritantemente, seus olhos estavam pesados, todo o seu corpo parecia chumbo, seus pulsos doíam contra algo metálico extremamente apertado, seus braços elevados sobre sua cabeça doíam, ele sentia-se tonto, mas o pior de tudo era o frio. Quando ele desceu pelos jardins de Hogwarts, ele usava seu uniforme comum com apenas um suéter o protegendo do frio. Ele estava tão preocupado com Hagrid que nem se importara com a temperatura, mas agora... Ele estava tremendo, o frio o consumia até os ossos, a ponta do seu nariz estava avermelhada, suas costas e pernas estavam em contato com algo extremamente gelado.

Mas espera. Hogwarts. Essa não era Hogwarts. Muito menos a cabana de Hagrid. Então onde ele estava? O que havia acontecido?

As lembranças inundaram sua mente em segundos. Dumbledore manipulara Hagrid! E agora ele estava preso em algum lugar! Maldita cabra velha! O ódio tomou-lhe o ser. Ao abrir os olhos, ele assustou-se ao ver o local em que estava. Hadrian não gostou nada daquele lugar, certamente nada de bom viria dele. Desesperado, tentou puxar seus pulsos ao vê-los algemados. Mas foi em vão, eles estavam muito bem presos, a única coisa que conseguiu foi se machucar ainda mais.

Ao olhar ao redor, ele percebeu sua varinha e o pedaço de madeira jogado do outro lado da sala. Ele nunca conseguiria alcançá-los. O moreno tentou usar sua magia para convocar sua varinha, mas a única coisa que conseguiu foi sentir uma dor excruciante no peito, dor essa que lhe arrancou um grito sofrido enquanto seus braços lutavam contra as algemas. Eles haviam selado sua magia. “Ótimo!” — Pensou com raiva. — “Nyx! Por favor me diz que você pode me ouvir! Me diz que você está me ouvindo!” — O silencio esmagador o perturbou. Ele não conseguiria pedir ajuda.

— INFERNO!

Hadrian lutou contra as algemas fervorosamente, ele podia sentir que havia criado hematomas nos pulsos, mas ele pouco se importava, ele só queria fugir dali. Tentou se transformar na sua forma de Horned Serpent, mas o que conseguiu foi outra onda de dor, arrancando-lhe um grito ainda mais intenso. O som de uma porta destrancando-se o chamou a atenção. Seria Dumbledore que estava descendo as escadas? Não os passos eram pesados demais para aquela cabra velha, sem contar que podia-se ouvir mais de um par de pés. Seu desespero aumentou drasticamente ao ver quem eram seus “anfitriões”. Vernon e Dudley sorriam diabolicamente para o garoto.

— Mas que inferno! — Hadrian lutou ainda mais contra as algemas. Vernon e Dudley sorriram ao ver o pânico tomando os olhos do prisioneiro.

— Ora, ora. O filho pródigo a casa torna. — Debochou Vernon aproximando-se lentamente do garoto algemado.

— O que significa isso? Por que estou aqui? O que vocês querem? — Hadrian perguntava, encolhendo seu corpo em si mesmo, numa tentativa de fugir de Vernon. O que não deu certo porque ele estava acorrentado em um canto sem rotas de fuga.

— Para responder sua primeira pergunta... — Começou Vernon, um sorriso macabro tomava sua face arredondada. — Isso significa que nós não somos os únicos que te odiamos. Aquele velho desgraçado fez questão de dizer para que não tivéssemos nenhuma pena de você. Não que isso fosse necessário. — Seu sorriso louco se alargou. — Não é mesmo, Hadrian? — Seu nome fora lentamente proferido antes que uma risada enlouquecida escapasse de sua garganta. — Agora. Respondendo a sua segunda e terceira pergunta... Nós queremos suas fortunas, além, é claro, de te ver sofrer. — Se aproximou de uma parede com vários objetos pendurados. — E você está aqui, além de sair do caminho do velho, para ser nossa fonte de diversão. — Completou pegando um chicote muito fino e apontando o mesmo para o jovem. — E pode ter certeza de que nós vamos nos divertir muito com você. — Olhou para o filho. — Dudley, as primeiras chicotadas são suas. — O filhote de baleia sorriu largamente enquanto pegava o objeto nas mãos.

— Obrigado, papai. — Encarou o prisioneiro com um olhar louco. Hadrian tentou se soltar quando o homem se aproximou.

— Não importa o que façam comigo, vocês nunca terão o que querem. — Hadrian rosnou, seus olhos brilhando intensamente de ódio. Tudo isso por dinheiro! Eles eram loucos!

Vernon riu quando socou fortemente o rosto do garoto. Tão forte que sua visão escureceu momentaneamente enquanto seu pescoço se torcia para o lado devido ao impacto. Com o momentâneo desnorteamento do moreno, o homem soltou as algemas das correntes, agarrou-o pela garganta e o arrastou até um gancho que estava suspenso por correntes no teto. Ainda grogue, Hadrian tentou lutar para se desvencilhar das garras de seu tio, porém ele era mais forte e conseguiu prendê-lo mais uma vez. Hadrian já sentia o ar faltando-lhe quando o homem finalmente o soltou. O garoto manteve-se de pé, os braços acima da cabeça, inalava o ar desesperadamente, sua garganta ardia dolorosamente, suas mãos formigavam devido à dificuldade que o sangue tinha para subir por suas veias e artérias até as extremidades, seu olho direito pulsava de dor e sua cabeça girava.

— Vamos fazer você mudar de ideia logo, Hazz. — Dudley agarrou o rosto de Hadrian com uma mão, o aperto era forte e doloroso.

— Vão para o inferno! — Seus olhos brilharam ainda mais ao imaginar os dois mortos e ensanguentados.

— Não, querido primo. — Dudley aproximou seu rosto do de Hadrian. — Você está no inferno. — Sua voz saiu num sussurro rouco que fez o menor sentir um arrepio na espinha e algo se embrulhar em seu estômago.

— Acho que não terá efeito se ele continuar com as roupas. — Vernon comentou ao se aproximar com uma tesoura e um sorriso nos lábios.

— Encoste em mim e vão se arrepender! — Hadrian rosnou enquanto se debatia contra as restrições que o prendiam.

— Ah, garoto. Não iremos nos arrepender de nada.

O homem cortou suas roupas, sem cuidado algum. As pontas finas da tesoura e suas lâminas produziam rasgos na pele de porcelana. O sangue já começava a escorrer lentamente para fora do corpo do bruxo. Vernon, pelo menos, o deixou com sua cueca. O frio o fez estremecer violentamente enquanto sua pele ficava exposta.

— Olhe, papai! — Dudley exclamou ao posicionar-se atrás do primo. — Nossas cicatrizes desapareceram! — Sorriu sadicamente enquanto analisava todo o corpo do bruxo.

— Vamos ter que fazer outra obra de arte. — Vernon comentou num falso tom de lamento. — Mas não tem problema. — Seus olhos brilharam em insanidade quando focaram-se nos do sobrinho. — Essa vai ser muito melhor.

O mais puro e intenso ódio derretia todo o seu ser. Hadrian estava enfurecido, tudo o que via pela sua frente era vermelho. Ele não iria ceder, não iria fraquejar, não para eles. Ele seria forte. Draco e todos os outros já devem estar à sua procura. Sim. O resgate logo viria. Mesmo que a esperança não tivesse morrido, Hadrian não conseguia evitar os tremores e o implacável medo. Seu trauma de infância, já meio superado, voltou com tudo a assombrar seu ser por inteiro. Dudley estalou o chicote, o som enviou novas ondas de terror pela espinha de Hadrian, e ele lutou desesperadamente contra as algemas e correntes.

— Respire fundo, Hazz. — A falsa voz doce de Dudley fez seu estômago revirar-se. — Relaxe o corpo.

— VOU RELAXAR A MINHA MÃO NESSA SUA CARA DE PORCO IMUNDO! — Hadrian berrou com ódio. Ele mal conseguia respirar brevemente, muito menos dar longas inspirações e expirações. Ele fechou fortemente os olhos e tentou pensar em qualquer coisa, exceto a dor que estava por vir, mas ele não conseguiu. Era tudo em que ele conseguia pensar, tudo o que sua cabeça apavorada processava.

— Agora, Hazz. — Pronunciou o apelido com lentidão enquanto tomava um pouco de distância. — Você vai se arrepender de ter destruído nossa casa e fugido. — Elevou o chicote lentamente.

Ele sentiu-se como se tivesse caído nas águas congelantes do Ártico e o fogo do ódio apagou-se instantaneamente, deixando apenas o congelante e puro pânico. Hadrian sabia o que viria a partir dali, e ele estava apavorado. Tantos anos lutando contra os pesadelos... Tantos anos lutando contra o pânico... Ele perdeu a conta de quantas vezes acordou gritando no meio da madrugada, ou de quando ele desmaiava por hiperventilar numa crise de pânico, ou quanto tempo ele levou para parar de olhar para o escuro achando que Vernon iria surgir e o levar embora, ou quantas vezes ele acabou se machucando em meio a insanidade momentânea das crises, quantas vezes seus pais curavam seus machucados por acabar quebrando algo durante a temporária loucura. Todos os esforços da sua família, e os seus próprios, foram jogados ao vento. Ele iria voltar para a estaca zero; sozinho, apavorado e machucado. Todo o terror que passou nesta mesma casa voltou para a superfície da sua mente, enchendo-o de pânico.

O chicote desceu com velocidade, cortando o ar num som que antecipava o pior, e chocou-se contra o pequeno corpo de Hadrian. Um estalo foi ouvido milissegundos antes de um grito dolorido quando o couro fez contato com a pele, que imediatamente rasgou-se. Aquilo era pior do que quando era criança. Uma dor excruciante alastrou-se pelas suas costas, parecia que o chicote estava cheio de farpas banhadas em ácido e elas dilaceravam sua pele ao mesmo tempo que o ácido a corroía. Instantaneamente as lágrimas brotaram em seus olhos e começaram a escorrer por seu rosto.

— VAMOS, ABERRAÇÃO! GRITE, NOS DIVIRTA! É SO PARA ISSO QUE SUA VIDA MISERÁVEL SERVE: NOS DIVERTIR COM SUA DOR! — Gargalhava loucamente enquanto continuava desferindo golpes seguidos contra a pele das costas do primo.

Dudley não parou de golpeá-lo até que estivesse ofegante e suado como um porco. Hadrian estava mole contra as restrições, seus pés não mais o sustentavam, e sim seus pulsos rasgados pelas algemas. Ele ainda estava consciente, mas não tinha mais forças a não ser gritar e chorar. Seu corpo trêmulo estava coberto de suor. Suas costas estavam destruídas, cortes em diferentes ângulos as cortavam de cima a baixo, porém, surpreendentemente, nenhum sangue escorreu para fora de seu corpo.

— É a minha vez, filhão. Descanse um pouco. — Vernon falou enquanto pegava o chicote das mãos do filho. — Você deve estar se perguntando o porquê ainda não desmaiou de hemorragia, não é mesmo aberração? — Perguntou, olhando para as costas do bruxo. — Você vê, o velho queria que você sofresse um Inferno na Terra. Então ele não poderia simplesmente te deixar morrer por algo tão simples. Ele usou os poderes de aberração em todos os nossos brinquedos nesta sala, tudo para impedir que você sangre até a morte. Não que eu me sinta feliz usando coisas feitas por uma aberração, mas se é para te ver sofrer inúmeras vezes na minha frente... Então eu fico mais do que contente. — Sorriu loucamente, se posicionou na frente do garoto. — Agora você vai sentir dor de verdade, sua abominação. — E então o chicote desceu pela milionésima vez naquela noite.

Hadrian desejava a morte mais do que tudo.

Ele havia quebrado completamente.



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