Madrid, Espanha. - Capitulo 41.
Abri os olhos com certa dificuldade por conta da claridade e quando um par de olhos castanhos e um topete perfeito surgiram diante meus olhos eu reconheci Morata, senti meu corpo dolorido mas precisei sorrir por vê-lo ali.
- Que bom que acordou. - ele disse beijando minha testa.
- Oi Morata. - eu disse.
- Está se sentindo bem? Se lembra do que aconteceu? - perguntou.
- Me lembro sim, o táxi me atropelou...só dói um pouco minhas costas e minha perna. - eu disse olhando ela engessada para o alto.
- É, você vai ter que aguentar esse gesso por mais ou menos um mês. - ele riu e eu também.
- Você avisou aos meus pais? - perguntei.
- Sim, eles estão aí fora junto com o Isco. O Asensio e a Alice foram buscar algumas coisas pra você, pra se distrair aqui. - ele explicou.
- Caramba, porque isso foi me acontecer agora? Na faculdade vai ser complicado andar com esse gesso. - eu resmunguei.
- Vale, você não vai voltar a faculdade até melhorar. - ele disse.
- Morata, eu preciso voltar. - eu ressaltei.
- Me diz o que aconteceu, porque eu sinceramente não entendi muito da briga entre você e o Isco. - ele disse sério e eu respirei fundo.
- Eu o traí com um cara da faculdade. - menti sem conseguir olhar pra ele.
- É mentira. - ele disse de imediato.
- Não é, eu transei com ele antes do baile. - continuei.
- É mentira. - ele repetiu.
- Porque acha que é mentira? - perguntei.
- Porque eu sei o quanto ama meu amigo e o quanto lutou pra tudo dar certo entre vocês dois, e o fato de não me olhar nos olhos enquanto diz isso só me dá mais certeza de que está mentindo. - ele disse e eu senti meus olhos marejando.
- Chama a minha mãe, por favor, preciso falar com ela. - eu pedi.
- Tudo bem, eu só vou...- suas palavras foram interrompidas por batidas na porta.
- Deve ser o doutor. - Morata disse e a porta foi aberta.
Era Isco.
Seu semblante era de alguém desgastado, haviam olheiras debaixo dos seus olhos e seu cabelo estava completamente bagunçado. Ele olhou em nossa direção e Morata se despediu de mim com mais um beijo na testa antes de sair do quarto, eu mal conseguia olhar pra ele sem lembrar de tudo o que eu o fiz sofrer ontem.
Ele se aproximou da cama em passos lentos e acariciou meu rosto com a ponta dos dedos me fazendo fechar os olhos, em seguida sentou-se ao meu lado e perguntou algo com a voz mais calma que eu já o vi ter.
- Você está se sentindo bem?.
- Estou, dói um pouco, mas dá pra aguentar. - respondi.
- Eu tive muito medo de te perder, Vale. - ele disse com um olhar entristecido e sem brilho.
- Está tudo bem agora. - confortei.
- Não está, eu disse aquelas palavras horríveis pra você no meu momento de raiva...jamais iria imaginar a força que elas tinham. - ele disse pegando minha mão e entrelaçando na dele.
- Me perdoa. - ele pediu
- Eu sei que não queria dizer aquilo. - eu disse.
- Mas eu disse, eu nunca deveria ter dito isso. Perder você seria a minha morte. - ele disse e eu senti meu coração derreter.
Ele estava triste por minha causa.
- Eu não preciso te perdoar, porque eu sei que você não queria ter dito aquilo. - eu disse e ele beijou minha mão.
- Vale, você não vai voltar atrás com a sua decisão? - perguntou.
- Não, eu te fiz mal Isco...você sabe disso. Assim que eu melhorar voltarei pra Segóvia pra continuar meus estudos. - eu expliquei.
- Você ama o cara com quem se relacionou lá dentro? Sente alguma coisa por ele? - perguntou.
- É claro que não, não há sentimento. - eu respondi e ele olhou nos meus olhos.
- Então porque não fica comigo? - perguntou com a voz embargada.
- Te destruí demais ontem, você não merecia. Seus pais tinham razão sobre mim...- eu me forcei a dizer sentindo os meus olhos voltarem a marejar.
- Não, destruído eu vou ficar se eu não tiver vocês dois do meu lado. - ele respondeu.
- Dois? - perguntei sem entender.
- O doutor que te examinou foi o mesmo que cuidou de mim no acidente com a Laura, e ele me disse o que descobriu ao te examinar hoje. - ele começou a dizer e eu estava confusa.
- Você tá grávida, Vale. - ele disse quase como um sussurro.
No mesmo instante uma lágrima rolou pelo meu rosto enquanto minha cabeça estava em pleno nó, como eu poderia estar grávida e não saber? Eu abria e fechava a boca inúmeras vezes mas eu não conseguia dizer nada, eu não sabia o que dizer e fiquei mais nervosa ainda quando ele me mostrou o papel.
- Faz pouco mais de um mês que tem alguém nosso aqui dentro. - ele disse colocando a mão na minha barriga.
- Meu Deus. - eu sussurrei.
Eu não imaginava e muito menos estava preparada, eu nunca soube como eu seria mãe, quando, porque, e essas perguntas acabavam de parar de rodear a minha cabeça. Isco estava chorando e sorrindo enquanto olhava pra mim e eu me perguntava se essa era a chance de acabar com a palhaçada que a mãe dele me fez criar?
- A gente vai ter um bebê...- eu finalmente consegui dizer.
- Sim, a gente vai ter a coisa mais linda que se pode nascer do amor. - ele disse inclinando-se para me abraçar.
Sentir seu abraço me encheu de energia.
Eu estava em choque mas também estava feliz com aquilo, com a ideia de ter um bebê meu e dele; a felicidade era tão grande que eu só caí na real de como seria a minha vida academica quando conversei com a minha mãe. Óbvio que ela estava feliz com a notícia e repetia que sempre viu nos meus olhos e nos de Isco que o nosso relacionamento não era qualquer coisa, meu pai chorou de emoção e os meninos também não se continham de tanta felicidade.
A última que vi no dia foi a Alice e ela estava muito quieta quando entrou no quarto, achei estranho e ela confessou ter ligado para o campus aqui de Madrid perguntando se havia alguma vaga disponível para alunos em transferência. De início imaginei que ela estava falando do próprio curso, mas a mesma estava era falando do meu...ela me queria em Madrid na mesma faculdade que ela e eu fiquei feliz quando me explicou seus motivos.
- Eu queria muito que você e o Isco ficassem por perto, desde o baile eu vi o quanto vocês dois amavam e se importavam um com o outro. Quando eu o via pelo computador na época em que a Laura morreu, eu sentia o Isco morrendo também...e quando o vi com você parecia que ele tinha renascido. - pausou.
- Não acho justo vocês dois longe um do outro, me desculpa se fui muito intrometida mas eu juro que eu tive a melhor das intenções. - ela completou.
- Você encontrou algo? - perguntei.
- Haviam 3 vagas disponíveis, duas acabaram de ser preenchidas por alunos de outras cidades e eu pedi pra segurarem a última até hoje...você ainda tem algumas horas pra aceitar, se quiser. - ela disse.
- Alice...- sussurrei chocada.
- Eu acho que você prefere Segóvia né? Desculpa Vale, só queria uma amiga por perto e queria você e o Isco mais perto ainda. - ela pediu.
- Me empresta seu celular pra eu ligar pro Morata? Preciso consultar o padrinho do meu bebê sobre isso. - eu disse e ela me encarou.
- Padrinho do seu bebê? - perguntou confusa.
- Esse acidente me fez descobrir que há uma vida aqui dentro. - eu disse colocando a mão na barriga.
- Você tá grávida? - ela levou as mãos à boca enquanto praticamente pulava pelo quarto.
- Sim. - sorri.
- Meu Deus....mas...espera, você e o Isco brigaram por causa disso? - perguntou sem entender.
- Não, nós descobrimos hoje depois de um exame...brigamos por outro motivo. - eu disse.
- Ouvi ele dizer que você o traiu, esse filho não é dele? - perguntou.
- O filho é dele, não há outro alguém no mundo que eu escolheria pra ser pai do meu bebê sem ser o Isco. - sorri de leve.
- Mas eu não o traí Alice, eu precisei dizer isso. - fechei os olhos lembrando do que Jenny disse.
- Porque? Porque fez isso? - perguntou totalmente confusa.
- Promete não contar pra ninguém? Eu só preciso saber como resolver isso. - pedi.
- Prometo.
E eu comecei bem do comecinho, desde o jantar onde ela me humilhou de todas as formas possíveis e o tanto que ela foi contra o nosso relacionamento desde que descobriu que eu e Isco éramos mais do que melhores amigos. E quando expliquei da ameaça que ela me fez ontem pela manhã e que foi por causa dela que eu terminei com ele da pior maneira possível, seus olhos se arregalaram assim como a sua boca. Era surreal o que Jenny podia fazer pra conseguir o que ela quer, mesmo que isso machucasse o próprio filho dela.
- Você pode mudar isso Vale. - ela disse quando terminei.
- Como? O bebê não vai impedi-la de me afastar dele. - perguntei.
- Não o bebê, mas, a faculdade. Se transfira pra Madrid e conte ao Isco...ele não vai deixar ela destruir sua carreira. - ela disse.
- Como não? Ela é uma Alarcón cheia de influências em Madrid e fora daqui também e já me provou isso. - eu disse.
- Mas aí você já vai ter contado ao Isco, se ela fizer algo ele saberá como te ajudar. - ela disse.
- E se ele não acreditar em mim? - perguntei.
- Então ele vai ter que acreditar em mim. - ela disse me estendendo seu celular.
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