História The Second Chance - The Past - pt. 1

Eu ainda me lembro de quando era criança, e meu maior sonho era crescer... Se naquela época eu soubesse a encrenca que é ser adulto, eu teria aproveitado cada segundo.

 Sobre meus pais: eu sempre os amei muito (e sempre amarei) , mesmo que meu pai não tivesse muito tempo pra mim devido ao trabalho e minha mãe fosse um pouquinho super protetora além da conta, nós eramos felizes.
Meus pais se conheceram em uma sorveteria onde minha mãe trabalhava na época, quando meu pai a viu foi amor á primeira vista. Logo que terminaram os estudos os dois se casaram. Meu pai havia fundado uma empresa junto com um amigo e minha mãe era sua secretária. Logo que nasci, ela largou o emprego para poder passar mais tempo comigo. Em compensação, meu pai começou a trabalhar dobrado e pegar turnos extras, tudo pra poderem me dar tudo do bom e do melhor.
Eu cresci bem, em um bairro legal, uma casa grande e, o principal, com muito amor! Tudo o que uma criança precisa pra crescer saudável e feliz! E eu fui, bem, pelo menos até certo ponto da minha vida.
Quando estava prestes a completar 18 anos (faltavam só 5 meses), por decisão do destino, acabei perdendo meus pais em um trágico incêndio: meu pai estava trabalhando até tarde, como de costume, e havia pedido à minha mãe que levasse alguns papeis importantes que ele havia esquecido em casa.

*FLAHBACK ON*

Eu e minha mãe estavamos na cozinha preparando o jantar juntas, como sempre faziamos.
-Ok! Aposto que essa você não adivinha! - Dizia ela animada me fazendo mais uma de suas adivinhações com comida. - Quem é o rei da cozinha?!
-Hmm... Sei lá, o abacaxi? - Respondi a primeira coisa que me veio a mente.
-Kkkkk não o REIqueijão kkkkkkk! Entendeu? REIqueijão! Requeijão! Kkkk!
-Affs mãe kkkkkkkkkk! Você continua péssima nisso kkkk!
-Pelo menos você não conseguiu adivinhar essa! E por que raios você pensou em abacaxi?
-Ah, sei lá, abacaxis têm coroas, não têm?
O telefone dela toca.
-É seu pai. - Diz ela olhando o visor e logo em seguida atendendo a ligação. - Oi, querido?
Ela ficou por um tempo conversando com ele.
-Bem, meu amor. Seu pai precisa que eu vá correndo levar alguns papeis para ele na empresa, então, você poderia terminar de fazer o jantar, por favor?
-Claro, mamãe! 
-Obrigada! Se cuida - Disse ela me dando um beijo na testa e então desapareceu pela porta da cozinha e eu só tive tempo de gritar um "eu te amo e dirija com cuidado" antes dela partir.

 Depois de terminar o jantar, eu me sentei na sala e passei algum tempo assistindo tv. Olho no relógio e já passa da meia-noite. Decido ligar pra minha mãe mas só cai na caixa postal, o mesmo acontece quando tento ligar para meu pai e para o telefone da empresa. Começo a andar de um lado para o outro na sala.

Era por volta de uma e quinze da manhã, e eu estava pronta pra sair de casa em direção ao escritório de meu pai, pra saber o por quê de tanta demora, quando meu telefone toca:
-Alô?
-Alô? É a senhorita ___ ?
-Sim, eu mesma.
-Sinto informar-lhe, senhorita, mas houve um incêndio no prédio onde seu pai trabalha e...
Naquele momento, eu larguei meu celular no chão e saí correndo, o mais depressa que minhas pernas eram capazes de suportar. Assim que avistei um táxi fiz sinal e entrei, pedindo ao motorista que fosse o mais rápido que pudesse até o endereço.

Quando cheguei ao local, não havia mais nada, apenas uma pilha de destroços fumegantes.
Eu gritava com cada pessoa que via, chorando e me desesperando cada vez mais, perguntando por meus pais. Eu só precisava que alguém me dissesse que eles passavam bem ou que iriam se recuperar. Mas, ao invés disso, um bombeiro se aproximou de mim e me agarrou pelos ombros dizendo:
-Eu sei que isso será muito difícil pra você mas... Não houve sobreviventes.
-NÃÃÃO!!! -Eu gritava, chorando, enquanto deslizava de seus braços, até cair de joelhos no chão.
Enquanto eu chorava, senti alguém me envolver com seus braços e, com uma voz familiar, me dizia que eu devia ser forte.

*FLASHBACK OFF*

Fui obrigada a viver com uma tia avó do meu pai, o único parente que eu tinha, por um tempo, cinco meses pra ser mais precisa, só até completar 18.
Ela era uma velha ganânciosa e rabugenta, que cheirava a peixe e vivia sozinha com seus 8 gatos. Nós nunca a tinhamos visitado pois meu pai dizia que ela só havia se aproximado de nossa família, depois de muitos anos sem um único sinal de vida, por saber que tinhamos dinheiro.
Foram cinco longos meses (só Merlim sabe quantas caixas de areia tive que limpar), eu pensava que aquele tempo ficaria marcado como o pior da minha vida e nem sonhava em ter que passar por algo tão ruim quanto.

Como eu estava enganada...