História The Secret of a Half Blood - Falando a Verdade

Kath

Depois daquele dia eu me sentia diferente. Eu não sei nem sequer como pensar em como eu me sentia, mas a única coisa que eu conseguia fazer era insistir nisso. Depois daquele dia eu ia todas as noites com Josh visitar a mãe dele e sugava a sua dor sem ambos saberem. É claro que eu pegava o suficiente pra que ela tivesse uma boa noite de sono, eu ainda saia um pouco tonta, até queria poder livrar mais ela de seu sofrimento, mas Josh não poderia nem imaginar que eu ainda fazia isso ou não me deixaria mais me aproximar de sua mãe e consequentemente dele.

A dor me afetava, mas eu já sabia lidar com ela. Sou resistente o suficiente pra poder continuar ou pelo menos fingir que estava tudo normal. Ir visitar Cora era um segredo meu e de Josh, nem mesmo Matt sabia que saiamos toda noite para vê-la. Eu ainda ia pra escola, ainda fazia minhas tarefas, ainda ia visitar meu irmão quase todos os dias e ainda procurava por semideuses em potencial. A única coisa que talvez tivesse mudado pra todos talvez fosse o como eu e Josh estivéssemos próximos, nunca fomos tão chegados nem na escola, já agora sentávamos juntos até no almoço e éramos parceiros de laboratório. É claro que eu era amiga dele e ele era meu amigo, nada mais assim como Matt era meu amigo, mas aos poucos eu conseguia ver quem ele realmente era. Não um completo imbecil e sim um cara bem legal e divertido. Josh ria e fazia piadas o tempo todo, mas são poucas vezes, quase nenhuma, em que ele da um sorriso verdadeiro e eu não podia julga-lo e nem queria fazer isso já que eu era assim também. Quebrada por dentro.

- Me passa o bicarbonado. – Eu disse pra ele na aula de química e ele levantou as sobrancelhas pra mim.

- O que é um bicarbonado? – Ele me olhou com uma sobrancelha levantada.

Estávamos na aula de química em uma plena e entediante quinta-feira. Não me dei o trabalho e simplesmente peguei o frasco sabendo que ele não conseguiria ler o pequeno rotulo por culpa da dislexia. Estava tudo calmo, alguns alunos conversavam baixo, o professor insuportável lia um livro qualquer. Tudo normal, até demais. No segundo seguinte a escola começou a tremer como um terremoto e eu tapei meu ouvido por instinto sabendo o que eu conseguiria ouvir que os outros não conseguiriam. Um alto, forte e claro uivo, que eu conhecia muito bem e poderia ouvir de outro estado. Senti minhas gengivas rasgarem e minhas orelhas ficarem levemente pontudas. Escondi meu rosto com a mão pra que ninguém visse.

- Kath, você esta bem? – Senti Josh passar seu braço em meus ombros. – Seus olhos...

Só balancei a cabeça confirmando. Todos puderam sentir o tremor, mas não o uivo. Alguns alunos estavam abrigados no chão, escondi meu rosto no ombro de Josh e pude ver Scott McCall debaixo da mesa escondendo o rosto completamente transformado com um casaco. Ao contrario dele o meu rosto não ficava feio e peludo, meus olhos ficavam um azul vivos e literalmente brilhantes, meus dentes eram menores e com quatro caninos em cima (igual aos do Klaus de TVD) e minhas orelhas ficavam pontudas como as de um elfo, mas elas podiam ser escondidas debaixo dos meus cabelos e minhas garras ficavam grandes como as dele, só que com esmalte preto. Respirei fundo o cheiro de grama molhada de Josh fazendo meu rosto voltar ao normal.

- Esta tudo bem alunos. – O professor se recompôs tentando acalmar a turma. – Só foi um leve tremor...

- O que foi isso? – Scott se virou pra mim no meio do falatório com o rosto normal.

- Ryan... – Eu respondi não a sua pergunta olhando pra porta.

Esse era o rugido dele eu tinha certeza disso como tinha certeza que o céu era azul e como tinha certeza de que vai ter especial do Roberto Carlos na Globo no final do ano.  O professor parou de falar quando um homem de 1,90 de altura, olhos azuis, pele pálida e cabelo negro parou no batente da porta me olhando com olhos profundamente irritados e magoados me fazendo sentir um lixo por dentro. Ele apontou pra mim com o dedo indicador e depois apontou com o dedão pro corredor por cima do ombro. Não esperei duas vezes e nem sequer pedi permissão do professor pra sair, só me levantei e fui pra fora.

- Ryan... – Eu disse praticamente correndo atrás dele no corredor.

Ele finalmente parou do lado de fora e quando eu pensei que ele iria brigar comigo, me bater ou qualquer coisa ele fez o inesperado de qualquer pessoa normal e fez o que era esperado para alguém como ele. Ele me abraçou forte. Abracei a cintura dele e ele beijou meus cabelos.

- Sua maluca! – Ele disse se afastando um pouco me olhando nos olhos. – Eu procurei por você por todo pais.

- Me desculpa Ryan. – Eu disse segurando as lagrimas.

- Deixar você naquele acampamento maluco foi um sacrifício... – Ele passou a mão na minha bochecha. – Eu tinha saído por alguns dias e quando volto as suas coisas tinham sumido eu pensei...

- Pensou o que? – Eu o olhei confusa.

- Que tivesse fugido. – Eu não entendi. – O último lugar que eu esperava te ver era aqui. – Ele apontou com a mão pra escola.

- Eu nunca fugiria de você. E que uivo foi aquele?! – Eu voltei um pouco ao normal. – Tava tentando trazer o estado inteiro pra cá?!

- Tava tentando atrair você! – Ele franziu a testa. – O que você veio fazer em Beacon Hills?!

- Uma missão. – Ele me olhou como se fosse louca. – Te explico depois...

- Pode me explicar no caminho de casa. – Ele segurou a minha mão começando a andar.

- Não vou a lugar algum. – Eu disse firme. – Derek e Peter... Eles estão vivos.

Ryan segurou firme minha mão e olhou ao redor, depois me olhando firme. Senti o cheiro dos meninos se aproximando.

- Vamos embora, agora. – Ele disse muito mais serio que o normal.

- Não me ouviu?! – Franzi a testa pra ele. – Nossos irmãos estão vivos!

- E é exatamente por isso que vamos pra casa! – Ele segurou meu braço e praticamente me arrastou. 

- Que casa Ryan?! – Eu parei bruscamente tirando meu braço de sua mão. – Nossa casa queimou há seis anos! Não temos um lar Ryan só um teto, nada mais! O que deu em você?! – Eu quase não podia reconhecer ele de tão serio e estranho que estava. – Finalmente descobrimos que nossa família esta viva e você quer fugir?! Peter é seu irmão!

- PETER É UM PISICOPATA! – Ele parecia com muita raiva, uma raiva que eu nunca tinha visto. – Ele vai fazer qualquer coisa pra conseguir poder, eu não confio nele.

- Não esta dizendo...

- É exatamente o que eu estou dizendo Katherine! – Ele nunca me chama de Katherine. – Se ele tiver a chance ele vai usar você, assim como ele matou Laura!

- Você sabia que ela estava viva... – Eu franzi testa. – E não me contou...

- Eu não pude! – Ele me olhava nos olhos. – Só descobri quando Peter a matou pra nos atrair pra cá. Laura era a alfa e ele a partiu ao meio só pra atrair a nós e ao Derek!

- E POR QUE NÃO ME CONTOU?! – Eu o olhei furiosa e triste.

- PORQUE MESMO SEM SABER QUE ELA ESTAVA VIVA VOCÊ GRITOU SEM PARAR POR DOIS DIAS E ME DEIXANDO SURDO! – Ele gritou junto comigo me deixando em choque. Foi à primeira vez e única que sua autoridade de alfa havia funcionado comigo. – Você não iria suportar e ele iria te usar pra roubar todo o seu poder e fazer que eu e Derek nos aliássemos a ele.

- ELA ERA A MINHA IRMÃ! – Essa seria a primeira e única vez que ele usava a autoridade comigo.

- Vocês se odiavam! – Ele fala frustrado.

- Ela era minha irmã! Sua sobrinha! – Eu neguei com a cabeça prendendo minhas lagrimas. – Eu amava a Laura, mesmo que ela não gostasse de mim. – Eu falei com todo desprezo e dor que eu sentia. – E FOI POR ISSO QUE EU GRITEI POR DOIS DIAS SEM PARAR ATÉ MINHA GARGANTA SANGRAR E VOCÊ FICAR SURDO POR UMA SEMANA, MESMO QUE EU NEM SOUBESSE QUE ELA CONTINUAVA VIVA! PORQUE EU A AMAVA E VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE ESCONDER ISSO DE MIM, NÃO TINHA O DIREITO DE NEM SEQUER ME ESCONDER QUE DEREK CONTINUAVA VIVO!

- KATH! – Ele gritou meu nome quando eu comecei a correr em direção à floresta. – VOLTA AQUI!

- KATH! – Pude ouvir as vozes de Josh e Derek atrás de mim.

Senti as lagrimas saírem mais espessas dos meus olhos e desapareci nas sombras antes que me alcançassem.