1. Spirit Fanfics >
  2. The Stripper >
  3. Twelve

História The Stripper - Twelve


Escrita por: lolimi

Notas do Autor


INFORMAÇÃO: Duzentos e cinquenta mil wons = aproximadamente 1,100 reais;

Capítulo 12 - Twelve


No dia seguinte, a rotina de Jimin retornou ao normal — ou nem tanto, porque se sentia bem e isso não era exatamente comum na sua vida.

Mais cedo, quando chegou na escola, não avistou Jungkook em lugar algum. O moreno havia faltado e este fato lhe causou uma estranha preocupação.

Perguntou-se o que acontecera e se Jungkook estava bem, mas rapidamente abandonou tais pensamentos.

Pensou que a carteira ao seu lado ficaria vazia pelo resto da manhã, afinal, ninguém era insano o suficiente para se sentar ao lado de Park Jimin e acabar com sua vida social, porém, se espantou no momento em que Kim Taehyung se acomodou na cadeira desocupada.

Taehyung sentou-se ao seu lado e ainda conversou consigo a manhã inteira, durante todas as aulas. Alguns professores lhes repreenderam por falarem tanto.

E pela face medrosa do Kim, Jimin notou que ele jamais levara qualquer bronca anteriormente. Era realmente um aluno modelo, nota dez.

O jovem era de longe a pessoa mais gentil que conhecera, poderia afirmar que Taehyung não era um idiota como pensou que fosse.

Na verdade, ele era fofo, falava com demasiada calma e era fácil perceber quando se envergonhava, pois, Taehyung tinha a mania de ajeitar os óculos nestes momentos — que aconteciam com frequência.

Depois da última aula, a maioria dos alunos fora embora, mas Jimin e seu novo amigo continuaram na sala. O loiro precisava se preparar para ir trabalhar em um bico que conseguiu em uma cafeteria, contudo, era difícil encerrar a conversa com Taehyung e se despedir...

— Sim, meus dois irmãos mais velhos são gêmeos. Seokjin nasceu primeiro e Jisoo vinte minutos depois, falam que minha mãe é forte por ter um parto tão longo — comentou, com um sorriso quadrado na face. — Mas sabe que quase sempre parece que Jisoo noona é a mais velha. Às vezes penso que Seokjin-hyung é a criança da família.

Jimin sentiu-se bem em dialogar com Taehyung, principalmente porque os assuntos não tinham vínculo nenhum com violência, jogos de azar e crimes. A conversa seguia tópicos tranquilos como família e comidas.

Não era a realidade de Jimin, mas ele gostava e queria que fosse.

— Mesmo sendo infantil, ele cozinha para todo mundo lá em casa, então podemos ignorar suas brincadeiras bobas. — Taehyung deu de ombros. — E você, tem irmãos?

— Tenho uma irmã — disse, orgulhoso. — Ela tem sete anos, ainda é um bebê, um bebê muito esperto.

— Oh! Incrível! Como é o nome dela?

— Olívia — respondeu, sorrindo.

— É um nome lindo! Adoro crianças pequenas, sabe? Elas são tão fofas. — Taehyung encarou-lhe com entusiasmo, os olhos de coruja estavam arregalados, o que fez Jimin lembrar de Olívia.

— Sabe de uma coisa? Acho que ela adoraria você — comentou, sincero.

— Verdade?

— Sim, ela diz que pessoas que usam óculos parecem inteligentes.

Taehyung sorriu, ajeitando os óculos. O uniforme que o vestia, estava perfeitamente alinhado e sem mancha alguma, a gravata posta se encontrava centralizada e o blazer em um estado impecável.

Enquanto Jimin, totalmente desleixado, usava o moletom grande e cinza de sempre, que o deixava menor ainda.

— Descobri muitas coisas sobre você hoje... acho que estamos mais próximos, não é? — Taehyung parecia hesitante, mas Jimin assentiu para a pergunta feita. — Então... posso te chamar de... — O maior pigarreou, constrangido. — De Jimin?

Os olhos de coruja lhe encararam com expectativa. O tamanho do corpo de Taehyung poderia assustar, mas sua personalidade não.

— Claro que pode, Taehyung — respondeu, pronunciando lentamente o nome do outro, que olhou estático para os lábios cheinhos de Jimin.

Os dois riram, mas inesperadamente, não escutaram apenas suas próprias risadas.

Nas carteiras no fundo da sala, o grupo que sempre zombava de Jimin, sendo os mesmos estudantes que eram amigos de Taehyung a pouco tempo atrás, gargalhavam também, enquanto assistiam os dois.

— Não acredito! Se ele quer levar alguém para a cama fácil, se aproximou da pessoa certa! — E mais gargalhadas reverberaram pelo ambiente.

Taehyung abaixou a cabeça, visivelmente incomodado. Jimin respirou fundo e fechou os olhos, pensando que, diferente de si, o Kim não era habituado a esse tipo de situação.

Sentiu-se mal por ele, certamente seria alvo de piadas agora que escolheu ser seu amigo.

O grupo de alunos exemplares, logo foi embora, deixando somente um desconforto que se instalou entre Taehyung e Jimin.

Quando as risadas soaram distantes, o loiro avaliou a presença ao seu lado e constatou que a conversa não fluiria mais. Jimin suspirou e resolveu que se despedir seria melhor no momento.

Estava atrasado para o trabalho de qualquer forma.

— Isso não é verdade — murmurou Taehyung, fazendo com que o menor o olhasse confuso.

— O que não é verdade?

— O que eles falaram... não é verdade... eu não me aproximei com esse tipo de interesse em você, por favor, não acredite nas palavras deles! — Taehyung estava verdadeiramente preocupado, parecia receoso de uma maneira genuína.

E Jimin quase riu.

— Você acha mesmo que eu cogito qualquer coisa que eles dizem? São uns babacas desocupados, não se preocupe — disse calmamente.

— Sinto muito por você ter que escutar coisas assim...

— Tudo bem, Taehyung. Você não tem culpa, eles são uns idiotas. — Levantou-se, sorrindo fraco. — Bem, eu realmente preciso vazar agora. Nos encontramos amanhã? — Colocou a mochila nas costas e encarou Taehyung de forma amigável.

— Sim! Claro! — respondeu ele, animado. — Bom descanso, Jimin. Te vejo amanhã!

O loiro sorriu uma última vez, se perguntando o que aconteceria caso Taehyung tivesse a coragem de se sentar no lugar de Jungkook amanhã... com certeza seu vizinho não gostaria.

Logo virou-se e partiu. Quase se desesperando ao conferir o horário em um dos relógios de parede no corredor.

Apressou os passos. Estava fodidamente atrasado!

Correu em direção ao vestiário da escola e entrou, batendo a porta atrás de si. Não era acostumado a usar o local para se trocar, mas com certeza não teria tempo para procurar outro.

Sorte a sua que ninguém o utilizava a esse horário.

Pegou uma roupa decente que havia guardado na mochila e a jogou em um dos bancos retangulares no espaço.

Velozmente, tirou do seu corpo o moletom, a blusa de lã e por fim a calça do uniforme, ficando somente com a cueca branca apertada e os tênis surrados.

— Ah porra, que frio... — resmungou. O tempo gelado do inverno o fez se arrepiar.

E o barulho que reverberou atrás de si, o fez pular, assustado.

Seu coração disparou e o rosto empalideceu.

Quem diabos estava ali? O som de algum objeto se chocando com o chão soou extremamente próximo.

Jimin arrependeu-se de vir para o vestiário...

Virou-se rapidamente, seus olhos temerosos capturaram uma garrafa de plástico caída no chão e subiram para o homem parado em frente a ela.

— Jungkook?

O moreno se encontrava ali, estático e com os olhos arregalados enquanto lhe vislumbrava.

— Inferno! Que susto!

O corpo grande de Jungkook trajava a calça do uniforme e a típica jaqueta preta, os fios escuros estavam ajustados de uma forma que deixava os piercings nas suas orelhas visíveis.

E por um momento, eles trocaram olhares, paralisados.

Jungkook parecia distraído com as partes expostas de Jimin, e o menor, se sentiu aliviado por ser somente o seu vizinho quem o flagrara sem roupas.

Perguntaria o que diabos ele fazia ali sendo que faltou às aulas, e questionaria também, o que ele tanto lhe fitava, contudo, um aglomerado de vozes altas se aproximou e o barulho da porta do vestuário sendo aberta bruscamente, reverberou pelo ambiente.

Jimin, apenas de cueca, se desesperou.

Antes que pudesse tomar qualquer atitude, entretanto, Jungkook foi mais rápido.

O moreno agarrou seu braço e o puxou para trás do gigante armário roupeiro presente no local.

As costas de Jimin se chocaram contra uma das portas geladas de aço e seu abdômen nu roçou contra o peitoral coberto de Jungkook.

O maior estava tão perto que seu corpo aquecia o de Jimin.

— Vocês ainda querem sair mais tarde? Podemos ficar curtindo a noite e matar aula amanhã de novo para dormirQuem se importa, mano?

O loiro se assustou ao escutar as vozes e levantou a cabeça, olhando desesperadamente para Jungkook, que não desviava o foco do seu rosto.

O mais velho parecia calmo, Jimin se questionou como ele conseguia... porque caso alguém os encontrasse naquela situação, seria no mínimo humilhante.

Fariam a vida escolar de Jimin ainda pior.

Um calafrio o percorreu e sua respiração se tornou pesada ao imaginar a possibilidade de mais boatos a respeito de si circularem.

— São meus amigos, não se preocupe — sussurrou Jungkook.

Se a intenção era o acalmar, Jimin diria que ele falhou miseravelmente.

Os amigos delinquentes de Jungkook não eram nada confiáveis para o loiro, eles apareciam constantemente na boate, e quando os encontrava na escola, eram terríveis em lhe assediar verbalmente.

Todavia, Jimin não se sentia confortável em contar isso a Jungkook.

— Fiquei matando aula com eles essa manhã, por acaso sentiu minha falta?

— Não tanto como você queria que fosse — resmungou o menor. — E o que você faz aqui afinal?

— Vim pegar minha mochila, deixei na sala de audiovisual... mas vi você correndo para cá e pensei que algo tinha acontecido. Tudo bem?

Jimin abriu os lábios, mas não conseguiu pronunciar nada.

Jungkook não o pressionou, apenas retirou a própria jaqueta e cuidadosamente, cobriu o corpo pequeno e nu. Jimin suspirou ao sentir o tecido quente entrando em contato com sua pele fria, não pôde deixar de fitar as tatuagens tapando a pele nos braços do Jeon.

O moreno tinha ombros largos, então a vestimenta ficou larga no corpo minúsculo do loiro, cobrindo seus ombros e alcançando as coxas.

— Jungkook? Cara, você tá por aqui?

O mais novo ficou tenso ao escutar a voz de um dos delinquentes.

Afirmou para si mesmo que jamais voltaria ao vestiário para se trocar. Foi uma péssima ideia!

Jungkook afastou-se de Jimin e os olhos escuros dele o analisaram, preocupados.

Então o maior saiu de trás do armário de aço e Jimin não conseguiu mais o ver, porém, escutou a voz grave que o acalmava soando pelo local:

— Pensei que tinha deixado minha mochila aqui, mas não. Vamos embora.

— Claro, mano. Já pegamos ela para você. O que acha de...

E as vozes sumiram quando o barulho da porta se fechando ecoou.

Jimin suspirou aliviado, ao mesmo tempo, em que praguejou por agir de forma inconsequente. Se Jungkook não tivesse pensado rápido e eles fossem flagrados naquela cena, era certo que boatos distorcidos teriam corrido pela escola.

Apertou as bordas da jaqueta entre seus dedos. Jungkook deixara a roupa quente consigo e ficara somente de camiseta, Jimin esperava que ele não sentisse tanto frio, pois se sentiria culpado se o moreno ficasse resfriado.

Suspirou novamente, levando a manga da jaqueta em frente ao nariz e inspirando a fragrância impregnada na roupa.

Arregalou os olhos ao perceber que gostou do cheiro.

Tinha um aroma deleitoso de menta.

Era tão gostoso e refrescante que Jimin fungou mais uma vez, absorvendo a essência aconchegante.

— Ele não vai se importar se eu ficar com isso por um tempo. — Deu de ombros.

[...]

Quando a madrugada chegou, Jimin iniciou seu turno na boate.

Por mais que desejasse faltar, às três noites de folga que Siwon o proporcionara, se foram e o loiro não poderia esquecer que seu sustento principal era derivado do emprego no clube.

— Aqui, meu lindo, é o whisky mais caro dessa espelunca! Aceite de uma vez!

E era pelo dinheiro, que Jimin aguentava esse tipo de situação...

O cliente era insistente, passara bons minutos e ele ainda tentava oferecer o copo de bebida para Jimin, mesmo o garoto tendo recusado cinco vezes.

— Desculpe, senhor... mas não posso beber álcool enquanto trabalho... — Na verdade, seria estupidez aceitar qualquer copo de água de um cliente. Os homens poderiam facilmente drogá-lo.

— Beber um pouquinho vai te animar, lindo. Seu chefe não vai se importar e eu vou te dar uma gorjeta gorda caso ele brigue com você... — O homem se aproximou e Jimin recuou um passo.

— Não, obrigado senhor — respondeu, educado como não queria ser no momento.

— Pense bem, eu duvido que você possa comprar um whisky desses com o dinheiro que você ganha aqui, hum? — O cliente segurou seu punho com a mão livre e Jimin comprimiu os lábios.

Deixaria mesmo o velho humilhá-lo?

Soltou-se do aperto e respirou fundo, sua garganta coçava para insultar o homem.

Será que Siwon se importaria tanto assim em perder um cliente caso Jimin não conseguisse se controlar? Seria descontado de seu salário?

— Senhor, eu não vou beber, pare de insistir. — Olhou para os lados, procurando alguém que pudesse ajudá-lo a se livrar do babaca em sua frente.

— Tenho certeza que você vai gostar. Experimente, lindo. — Ele encostou o copo nos lábios carnudos de Jimin, que virou o rosto no mesmo instante. Odiava o cheiro do álcool, lhe trazia memórias ruins associadas a, principalmente, Jongmin. — E essa merda ainda tem um gosto forte de porra, não é disso que você gosta?

Jimin abandonou completamente a posição educada.

Suas sobrancelhas franziram. Uma imensa vontade de acertar o copo na cabeça do velhote e obrigá-lo a engolir os cacos de vidro lhe tomou, mas o garoto respirou fundo.

— Sim, eu gosto... — Aproximou seu rosto ao do homem, que estufou o peito, sorrindo ladino.

O velho era mais alto e nitidamente mais forte, certamente pensava ter vantagem sob Jimin.

— Mas entre nós, não fui eu que pedi sete copos dessa merda para beber — falou, com a face a centímetros da boca do cliente. — Talvez você goste bem mais do que eu, afinal. — Deu de ombros.

O sorriso do homem se foi.

Ele franziu o cenho, parecendo raivoso. A mão grande com dedos longos, rapidamente agarrou o braço de Jimin, apertando a pele exposta.

— Oras seu puto maldito!

O loiro sentiu medo da súbita reação violenta, porém não transpareceu, apenas tentou se livrar da pressão em seu braço.

— Você deveria agradecer pela minha atenção! Aposto que sua vida de puto é tão patética que ninguém lá fora se aproxima de alguém vulgar como v...

— Senhor, por gentileza, solte o meu funcionário antes que eu tome medidas drásticas. — Siwon, vestido impecavelmente com um dos seus inúmeros ternos caros, parou ao lado de Jimin, colocando uma mão no ombro do garoto.

O que fez o cliente babaca soltar Jimin, não foi exatamente a presença intimidante de Siwon, e sim, a segurança que pairava atrás dele. O porte físico da mulher era realmente grande e as formas de seus músculos enormes eram evidentes através do terno. Ela facilmente surraria qualquer um.

— O meu menino especial, Angel J, assinou um termo para não aceitar bebidas de clientes. Peço para ser respeitoso com ele. — Jimin revirou os olhos ao escutar a mentira de Siwon sobre o tal termo, jamais assinara nada. — Mas temos outras opções de garotos. Você pode se divertir de outras formas se seguir pelo corredor.

O chefe piscou um dos olhos e o cliente carrancudo se virou rumo ao corredor, logo partindo acompanhado da segurança grandalhona.

Quando estavam longe o suficiente, Jimin esfregou os olhos em um gesto de exaustão.

Sentia-se cansado, só queria voltar para casa e talvez nem lá se sentisse bem, dado que após a visita de Spider, ficou apreensivo ao estar no próprio apartamento.

Não sabia se estava seguro e tinha a sensação de que a qualquer momento alguém poderia arrombar a porta e lhe machucar.

O único pensamento que acalmava Jimin, era lembrar quem era seu vizinho.

Uma barreira de distância os separava e se conheciam há pouco tempo, mas ainda assim, sentia que Jungkook se importava consigo... bem, foi o que o moreno demonstrou quando tratou seus ferimentos, cuidou de Olívia e até lhe ajudou na escola.

Jungkook parecia se importar.

— Meu anjo? Podemos conversar?

Deu-se conta da presença de Siwon ao escutar a voz grave do mesmo. Encarou os olhos astutos do chefe e os lábios dele, curvados em um sorriso de índole duvidosa.

Jimin sentiu-se desconfiado, mas respondeu à pergunta, simpático:

— Claro, Siwon-ssi.

— Não aqui, que tal na minha sala?

O garoto franziu o cenho, preocupado. Se Siwon chamava algum funcionário para conversar no escritório, o assunto era realmente importante.

— Você sabe que eu te respeito, Siwon-ssi, mas se for me oferecer programas outra vez, eu disse que não me interesso por esse tipo de trabalho.

— Eu já aceitei que você não deseja fazer programas — confessou o chefe. — O que tenho a oferecer, é melhor. Você me acompanha até minha sala?

O loiro engoliu em seco. O significado de melhor para Siwon, sem dúvidas estava vinculado com Jimin fazendo algo por dinheiro. Muito dinheiro.

Seguiu o chefe por outro corredor, onde ao final, se encontrava uma porta dupla de madeira preta. Os dois entraram no escritório nada modesto, decorado com móveis modernos e exuberantes.

Siwon gesticulou para que Jimin sentasse em um gigante sofá de couro escuro e o menino obedeceu, entrelaçando os dedos das mãos e os colocando sobre as coxas, então encarou o mais velho.

— Tenho uma proposta — falou Siwon, se sentando na poltrona em frente a Jimin. — Uma proposta única e especial. Somente para você, angel.

Jimin mexeu-se, desconfortável. Passou a se sentir apreensivo.

— Já pensou em ganhar duzentos e cinquenta mil wons em uma noite? — O loiro arregalou os olhos, espantado, negando a pergunta feita. — Duzentos e cinquenta mil wons em apenas uma noite, é muita grana, não é?

— É muito dinheiro — murmurou.

— Pretendo te pagar essa quantia, o que acha?

— E o que eu vou precisar fazer caso aceite isso? — indagou, hesitante.

— Pode relaxar, não é um programa. — Siwon soltou uma risada anasalada. — Você só precisará fazer o que faz de melhor, dançar com pouca roupa e mostrar o seu lindo rostinho.

Parecia simples. Simples demais para acreditar.

E Jimin não era ingênuo. Era muito dinheiro para apenas uma performance.

— Só isso? Você vai pagar duzentos e cinquenta mil wons para eu dançar? — perguntou, desconfiado, levantando uma das sobrancelhas.

— Sim, em uma festa particular — completou Siwon. — Um dos parceiros do clube me propôs uma boa fortuna para ter você dançando em uma social. Ele foi específico quando disse: Angel J.

Jimin murchou, entendendo o motivo pelo qual o valor do pagamento era tão alto.

Dançar em uma festa particular para os parceiros — deve-se acrescentar, criminosos — de Siwon, não era nem de longe o trabalho mais confiável.

Havia muitos riscos que Jimin não estava disposto a se expor no momento.

Por enquanto, tinha dinheiro suficiente para conseguir viver bem com Olívia, ainda mais depois que Jongmin adiantou o pagamento de meses de aluguel.

A um tempo atrás, quando as dívidas de Jongmin aumentaram, teria certamente aceitado a proposta, mas no momento, não precisou de muito tempo para pensar na resposta:

— Não... obrigado, Siwon-ssi. É uma proposta boa, mas eu não acho que consigo — disse, passando a ponta dos dedos nas coxas, receoso. — Preciso cuidar da minha irmã e focar mais na escola, sabe? Minhas notas não foram boas.

Encarou o chefe de maneira inquieta. Jimin não poderia dizer apenas "não quero dançar, porque não quero", então precisou usar desculpas.

Esperava ansiosamente que Siwon acreditasse.

O mais velho pigarreou, fitando Jimin intensamente.

— São duzentos e cinquenta mil wons, angel, você precisa pensar melhor nisso. — Siwon sorriu forçado.

Ele parecia nervoso e Jimin compreendia o motivo. Se o chefe estava planejando pagar uma quantia tão estimada ao stripper que era apenas um funcionário, quanto seria o valor que ficaria para Siwon, que era o patrão?

Provavelmente bem mais do que duzentos e cinquenta mil wons.

— Eu pensei, Siwon-ssi.

— Acho que não pensou, angel. Pense mais, quanta coisa você poderia fazer com esse dinheiro? Para você, para sua irmã. Pense nela.

Jimin mordeu o lábio inferior, apreensivo.

— Realmente não posso aceitar.

O mais velho suspirou, massageando as têmporas. Parecia frustrado, como se uma fortuna passasse diante de seus olhos e ele não conseguisse esticar os braços para pegá-la. Talvez fosse exatamente assim a situação.

— A social foi marcada para daqui a uns dias, você terá tempo para pensar melhor.

Após a conversa, Siwon parou de insistir e liberou Jimin para ir embora.

[...]

Jimin saiu mais cedo do clube naquela madrugada.

Enquanto voltava para casa, andando sobre as calçadas imundas e passando entre becos perigosos, o vento noturno fora sua única e péssima companhia.

No momento em que chegou em frente ao prédio, um sopro de vento gélido o fez tremer. Jimin rapidamente fechou a jaqueta preta que vestia, lembrando-se que a peça de roupa grande pertencia a Jungkook.

O aroma deleitoso de menta ainda se encontrava impregnado ali.

Jimin resolveu não pensar no vizinho e em como ele havia lhe ajudado mais cedo, então suspirando, passou pelo hall de entrada sem porta e entrou no corredor do prédio, sabendo estar seguro — na medida do possível —, longe da ameaça das ruas.

Continuou caminhando, olhando para os próprios pés cobertos pelos tênis surrados.

A proposta de Siwon circulava por seus pensamentos, especialmente a parte em que dizia que o pagamento para uma única noite de trabalho, era de duzentos e cinquenta mil wons. Jimin realmente não queria aceitá-la, mas fraquejava ao pensar no dinheiro.

Contudo, para se salvar da própria ambição, ele tentava lembrar os riscos que era estar em uma festa particular para os parceiros de Siwon.

Eram gangsters, delinquentes e criminosos. Jimin não desejava ter qualquer tipo de vínculo com essas pessoas.

Então suspirou novamente, esquecendo de uma vez a proposta.

E o cheiro de tabaco que começava a penetrar em suas narinas, o ajudou.

O loiro levantou a cabeça, encontrando ligeiramente de onde provinha a fumaça de cigarro.

Um sorriso imperceptível se formou na face de Jimin ao ver Jungkook fumando em frente à porta do próprio apartamento, encostado de maneira desleixada na chapa de madeira.

Aproximando-se, Jimin notou que os olhos escuros do moreno se encontravam vidrados em si, principalmente suas roupas, Jungkook não parou de encará-lo nem sequer por um segundo.

Perguntou-se mentalmente se havia algo errado com sua vestimenta e enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta.

A jaqueta...

Que era de Jungkook!

Pensou em tirá-la imediatamente do seu corpo, mas era tarde demais. Jungkook já havia visto de qualquer forma.

— Fumar no corredor do prédio é proibido. — Jimin parou ao lado de Jungkook e se encostou na porta também. Ficaram perto o suficiente para que seus braços tocassem.

Uma risada fraca escapou dos lábios do moreno, junto à fumaça.

— É proibido se alguém me denunciar. Você faria isso?

— Não se você me dar uma tragada do cigarro — respondeu Jimin, sorrindo leve. — Não é como se o síndico fosse levantar a bunda da cadeira para resolver qualquer coisa aqui... quero dizer... olha esse lugar, é virado em um inferninho — comentou, apontando o dedo para as paredes pichadas e Jungkook concordou, dando de ombros.

— Nada parece realmente proibido aqui. Toma. — O maior lhe estendeu o cigarro aceso e Jimin rapidamente o pegou, colocando entre os lábios e tragando a fumaça.

— Obrigado. Eu acho que precisava muito disso. — Sua boca liberou a névoa cinzenta e o cigarro foi devolvido ao dono.

O moreno franziu o cenho e passou a encarar o loiro com mais atenção.

Jimin definitivamente não parecia bem.

E era como se os olhos escuros de Jungkook, buscassem evidências expostas no mais novo, checando cada parte do corpo pequeno para descobrir o porquê ele parecia tão mal.

— Teve problemas no trabalho? — perguntou, hesitante, não queria ser um intrometido.

Jimin suspirou, olhando para as inúmeras linhas de sujeira marcadas no chão, mas consciente do olhar de Jungkook sobre si.

— Só um velhote estúpido... — Jimin não imaginou que externaria algum de seus problemas para alguém um dia. Estranhou a si mesmo ao se ver contando. — Ele era patético, tentou me humilhar... disse coisas que... coisas idiotas. Eu queria ter quebrado aquela cara esnobe.

— E por que não quebrou? — Jungkook abriu os lábios finos, expulsando a fumaça junto às palavras.

Jimin o encarou como se ele fosse louco.

— Era um cliente, não posso fazer nada contra eles... só esperar que os seguranças façam. — Bufou, nitidamente desgostoso com o fato. — E também, ele era bem maior do que eu.

— Então na próxima vez que algo assim acontecer, me chame. Eu acabo com quem for para você — sugeriu Jungkook, sorrindo ladino.

Jimin caiu no riso, controlando para que sua gargalhada não fosse alta.

— Olha só, Jeon Jungkook não é só carranca. Você sabe brincar quando quer.

— Eu não brinquei. — O moreno lhe encarou de maneira firme.

O menor, surpreso, abriu a boca para falar, mas nada saiu.

Então Jungkook comprimiu os lábios, segurando uma risada e Jimin revirou os olhos ao notar que tudo era realmente brincadeira.

— Que bobo. — Sorriu contido, levantando a cabeça para encarar o mais velho, visto a nítida diferença de altura que os separava. — Mas o que faz aqui a essa hora? São quase três da manhã, você tem hábitos noturnos? — indagou, curioso.

Apenas naquele momento, reparou que Jungkook vestia uma simples bermuda de pijama e um moletom. Além disso, ver os pés de tamanho notável sem sapato ou meia, fez Jimin estremecer, se perguntando: por acaso ele não sente frio?

— Tenho insônia.

— Oh! — Jimin abriu os lábios, surpreso. Sua mente já tentava buscar algo que pudesse ajudar o grandão ao seu lado. — Alguma vez tomou chá de ópio?

Jungkook pareceu espantado para alguém que dificilmente era expressivo. Ele apagou o cigarro na parede e permaneceu com a bituca entre os dedos longos.

— Não, nunca tomei e espero que você também não.

Jimin franziu o cenho, confuso.

— Eu não sei, me recomendaram algumas vezes, mas o que tem?

— Ópio é a porcaria mais viciante e também totalmente ilegal aqui no país. É uma droga. — Jungkook fitou-lhe, sério. — Quem te recomendou isso, não me parece alguém ajuizado.

Jimin comprimiu os lábios. Havia tomado sim, chá de ópio, muitas vezes, não exatamente porque quis.

E pensar sobre isso não lhe trazia boas lembranças.

— Hum... — resmungou, pensativo.

— Você tá tremendo. — Ergueu os olhos a Jungkook quando ele se pronunciou. — Deveria entrar, aqui fora é frio.

— Ah, tudo bem. Sua jaqueta é bem quente. Agora entendo o motivo de você somente a usar — disse, abaixando a cabeça para vislumbrar a roupa. — A propósito, acho melhor te devolver, não quero que passe frio. — Colocou os dedos no zíper, pronto para tirar, mas a mão quente e grande de Jungkook tocou a sua, lhe impedindo de continuar.

— Você pode me devolver outra hora.

O menor encarou o contato da mão de Jungkook cobrindo inteiramente a sua. Era aconchegante, assim como o aroma de menta que emanava dele.

Levantou a cabeça e percebeu que os olhos de íris escuras se encontravam em si. A respiração de Jimin arquejou.

— Posso... mesmo?

Jungkook apenas assentiu com um balançar de cabeça trivial.

— Obrigado — agradeceu, desviando o olhar e sentindo-se estranhamente tímido.

Assim como Jimin se aconchegou na jaqueta grande de Jungkook e no cheiro de menta que seu dono emanava, abrigou-se também, da presença acolhedora do vizinho grandalhão.


Notas Finais


Oi, anjinhos. E aí? Perdoem-me pela demora, entrei de férias e fiquei preguiçosa que nossaaaa! 😴

Esse capítulo saiu maior do que o normal, mas espero que vocês tenham gostado mesmo assim, o próximo já está planejado, tô empolgada para começar a escrever hihi.
É isso, tomara que vocês estejam gostando da fic, ainda tem muita treta para acontecer, logo logo a bomba chega sem paraquedas.

Beijinhos em todo mundo e até! ❤

https://youtu.be/A71B-VdM1sU


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...