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História The sun will be rising soon - You can take all the pain away from me


Escrita por: waystann

Capítulo 5 - You can take all the pain away from me


Talvez aquela tenha sido a primeira vez em seus 25 anos de vida que Gerard ficou feliz por ser segunda feira. O domingo pareceu demorar o dobro do tempo para terminar, e ele havia passado cada minuto dele com aqueles pensamentos confusos sobre Frank preenchendo sua cabeça. Gerard estava mais do que ansioso para se livrar daquilo. Ele sentia que precisava dividir aquela situação com alguém, e foi por isso que, quando chegou à editora, puxou Bert para sua sala, fechando a porta atrás dos dois, e jogou tudo aquilo para fora. 

Foi como cuspir algo que estava preso em sua garganta, impedindo-o de respirar. Gerard lhe contou tudo, começando pelo acidente com as HQs, passando pelo show no Red's e terminando com o encontro inesperado na porta do seu prédio, e sua voz falhou quando chegou até a parte daquele convite para assistir a um ensaio da banda. 

Suas palavras saíam apressadas, e ele esperava que Bert pudesse ter entendido todas elas. Enquanto falava, Gerard ligou seu computador e digitou alguma coisa, e então virou a tela na direção dele. 

- E então? O que você acha? - Ele perguntou, vendo os olhos de Bert se arregalarem levemente quando ele olhou para a tela do computador, onde o site do Red's estava aberto e exibia uma foto de Mikey, Frank e Bob no histórico de shows do local. Sua expressão foi de curiosa para admirada em poucos segundos.

- Acho que Mikey ficou ótimo com o cabelo loiro. Ele ainda é hétero? - Bert perguntou, e Gerard revirou os olhos. Aparentemente, ele ainda não havia superado aquela queda por seu irmão. 

- Sim, ele ainda é totalmente hétero, e não acho que isso vai mudar. Agora se concentre no meu problema - Gerard suspirou pesadamente e deu um zoom na foto, deixando apenas Frank visível na tela. 

- Ah, sim… O seu belo problema… - Bert sorriu, aproximando-se um pouco mais da mesa para enxergar melhor. - Certo, me deixe ver.

Gerard também voltou seus olhos para a foto. Naquele momento, ele percebeu alguns detalhes de Frank que não havia notado antes, como a forma com que suas bochechas se erguiam timidamente quando ele sorria, e também o fato de que seu sorriso parecia alcançar seus olhos e deixar um pouco de felicidade neles. Os cabelos dele eram escuros, e os fios formavam suaves ondas que quase chegavam até seus ombros. As tatuagens em seus braços cobriam praticamente toda a pele que havia ali, e ele pôde ver algumas em seu pescoço também. Gerard se perguntou se haveria outras espalhadas por seu corpo, e sorriu levemente ao imaginar que sim. Frank parecia carregar todas as cores do mundo consigo.

- Eu não acredito que um cara como esse esbarrou em você, depois foi até seu prédio, e você simplesmente deixou ele ir… - Bert disse, com os olhos ainda fixos na tela. - Eu pensei que tivesse te criado melhor do que isso, Way.

Gerard respirou fundo, fechando o computador à sua frente. Ele afastou a imagem de Frank da sua cabeça, e todos aqueles pensamentos que vinham junto com ela, e se virou para encarar aquele olhar acusador de Bert que parecia atravessar sua alma.

- Nós não estamos na porra de um conto de fadas… - Ele disse, mais para si mesmo do que para Bert. - O que eu deveria fazer? Me jogar nos braços dele no meio da calçada enquanto os passarinhos cantavam ao nosso redor?

- Bom, sim, se isso significasse que você estaria com o telefone dele agora - Bert ergueu as mãos, como se aquilo fosse óbvio demais para que precisasse ser explicado.

Gerard fechou os olhos por alguns segundos, tentando encontrar alguma coisa que fizesse sentido em meio à tudo aquilo. Era como se sua vida tivesse se transformado em uma novela ruim em apenas dois dias, e ele não sabia quais eram suas falas.

- Enfim… O que você acha que eu devo fazer? Sobre esse convite para ver o ensaio e tal… - Seus olhos encontraram os de Bert outra vez, e buscaram ali algum sinal de que seu amigo também achava tudo aquilo uma loucura exagerada. Mas Bert parecia ter uma certa tendência a acreditar na teoria do conto de fadas.

- Você está me perguntando o que deve vestir, não é? Porque, se a pergunta for se você deve ir ou não, todos concordamos que a única resposta possível é um grande sim.

Gerard riu, mas era um sorriso cansado e sem humor.

- Eu nem sei se ele me convidou pra valer mesmo. Pareceu meio vago, tipo aquelas coisas que você diz em uma conversa apenas para ser educado… 

Bert deu de ombros, e então foi até a porta.

- É uma pena você não ter o telefone dele para perguntar, não é? - Foi tudo que ele disse antes de sair, deixando Gerard sozinho com seus pensamentos outra vez.

#

O dia passou rápido. Gerard adiantou uma boa parte do seu trabalho, fazendo alguns rascunhos no papel e depois passando tudo para o programa do computador, e até mesmo conseguiu dedicar-se um pouco ao seu projeto pessoal. Ele tinha aquela ideia de escrever uma história sobre um grupo desajustado de super heróis que lutavam para impedir o fim do mundo, e esperava que um dia aquilo se tornasse mais do que só um sonho em sua cabeça.

Quando a tarde estava no fim, ele juntou suas coisas, e em poucos minutos, chegou até a saída. Por um momento, Gerard apenas ficou parado na porta, segurando suas HQs nos braços e esperando inconscientemente que Frank aparecesse por ali para derrubá-las de novo. Seus olhos percorreram a rua movimentada, procurando o rosto dele em meio a tantos outros que estavam ali, mas desistiu depois que percebeu o quanto devia estar parecendo um idiota agora.

É claro que Frank não estaria ali. Não havia um único motivo razoável sequer para ele estar ali… 

Gerard disse a si mesmo que também não tinha razões para continuar ali parado, esperando por algo que não iria acontecer, e então foi embora. O sol já estava se pondo, e as primeiras estrelas surgiam no céu a medida em que ele arrastava seus pés sem pressa até seu prédio.

#

O cigarro entre seus dedos ainda estava na metade quando seu celular tocou, fazendo o vidro da mesa vibrar junto com ele. Gerard desviou os olhos do papel à sua frente, onde a imagem de um cara que morava na lua começava a ganhar forma, e pegou o aparelho, atendendo a ligação com um "alô" que pareceu mais um lamento fúnebre.

- Oi, irmãozinho - a voz de Mikey, ao contrário da sua, soou animada do outro lado. - Você está podendo falar?

- Estou sim… Mas, por favor, não me diga que você está ligando para me fazer ir em outro show hoje - Gerard disse em tom de brincadeira, mas uma pequena parte dele gostaria que seu irmão dissesse exatamente aquilo.

Mikey riu. O som pareceu um pouco abafado e distante, como se ele estivesse passando por um túnel ou algo assim.

- Não, nós ainda não chegamos nessa fase de ter um show marcado logo após o outro - ele suspirou, e então começou a falar sem parar, daquela forma que fazia Gerard deixar de prestar atenção após algum tempo. - Mas deu tudo tão certo aquela noite no Red's, que às vezes eu fico pensando se isso realmente pode acontecer algum dia. Imagina só: o nome My Chemical Romance escrito em um outdoor gigante em frente ao Prudential Center? Isso seria foda pra caralho...

- Sim, sim, foda pra caralho - Gerard o interrompeu. Mikey falaria a noite toda se ele deixasse. - Agora que tal dizer por que você ligou?

- Certo, seu velho mau humorado - ele disse, e Gerard pôde ouvir uma risada baixa do outro lado que, definitivamente, não pertencia ao seu irmão. - Frank quer saber se você vai mesmo no nosso ensaio.

Gerard abriu a boca para falar, mas não ouviu nenhum som. Sua voz ficou presa na garganta, que pareceu ficar seca de repente. Ele bebeu um pouco do café que sempre deixava ao seu lado quando estava desenhando e tentou parecer normal, como se seu coração não estivesse pronto para pular do seu peito e se jogar bem ali na sua frente.

- Ele… hmm… Ele está aí com você? - Gerard perguntou, e sua voz saiu tão baixa que ele não soube dizer se Mikey havia escutado-o.

- Está sim. Nós estamos indo levar umas coisas até o estúdio - Mikey ficou em silêncio por alguns segundos, parecendo ouvir alguma coisa, e então acrescentou: - Ele disse que não aceita ouvir um "não".

Mikey continuou dirigindo, e esperou por uma resposta que demorou a chegar. 

Por um instante, Gerard pensou em realmente dizer não. Mikey tinha aquela banda há quase dois anos, e Gerard nunca esteve muito presente naquela parte da vida do seu irmão. Ele não havia mentido quando disse que conhecia a música do desfile negro, mas ela era a única, e ele nem mesmo sabia o nome dela… Seria no mínimo estranho se ele simplesmente começasse a fazer parte daquilo agora.

Um longo suspiro escapou por seus lábios. Ele colocou suas escolhas em uma balança imaginária na sua cabeça, e pensou sobre elas. De um lado, estava o fato de que aquele mundo era algo totalmente fora da sua realidade, e do outro… Bem, do outro lado estava Frank. Gerard imaginou sua pequena balança pendendo para um dos lados, lhe dizendo qual era a escolha certa. 

- Tudo bem, então… Diga a ele que eu vou.

- Sério? Eu não preciso nem mesmo insistir? - Mikey riu, sem acreditar naquilo.

- Não, Mikey. Eu não quero parecer mal educado com seus amigos, você já pensou nisso? - Gerard manteve a voz calma, mas dentro dele havia uma grande tempestade de emoções se formando. - Agora vá cuidar da sua vida. E não fique falando de mim quando desligar essa merda.

Ele já havia afastado o celular do ouvido, mas ainda pôde ouvir a voz distante do seu irmão quando ele disse que passaria em seu apartamento amanhã à noite para buscá-lo.

Gerard desligou o telefone, colocando-o outra vez sobre a mesa. Ele olhou para o cigarro esquecido entre seus dedos, e então o levou até seus lábios. E ali, naquele momento, enquanto a fumaça cinzenta preenchia o espaço ao seu redor, Gerard sentiu o mais largo dos sorrisos se espalhando por seu rosto, levando para longe uma parte de todo aquele caos dentro de si.



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