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História The Supernatural, At Deaths Door - Capítulo IX


Escrita por: Brokenharrys

Notas do Autor


Oi Divaaaaas *------*, vão bem?

Para começar quero pedir desculpas pela demora heuheuheu ¬¬, as aulas começaram, meus professores já me mandaram fazer vários trabalhos, e então eu fiquei lotada de coisas pra fazer U.U

MAS como eu já tinha escrito um pouco o capítulo e tava com umas ideias idiotas, resolvi postar esse capítulo. AH SIM: QUERO AGRADECER PELOS COMENTÁRIOS! LOVEY TODOS! — e desculpem-me por não poder responder todos. Depois respondo, ok?
Thanks pelos favoritos, cara não acredito que cheguei nisso tudo! :D

O capítulo tá gigante, sem sal, e chato mais que não sei o quê. Não me culpem por já sentirem sono só nas primeiras linhas... u.u

GOOD READ!

Até lá embaixo...
#Biih

Capítulo 10 - Capítulo IX


Fanfic / Fanfiction The Supernatural, At Deaths Door - Capítulo IX

— Ela está bem? — Ouvi uma voz familiar dizer.

Sim, ela só precisa descansar. Talvez vá para casa hoje mesmo.

Ah, obrigado, Dr. William.

Uma porta bateu, e senti alguém suspirar pesado.

Minha nuca doía em demasia, e eu me sentia como uma pedra. Meus músculos dos braços, pernas, costas, queimavam. E algo, um tipo de liquido entrava no meu braço esquerdo, e tive o pressentimento de que se eu olhasse, poderia vomitar.

A garganta seca ardia e queria muito, um copo de água bem gelado para beber.

Com dificuldades, abri os olhos, que lacrimejaram ao observar o local todo branco. Paredes pintadas de branco, teto de branco, duas poltronas branco e verde no meu canto direito, uma cama branca e azul, onde eu me encontrava deitada coberta com finos lençóis de textura de papel, com nos lados da cabeceira cheia de aparelhos que apitavam sem parar; e meu corpo tinha um emanharado de fios verdes. Um deles saia de um saquinho pendurado, cheio de líquido cristalino, indo direto para a veia jugular do meu braço esquerdo. E o local tinha cheiro de borracha, sangue e seringas de tirar sangue.

Ótimo. Eu estava num hospital.

Olhei para a figura de uma mulher, em pé, perto da beirada da minha cama. Ela usava um blazer preto, por baixo uma blusa bege, e jeans azul. Seu cabelo castanho curto estava amarrado em um pequeno rabo-de-cavalo.

Era minha mãe.

Respirei profundamente e ela olhou para mim no mesmo instante.

— Filha... V-você está bem? — Mamãe parecia preocupada.

Assenti e neguei ao mesmo tempo.

— Preciso de água... Água bem gelada. — Minha voz soou baixa, rouca e seca.

— Ah, sim. — Ela saiu da sala, e voltou rapidamente, com um copo de plástico na mão. Deu-o para mim, que o segurei tremendo. Eu estava fraca. Totalmente sem energia.

Quando a água gelada desceu pela garganta, senti um alívio, como se ela levasse embora uma tampa que fechava meu esôfago ruidosamente. Acabei o líquido do copo em um longo gole, e entrei-o novamente para mamãe.

— Obrigada — consegui dizer.

Ela jogou o copo numa pequena lixeira, no canto esquerdo dali, e voltou para minha cama, sentando-se ao meu lado esquerdo. Seus olhos pretos demonstravam cansaço, preocupação e dúvida. Queriam respostas.

— Como está se sentindo? — perguntou.

— Quebrada, exausta, com uma imensa vontade de tomar um bom banho. Parece que carrego o mundo nas costas e que não sei o que é chuveiro há dias.

Então, lá se veio à explosão maternal de advertência:

— Emilly, o quê aconteceu de verdade? Por que Megan conseguiu escapar e você não? Sabe o quanto fiquei desesperada?! Sabe o choque que levei após me ligarem daqui e dizerem que você estava inconsciente e tiveram que lhe internar?! Meu Deus, foi o pior susto da minha vida! Eu achava que ia chegar em casa e encontrar você, sua avó, Arthur e David me esperando para o jantar, mas não! Sua vó estava assustadíssima dizendo que: "Ada, a Emilly sumiu! Já liguei para Flora, e ela também havia dito que Megan não estava lá...!", minutos depois o Sr. Arthur ligou para mim, avisando que David estava no hospital recebendo curativos. E depois, me ligaram dizendo que você estava internada, completamente fora de si! Sabe o que pensei?! Pensei que tinha sofrido um acidente e estava em estado grave, quase morrendo! Fui para a casa da mãe de Meg e ela também recebeu uma ligação. Eu, Arthur e Flora viemos correndo para cá no meu carro. — Ela pegou fôlego, e então continuou: — Ao chegarmos aqui, procuramos imediatamente algum médico, perguntando onde ficavam os internados, e se você constatava na lista. Ele me disse sua sala, mas que você ainda estava passando por alguns exames e curativos e não podia receber visitas. Flora perguntou sobre Megan, e ela ainda estava consciente, mas na enfermaria, tomando medicamentos. David estava na sala de Recuperação, recebendo vários curativos. Arthur decidiu ir atrás do neto, e então, eu e Flora fomos até onde Megan estava. A sua melhor amiga parecia que havia mergulhado no lixão! As roupas todas encardidas, e ela possuía vários hematomas no rosto e braços. Parecia dopada! — sua voz soou seca. — Mais tarde, quando Megan estava melhor, eu e Flora exigimos respostas. Ela nos contou uma história de que fora sequestrada por uns marmanjos, que não viu o rosto, quando estava a caminho da lanchonete Browns. Eles a forçaram ligar para você, e quando atendeu disse que você pediu para que tentasse se manter por mais tempo escondida, pois você iria encontra-la e tira-la de lá. Nos contou também que minutos depois você apareceu acompanhada de David, e que quando foram escapar vários homens de preto, indistintos bloquearam a saída, e David lutou com eles. Mais tarde, mandou as duas fugirem e procurarem a saída, pois ele conseguiria se virar. — Mamãe olhou para mim como se eu fosse negar algo. — As duas saíram correndo, e foram pegas por homens vestidos de preto também. Após isso, um deles a prendeu e você conseguiu faze-la fugir com seu celular. Tempos depois, ela ligou para a polícia, ainda no porão. E então, a polícia chegou, cercando o local; David encontrou Megan e os dois foram descobertos pelos policiais. Eles disseram que você estava lá, mas que não com os dois. Mais tarde, a polícia lhe encontrou caída no chão, desmaiada. Chamaram junto à ambulância, te colocaram na maca, e levaram vocês três ao hospital. Marcando-lhe como estado quase grave. E agora, tem um detetive que quer conversar com você. Ele já conversou com David e Megan. — Ela suspirou, cansada. E percebi que ela não havia mencionado nada sobre eu e Meg termos visto lobos gigantes lutarem contra os homens de pretos que desapareciam misteriosamente após a morte. E que ela não disse sobre Josh.

Meg sabia que minha mãe não acreditaria nessa parte. Bem, minha mãe nunca acreditou em coisas de outros mundo, seres sobrenaturais. Mamãe já viu lobos em sua infância, em Boston, nos EUA. Mas não aqui, nem mesmo em Holmes Chapel. O que significava que ela nunca viu na vida um lobo gigante. E nem desconfiava que tinha um cara louco atrás de mim, achando que eu tinha um talismã. Aff.

Passei a mão sobre um curativo na testa.

— Ai — murmurei solenemente. Não duvidaria nada de que naquele local do machucado, haviam vários pontos. Deixei o braço cair na cama, respirei fundo e prossegui: — Eu sinto muito, mãe. Deveria ter lhe avisado que Meg tinha sido sequestrada e que eu ia tentar ajuda-la. Me desculpe mesmo. — Ela não disse nada. Apenas se debruçou sobre mim e me deu um forte abraço protetor.

— Emilly, só irei lhe desculpar quando você me contar a sua versão da história. — Mamãe nos separou, limpou uma lágrima dos olhos e me fitou com uma expressão meio irritada.

Umedeci os lábios e contei a ela toda a história. Exceto a parte dos lobos, a de que eu bati com a barra de ferro na cabeça de um rapaz e ele sumiu do nada e tirando também a parte em que conheci Josh. Se eu contasse a ela de que ele havia me dado uma surra, e que antes deu desmaiar tinha dito que novamente iriamos nos ver, com toda certeza, mamãe ia chamar todos os policiais de Oxford para me deixar em segurança. Ou ia mandar me internar num hospício, me chamando de louca.

— Não acredito que David defendeu você e Megan. — Ela limitou-se a sorrir. — Eu sabia que esse seria um bom rapaz para você. Acredite em mim, Ly, tenho ótimo instinto de mãe. — Fechou os olhos e suspirou, reabrindo-os. — Me sinto bem, sabendo que você está bem.

Sorri.

— Obrigada mãe — falei e ela segurou minha mão com força.

— Nunca saia assim, Emilly, se eu perdesse você, estaria perdendo uma vida. E por ser minha única filha, devo redobrar a guarda. Na próxima vez que isso acontecer, Juro que você irá ficar de castigo pra sempre — disse minha mãe, exagerando.

Mãe, eu tô viva! — exclamo, provocando ênfase em 'mãe'.

— Eu sei, Ly, mas nunca se sabe o dia de amanhã... — Ela abaixou os olhos, e eu soube na hora que se referia ao meu pai. — Como o que aconteceu com o seu pai...

— Mãe, esquece isso. Não gosto de relembrar sobre a morte dele. Me sinto totalmente culpada, e odeio lembrar do passado... — Lágrimas vieram à tona. Eu realmente detestava lembrar da morte do meu pai. A imagem dele, caindo no chão molhado pela chuva, morrendo, me dava sensação de solidão e culpa. O pior ainda era que parecia que eu revivia o momento...

 

"O quê você quer com agente? Nós não temos nada! — papai exclamou, seus olhos verdes-claros olhando furiosamente o rapaz encapuzado à minha frente, mirando a arma para mim.

É claro que tem. Quero ela! o jovem gritou em resposta, apontando a cabeça em minha direção. Tive vontade de saber quem era ele. Seu rosto estava coberto pelo capuz da jaqueta de couro preta, e além disso, a chuva forte caia em nós quatro, encharcando-nos, rubescendo a visão de cada um.

Por favor, rapaz, nos deixe em paz, não sabemos do que está falando mamãe estava agarrada ao meu braço esquerdo.

CALE A BOCA! ele gritou para ela. Ah se eu pudesse... Ah se eu pudesse, esse desgraçado já estaria apodrecendo no Inferno.

O ar dos meus pulmões ao entrar e sair, falhava. Eu tremia. De raiva, de angústia e frio.

Eu já lhe pedi para abaixar essa arma, garoto. A voz de meu pai era firme e grossa. Queria entender de onde ele tirava tanta coragem. Sempre foi assim. Sempre.

O que vai fazer comigo, hein, senhor Edward!? Meus olhos olharam de relance ao rapaz armado. Como ele sabia o sobrenome do meu pai?

Coisas que você nem imagina que eu possa fazer... papai respondeu, passando a mão nos cabelos castanhos claros, encharcados de água. Mantinha a mesma postura rígida e sem nenhuma convicção.

Parecia mais jovem do que o normal.

Não tenho medo de você o cara encapuzado falou. Tinha voz abafada e rouca.

Não disse que tem meu pai ralhou diretamente. Agora, abaixe essa arma. Você não sabe manuseá-la. É só uma criança.

Madison! minha mãe praticamente gritou, advertindo-o.           

Não posso fazer nada, Ada papai a respondeu.

JÁ OS MANDEI CALAR A BOCA! o rapaz de capuz berrou, nervoso. Ele não estava com paciência, e nós três sabíamos disso. A sua filhinha, Edward, quero sua querida filhinha...

Senti um nó horripilante na garganta e desconfiei de que meu pai escondia algo. Pela primeira vez em dezessete anos, eu tinha quase certeza de que ele estaria guardando alguma coisa de mim e de minha mãe. Uma coisa, talvez consideravelmente... ruim? Se sim, o quê exatamente?

Você não irá encostar um dedo sequer nela, seu imprestável! papai ladrou irritado.

Eu posso...

E então, ao lado da minha mãe, meu pai deu um passo à frente.

"Não, não faça isso, pai, pare..." pensei.

Vou lhe dizer uma última vez: abaixe a porcaria dessa arma, ou vou lhe fazer engoli-la da pior maneira possível começou, permanecendo com uma certa ternura.

Notei o olhar de meu pai sobre o instrumento mortal do outro. Um olhar furtivo e ruim.

Você sabe o porquê estou aqui, e esse motivo é consideravelmente justo o rapaz disse, quase em um meio sorriso.

Não sei e nem quero saber do que está falando. Observei a expressão de meu pai.

Com toda certeza ele escondia algo e sabia muito bem do que o cara estava falando.

O que foi Madison? Está com... Medo?! o rapaz encapuzado falou entre dentes. Quase tive coragem de arrancar seu capuz e descobrir quem ele era.

Papai pareceu hesitar por um mísero segundo, depois respondeu seco:

Talvez essa seja sua última pergunta...

Por uma única faixa de luz dos postes, percebi o maxilar do jovem se contrair. Estava nervoso. E notei mais uma coisa: sua pele era de um tom dourado quase moreno.

E talvez essa seja a sua última afirmação, após ver sua querida filhinha morrer aqui mesmo.

Suas últimas palavras...?! Meu pai estava furioso, e deu outro passo para a frente.

Que você apodreça no Inferno!

Papai riu:

Engraçado, que eu saiba é isso o que acontece com os Caí... Não pude ouvir o resto da frase. Por que um caminhão passou velozmente na rua do beco, fazendo um barulho ensurdecedor.

Meus cabelos grudavam na testa e na parte de trás do pescoço. Sentia calafrios, não de frio, mas de alguma coisa pior. Havia alguém, um pontinho na minha mente que já sabia o que poderia acontecer. Mas eu implorava para que não fosse verdade.

A água da chuva fazia minhas roupas uma camiseta laranja, uma calça jeans skinny preta e meu par de All Star vermelho se encharcarem e grudarem em meu corpo.

Então, senhor Edward, é você quem escolhe: morra, ou deixe sua filha vir comigo ou ela morre. Sua decisão. Tem apenas alguns segundos... o cara disse como se a palavra "morte" fosse uma coisa comum.

Não tenho segundos. Nem você mesmo. A menos que queira viver dessa vez, meu pai tinha um tom esclarecedor na voz, como se calculasse o que iria fazer depois.

Bem, foi isso o que aconteceu. Madison, meu pai, atingiu brutalmente o braço do rapaz, que antes se encontrava estendido em minha direção, apontando sua pistola.
Agarrou os punhos do outro, entortando-os, fazendo eles mirarem a arma para uma parede de tijolos vermelha ao lado direito. E então, a arma escorregou, caindo no chão, abaixo dos pés do jovem encapuzado.

Ele e meu pai lutaram. Eram socos, chutes, golpes que talvez nem mesmo um lutador de boxe saberia dar. Eram complexos, e acertavam um ao outro de uma maneira rude, forte e dolorida, porque dava para ouvir os sons dos punhos cerrados acertando o estômago, os músculos tanto dos braços, pernas, barriga, tórax, ombros e maxilar. Cada um grunhia quando o outro lhe dava um golpe quase fatal em alguma região do corpo.

Eu estava surpreendida. Nunca na minha vida inteira, vi meu próprio pai lutando como se fosse lutador de MMA, UFC e Boxe, tentando salvar minha vida. Qual era mesmo o proposito? Bem, eu me encontrava encarando-os de olhos arregalados, segurando um grito que poderia o outro lado do mundo ouvir se eu soltasse. Minha mãe não estava mais agarrada ao meu braço. Ela estava me... Puxando? Pera, eu sabia o que estava fazendo?

Emilly, vamos embora! mamãe exclamou no meu ouvido. Eu quase não percebi. Estava dormindo acordada como se assistisse um filme de ação na TV. Vamos! Ela puxou meu braço fortemente, me tirando do lugar e de meus devaneios.

Ir embora?! Vamos deixar meu pai aqui?! E se... e se ele... digo, gaguejando.

Seu pai sabe o que está fazendo...

"Sabe o que está fazendo"?! Ele está reagindo contra um bandido armado! berrei, furiosa. Depois olhei para a direção das duas figuras masculinas se encarando, trocando insultos. PAI!

Ele olhou para trás.

E então me xinguei mentalmente. Por quê? Por que o cara encapuzado, com a boca sangrando e o braço esquerdo sobre o abdômen , chegou até a arma, jogada quase do outro lado do beco, a pegou e a mirou novamente em minha direção.

"DROGA, DROGA, DROGA! MIL VEZES DROGA! escandalizei nos pensamentos. Tive vontade de me espancar, me jogar de um prédio de 60 andares, pular de um helicóptero sem pára-quedas a cerca de milhares de quilômetros do chão, me arremessar na frente de um trem-bala em movimento. "PORQUE EU SEMPRE CONSIGO PIORAR AS COISAS?!".

Agora sua filhinha vai morrer, Madison... o rapaz falou, e rapidamente meu pai olhou para trás onde o cara armado estava.

"Maldito foi o dia em que eu nasci!".

Mamãe começou a chorar e minha garganta doía. As lágrimas tentavam escapar, mas eu sempre arranjava um jeito de isso não acontecer. Mordi a língua e me mantive quieta.

Abaixe a arma ou então... a frase fora iniciada, mas não terminada pelo meu pai. Por uma sombra do capuz do cara, notei que ele abria um sorriso assombrado no rosto.

Ele pressionou a arma firmemente nas mãos e apertou o gatilho.

A bala de cor prateada saiu como um flash de dentro da arma, e voou como um raio para mim. Prendi a respiração, mas gritei um "NÃO!" ao mesmo tempo.

Meu pai pulou na minha frente, e a bala entrou direto em seu crânio.

A cena foi como câmera lenta.

Pai... pai... pai...! Meu grito foi como um eco. Meu pai caiu ao meu lado, de costas no chão molhado, o sangue vermelho-vinho escorrendo de sua cabeça. As pupilas se contraíram e o verde-claro de seus olhos praticamente tomou conta de toda aquela parte. Antes deu cair de joelhos, ao lado de seu corpo, lancei um olhar assassino ao rapaz encapuzado.

E então, a cor dos olhos daquele brilhou.

Um cinza escuro quase preto apareceu. E novamente ele soltou um sorriso e saiu correndo, se espreitando na escuridão do beco, onde mais para o fundo não tinha sequer nenhuma luz.

E aqueles globos sombrios não saíram mais da minha cabeça...".

 

Abri os olhos e pisquei.

— Emilly? Emilly, está me ouvindo?! — minha mãe falou, seu tom de voz calmo.

— Sim, mãe.

— O que foi que falei agora mesmo, então?

— Se estou te ouvindo... — soou tanto como uma pergunta.

Não. Se você quer conversar com o detetive.

— Mais tarde. Preciso descansar — digo, quase fechando os olhos novamente e caindo no sono.

Mamãe deu um tapinha na minha perna:

— Descansar?! Sabe que dia é hoje?! Sabe por acaso que horas são agora?!

Suspirei.

— Não.

— Sábado — murmurou. — Sábado de tarde.

— Nossa... Achei que ainda fosse sexta. — Soltei um bocejo.

— Ontem foi.

— Eu sei.

— Isso é bom.

— Por quê?

— Você não perdeu a memória — pela primeira vez tive vontade de xinga-la.

— MÃE! — exclamei. Ela deu de ombros e quando abriu a boca para falar alguma coisa, um braço forte e de cor dourada apareceu na porta, assim que ela foi aberta.

A cabeça loura de David surgiu dali, com um sorriso luminoso no rosto.

— Estou atrapalhando alguma coisa? — perguntou, ainda sorrindo.

Mamãe olhou rapidamente para trás na direção dele e soltou um risinho que a fez sacudir os ombros.

— Não, claro que não David... A propósito eu já estava de saída.

Joguei a ela um olhar mortal e murmurei silenciosamente: "Mãe!". Ela não fez nada, apenas levantou da cama e foi até a porta. David já estava em pé dentro do quarto, com a porta aberta ao seu lado. Ele observou minha mãe partir, me mandando um: "Se cuida, já já eu volto".

Revirei os olhos. David fechou a porta e veio em minha direção.

Não parecia muito péssimo. Tinha só uma gaze enfaixando seu pulso e punho esquerdo, um curativo na testa e outro na clavícula. Fora isso estava inteiro. Diferente de mim.

Vestia uma bermuda jeans, um Vans preto e uma camisa de colarinho cinza. Ele ficou de pé ao meu lado direito da cama e me fitou. Parecendo preocupado.

— Nossa, você não tá nada bem — ele ergueu uma sobrancelha. — Achei que ia acordar um pouco mais cedo — falou, mudando de expressão, ficando sério.

— Achei que eu não iria acordar nunca — brinquei, tentando sorrir.

O clima ainda estava tenso.

— Emilly se você morresse eu...

— David, estou bem. Completamente viva. Bem... ou talvez pela metade — o cortei. — Não precisa se preocupar, você fez muito por mim e Megan. Se não fosse por você, nós duas teríamos sido massacradas por aqueles homens de preto.

— Você quase quebrou uma costela. Está cheia de manchas roxas no corpo.

Senti a boca do estômago doer, bem onde Josh tinha me dado um soco forte.

— Como sabe que estou cheia de hematomas?

— O médico que disse — ele ergueu as mãos como se dissesse: "Só perguntei a ele!".

— Ah...

— Ainda me sinto culpado.

Quase dei um tapa na cara dele.

— O quê?! Culpado?! Por acaso você é meu guarda-costas? Um Anjo da Guarda?! Não David, você não tem o direito de se sentir culpado! Estou viva! E se não fosse por você poderia estar debaixo da Terra agora mesmo, com um monte de vermes começando a rondar a minha pele, filtrando nos músculos, comendo a minha carne e...

— Ok, já entendi. — Ele me fitou com seus olhos mesclados e sorriu. — Percebi o quanto está melhor.

Sorri de volta.

— Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Estou quebrada. Mas viva. — Mudei de assunto: — A propósito, o quê aconteceu no seu pulso? — Gesticulei com a cabeça ao braço esquerdo dele.

— Um dos caras ontem torceu esse pulso e deslocou o osso. Quase perdi a mão esquerda, mas estou melhor.

Ergui as sobrancelhas:

— Só tem isso de machucados?

— Não. Meu abdômen está enfaixado, me sinto como se tivesse me arremessado de um prédio de mil andares. Quebrado. Além de tudo, tive que carregar Megan. Ela não é tão leve quanto pensei que fosse.

Gargalhei:

— A aparência dela enganou, não é? Aquela ali come mais que um hipopótamo, e se dedurar, deve pesar quase setenta quilos.

— Para o tamanho dela isso é demais.

— Te dou uma dica: se você falar que ela é pesada e parece gorda, ela vai emagrecer.

— Nossa, por quê?

— Ela gostou de você — ele desviou os olhos.

— Ah — foi à única coisa que disse.

Ri outra vez.

— Não precisa ficar com vergonha, David. Megan dá em cima de vários caras que ela acha... — Fica quieta, fica quieta, fica quieta! — Hum, que ela acha... bacana. — Se eu dissesse que Meg estava gostando dele, ah ela me matava.

Ele sorriu pelo nariz.

— Não estou com vergonha, é só que... Megan é uma garota meio... sei lá, exagerada. — David tentou consertar, depois de notar a minha reação de: "Repete o que você falou ou vou te jogar pela janela!": — Ahn, eu não quis dizer "exagerada", no modo de ser... Hum, louca, mas no modo de...

— Ok, já entendi — revirei os olhos e suspirei cansada. Era tão inútil me ver tentando arranjar alguém legal para Meg. E quando ela se interessou em um, ele praticamente a chama de doente mental. Droga. O mais engraçado era que ela o conhecia em menos de uma semana.

— Emilly, olha, eu não queria dizer isso, mas é que vo... — David engoliu o resto da frase, e então me encarou intensamente, como se tentasse ler minha mente, ou minha própria alma. Aqueles olhos me fizeram prender a respiração, instantaneamente minhas bochechas arderam e senti meu corpo inteiro se esquentar como uma corrente elétrica, deixando-me febril. Ficamos assim durante uns cinco segundos (pois é, eu contei).

Desviei o rosto primeiro, e achei alguma desculpa.

— Nossa, que calor, pode ligar o ar-condicionado, por favor? — Nossa Emilly, que bela desculpa! Bem, mas estava quente ali dentro. Não tão quente a ponto de ter essa ideia medíocre.

David saiu do "transe" e disse, sorrindo amarelado, coçando a nuca dourada:

— Ah, claro, sem problemas. — Ele ligou o ar-condicionado preso no vão do teto, deixando-o no "frio-moderado". O quarto, em apenas alguns segundos esfriou pouquíssimos graus.

Quando David voltou para perto de minha cama, ele se manteve meio distante. Quase o agradeci mentalmente.

O lugar ficou em silêncio absoluto, tirando apenas a maquina que monitorava meus batimentos cardíacos, que apitava no ritmo do meu coração. Ele bombeava lentamente, mas eu podia sentir que cada batida valia tanto quanto duas.

Meu dedo indicador da mão esquerda começou a formigar. Por que os enfermeiros tinham que colocar esse "pregador" nele?! Se eu perdesse o dedo, denunciaria o hospital.

"Larga de ser idiota, Emilly Grey, você não consegue nem levantar dessa maldita cama!" — meu consciente gritou em meus pensamentos.

Decidi iniciar uma nova conversa:

— David, o que aconteceu quando Megan te encontrou, assim que ela havia me deixado no outro lado do porão da biblioteca?

Ele inspirou profundo.

— Quando nos encontramos, eu também estava procurando vocês. Ela disse que você estava presa com três caras estranhos. Josh, o líder deles, acho que é esse o nome.

Assenti com a cabeça.

— Josh Jared Hern. Um rapaz completamente ridículo, louco, que acreditava em que eu podia estar com um "talismã" — tentei imitar a voz carrancuda dele. — Essa tal coisa, ele disse que o pertencia e queria de volta.

— Talismã? Por que Diabos você teria isso? — David perguntou, incrédulo.

— Foi isso o que pensei. Talvez ele tenha me confundido com alguém. — Dei de ombros, com uma vontade enorme de poder concordar com o que havia acabado de dizer. Josh parecia o tipo de cara que não largaria do seu pé nunca mais quando faz uma promessa, ou mesmo que não for isso. Era o tipo que quando filtrava algo na cabeça não tiraria facilmente até... bem, até ter conseguido.

E além de tudo, ele havia dito aquelas malditas palavras antes de ir embora do porão: "Nos veremos em breve", e para completar me deixando irritada, ele colocou o "Grey". Eu não sabia o certo se deveria sentir ódio ou medo daquele cara.

Josh era sombrio como trevas. Apenas isso.

O pior ainda era ter a impressão de que já o vi várias vezes antes, sem ao menos lembrar dele alguma vez na minha vida. Porcaria, e essa era a parte mais filha da mãe.

O que ele queria realmente de mim? Ah, eu simplesmente não podia saber, porque talvez, esse fosse um novo mistério em que eu havia de desvendar.

Primeiro Líllian. Agora mais Josh. Ótimo, vida cheia de segredos, com pessoas loucas.

E os únicos para me ajudarem eram: Megan e David. Somente eles, porque nem minha própria mãe poderia ficar sabendo disso. Ela não acreditaria nem na primeira letra que eu dissesse na frase do inicio de toda a história, que eu pressinto de que poderá ficar mais longa a cada dia.

E mais perigosa e indecifrável.

— Emilly?

— Sim? — respondi quando David me tirou dos meus devaneios.

— No quê está pensando? — perguntou, com uma expressão de que eu nem precisava dizer por que, com certeza, ele sabia a resposta.

— Nada — sorri sem mostrar os dentes. Senti uma queimação na clavícula direita. — No que achou que eu estava pensando?

— Nada, só perguntei — David riu. Fiz o mesmo.

Silêncio.

— Emilly?

— Sim?

— Sabe de uma coisa, eu estou gost... — Ele não pôde terminar, pois alguém bateu na porta.

— Pode entrar! — falei, e o ser em que eu estava desejando ver desde de que desmaiei ontem, entrou no quarto com uma cara de surpresa, alívio, raiva, dúvidas e outras porções de coisas. Megan se parecia com uma Esfinge. Indecifrável.

— EMILLY — ela exclamou alto, que se eu não estivesse tão feliz em vê-la, talvez taparia meus ouvidos.

Meg se jogou em cima de mim rápida, me dando um abraço forte e dolorido. Quase fiquei sem ar. Quase.

Ela riu e choramingou ao mesmo tempo:

— Emilly, achei que... Achei que não acordaria nunca mais — suspiro pesado e risada —, mas estou tão feliz que esteja viva... — choramingos — ah, se eu tivesse te perdido... Me jogaria de um avião — ela me apertou mais no abraço.

— Ei Meg, achei que tivesse medo de altura... — brinquei e nós duas rimos.

Quando nos separamos, Megan limpou algumas lágrimas do rosto e sorriu. Depois olhou para David, na beirada da cama.

— Oi — falou, ainda sorrindo.

— Olá — ele a respondeu. Após um momento, disse — Não quero atrapalhar o "Momento de Amigas" das duas, então... Até logo meninas! — Levantou da cama, e da porta completou para mim: — Se cuida Emilly, se precisar, me liga. — Acenou com a cabeça e fechou a porta branca atrás de si.

Meg alargou mais o sorriso, mostrando seus dentes brancos e alinhados:

— Hum, você tem o número do celular dele... Não sei não, Srta. Grey.

— Não seja idiota, Stacy. É você que anda de olho nele. — Lancei-lhe um olhar malicioso. Segurei a língua para não contar da parte que David havia dito que ela era exagerada, ou então, Megan iria correr atrás dele e espanca-lo até a morte. Por sorte, já estaria num hospital.

— Ando mesmo. Mas, há um outro cara em que eu estou na cola... — Seus lábios finos se contraíram num bico de: "Eu posso, baby".

— Ah é, quem seria esse cara, aí...? — pergunto, erguendo as sobrancelhas.

— O bonitão do Zayn, né, isso é óbvio. Você sabe disso.

— Ah. O Zayn — revirei os olhos.

— Ele veio falar comigo hoje.

Engasguei com o ar.

— O QUÊ? — exclamei, praticamente gritando.

Ela riu.

— Megan Willians, não brinque comigo, o quê foi que ele veio falar com você?! — Quase agarrei seus ombros nus para chacoalha-la.

Meg me olhou com cara de: "Qual é o problema?".

— Nossa, qual é o problema dele ter vindo falar comigo, Emilly? Tá achando que só pode conversar com você?!

Suspirei, buscando paciência:

— Não tem problema nenhum, é que... — Ótimo! Agora o que eu diria para ela? "Sabe Megan, eu tô com medo do Zayn. Ele é estranho" ou "Ele me dá calafrios!" ou pior: "Já notou como ele encara as pessoas? Parece que consegue ler a mente delas, e além disso ele tem pinta de bad boy, já levou 103 tiros, tem cara de que fuma, e óbvio, Zayn é alcoólatra. Significa que ele tem 95% de chances de ter matado alguém, e de não ser uma pessoa boa!".

— Vamos diga, o que tem de tão ruim em...

— Tá, tá, tá, não tem nada haver. Mas, me conta... O que ele falou pra você? — A interrompi rapidamente.

Ela sentou ao meu lado direito da cama, respirou profundo e sorriu.

— Foi hoje de manhã, eu estava indo tomar um café, sabe, na The Ashmolean Cafe. Aí no caminho pra volta, encontrei com Zayn. — Meg piscou várias vezes. — Tipo, ele me perguntou se meu nome era mesmo: "Megan, não é?". Concordei, lógico. Aí eu disse: "Hum, o que você quer?", daquele jeito com voz irritada, mulheres difíceis os homens fica babando e...

— Tá Meg, diz logo!

— É, bom, aí ele falou: "Eu sinto muito pelo que aconteceu com você e com a Emilly". Tipo, fiquei completamente...

— COMO ELE SABIA QUE NÓS SOFREMOS ISSO, E QUE EU DESMAIEI E VIM PARAR NUM HOSPITAL?! — gritei, totalmente surpreendida.

— Eu não sei também, era isso o que eu ia falar. Assim, quando ele disse aquilo, fiquei surpresa. Até perguntei: "Como você sabe?!", ele respondeu: "Acidentes acontecem e além disso uns amigos meu me contaram". Na hora Zayn deu um sorrisinho do capeta. Sabe qual foi minha reação?! — Neguei. — Quase sai correndo, sério, cara, a voz que ele fez, a expressão, me fizeram tremer!

“Engraçado, é exatamente isso o que senti quando ele falou comigo” — pensei.

— Sinceramente fiquei surpreendida e quase babei — ela riu.

— Isso é estranho. Totalmente estranho — falei e Meg assentiu junto comigo. — Ele disse mais alguma coisa pra você?

— Bom, Zayn me perguntou em que hospital você tava internada. — Arregalei os olhos.

— Pelo menos você não contou a ele. Ou contou?!

— Olha... — Ela mordeu o lábio inferior e ficou assim durante uns segundos, até finalmente dizer em uma frase rápida: — Euconteipraelesim. — Meg deu um sorriso amarelo.

Por pouco não voei em cima dela.

— NÃO ACREDITO MEGAN WILLIANS! Eu já falei trocentas vezes com você, pra não cair na laia de Zayn Malik! — exclamei furiosa.

— Não, você nunca me disse isso — ela respondeu, cruzando os braços. — E além de tudo, Emilly, o Zayn parecia preocupado contigo, e agora você vem com esse ridículo papinho de “não cair na laia do Malik”. Ah, nada haver, ele só quis saber onde você estava. Talvez mais tarde ele venha lhe visitar. E que mal tem isso?!

— Megan, por acaso ele falou que viria me visitar?

— CHEGA. Ponto final nessa história. Acabou, pronto, sem conversar mais sobre Zayn Malik! — Ela ergueu os braços para cima, irritada. — Vamos falar agora sobre como está sua situação.

— É uma piada? Eu tô quebrada, arranhada, apanhei de um cara no qual tem o nome de Josh. Fui arremessada na parede, no chão, fui esculachada, levei vários socos, chutes, ponta pés e outras mil coisas. De certo eu não devo estar em uma boa situação, até porque estou num hospital, internada, com um maldito soro entrando na minha veia jugular do braço esquerdo, com uns censores de batimentos cardíacos por todo o corpo. Minhas costas doem, meus músculos queimam e estou prestes a perder minha voz. Resumindo: situação péssima. Hum, quer saber mais alguma coisa? — Pisquei.

— Você apanhou do Josh?!

— Sim. — Suspirei fechando e reabrindo os olhos. — Assim que você saiu. Ele me perguntou sobre o tal talismã. Eu disse que não tinha então ele começou a me bater.

— E você não revidou?!

— Ele podia me matar!

— Mas do mesmo jeito, homens não podem bater em mulheres, você ao menos podia ter dado uma bela de uma surra nele. — Meg ergueu as sobrancelhas claras.

— Como eu ia revidar se ele era mil vezes mais forte do que eu? Sinceramente se eu pudesse revidar eu revidava, mas o seguinte é que: eu. Não. Pude. Revidar. E. Então. Apanhei. Feio.

— Eu vou mata-lo. — Megan cerrou os punhos.

— Ele é anormal Meg. Não adianta nada tentar. Sinistro, louco, estranho, diferente. Ele carregava uma pedra que brilhava, e me perguntou se eu tinha um talismã! Isso não é coisa de gente normal, é óbvio que não é.

— Eu sei. Não é normal. Nós vimos homens de preto que desapareciam depois de morrer, sem deixar rastros. Nós vimos lobos gigantes, como em vários filmes. E por último, Josh, Rosliday e Rosbay, o trio de caras mais loucos do mundo. — Ela olhou para mim. — Se contássemos isso para nossas mães, elas nunca acreditariam e seriam capazes de nos internar em hospícios. — Soltamos risadas fracas.

— Pois é. Só estou com medo de Josh nos encontrar novamente. Ele parece ser capaz de fazer qualquer coisa para conseguir de volta esse tal talismã. Com certeza vai vir atrás de nós duas. Meu sexto sentido diz que isso vai acontecer em breve. Muito em breve.

— Devemos tomar cuidado — Meg disse. — Bastante cuidado.

Depois de uns minutos em silêncio, resolvo perguntar:

— Megan você conversou com um detetive?

Ela hesitou antes de responder:

— Sim.

— Você disse sobre termos vistos lobos, homens que desapareciam misteriosamente?

— Não né, é lógico que não. Ele ia achar que eu era louca.

Passando a mão preguiçosamente no rosto, digo:

— O caso de Líllian e agora mais o seu sequestro. Desde aquele dia que conversamos com o detetive Ryder, estou com trauma de ter que conversar com mais outro. Como é o nome desse?

Em vez de ela me responder, Megan apenas me encarou nos olhos, com uma expressão de que se me dissesse o nome do detetive eu poderia cair dura no chão. Ela abriu a boca quatro vezes e quando a frase: “Emilly, eu sei que você vai odiar ficar sabendo disso, mas...” fora iniciada, no mesmo momento uma voz masculina do outro lado da porta do quarto, falou abafado:

— Posso entrar? — a voz era totalmente familiar.

— Sim. — Congelei quando o detetive entrou no quarto vestindo um casaco preto de couro, calças escuras e sapatos de couro. Na mão carregava uma pasta. — Detetive Ryder Grousy?!

— Olá Emilly — ele cruzou os braços. Tinha uma expressão sóbria no rosto. — E cá estamos nós três de novo. E é isso mesmo o que você está pensando. Sou eu quem vai investigar esse caso do sequestro da Megan.

Ótimo. Então era esse o detetive que havia conversado com o David e com a Meg. E foi por isso que ela não disse o nome dele. Droga!

Ele fechou a porta atrás de si, caminhou até a poltrona verde e branca, ao lado esquerdo da minha cama e sentou nela, cruzando a perna direita sobre o joelho da esquerda.

Bufei. Lá vamos nós de novo.

— Dessa vez vocês tem mais um amiguinho. David Belford Zwick.

— Esse é o nome completo do David? Nossa, que nome! — Chutei a perna de Meg, assim que ela falou a frase. Ryder me encarou nervoso, e eu joguei-lhe o mesmo olhar.

— David havia se mudado para cá faz quase uma semana. O que ele realmente é de vocês? Namorado de alguma das duas? — perguntou, arqueando as sobrancelhas.

Megan soltou um risinho que a fez balançar os ombros. Ela disse “Sim” ao mesmo tempo em que eu disse “Não”.

— Sim ou não?

— Ele é só amigo. No primeiro dia de mudança dele, minha mãe o convidou para jantar na nossa casa. E foi assim que o conheci. Nenhumas de nós têm algo com ele — observei Meg com o canto dos olhos. Pude notar que ela revirava os seus azuis, como se eu fosse uma mentirosa.

— Bem, não foi isso o que ele disse de você, Emilly. — O detetive havia me deixado curiosa.

— O que David falou de mim? — questionei. Minha pele ficou quente novamente e meus pelos se arrepiaram. Megan tapou a boca com a mão, abafando uma gargalhada. O que eles sabiam que eu não sabia?

— Talvez você e ele possam conversar sobre isso mais tarde. — Ryder praticamente exclamou. Por que estava tão irritado? — Agora, quero saber o que a senhorita fez, assim que Megan pegou seu celular e correu pelo porão, sumindo de sua vista. Você ficou com uns tais “homens de preto”. Por acaso conseguia ver quem era? Se sim, os conhecia de algum lugar?

— Não, eu não conseguia ver quem era, e não os conhecia de nenhum lugar — respondo —, e eu não fiz nada. Eles fizeram a mim. Um cara — lembrei-me de Josh — que eu também não conseguia saber quem era, começou a me bater e me pediu um tal talismã.

— Talismã? Ele lhe pediu um talismã? Eu não sabia dessa parte da história — o detetive encarou Meg furiosamente, como se ela fosse à culpada por ele não poder saber disso.

— Sim, ele me pediu, eu disse que não tinha, ele ficou bravo e começou a me bater por causa disso.

— Esse cara lhe bateu? — Assenti, virando a cabeça para ficar encarando o teto branco. — Foi ele que te fez desmaiar então?

— Sim... — respondo, depois resolvo mudar de opinião: — Quero dizer, não, não foi ele que me fez desmaiar. É que eu estava muito fraca na hora e então não aguentei.

— Você viu, antes de cair inconsciente, por onde ele saiu dali e como saiu?

Hesitei durante segundos antes de responder.

— Não — menti. — Não o vi sair e nem como.

— Certo. — Ryder tirou da sua pasta de couro, uma prancheta e começou a anotar o que eu havia dito. — Agora quero que você me diga Emilly: havia mais alguma coisa no porão, sem ser os homens de pretos mascarados e Josh?

Prendi a respiração. Pela minha expressão ele podia saber que eu estava escondendo algo? Não, não, não, não e não. Ele não deve saber de mais nada.

— Que eu saiba, não haviam mais ninguém lá, além deles... — Meg tentou poupar o tempo em que eu tinha ficado em silêncio.

— É. Megan tem razão. Não existia mais nada. Só nós e eles — respondi após um momento.

— Tudo bem, vou considerar essa resposta como razoável. — O detetive me olhou de relance e senti um frio na barriga só de tentar imaginar o que ele estaria pensando de mim naquele exato instante.

— Razoável?! Isso aqui é o que? Um exame pra entrarmos no exercito?! — Meg exclamou irritada. Bem, quase quis concordar com ela, mas né era o Ryder. Não iria discutir com ele. Simplesmente não podia.

— Cala a boca, Megan. — Dei outro chute na perna dela. Ela resmungou um “Desgraçada” para mim com uma cara nada legal.

— Próxima pergunta... Ah, sim: como David foi parar na história do sequestro? — Grousy perguntou, cruzando os braços.

— Mas essa foi à mesma coisa que você perguntou ao David. — A garota loira fez questão de provoca-lo. E rapidamente percebi o porquê o detetive me perguntou a mesma coisa.

— Megan havia acabado de me ligar, e então não pensei em mais nada. Sai de casa e dei de cara com David. Ele notou meus modos de preocupação, me perguntou o que tinha acontecido, eu contei a ele e então ele disse que ia me ajudar a tira-la de lá. — Ergui as sobrancelhas, querendo terminar a frase com um: “Foi à mesma coisa que David lhe falou, não foi?”, mas segurei a língua para não deixa-lo mais chato do que já era.

— Certo. As respostas batem. — Soltei um sorrisinho. Yeah, ponto pra mim! — No momento em que você e ele, Emilly, entraram na biblioteca ela estava fechada, não é? Por que normalmente ela fecha às seis horas da noite.

— Eu sei. Nós entramos pelos fundos. Ela estava fechada, mas haviam algumas luzes acesas no prédio. E foi muito estranho quando ninguém escutou sons vindos do porão. — Argumentei, lembrando-me dos uivos dos lobos, no qual foram os barulhos mais altos que os funcionários da biblioteca poderiam ouvir. Segundos depois de pronunciar a frase, tive vontade de me dar um tiro.

— Sons? Mas que eu saiba, e como Megan havia dito, os homens de preto usavam barras de ferro, não armas. Que barulhos altos eram esses? — questionou, me fazendo engolir em seco. Droga. Ponto para ele.

E agora, o que eu diria?!

— Não, ela não quis dizer isso, foi só... — Meg disfarçou dando uma risadinha simples e amarela.

— Não? Então o que você ia...

— Eu quis dizer isso sim — cortei a explicação de Megan e a pergunta de Ryder. Ela me encarou como se dissesse: “Não faça isso, Emilly!” e ele me encarou como se dissesse sorrindo vitorioso: “O que você vai dizer, Emilly? Algo que eu quero saber e que você não teve a capacidade de me contar até agora?”. Respirei fundo e prossegui: — Os homens de preto carregavam barras de ferro sim. E muitas vezes eles tentavam nos acertar e... Nós conseguíamos desviar delas e dos golpes e às vezes as barras batiam nas paredes e faziam sons altos, capazes de fazer um funcionário que estivesse lá em cima na biblioteca, escutar os barulhos.

Silêncio.

— Essa é a sua explicação? — E novamente o detetive me olhou de relance.

— É. Essa é a minha a dela e a explicação de David. — Provoquei ênfase em “minha”, “dela” e “David”. Eu queria realmente esfregar na cara de Ryder que eu não era uma mentirosa. Ao mesmo tempo em que eu era uma mentirosa.

— Certo. Vou levar essa resposta em consideração. — A voz dele tinha um certo tom de sarcasmo que me deixou furiosa.

— Mais alguma pergunta? — Meg e eu falamos ao mesmo tempo.

— Mas é claro. — O detetive sorriu. — Esse foi só um aquecimento. Tenho muito mais perguntas do que vocês possam imaginar.

— Ah, eu posso imaginar sim. Você me interrogou por quase duas horas e meia. — Megan falou, soando seca.

— Ótimo, pode ir se acostumando á marcar o tempo. Nós ainda nos veremos muita vezes, e creio que nas próximas serão bem mais longas. Por exemplo, agora. Podemos ficar aqui até meia-noite, se eu quiser. — Ele fez questão de me deixar com o sangue fervendo.

— Creio que não iremos precisar. O senhor já sabe praticamente tudo. Só precisa procurar os sequestradores de Megan e pronto. Vai ficar resolvido o caso. Não vamos nos ver de novo, detetive. Ponto final. — O encarei com olhos de assassina.

 — Isso é o que você pensa, Grey. Ainda tenho uma “última” pergunta.

— Fale logo e me deixe em Paz — respondi diretamente.

— Você conhecia ou não conhecia Josh ou os sequestradores de Megan?

Travei. Porque essa inútil pergunta? Eu nunca havia visto Josh e os homens de preto na minha vida. E além de tudo, os homens usavam mascaras. Menos Rosbay e Rosliday e Josh.

— Claro que não. Nunca os vi na minha vida toda. Até agora. Nem eu nem Meg — exclamei, falando como se fosse óbvio.

O detetive ergueu uma sobrancelha:

— Tem certeza, Emilly? Você já perguntou isso à sua amiga, se ela concorda?

Olhei para Meg. Ela começou a balançar as pernas inquietamente.

— Aff, é claro que eu nunca os vi.

— Tem certeza de que quer mentir, Megan? — Ryder parecia despreocupado e totalmente certo do que estava afirmando.

— Mentir? Não estou mentindo! — Ela falhou a voz duas vezes.

— Tudo bem, então você não está mentindo. — Ele ergueu as mãos para o alto. Minutos depois, levantou da cadeira, colocou a prancheta dentro da pasta de couro e guardou a caneta no bolso da blusa. — Acho que as duas podem conversar sobre isso sozinhas e mais tarde. — Deu um sorriso sarcástico.

Megan levantou da cama, e foi em direção à porta, abrindo-a para ele.

— Deu sua hora, detetive — ela falou, enquanto Ryder se aproximava da porta também. Ao chegar, ficou no centro da porta, ao lado de Meg. Olhou para mim pela terceira vez de relance.

— Nos veremos em breve, Srta. Grey. Mais do que você imagina. — Então sumiu de vista, pelo corredor.

A frase dele era quase idêntica a de Josh. Aquilo me deu um calafrio doloroso na espinha, fazendo-me lembrar do rosto jovial do cara de cabelos prateados e de eu vendo-o de novo. Seria como um simples pesadelo. Você tenta acordar dele, mas é difícil. Só isso e mais nada.

[...]

Na segunda de tarde eu havia voltado para casa. Minha mãe tinha perdido a hora do almoço no trabalho dela para sair mais cedo. Do consultório, foi direto para o hospital me buscar, pois no domingo o Dr. William disse que eu já podia ter alta, mas que eu ainda iria ter que tomar dúzias de remédios, não fazer muito esforço muscular e tal. Com o corpo todo pesado, eu não aguentava ficar um minuto em pé. Parecia que meus ossos estavam deslocados, e assim meu corpo não mantinha equilíbrio. Ou seja, universidade só... Ah, não sei, talvez volte amanhã mesmo.

Depois da universidade, Megan foi lá para casa. Como tinha me dito: “Fazendo companhia para minha Gata!”. Na realidade, ela só foi lá para me contar sobre o que os cinco caras mais estranhos do colégio haviam feito. Resumindo: um bando de coisas que eu não queria saber e quase a fiz engolir um pano de prato para calar a boca.

No final das contas, eu liguei para Megan, só pra tirar satisfação de que o detetive Ryder havia dito sobre ela estar mentindo a respeito de não conhecer Josh, Rosbay e Rosliday. Sinceramente, no fundo eu já desconfiava disso, mas era um absurdo, Meg não seria sequestrada por caras que ela já conhecia.

Nesse momento nos encontrávamos no meu quarto, eu sentada na minha cama com as costas apoiadas no travesseiro e Megan sentada na cadeira da escrivaninha, a todo o momento olhando a tela do celular. Ainda conversávamos sobre o interrogatório de Ryder no hospital e ela sempre negava quando eu perguntava:

— Megan é só me dizer: você conhecia ou não o Josh?

— Não, cara, Porra já é a quinta vez que você me pergunta isso. Eu já disse que não. Não entende? Tá me chamando de mentirosa, é isso? — Ela tinha a voz irritada e tremula ao mesmo tempo.

— Eu não te acho mentirosa, só quero a verdade!

— Você está ficando igualzinha a minha mãe e o detetive Ryder. O tempo todo pegando no meu pé. — Meg cruzou os braços e girou a cadeira várias vezes, fitando o teto branco.

— E você tá parecendo uma criança.

— Uma criança?! — Ela riu irônica. — Poupe-me Emilly. Você tá me enchendo o saco.

— É? Que eu saiba é você que está iniciando uma discussão entre nós duas — respondo com certa indignação na voz.

Eu?! — Meg provocou ênfase sutil, apontando para si mesma. — É culpa sua, de ser tão idiota a ponto de ouvir o “conselho” — ela fez aspas com as mãos — do Ryder. Isso é simplesmente uma imbecilidade. Né, porque será? Porque você não confia o bastante em mim por pensar que estou mentindo sobre a droga de eu conhecer ou não o Josh. Caralho me deixa!

— Não estou te chamando de mentirosa! Eu acredito em você, Megan Willians. Mas o que custa dizer a verdade?!

Ela gargalhou sarcástica.

— Ah, então é assim que você acredita em mim? — Meg arqueou as sobrancelhas furiosa.

Respirei profundo e contei até três, tentando me acalmar. Mas quando olhei para ela, senti novamente a mesma sensação de “Stacy é uma mentirosa!”.

— PARA, TÁ, LEGAL, AGORA ME FALA DESSA PORRA, VOCÊ ESTÁ MENTINDO SIM, NÃO É? DÁ PRA VER NA SUA CARA! — berrei enfurecida. — POR QUE NÃO TENTA RECUPERAR O MINIMO DE CORAGEM QUE VOCÊ GANHOU NA SUA VIDA TODA E FALA LOGO DE UMA VEZ SOBRE A DROGA DE TER CONHECIDO JOSH, CARALHO! — Achei mesmo que ela iria me responder.

— VAI SE FODER, EMILLY GREY! SE VOCÊ ACHA QUE ESTOU MENTINDO, BELEZA ENTÃO, VOCÊ FICA COM ESSE MALDITO PENSAMENTO E CONTINUE NA DÚVIDA ATÉ O FIM DA SUA VIDA, POR QUE: FUI! TCHAU, TÔ CANSADA DA SUA VOZ! NOSSA AMIZADE INFANTIL ACABA AQUI! — Assim que ela levantou da cadeira, pegou a mochila preta, indo em direção à porta... Não pensei em nada e corri até a porta branca e bloqueei a saída dela.

— Você só vai sair daqui quando me contar a verdade e mais nada. E depois você poderá viver a sua vida, porque eu viverei a minha. É só isso — digo com a respiração agitada. Foi estranho eu ter conseguido ficar de pé todo esse tempo.

— Olha você não está tão fraca, não é? — Meg soou seca.

— Não interessa — ladrei rapidamente. — Desembucha Stacy. É sua escolha. Ou fica sem contar, ou vai me dizendo a verdade.

Ela bufou duas vezes, então olhou para o outro lado do meu quarto, em direção à janela:

— Vou pular pela janela se você não sair da minha frente.

— Pode pular a vontade. Não sou eu quem vai se estraçalhar ao pular de uma altura de quase seis metros.

E outra vez ela bufou.

— Eu não tô de brincadeira, sou capaz de passar por cima de você.

— Sou eu quem não está brincando aqui. E é mais fácil eu passar por cima de você — respondo sendo direta.

— Beleza, pode passar. Não tenho medo de você.

— E eu disse que era pra ter?

Silêncio. Ela apertou a ponte do nariz, depois passou as mãos sobre o rosto e puxou os cabelos caídos nos olhos para trás da cabeça. Após um momento olhou de relance para mim, e andou até minha cama sentando-se na mesma, cruzando furiosamente os braços. Sai da porta e parei ficando de frente a Megan.

Ela me encarou com raiva, então pergunto pausadamente:

— Me diga Megan Willians: você conheceu Josh, e os outros antes de ter sido “sequestrada”? — Fiz aspas com os dedos.

Meg ficou em silêncio absoluto ainda me encarando com seus olhos azuis. E depois de vários minutos, ela resolveu falar aquela merda de frase:

— Tá. Eu menti. Conheci Josh, Rosbay, Rosliday e meus “sequestradores” antes deu fingir de vítima e ligar para você. Satisfeita?!

Naquele instante tive vontade de cavar um buraco no chão e enfiar minha cabeça lá dentro. Não acredito que fui feita de besta!

Mas antes de tirar as conclusões eu precisava pensar.

Por que essa idiota não havia me contado a verdade? O que Josh queria realmente de mim, fazendo isso?

Talvez eu nunca conseguiria saber.

Nunca...


Notas Finais


E aí, o que acharam? Nada haver o final, droga, tentei fazer com que ficasse, tipo: “NÃO ACREDITO!”, mas não ficou.

Bem, me dizem o que acharam de interessante, se ficaram com raiva de algum dos personagens (eu, como autora, odiei a briga dessa imbecil aí em cima — Emilly e Megan, merda, não acredito que escrevi aquela porcaria de briga).

O que esperam para o próximo capítulo? HEIN? Deem palpites, do tipo: “Ah, a Emilly pode brigar com o Harry, ou num sei mais”. Por favor, COMENTEM! Seus comentários são very important for me!

Beijos Angels, até o próximo capítulo (nem sei quando posto).
#Biih


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