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  3. Capítulo XIII

História The Supernatural, At Deaths Door - Capítulo XIII


Escrita por: Brokenharrys

Notas do Autor


Hey Buttercup’s! (Não sei o que isso significa, então pensem como se fosse um novo tipo de cupcake que inventaram u.u). Como vão vocês?

Eu vou bem, obrigado por não perguntarem (alguém ai perguntou? Não? Noooossa, valeu... ¬¬). Ok, sem rodeios. Vamos aos fatos.

Fato nº1: Vou parar de escrever nessa Fic, porque tô sem ideias.
Fato nº2: Estou mentindo, não vou parar de escrever a Fic.
Fato nº3: Perceberam que eu não pedi desculpa em primeiro lugar?

Tá chega desses fatos ridículos, que na verdade não são fatos e só são frases que estou colocando para... bem, vocês sabem, ocupar espaço heuheuheuheu e.e. Quero avisar a vocês que não vou ter novas Fic’s (tô meio confusa em relação a isso, preciso de tempo para bolar cenas, imaginar novos personagens, mas não consigo nada além de um primeiro capítulo que escrevo e apago logo em seguida). Acho que provavelmente estou muito focada nessa Fic, então, prefiro terminar ela ao invés de escrever outras.

Bem, o capítulo tá gigante, e me desculpem pelo atraso filho da mãe. Estava fazendo trabalhos, colocando tarefas em dias e digitando quinhentas palavras a cada uma semana — ou seja, algo nada produtivo — e que me desgastou como borracha. Li mais uns cinco livros (sim, em um mês e alguns dias) e tô com uma facilidade tamanha em viciar na TV.

Prometo que se vocês não dormirem ao lerem o capítulo eu... Não vou fazer nada, porque sou uma mentirosa MUAHAHAHAHAHA — zoa gente.

BOA LEITURA!

Beijos, até lá embaixo. #Biih

Capítulo 14 - Capítulo XIII


Fanfic / Fanfiction The Supernatural, At Deaths Door - Capítulo XIII

Era justamente Harry Styles.

Sua voz rouca, baixa, sexy bem perto da minha orelha. O hálito morno provocando leves cócegas nela.

Se eu estivesse com a lata de Coca-Cola na mão, com certeza teria a amassado e jogado na cara dele. Mas não. Apenas contrai o maxilar de raiva, segurando meu braço para não dar uma cotovelada em seu abdômen.

— Tsc tsc tsc — ele fez, e mesmo não olhando para seu rosto, eu sabia que havia balançado a cabeça para os lados.

— Harry, cara, você aparece aqui de repente. — Zayn revirou os olhos, imitando Louis.

— É, eu achei que não viria — ele disse, bebendo mais tequila.

— E eu não ia vir mesmo. — Harry saiu de trás de mim, parando ao lado do de jaqueta de couro. Ele sorriu, me encarando nos olhos. — Mas por alguma coisa que eu não sei bem o que é... — as esmeraldas brilharam enquanto percorriam meu corpo, me deixando rígida — ... decidi vir. — E deu de ombros.

Não que eu pudesse dizer que Harry estava mentindo, porque na verdade eu não sabia se ele estava fazendo isso ou não.

— A propósito: belas roupas, Emilly. Não achei que pudesse te encontrar aqui. — Ele riu pelo nariz e eu soube quase que imediatamente que ele realmente sabia (muito antes de vir para cá) que eu estava nessa festa.

Semicerrei os olhos, me segurando para não analisar suas roupas de cores neutras. Só que eu não consegui. Acabei notando como ele também estava bonito.

E incrivelmente... atraente.

Uma blusa xadrez cinza com dois botões abertos, mostrando duas tatuagens de pássaros no peito. Calças jeans escuras meio justas e sapatos sociais.

Não parecia nem um pouquinho com o “garoto” que vi em seu primeiro dia de aula.

Agora, Styles parecia mais um cara um bilhão de vezes mais distante da normalidade. Um cara muito mais misterioso, mais obscuro.

Pare de olhar para ele. Pare de olhar para ele!

Ouvi um som de latinha sendo aberta ao meu lado, me fazendo piscar e encarar Louis de soslaio.

— É sua Coca-Cola? — ele deu uma maldita risadinha e começou a beber.

Eu ia responder: “Era.”, mas resolvi ficar quieta e sorrir falsamente com cara de quem pudesse mata-lo com uma metralhadora.

“Não tenho culpa Megan. Depois pego outra” — penso, observando em volta, procurando ela no meio da multidão sem sucesso algum.

— ... seja como for, eu estou vazando — Zayn suspirou tentando demonstrar o quanto estava entediado. — Isso aqui está uma bosta.

— Ótimo Zanna. Sua presença não vai nos fazer diferença — Louis Tomlinson mandou uma piscadela a ele, rindo.

O moreno revirou os olhos cor de mel e suspirou outra vez:

— Eu sei, William. Também amo você do fundo da alma, então não fale dessa maneira, doeu meu coração!

Apertei os lábios segurando uma gargalhada.

— Awnt que fofo! — Louis exclamou ironizando seu tom de voz. — Largue de ser boiola, nem coração você tem, troxa.

Louis. — Nós três encaramos Harry como se ele fosse um louco que quisesse espancar alguém. Deu para notar que havia ficado irritado só com sua voz grave. — Cale. A. Boca.

— Nossa, tá, né, calma, só estou brincando. — Louis ergueu os ombros, com os olhos de jade parecendo assustados porque se arregalaram de repente.

— Fui! — Zayn se virou, andando para longe de nós até sumir.

— Tipo, não sei qual é o seu problema cara, mas você nem liga pras merdas que o Zayn diz. Agora é o tempo todo brigando comigo e com o Niall. Não sei o que está havendo com você — Tomlinson reclamou, tomando outro gole da Coca.

Harry lançou um olhar que praticamente dizia que ele não queria conversar sobre alguma coisa justo na minha frente.

— Ah! — Louis exclamou, assentindo com a cabeça. — Foi mal. É que eu esqueci... Ela... — A frase dele me fez erguer uma das sobrancelhas. — ... É...

— Porque você não vai chamar o Liam? Pensei que vocês tivessem que conversar sobre alguma coisa importante hoje.

— O quê?! — Ele gargalhou quase engasgando. — Você está falando sério?!

— Estou. — Harry disse automaticamente. — Suma.

— Okay... — Louis olhou para mim e apontou para a latinha: — Foi mal. Falou Emilly.

— Ah, tudo bem, eu também estou indo e...

Ele simplesmente saiu andando me deixando paralisada com o resto da frase presa na garganta.

— Uh, Louis é assim mesmo... — Styles assobiou dando um passo para frente, notando como eu tinha ficado constrangida/irritada com sua presença.

Eu vou ir embora. Agora mesmo.

— Com licença — soei convicta, passando ao seu lado rapidamente, rezando para que ele não me barrasse.

Só que existe aquele ditado: “Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece!”. No meu caso nesse exato momento, seria: “Quanto mais eu declamo pelo diabo, mais Harry Edward Styles me acontece”.

Ele segurou meu braço, me fazendo encara-lo com raiva e desprezo em seus olhos verdes, cuja as pupilas estavam gigantescas.

— O que foi, Harry? Problemas? Desculpe, mas com certeza eu não vou ajuda-lo. — Puxei meu braço direito, mas ele continuou o segurando. — Me. Solta.

— Olha Emilly, eu sei que você deve estar confusa sobre muitas coisas a respeito de mim... E o que aconteceu hoje de manhã... Sobre aquele assunto de... Eu... É...

— Não estou confusa, Styles. Eu já esqueci do ocorrido de hoje, mas isso não significa que você simplesmente me deixou com medo. Seria a última coisa que eu teria de uma pessoa como você. Apenas me deixe em paz, tá legal? — Puxei meu braço, largando-me de sua mão quente.

Mas aí ele agarrou o antebraço esquerdo e instintivamente o direito novamente:

— Qual é?! Você nunca consegue conversar comigo de uma forma civilizada? — Harry abriu um sorriso daqueles do tipo “Não acredito nisso!”.

— Então uma conversa civilizada é um de nós agarrar inutilmente o outro, tentando falar sobre uma coisa estúpida que eu já disse que esqueci?! Harry, você é um gênio extremamente educado! — exclamei totalmente irônica.

Ele riu, rolando as esmeraldas e me encarou outra vez.

— Você é tão... entediante.

— Obrigada. Agora, posso ir embora?

Seu rosto ficou sério e o sentimento de desespero me pegou de surpresa.

— Isso não foi um elogio.

Foda-se.

— E não. Você não pode ir embora.

— Me larga, Harry!

— Só se você dançar comigo...

— Nunca.

— Então, não. — Ele me segurou e me arrastou até o balcão do bar, se inclinando para pedir uma cerveja. O barman olhou para nós com as sobrancelhas erguidas, para a mão dele agarrada ao meu braço, mas não fez nada.

Com a outra mão, praticamente perfurei o pulso de Harry com as unhas.

— Ótimo, parece que todo mundo não percebe o quão idiota você é! — rosnei, com uma vontade súbita de dar um chute no meio do saco dele.

— Shhh, as pessoas estão olhando... — Ele tinha voltado os cantos da boca para cima, num sorriso malicioso e quase sombrio.

O mais perfeito sorriso maligno. O mais perfeito sorriso cujo a única pessoa que saberia fazer seria um assassino. O sorriso perfeito de um ser demoníaco.

Engoli em seco com a sensação de que meu coração havia congelado dentro do peito, após presenciar aquele gesto ameaçador que só Harry Styles conseguia fazer.

Implorei a mim mesma para que minha voz não soasse tremula:

— É claro que elas estão olhando! Há um cara sinistro prendendo uma garota pelos pulsos dentro de uma festa. Você acha mesmo que... — E antes que eu pudesse pelo menos terminar a frase, ele já estava gargalhando, fazendo seus ombros chacoalharem rapidamente. O encarei incrédula. — Exatamente do que você está rindo?

Mas não obtive resposta, ele continuou a gargalhar, engasgar com o próprio ataque de risadas e excesso de ar. Uma garota que dançava perto de nós, olhou para mim, depois para Harry — que apoiava as costas no balcão do bar, ainda rindo — e deixava quase um ponto de interrogação pairado em cima de sua cabeça, como se perguntasse: “Qual o problema de vocês?”. Revirei os olhos, tentando me concentrar somente em fazê-lo parar com aquela cena ridícula.

— Harry, para com isso! — sussurrei, puxando meu braço e colocando o corpo na frente dele, para que mais ninguém notasse que estava agarrado a mim.

Depois de mais alguns segundos tendo que observa-lo rir, ele parou (dando mais um de seus risinhos) e me olhou nos olhos:

— O.k., isso foi, tipo, muito engraçado Emilly.

Fiz uma risada forçada e falei:

— Uou, foi “muito” engraçado Harry! Se você queria chamar a atenção de todo mundo, conseguiu. Agora, pode me soltar? Ou também quer que eu ajude a fazer com que todos daqui olhem para gente?

— Você está soando sarcástica? Não acredito.

— Cale a boca e me solte. — Puxei meu braço outra vez, mas ele apertou mais sua mão em volta dele.

— Dá pra parar de ficar se remexendo? Você sabe que eu não vou te soltar, enquanto não tivermos uma conversa sobre hoje de manhã e enquanto você não dançar comigo. — Harry não estava mais sorrindo. Ele tinha dito de uma maneira séria, algo que me surpreendeu.

— Você vai me forçar a... — Ergui as sobrancelhas. — Não, não acredito nisso, não, isso é... ridículo!

Até então eu só havia percebido uma coisa: estava parecendo a Marie fazendo um barraco. Uma menininha mimada que só sabe soltar gritinhos e exclamações de “Não vou fazer isso” ou “Vem me obrigar”. Era simplesmente isso que Styles queria. Que eu perdesse o controle e não fosse eu.

Por incrível que pareça ele estava conseguindo. Droga.

Suspirei e olhei para o punho dele fechado no meu antebraço.

— Se você me largar eu juro que converso com você sobre aquele seu papo de me deixar com medo. Mas, fique sabendo que eu não tenho medo de você, Harry. Nunca terei. Porque eu sei o que você é. — Minha voz soou seca, amarga até mesmo para mim.

E o pior era que eu já tinha absoluta certeza do que ele era.

Vi uma sombra passar por suas esmeraldas e, de repente, ele me largou bem lentamente. Fiquei sentindo o toque fervente de sua mão na pele, que queimava, vermelha. A marca, eu sabia, ficaria por um bom tempo ali, como uma vaga lembrança dele. Esfreguei o braço, parando de encara-lo com aqueles olhos perfuradores.

O barman voltou no balcão e deixou uma garrafa de cerveja perto do ombro de Harry.

Porque ele demorou tanto?

Ele pegou a garrafa que já estava aberta e bebeu longos goles, até deixar o liquido amarelado abaixo da metade no recipiente. Os olhos deles ficaram vidrados em minha pessoa, assim que retirou a garrafa verde da boca. Tentei parar de observa-lo naquela posição — encostado no balcão de madeira com os cotovelos, o corpo alto e esguio inclinado um pouco para trás — e examinei o pessoal se contorcendo numa dança esquisita na pista.

Pareciam bonecos de vodu.

— Quer dançar? — Com o canto dos olhos, voltei a olha-lo, meio que surpreendida com a pergunta.

— Não.

— Tem certeza?

— Tenho.

— Não parece.

Ele sorriu pacifico. Dei de ombros.

— Não sei dançar. — E não que fosse só uma desculpa. Eu não sabia mesmo dançar, muito menos numa música que parecia de macumba.

— Então nesse momento eu deveria dizer: “Eu te ensino” ou “Deixa pra lá”? — Pela primeira vez desde que o vi essa noite — ou provavelmente desde que o conheci —, sorri.

— Não sei.

— Pare de dizer “não”.

— Qual o problema?

— O problema é que eu sei que você quer que eu te ensine a dançar, mas você fica negando.

Enruguei o nariz.

— Não falei isso.

— Mas pensou e não diga que não de novo.

— Nem pensei. — Balancei a cabeça para os lados. — Eu disse que iríamos conversar. E é isso o que vamos fazer, então. Foi o combinado.

— Não combinei nada.

— Dane-se. Eu combinei. — Já estava preparada para subir no banco ao lado dele, e esperar suas perguntas idiotas, mas ele me segurou.

Dessa vez não foi pelo braço. Foi na mão. Um contato quente e formigante. Estava quase entrelaçando seus dedos nos meus.

— Vamos dançar.

— Não. — A mão dele continuava presa a minha.

— Eu te ensino. — Harry sorriu outra vez. Um sorriso quase terno.

Suas íris verdes transbordavam agora calma. Suspirei e revirei os olhos.

— Tudo bem.

Então ele deixou a garrafa no balcão, e começou a me puxar para a pista de dança. As pessoas começavam a me encarar, como se eu fosse uma nova espécie de ser humano.

Por estranho que pareça, a lembrança do dia em que ele quase havia me beijado, veio de repente na minha memória. E uma música lenta começou a tocar.

Parei no meio do caminho, fazendo-o virar para mim e me olhar também.

— O que foi?

— Isso não é armação, é? Porque tipo, está tocando uma música lenta agora.

Deu de ombros.

— Não é armação... — e sorriu malicioso. — É quase um clima.

— Ah, cala a boca.

— Não estou brincando. É sério, não sabia que essa seria a próxima música. — Styles deu um puxão na minha mão e sem que eu percebesse (o que era mentira, eu tinha percebido) entrelaçou seus dedos nos meus. — Emilly. Vamos.

— Não sei dançar. — praguejei. — Muito menos... isso.

— Eu já falei que te ensino e...

— Emilly?

Soltei a mão do Harry imediatamente e olhei para o lado ao ouvir a voz.

— David? — Quase me dei um soco na cara ao ter soado tão dramática, como se ele fosse a última pessoa no mundo que eu quisesse ver, justo naquele... momento. — Como é que você veio parar... quero dizer, mas o que é que você está fazendo aqui?

Os olhos mesclados dele não estavam em mim. Mas em Harry. Um olhar fulminante e quase assassino.

— O que ele está fazendo aqui? — Ele ignorou minha pergunta.

— A pergunta certa seria: “O que ele estava quase fazendo aqui” — disse Harry, com o tom de voz mais sério. — Fui convidado, babaca.

Convidado?

— É. Porque? Ficou surpreso?

David parecia não respirar de raiva.

— Não ficaria surpreso em vê-lo.

— Mas você está.

— Foda-se.

Era a primeira vez que eu o via falar um palavrão na minha frente.

— Estava quase dançando com a Emilly. Ela não sabe dançar — sua voz agora era de deboche. Voltou a ser o mesmo Harry do começo da festa.

Ótimo!

— É verdade? — David olhou novamente para mim, fingindo ignorar a resposta do outro.

— É.

— Não acredito.

— Qual o problema? Eu só ia dançar.

— Com ele?!

— É David. Com ele. — Tentei não revirar os olhos. Tudo bem, ele tinha ficado surpreso porque eu ia dançar com o Harry. Bem, supostamente isso era um bom motivo para tanto choque. Não era?

David cruzou os braços sobre o peito coberto por uma regata branca, com um desenho de dragão estampado na frente. O mesmo dragão que tinha no braço do barman. Os olhos vermelhos cor de sangue grandes e brilhantes. Idêntico a tatuagem.

— Ainda continuo não acreditando.

— Ele só ia me ensinar a... — Desde o segundo em que Harry tinha dito aquilo eu não havia notado como era ridículo. Agora notei. — Dançar.

 — Certo. — O modo como o “certo” dele soou pareceu ser sarcástico.

Sentindo uma pequena pontada de uma raiva súbita se aflorar, disse:

— Você ainda não me contou o que está fazendo aqui.

Ele pareceu ficar tenso.

— Fui convidado também.

— Tá, ninguém quer mais saber, agora vaza. Vamos Emilly, vamos dar uma requebrada. — Harry soltou um risinho.

Virei-me para ele, de cara feia.

— Qual é, Harry.

— Styles, ela não quer dançar.

Virei-me para David.

— Eu não disse isso.

— Viu sua besta?! Ela não disse isso.

— Cale a boca, cara. — David manteve seu tom sério e alto. — Emilly, eu...

— Você nada, imbecil. — Styles interrompeu a frase. — Estava nos observando.

Encarei Harry e depois David de novo.

— Estava nos observando? Por quê?

— Ah idiota, é claro que você sabe o porquê. Ele sabia que eu ia te levar para dançar e quis estragar o clima entre nós. Não percebeu?

Levei as mãos até a metade do corpo com os punhos praticamente se cerrando.

— Styles, vai se foder! Não seja tão infantil.

— Infantil? — Ele riu incrédulo, com os olhos grudados nos meus. — O que acabou de rolar entre nós, foi uma coisa infantil? Não foi um clima? Sério isso? — Ergueu mais a risadinha cínica. — Está me dando um fora?

Fiz careta sem entender nada.

— Mas o quê...?!

— Você acha que eu não me lembro? — Harry fez como David: cruzou os braços em cima do peito, fingindo estar ofendido. Velho, na boa, ele pareceu um gay por cerca de três segundos. — Acha que consegui te esquecer desde aquele dia no banheiro?

No banheiro? Emilly, o que...

Ergui a mão em sinal de silêncio para o outro atrás, esperando que até mesmo Styles tivesse compreendido que naquele instante era para ter calado sua maldita boca. Mas ele não fez, continuando com a sobrancelha esquerda erguida, em uma careta forçada e indignada para mim.

— Fique sabendo que aquela cena está me deixando louco...

Então ele...

— ... de uma maneira... você sabe. Não consigo dormir. É como se...

Dessa vez sua voz soava do tipo séria.

Ele lembra daquilo. E está dizendo na minha cara que não consegue esquecer aquele dia.

— ... Como se você tivesse me...

Me...?

— ... me...

Ahn...

— ... me... — Meu corpo estava quase se inclinando para frente, como se esperasse com expectativa a resposta dele.

— ... Traumatizado. — Balancei a cabeça para os lados e paralisei.

— O quê?!

— É. Isso. Traumatizado. — Harry piscou, revirando o que restava das esmeraldas, que haviam sido engolidas pelas pupilas. — Você beija, tipo, muito mal!

— Ela beija? — perguntou David, quase rindo, mas com a expressão de que não estava no lugar certo, na hora certa.

— Eu beijo? — soltei de repente, sem parar para pensar uma fração de segundo.

E depois disso, Styles rompeu em gargalhadas, me deixando não só constrangida. Algo muito pior, porque até mesmo as pontas das minhas orelhas queimaram de frustração.

Me imaginei batendo com força a testa no capô do carro de Megan. Fiz uma varredura no cérebro e foi aí que notei o golpe baixo.

— Mas eu não beijei você! Foi quase! Não chegamos a nos beijar, eu tenho absoluta certeza de que não!

— Mentirosa. — Ele deixou os braços caírem cada um ao lado do corpo, com os punhos cerrados. — Você tenta fingir que nada aconteceu. Que na verdade foi exatamente o oposto.

Minha voz saiu num sussurro exclamativo:

Eu já disse que não beijei você, seu idiota! Pare de inventar merda cara! As pessoas...

— As pessoas o quê? — Ele examinou em volta. — Estão encarando agente? Quer que eu grite a todo mundo que você parece não saber como as coisas se desenrolam durante um beijo de língua?

Arregalei os olhos.

— Você é louco, Harry! Simplesmente louco! — Estava quase cutucando-o com força e raiva no peito. — Um louco que só sabe distorcer certas situações.

Eu o fuzilava com o olhar. Tinha chegado bem perto do meu limite de explodir.

Ele era o contrário. Estava gostando daquilo, os olhos sorrindo diabolicamente de divertimento, aproveitando a oportunidade para me deixar estupefata e humilhada outra vez. Como sempre fazia.

Até que então, uma garota menor que eu, surgiu atrás dele, sorrindo branco. Os cabelos pretos bem cacheados, a pele escura de marrom-bronze do pescoço brilhando de suor; o batom vermelho vinho realçando o tamanho de seus lábios. Vestia um vestido dourado tomara que caia de couro que combinava com os sapatos de boneca de salto alto. Ela era bonita. Mas não tinha nada a ver com Harry.

Só podia ser mais uma amiguinha idiota dele, como Marie era.

— Harold! — Ela tinha um tom forte britânico, que era arrastado e alto. — Achei que você não viria! — Mexia os ombros e batia os pés no ritmo da música — que agora era agitada novamente.

Quer dizer que só eu, a Megan e o David não sabíamos que esse desgraçado estaria aqui?

Ele se virou sorrindo, deixando a mão escura dela em seu ombro, quase dando as costas para mim. Os dois ficaram cara a cara, com bocas escancaradas e dentes a amostra. Fiquei ali, só observando, esperando minha chance de continuar o assunto pendente que já estava me enchendo o saco.

— Gostei do vestido, Zizi! — Por um segundo, achei que agarraria a perna dela, levaria até sua cintura e a engoliria bem na minha cara. — Fiquei surpreso em te ver aqui...

A tal da Zizi bateu palminhas de emoção feito uma idiota.

— Ui! Eu consegui finalmente te deixar surpreso, nossa! — E foi nesse momento que imaginei que poderia ser ela que teria a coragem de transar com ele bem no meio da pista de dança.

A garota tropeçou “desastradamente” por causa do salto e quase o beijou. Se apoiou nos ombros dele, sorrindo ainda.

— Ops, desculpe... Acho que bebi mais do que devia! — E riu. Por ter dito na cara de puta que encheu até mesmo o cú de vodca, ela riu? Riu?!

Harry sorriu malignamente. Mas não foi para a morena. Foi para mim. Pois seus olhos se desviaram um instante dos dela para me encarar. Sibilou, a respondendo:

— Você não é a única... — E percebi que a frase tinha dois sentidos. Ou seja, ele queria dizer que não era só a garota Zizi que estava bêbada — que ele também estava —, ou talvez ele queria dizer que não era somente eu de menina estúpida que o “seguia” (ficava atrás dele). Preferi apenas acreditar na primeira alternativa.

Ela mordeu o lábio inferior, se fazendo de sexy e balbuciou:

— Estou morrendo de vontade de dançar, Harold... Quer me fazer companhia?

Parei sem notar que David tinha colocado a mão no meu ombro, falando alguma coisa para mim, porque do nada, subitamente minha língua não era mais comandada pelo cérebro, só pelo meu inconsciente.

— Querida, se você quiser, não precisa nem pedir para dançar, porque pode ter certeza, ele vai te levar para cama. Vocês, eu não tenho muita certeza — pus o dedo indicador na boca, pensativa —, terão um sexo selvagem num sofá de motel bem filho da puta e vão gemer até não suportarem mais. Ah, e só aviso uma coisa — apontei para ela (que me encarava sem entender nada), soando sarcástica: — como eu já beijei ele uma vez, posso te garantir: ele é horrível tanto no beijo quanto numa transa. Isso não foi um aviso. Foram as palavras dele — e apontei para o Harry com a cabeça.

David atrás de mim deu uma rápida gargalhada e parou porque tapou a boca com uma das mãos, evitando passar vergonha.

Dei uma piscadela irônica na direção de Harry — que me olhava agora como se eu fosse a primeira pessoa da lista negra de quem ele mataria em primeiro lugar —, murmurei um “Tchau” e sai andando com raiva, passando por David.

Ele deu um tapinha “amigável” nas costas do Styles e falou, rindo:

— Eu sei, cara. É horrível passar vergonha. Isso doeu até em mim. — E veio me acompanhar.

Com o olhar brincalhão, a boca aberta num sorriso branco e verdadeiro, David deu um aceno para mim como se dissesse: “Mandou bem” ou algo que eu não sabia decifrar direito. Não estava nem cerca de dois metros e meio longe de Styles, até que ouvi sua voz grave, baixa e rouca pelas costas:

— Vou te matar, Emilly. Juro pra você. — Foram as últimas palavras dele ditas para minha pessoa, naquela noite.

Me arrepiei. Não que tecnicamente eu houvesse ficado com medo da ameaça de Harry. Porque alguma coisa estava errada. Não. Aquilo não era só uma ameaça.

Era um aviso.

[...]

— Ai Wendy, você é hilária! — Megan se apoiou no meu ombro, enquanto ria descontroladamente de algo que a garota emo tinha contado para ela. Meg se chacoalhava feito uma condenada, e quase caí do bando do bar — ao lado do de David —, pela forma como se apoiou em cima de mim. — Você ouviu o que ela falou?

Olhei para David que sorriu junto comigo.

— Não — e encarei Wendy, que se inclinava sobre o ombro de um cara magrelo, que segurava um copo de refrigerante na mão. — O que ela disse?

— Que uma vez o Thomas, um dos melhores amigos dela, quando eram crianças, cagou dentro da piscina de um parque aquático, porque pensou que a boia de uma menininha que também estava nadando, era um tubarão de verdade — e riu mais, com o corpo mole. Ela inspirou fortemente, sugando bastante ar, enchendo até suas bochechas rosadas pelo ataque de risos. — David, você por aqui?

Ele deu de ombros.

— É.

Megan chegou perto do meu ouvido e sussurrou:

— Não acha estranho? Onde você está, ele também está. Percebeu isso?

Eu ia responder que “Sim” que eu tinha percebido aquilo, mas apenas balancei a cabeça para os lados, ignorando seu comentário e batendo as mãos na perna, no ritmo do rock que começou a tocar.

— Ei, Megan! — Wendy a chamou, num tom amigável.

— O que foi?

— O Thomas e o Franklyn estão vindo aí... — Ela gesticulou com os olhos amarelos esverdeados falsos para duas figuras que vinham lá de longe, lado a lado, quase sem diferença no tamanho. Um era dois centímetros mais alto que o outro e mais forte, o menos alto também era forte. Com uma certa distância, não dava para ver os rostos. Só o contorno do corpo por causa das luzes coloridas que ficavam mexendo loucamente.

Quando já estavam a poucos menos que dois metros longe, minhas mãos congelaram.

— Bem, esse daqui é o idiota do Thomas — Wendy cutucou no braço do garoto com a mão, apresentando-o.

Ele era incrivelmente lindo. Seus olhos violetas combinavam com os cabelos lisos arrumados num topete espetado para cima, coloridos de preto e azul escuro. Usava um piercing em formato de argola no lábio inferior. Tinha um furinho leve no queixe e quando sorriu, mostrou uma leve covinha na bochecha esquerda. Usava All Star beges, jeans comuns e jaqueta cor de grafite, por cima de uma regata azul claro.

— E aí... — Ele falou para Meg sorrindo, e olhou para mim. — E aí...

Balancei a cabeça, enquanto Megan e ele se cumprimentavam com dois beijos na bochecha. Os olhos dela brilhavam como se dissessem: Eu quero você, caralho.

— E esse gatão aqui... — a emo deu um tapinha no ombro do cara mais alto. — É o Frank. Ou Franklyn, como preferirem chamar...

E ele deu um passo para a frente.

E eu quase caí do banco.

Era o motoqueiro que só eu havia visto na porta de entrada da O2 Academy, quando Megan Willians insistia para o segurança que nós fomos convidadas para a festa. O cara que falou com o segurança, que após isso, nos deixou sinistramente entrar.

De perto, ele também era lindo. Mas de uma maneira sombria.

Olhos negros — não dava nem para diferenciar as pupilas das íris —, cabelos mais pretos ainda, lisos e algumas mexas caiam sobre as sobrancelhas escuras. Pálido. Tão pálido que dava quase para ver as cores das artérias e das veias do pescoço.

E ela lá. A tatuagem da cabeça de Lúcifer. Brilhante. Chamativa. Os olhos pareciam me encarar com ar diabólico, como se estivesse viva e pulsasse sobre a pele de Franklyn.

As roupas dele eram negras também. Jaqueta de couro com tarraxas de motoqueiro apontadas e afiadas para cima, cinco delas em cada ombro largo. Usava braceletes de couro que possuíam outras tarraxas, como balas de prata. Jeans e tênis escuros.

Frank não disse nada. Apenas assentiu na direção de Meg (que retribuiu o mesmo gesto) e sorriu para mim. Só que não era um sorriso do tipo terno e amigável. Desviei o olhar para encarar Wendy. Ela deu de ombros, sem se importar com a minha reação arrogante para seu amigo — que era estranho tanto quanto ela.

— E aí, alguém quer beber alguma coisa? — perguntou, apoiando o peso do corpo numa das pernas.

Meg me observou com o canto dos olhos azuis.

— É, por falar em beber, cadê a minha Coca-Cola?

Suspirei lembrando-me de Louis a bebendo, com seu sorrisinho de deboche.

— Ah... Eu bebi. — respondi, soando tão mentirosa quanto uma mentirosa cara de pau. — Não tinha achado você no meio do pessoal, então resolvi abri-la e matar a sede.

— Ah, fala sério, Grey! Você é uma gulosa. — ela exclamou enquanto David ria pelo nariz, me fazendo erguer e descer os ombros rapidamente, como se dissesse “E o que importa? É uma Coca-Cola, não uma barra de ouro em estado líquido”. — Mas para confirmar sua pergunta, Wendy, eu quero.

— Okay, Meg — a garota se inclinou ao lado dela e assobiou agudamente: — Hey Badog! Traz shop pra gente!

Como se houvesse lido meus pensamentos, David abaixou a boca até meu ouvido e disse:

— “Badog”, percebeu? Bad. Dog. Significa... “Cachorro mal”. Dá pra acreditar? Que senso péssimo de escolha de nomes. — Quase ri pela forma como se voz soou incrédula e indignada, mas não o fiz, porque ainda sentia o peso do olhar obscuro de Frank sobre nós dois. Como uma análise. — Você não bebe álcool, bebe?

O olhei de soslaio.

— Pior que não. Mas dou minha desculpa, falo que tenho problema nos rins. — Ele sorriu.

— Você sempre com ideias estranhas e geniais — deu uma piscadela e de repente me perguntei se já havia dito outra ideia parecida com essa para ele, desde que o conheci. Fiz uma varredura na memória, sem encontrar nada. Só que também não me importei. Apenas sorri de volta, esperando o barman vir com garrafas de cerveja na mão, pronta para dar uma desculpa a Wendy.

— Ah Thomas... Estava contando a Megan sobre quando você começou a ter medo de tubarões... — Wendy riu pelo nariz. — Aquela cena super...

— Que merda, Wen. Você e essa sua boca grande — ele rolou os olhos, quase com desprezo. — Isso meio que acaba com a minha reputação.

— Reputação? Sério Tommy? Você tem uma reputação? — Wendy soou sarcástica. — Você não tem nada além de um rostinho bonito. Dentro dessa sua cabeça só há vento, ou, barra, merda. — E riu com a própria piada sem graça.

Meu Deus. Desde quando essa garota é engraçada?

— E então... me contem. Como foi que vocês se conheceram? — Meg perguntou, meio séria.

Wendy suspirou.

— Bem, eu conheci esse aqui — e apontou para o Thomas — assim que minha mãe pariu ele. Aí eu entrei no quarto do hospital e vi essa criatura cabeluda com uns cinquenta centímetros de comprimento no colo dela.

Megan pareceu surpresa.

— Pera aí, você não me disse que eram irmãos!

A emo deu de ombros.

— Não precisei. E você também não perguntou.

E dessa vez quem deu de ombros foi Meg.

— Tá. Há quantos anos isso?

— Quinze.

Fui eu quem arregalei os olhos, encarando Thomas.

— Você tem quinze anos? — Ele ergueu as sobrancelhas.

— Quinze anos e nove meses. Em novembro faço dezesseis.

Cara, você não pode ter só quinze anos. Deve estar mentindo.

— Tem certeza de que essa é a sua idade?

— Absoluta.

Ele tinha cara de vinte. Cara de vinte e alguma coisa, não de quinze.

— Droga, não dá para acreditar! E eu pensando que você era uns dois anos mais velho que eu — disse Megan, parecendo irritada com a confissão dele. O que significava: Não dá para acreditar! E eu pensando que ficaria com você depois da festa!

Meg nunca ficou com alguém mais novo que ela. Foi esse o motivo da raiva.

Disfarcei uma risada, fingindo pigarrear.

Após alguns minutos de conversas meio sem sentido (Wendy, Megan e Thomas) e suspiros de tédio (David, eu e por incrível que pareça, Franklyn) finalmente o barman chegou colocando várias garrafas de Bear Republic Hop Rod Rye em cima do balcão, e habilmente abriu-as, empurrando em direção a ponta, para mim e para os outros.

Neguei com a cabeça.

— Eu não...

— Bebe, bebe sim, ela tá mentindo — Meg fez bico, gesticulando para que eu a imitasse — pegasse a garrafa e levasse até a boca, para dar longas goladas.

Você só pode estar... — sussurrei, sem que ninguém ouvisse. Ela nunca havia bebido uma coisa que tinha álcool.

— Deixa ela, Emilly, não tem nada haver... — Wendy fez um gesto com a mão livre para mim, como se falasse: “Largue de frescura!”. — Experimenta, só!

— Ah... Não, obrigada. — Megan fez uma rápida careta e assim que tirou a garrafa verde da boca murmurou:

Uou! — Havia soado com ênfase e pausado.

Wendy sorriu.

— Viu? Não é bom?

— Bom? Você está me zoando?! Isso aqui é ótimo!

E voltaram a conversar. Sobre coisas sem-graça, sobre festas, amigos, sobre o passado. Como se fossem duas velhas que discutiam assuntos importantíssimos da vida, mas que tivessem entre dezoito e dezenove anos. E riam.

A cada quinze minutos, a banda em cima do palco dava uma pausa e começava a conversar com a galera perto deles. Um pessoal bêbado, para falar a verdade. David com certeza estava tão entediado quanto eu. Não suportando mais ficar em silêncio, falou:

— Eu já volto — e se levantou do banco do bar, antes que eu pudesse perguntar para onde iria. Provavelmente ao banheiro.

O acompanhei com o olhar até ser engolido por algumas garotas e garotos que se esfregavam ali perto — ficando, ou melhor: se comendo mesmo.

Comecei a mexer as pernas, impacientemente, analisando o lugar, sem calma. Observava as pessoas, inventando histórias ou supondo como seria a vida delas, os nomes, se tinham irmãos, se usavam drogas. Algumas veias da minha cabeça já estavam se dilatando e provocando leves dormências e formigamentos tanto na nuca, quanto nos meus olhos.

Franklyn passou na minha frente e se jogou no banco que antes era de David. Ele sorria maldosamente, os lábios sendo forçados a se curvarem exageradamente para cima. Era um sorriso de deboche, só podia ser.

Tentando fingir que não estava incomodada com a sua presença repentina (e perto demais) de mim, olhei de canto para seu rosto branco. Foi estranho nunca ter reparado que ele estudava na mesma Universidade que eu, sem saber que existia. Então, foi eu quem chegou a falar primeiro:

— Você parece ser normal — Franklyn tinha a expressão pacifica. — Mas não engana ninguém. — Examinei seus olhos negros, tentando entender ou decifrar algo; só adquiri a maneira de ficar perdida neles por alguns segundos; tentei entender o modo como seus globos negros transbordavam e irradiavam uma natureza sombria e misteriosa, que tinham me deixado em estado de alerta. Mesmo não se vestindo exatamente como Zayn, os dois pareciam ter algum grau de parentesco. Talvez a maneira como eram sérios e como tinham o cheiro de cigarros. — Muito menos a mim. — completei, rude.

Ele deu uma rápida risadinha.

— O seu problema, Emilly Grey, é que julga as coisas sem ter provas — e entrelaçando as mãos atrás da cabeça, continuou: — Mas eu não te culpo. Você tem razão.

Tenho? — não cheguei a dizer nada, mesmo assim, pelo modo como lhe joguei um olhar inquisidor, ele afirmou:

— Tem.

— Do que tenho razão?

Franklyn suspirou, ainda com um sorriso estampado na face.

— Bem, não sei. Você tem.

— Por quê?

— Você é muito questionadora, sabia? — prendi a respiração. “Ele tinha razão. Você é muito questionadora...”, essas foram as palavras de Josh no dia em que “sequestraram” Meg. Elas simplesmente não saiam da minha cabeça. Assim como a surra que levei dele.

Estremeci quando a cena veio de repente na minha mente, me martelando, me pressionando como se fosse cobre. Eu sabia que nunca mais iria esquecer aquilo. Levaria grudado comigo até o fim da minha vida, como um passado feito de chiclete.

— O que foi? Parece alarmada. — Ele retirou as mãos da cabeça, e as deixou cair em cima de cada perna aberta.

Fingi não ouvi-lo e comentei baixo:

— Naquela hora em que estávamos eu e Megan na porta de entrada, conversando com o segurança... Porque exatamente ela não notou você?

— Mas é claro que ela me notou. Ela me viu. — E deu de ombros, sem se importar com a minha pergunta um tanto, boba.

— Não, não notou. Eu percebi que não.

— E daí? Ela está me vendo, agora.

Agora. — a palavra ecoou no meu cérebro e, mesmo assim — mesmo com uma dúvida chata, borbulhante na cabeça do porquê ela não o havia visto, só eu — dou de ombros.

— Eu vi você conversando com o Harry.

Fui pega de surpresa, ou melhor, desprevenida (ou as duas coisas). O olhei tão depressa, tão rapidamente, como se fosse só um movimento involuntário meu.

— Você conhece Harry?

Franklyn sorriu.

— Claro, né, idiota, foi eu quem deu a ideia para Wendy os convidar. — Ele quase riu, mas se conteve após minha cara ficar séria e sem um pingo de ânimo. — ... Bem pelo o que eu vi, vocês dois são bem íntimos, não são? Já namoraram alguma vez?

Ouvi o som de uma cachoeira de liquido ser despejado (espirrado). Girando os olhos para a direção de Meg, notei que ela e Wendy, gargalhavam, enquanto Thomas limpava a boca que pingava cerveja. Uma das mãos estava segurando com firmeza a garrafa verde de Bear Republic, enquanto a outra, estava encharcada e pingando gotas amareladas que exalavam um cheiro forte. Ele também ria, disfarçadamente.

Volto com a atenção para Franklyn. Ele olhava atento a cena ao meu lado, dos três se divertindo, e então, deu de ombros, se concentrando em mim novamente.

— Desculpe — comecei —, mas o que foi? Quer dizer, o que foi que você disse antes?

— Você e o Harry... Alguma relação?

Não sei, na verdade.

— Não. Nunca, nem morta. — Balancei a cabeça para os lados, tentando ser óbvia e explicita.

— Hum... — ele pareceu desconfiado — é que meio que pareceu que vocês dois, são meio íntimos.

— Porque está dizendo isso? — indaguei, sem entender muito bem a frase dele.

— Porque vocês estavam se agarrando bem ali — Franklyn apontou com certo divertimento para a borda do balcão, onde quase uma hora atrás, estávamos eu e Harry, brigando.

— Não era, hum, um agarramento — expliquei. — Não nos suportamos, acho.

— Acha? Parece que vocês se amam. Ou exceto talvez, pela parte dele.

Ri irônica.

— Está querendo me dizer que gosto do Harry?!

— Tecnicamente sim.

— Bem, devo informar que, tecnicamente você está errado. Tipo, muito errado. Conheço ele a apenas um mês e posso te afirmar com todas as letras que o odeio mais do que tudo. Ele é insuportável.

— Nunca ouvi uma garota falar isso sobre ele antes. Ou você está tentando passar uma de difícil?

Eu não sabia o motivo porque estava tendo uma conversa como está, justamente com Franklyn. Um cara que me parece não ser do gênero bacana.

— Não estou... eu... bem, não seja babaca. Não estou me passando de difícil. É que há algo que diferente nele, sabe?

— Provavelmente, se você falar na minha língua, está querendo dizer que ele é pegador.

Fechei a cara.

— Ah, não seja tão...

— Verdadeiro? Bem, Emilly Grey, se você virar a cabeça só mais um pouquinho, você vai ver ele entre duas garotas. Quase transando em trio. Ele tem esse jeito, e se eu fosse você, começaria a me acostumar. Harry não vai parar com isso tão cedo.

— Porque está me dizendo isso? Eu não quero saber.

— Querendo ou não, deve saber. Todo o tipo de garota que anda com ele, tem que saber.

— Não ando com ele. É que estou presumindo que Harry é um cara, meio que... digamos... — Parei. Simplesmente parei e fiz o que Franklyn havia pedido.

À cerca de vinte metros. No escuro. Longe de qualquer luz brilhante e colorida da pista de dança, ele estava lá. Entre duas garotas, a mais baixa — supus —, seria a tal da Zizi. A mais alta uma loira bronzeada. Estavam tendo uma conversa intima, como se não houvessem pessoas por ali, ou como se não estivessem em local público. Elas estavam tão próximas dele, que por um segundo, pensei que fossem realmente transar em trio.

Aquilo me causou nojo.

— Ele não tem exatamente nada a ver comigo. Ele é um filho da puta.

Não era ciúmes, era raiva. Raiva da vergonha que Harry havia me feito passar, um tempo antes. Raiva de ele ter se passado de herói quando eu estava me ferrando. Raiva de ele se passar de garotinha perfeito, lindo, que em menos de um mês (um mês!) tinha pegado quase metade da universidade. Raiva por ele ser tão sinistro, tão diferente, tão misterioso e tão normal, sexy e atraente ao mesmo tempo.

Senti raiva principalmente por não saber ao certo a que sentimento agora eu estava dando princípio a respeito do cara de olhos verdes, como se fosse qualquer garota em que ele pudesse foder e jogar fora depois. Um brinquedo.

Mas elas não sabiam o que eu sabia sobre Harry Styles.

Mesmo que eu não soubesse de nada a respeito dele.

— Já volto — falei, automaticamente, assim como levantei do banco de bar, sem me dar conta de que até mesmo Wendy, Megan e Thomas me acompanharam com o olhar parando de fazer o que estavam fazendo, enquanto eu começo a ser guiada por outra Emilly Grey. Uma Emilly Grey séria e irritada. Que — como se estivesse determinada — caminhava em direção as três pessoas mais desgraçadas desse mundo (que se engoliam), obviamente.

Não continuei. Uma súbita e forte pontada no canto do cérebro me impedia de prosseguir, de fazer uma vingança grande. De brigar com Harry em meio a esse tanto de gente, e gritar para todos, o real cara que ele era.

Mas a dor só aumentava. Persistente. Como uma vozinha indicando e insistindo para que eu parasse onde sequer estava, ou mudasse de rumo.

Me virei. Fui dessa vez em direção a porta de entrada (o que na verdade também era de saída), fazendo uma lufada de vento preencher meus pulmões como se tivesse acabado de engolir gelo forçadamente, bem no momento que me esbarrei com força em alguém, assim que fechei a porta cinza atrás de mim e andei até um lugar próximo do Ford Focus prata de Megan Willians.

Eu só vi um borrão de cores. Preto, azul escuro, branco prateado e... dourado.

Um dourado muito familiar.

— Ai — murmurei, sentindo o ombro doer e arder com o impacto. Já não estava me sentindo bem.

Agora muito menos. Pois, ergui o maldito olhar e o encarei.

Roupas meio formais e meio comuns (blazer preto, calça jeans desfiada, tênis, uma camiseta amarela por baixo). A mesma expressão sóbria, no mesmo rosto jovial adulto. O mesmo tamanho, o mesmo ar despreocupado, flertador e maligno. O mesmo sorriso melancólico e debochado no rosto. Os mesmos cabelos brancos prateados. A pele moreno dourado a amostra pela gola da camiseta e do blazer. Os mesmos olhos dourados. Tudo em si era igual — e diferente e anormal.

Josh Jared Hern.

Pela primeira vez, sozinho. Sem Rosby e Rosliday.

Prendi a respiração, percebendo como arregalava exageradamente meus olhos ao vê-lo ali. Bem ali. Na minha frente.

“Nos veremos em breve, Grey...”.

E ele tinha a mais pura e completa razão. Foi muito mais rápido do que eu esperava. Merda.

— Mas que Diabos você está fazendo aqui?! — gritei. Ou melhor: berrei. Berrei mesmo. De pânico. De surpresa.

Senti calafrios em partes do corpo que nunca pensei que pudesse sentir. Minha espinha ficou reta e congelada, os batimentos cardíacos aceleraram e minha boca secou de imediato.

Seus dentes brancos e perfeitos se alinharam num sorriso maldoso, maligno, diabólico, demoníaco. Tudo de ruim por si só, num gesto que seria simples para uma pessoa. Um ser humano. Não para alguém como ele.

— Ora, ora, ora... Eu havia dito e cá estamos nós outra vez, Grey. Mas dessa vez, você não me escapa.


Notas Finais


Certo, me digam que ninguém dormiu, cara. Velho, estou quase me arrependendo do fundo da alma de ter escrito um capítulo tão grande e chato quanto esse.

Próximo capítulo promete. Terror. Sem brincadeiras dessa vez, gente, é mesmo sério.
COMENTEM, POR FAVOR!

Não adianta você ler o capítulo e não passar só disso. Me diga pelo menos algo que me incentive a continuar, caramba. Os capítulos da Fic estão perdendo comentaristas e isso está me chateando — sinceramente. Não sei se é porque vocês não estão ligando muito para a história (deve ser isso), ou porque simplesmente tem a porra de uma preguiça de digitar no teclado de vocês U.U

ENTÃO, POR FAVOR, NEM QUE SEJA PARA TIRAR ALGUNS SEGUNDOS DO SEU DIA, COMENTE AÍ EMBAIXO E DIGA O QUE ACHOU E O QUE ESTÁ ACHANDO DA FIC, OU NECESSARIAMENTE O QUE MAIS FAZ COM QUE VOCÊ CONTINUE A ACOMPANHAR.

Só mais um pedido: divulguem a Fic, ok Angels? Obrigada pra quem fizer isso por mim :)

Beijos, até o próximo capítulo ;333 #Biih


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