Reino Unido, Inglaterra.
Três meses atrás...
A chuva caía forte na cidade.
Os ventos balançavam as árvores furiosamente. A neblina parecia mais com fantasmas perambulando pela floresta.
Os cinco não tinham medo. Nunca tiveram. Os dois lobos — na verdade lobisomens — uivavam sem parar para a enorme Lua, a única coisa brilhante que se via ali.
— Conseguimos matar mais um deles. — O vampiro moreno, se contentava ao máximo para não devorar aquela criatura. — Só restam dois. — Os olhos vermelhos faiscaram pelo desejo do sangue que escorria pela roupa do rapaz Nefilim, que agora, se encontrava morto aos seus pés. — O que faremos para este aqui sumir? — Ele sabia qual seria a resposta do Anjo.
— Arranque a cabeça jogue-a no rio e o corpo fica para vocês quatro. — Como o esperado do jovem vampiro, o Anjo das mais belas esmeraldas falou calmo e com o sorriso mais cínico que existia. — Mande os outros cães ali calarem a boca. Não quero que o pessoal daqui descubra quem somos. — Ele apontou para os dois ‘lobos’ que estavam em cima de uma pedra. — A água gelada da chuva, escorria pelos cabelos — levemente cacheados — descendo pelo rosto bonito e atraente, que por fim, deixavam suas roupas encharcadas. Assim como a dos outros.
— Mas e a... — O vampiro loiro, limitou a dizer o resto. Ele — como o outro vampiro — não conseguia tirar os olhos do pobre rapaz morto no chão — o cheiro podre de carniça saía do pescoço deste.
— Acabem logo com esse troço! — o Anjo respondeu rapidamente. — Temos agora, um trabalho mais difícil pra fazer e não quero rastros de nada em nosso caminho. Sabem muito bem qual trabalho estou falando! — Sim, todos sabiam o que ele queria dizer.
A última garota Nefilim havia acabado de completar 17 anos. Os cinco a espionaram por cerca de três. Eles precisavam dela. Precisavam matá-la para conseguir realizar o único desejo deles: ser humanos. Na verdade, não era isso. Era por puro orgulho. Queriam matá-la, porque só ela, somente ela tinha uma coisa em que o Anjo Caído queria de volta. Uma vingança? Talvez seja esta a palavra certa. Também precisavam de muito cuidado para a jovem não descobrir o que eram.
Os vampiros estavam exaustos de tantos mil anos que permaneceram daquele mesmo jeito. Tendo que se esconder das pessoas — mortais — por todo esse tempo. Assim também os ‘lobos’ e principalmente o... Anjo. Depois da Queda havia perdido suas incríveis asas. O cargo que tinha no Céu era de um Arcanjo. Mas, pecou ficando ao lado de Lúcifer, e o resultado foi: expulso do Céu, condenado a vagar pela Terra por toda a vida — ou seja, até o dia do Juízo Final, em que seria julgado a ser queimado no Inferno — como um Anjo Caído, o que era agora. Então, ele precisava da garota morta para restaurar o que perdeu. De uma maneira completamente anormal. Péssima. Difícil de explicar, que às vezes, até ele próprio não entendia.
— Já acabaram com ele?! — exclamou o Anjo.
Um barulho estranho veio da mata. O Anjo virou-se rapidamente fazendo um gesto de silêncio.
— Quem está aí? Apareça agora ou será amaldiçoado eternamente — falou calmamente e olhou para o vampiro de pele morena. O mesmo revirou os olhos e gemeu, fazendo as pupilas dilatarem o deixando com os olhos completamente pretos, de um negro profundo, como aquela noite. O Anjo sabia o que aquilo significava — o vampiro sentiu cheiro de sangue humano. — Saía imediatamente e apareça para que eu possa vê-lo! — ordenou alto.
— Oh Meu Deus, o que vocês são?! — exclamou um senhor, muito velho por sinal, que usava um macacão preto, um Terço enorme era preso em seu pescoço e a lanterna que possuía na mão, estava acesa. Olhou para o chão, viu o garoto ensanguentado, pálido como uma peônia, com um corte profundo no pescoço e virou sua atenção aos outros. — O que fizeram com ele?! — perguntou enojado com a cena. Eles riram amarguradamente do velho. — Seus Demônios! Que Deus me livre de vocês! — falou bem alto e fez o sinal da Cruz. Todos fecharam os olhos levemente como se aquele gesto fosse uma coisa feia. Bem, para estes jovens, era sim.
— Matem-no — o garoto de brilhantes esmeraldas ordenou. O senhor arregalou os olhos enrugados e começou a dar passes largos para trás.
— Não, por favor, não me mate! — implorou sem nada adiantar. Os vampiros correram atrás dele.
E a última coisa que se escutou dali, foi um grito oco, rouco e falhado de misericórdia...
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