Era impossível manter-se indiferente a dor excruciante que inundava o seu ser.
Contudo, não choraria em frente ao Uchiha.
Muito menos imploraria por misericórdia.
Uma vez que, ainda lhe restava seu orgulho.
E em virtude dele, ignorou as feridas em seu corpo, o sangue que vertia por cada corte e o gosto amargo que invadia sua boca.
Como se quisessem lembrá-lo de que era o único culpado por estar ali.
Em uma cela fria, sendo torturado por um dos maiores mafiosos do Japão.
Visto que, ninguém o obrigou a arquitetar o sequestro do homem que ambos amavam.
— Deveria agradecer à Kami-sama, Sabaku! — Ignorou o homem mascarado que zombava de si, afinal, qualquer palavra que proferisse poderia piorar sua situação. — Pois, nosso líder não costuma pegar leve com quem se aproxima de Naruto-sama.
— O gato comeu a tua língua? – Engoliu a vontade de gritar quando o outro desferiu um chute no rosto, ato que, provavelmente, deslocou seu maxilar.
— Ou, o machão continua se achando o último biscoito do pacote?! – Kakashi chutou-o novamente, sem qualquer consideração pelo verme a sua frente.
Enraivecido por aquele projeto de homem ter planejado algo desprezível contra alguém tão doce e gentil, como o esposo do Susanoo.
— Vamos levá-lo antes que nos punam pela demora. – Yamato interveio, evitando que o parceiro perdesse o controle de suas emoções e pusesse fim à vida do cativo.
***
— Como ousam machucá-lo, seus animais! – Rasa correu até o filho, indignado com o estado deplorável do ruivo.
Dado que, o corpo do mais novo estava coberto por ferimentos e embebecido em sangue.
Sua face estava completamente deformada.
Além de algumas unhas das mãos e dos pés terem sido arrancadas com brutalidade.
Tinha ciência de que o caçula não era um santo, no entanto, nada justificava um tratamento tão vil.
— Seja grato por ainda ter um filho! – Itachi friamente professou, deixando transparecer o quanto odiava o Sabaku.
— Olhe para o estado do meu menino! – Sentiu-se impotente ao vê-lo sem forças para falar, todavia, não era o momento de se descontrolar.
Ou, agir sem um plano de apoio que os tirasse dali em segurança.
— Apesar dos ferimentos, ele sobreviverá. – O Uchiha refutou com o semblante impassível antes de seguir em direção à única saída do galpão abandonado.
— Ma.... – Tentou alegar que o Gaara carregaria sequelas pelo resto da vida, contudo, as palavras morreram em sua garganta ao receber o olhar gélido do prodígio do Clã Uchiha.
Homem que aos dezoito anos pôs fim ao reinado de terror de Fugaku Uchiha.
Decapitando-o em frente aos líderes dos Clãs Hyuga e Haruno.
Com o intuito de mostrar que ele jamais hesitaria.
Sobretudo, se fosse para proteger suas pessoas preciosas.
— Não existe um “porém”...Esse aí atentou contra quem não devia e recebeu uma punição menor do que a merecida. – O moreno comentou fazendo uso de um tom glacial, convicto de que pessoas como o Sabaku não eram dignas de misericórdia.
***
Uma hora depois – Uchiha Interprise
Embora quisesse matá-lo, forçou-se a cumprir sua parte no acordo.
Posto que, destruir a possibilidade de o Sabaku assumir a liderança do Clã, era a maior punição que poderia lhe dar.
Todavia, ansiava expor as ações do inseto ruivo para os demais Clãs.
Desse modo, ninguém se atreveria a ajudá-lo.
Afinal, não eram loucos de estender a mão para o desgraçado que tentou dopar e sequestrar seu adorado esposo.
— Yamato! – Chamou-o ao lembrar-se da reunião solicitada pelo Conselho de seu Clã.
— Em que posso ajudá-lo, Uchiha-sama? – Respeitosamente indagou após ter feito uma pequena deferência.
— Informe aos Conselheiros que chegarei vinte minutos atrasado. – Instruiu-o fazendo uso de um tom que não dava margem para qualquer questionamento.
***
— Seja claro, Suigetsu! – Seus olhos se estreitaram, enfurecido com a enrolação do outro, que apesar de ser um sniper de elite, era extremamente dramático.
— Naruto-sama utilizou o celular prateado e conversou em Russo com um tal de Shukaku. – Revelou nitidamente preocupado, já que, não o ver sorrindo como um enorme raio de sol era uma raridade.
Bem como, fazia com que seus instintos o alertassem de algo que desconhecia.
— Impossível! — Esbravejou com os punhos cerrados, não compreendendo o porquê daquele comportamento atípico. — Meu Naru-chan não o usa há mais de dezessete anos.
— Algo aconteceu, Uchiha-sama. – Olhou-o nos olhos, tentando transmitir a gravidade da situação.
— E ao que parece, não é nada bonito. – Ressaltou ao rememorar-se da tristeza e do medo contido nos orbes azuis do loiro.
Como se tivessem anunciado o início do apocalipse.
— A partir de hoje, a equipe Hebi será reativada. — Adotou uma medida extrema no instante em que lembrou quem era o Shukaku. — Reúna os demais membros e apresentem-se a mim até o final do dia.
***
— Como isso pôde acontecer?! – Seu corpo tremia de ódio e almejava aniquilar os que representavam uma ameaça para o homem que amava.
— Eles estavam inativos, mas alguém lhes deu as ferramentas necessárias para reerguerem a Organização, otouto. – Apesar de compreender o desespero do irmão, esforçou-se para conter a catástrofe que aconteceria, caso o mais novo se descontrolasse.
— Por que levaram tanto tempo pra descobrir isso, niisan? – Exigiu saber, já que, tal ineficiência comprometera a segurança de seu precioso Naru-chan.
— O setor de inteligência fez o melhor que pôde. — Itachi expôs visivelmente frustrado. — No entanto, ainda que nos aperfeiçoemos, nossos métodos não são a prova de falhas.
— Não me venha com essa justificativa de merda! – Rosnou com os dentes trincados, considerando imperdoável o descuido de seus subordinados.
— Nós o protegeremos, Sasuke. – Shisui prometeu, ainda que previsse as dificuldades que enfrentariam.
Dado que, seus adversários eram tão poderosos e implacáveis quanto eles.
— Não é o suficiente! – Impediu-se de avançar no primo, contudo, seu autocontrole estava prestes a ir para o quinto dos infernos.
— Destruiremos a Organização e manteremos o Naruto seguro. – Mesmo que custasse a sua vida, o mais velho protegeria seu cunhado e destruiria cada infeliz que ousou pô-lo em perigo.
— Qual estratégia de defesa será adotada? – Concentrou-se no que poderiam fazer para protegê-lo, visto que, discutir ou perder o controle de suas emoções não ajudaria em nada.
— Reativaremos o esquadrão Amaterasu. – O braço direito do Clã Uchiha revelou, ignorando os olhares de incredulidade dos demais Conselheiros que, provavelmente, reprovavam o retorno da equipe de elite mais sanguinária e cruel.
Temida por aliados e inimigos.
Além de ter sido responsável pelo extermínio da Akatsuki, um grupo de mercenários que cometeu o erro de cruzar o caminho do líder.
***
— U-uchiha-sama. – Invadiu a sala de reuniões, sem se importar com a punição que receberia.
— Espero que tenha uma excelente justificativa para essa interrupção, Hatake! – O tom cortando ecoou pelo ambiente, fazendo com que a maioria dos Conselheiros congelasse em seus assentos.
— N-naruto-sama nocauteou o Suigetsu e desapareceu, no entanto, deixou essa mensagem. – Revelou com os olhos marejados após ter entregado o bilhete nas mãos do mais novo.
Sei que estou quebrando uma de nossas promessas, contudo, o passado voltou a me perseguir.
Juro que voltarei para vocês.
Mas, enquanto estiver longe, por favor, proteja os nossos filhos.
Com amor,
De seu eterno Naru-chan.
Segundos depois, gritos de desespero quebraram o silêncio sepulcral que se instaurara no ambiente.
Evidenciando a dor que o Sasuke sentia por desconhecer o paradeiro do amor de sua vida.
[...]
Três Horas depois – Localização Desconhecida
Tomar ciência de que sua cabeça estava a prêmio, forçou-o a reavivar antigos hábitos, que se resumiam a encontrar o alvo, torturá-lo em busca de informações e livrar-se de qualquer vestígio que poderia ligá-lo àquela morte.
Nunca quisera fazer parte da “Organização”.
Porém, o que uma criança de oito anos poderia fazer?
Gritar e chorar até que desistissem de si?
Ou, permanecer naquele orfanato esquecido por Deus e morrer de fome?
Em sua inocência, deixou que o levassem para longe dali e “permitiu” que criassem a arma perfeita.
Kitsune, o membro mais habilidoso e que mantinha os melhores índices.
Contudo, estava na hora de voltar “às origens” e matar os desgraçados que puseram um enorme alvo em sua cabeça.
— Matabi, Isobu, nós estaremos partindo em uma hora! — Naruto ordenou enquanto continuava recarregando seus “brinquedinhos” de diferentes calibres. — Abasteçam o jatinho e façam um novo contato com o Shukaku.
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