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História The Tiny Dancer - Perseguindo Carros


Escrita por: BrightBend

Notas do Autor


Eaêêê, esse capítulo vai ser babaaaado!! Kkkkkkkkkk

Desculpa o surto pessoal, é que eu terminei de ver Super Drags ontem, ainda tô no clima. Quem não viu vá ver, nunca mais tinha rido tanto!

Enfim, esse cap começa exatamente onde terminou o último, preparem os lencinhos, teremos fortes emoções, e algumas risadas também!

Ps.: O cap todo é narrado pela Camz, pq eu acho que esse é um momento muito importante para ela.

Besos, amo todos!

Capítulo 44 - Perseguindo Carros


Fanfic / Fanfiction The Tiny Dancer - Perseguindo Carros

Camila

– Amor, você... – Olhei para ela ali ajoelhada na minha frente e fiquei meio em choque, olhei lá pra fora, não tinha ninguém mais ali além de Lauren? – Vem aqui, levanta desse chão. – A puxei pelas mãos.

– Não! E-eu tenho muito pra te dizer, e vai ser assim. – ela recusou levantar, mas continuou segurando minhas mãos.

– Dengo, não... – olhei novamente lá pra fora, algo me intrigava. – Você veio sozinha?! – franzi o cenho.

– Vim. – ela me lançou um lindo sorriso, que tinha uma mistura de nervosismo, talvez um pouco de orgulho e com certeza amor, muito, muito amor, eu me desmanchei por dentro.

– C-como...

– Eu peguei um avião e vim. Ninguém f-fez check in pra mim, eu mesma comprei a passagem no site, e-e eu também peguei um táxi pra cá, completamente sozinha. – fiquei pasma com tudo que ela falou, se fosse em New York seria totalmente normal, mas em Miami, uma cidade que ela visitou apenas duas vezes, eu nem sabia o que dizer, ela deve ter ficado tão nervosa.

– Porque fez isso tudo? – eu não queria chorar, mas meus olhos já estavam ardendo um pouquinho, ela veio atrás de mim, fez tudo sozinha, e essa era talvez uma prova de que tinha mudado de atitude.

– Eu te disse anjo, eu quero que você me perdoe por ter sido tão fraca, e-e medrosa, eu não sou mais assim, você me ensinou a não ser assim! Por isso eu quero muito que você volte pra casa comigo, pra eu poder cuidar de você do jeito que você merece!

– Não preciso te perdoar por nada meu amor, eu entendo você. – minhas lágrimas já escorriam timidamente, e as delas como cachoeiras em suas bochechas vermelhas.

– Não, você precisa saber. E-eu fui egoísta, é claro que me preocupo com você, o tempo todo, mas meu medo me cegou e eu não pude te retribuir o apoio que sempre recebi de você, desde o início, por medo de me sentir responsável, culpada, caso você piorasse, isso foi tão... Egoísta da minha parte! Desde sempre você se doou com todo seu coração pra mim, e eu tinha que te dar no mínimo o mesmo!

– Eu não te apoio esperando nada em troca meu amor, eu sempre te apoiei porque eu amo você. – A fiz levantar do chão de uma vez e a levei até o sofá. – Eu sei que você está com tanto ou com mais medo que eu, e eu entendo sua reação anterior, mas como você está abrindo seu coração aqui e sendo completamente sincera comigo, eu confesso que fiquei triste com o modo como você se afastou de mim quando fiquei doente. – baixei o olhar, quando recebi algo pelo que ansiava fervorosamente desde que descobri o sarcoma.

Lauren me envolveu com seus braços quentes e acolhedores, que me diziam sem palavras que ela estava ali para mim, e não iria nunca me deixar, ou desistir. – Eu te amo anjo, eu vou ficar ao seu lado em todos os momentos em que você precisar, e em que não precisar também. – rimos levemente e ela fitou meus olhos tão intensamente que senti meu corpo inteiro estremecer, de alegria, de alívio, transbordando de amor. – Perdoa? – seus olhinhos verdes suplicantes não me deixaram alternativas a não ser dizer o que ela queria.

– Perdoo. – e percebi que isso era o que o meu coração desejava também, mesmo que eu amasse Lauren incondicionalmente e entendesse seu lado, me senti magoada por ela ter se afastado, se “escondido” de mim, mas bastou ela aparecer na minha frente, com seu jeito meigo e esse amor imenso que eu consigo enxergar em seus olhos, que já esqueci de tudo.

– Volta pra casa? Por favor? – Deus, como posso negar?!

– Volto meu amor. – e ela me presenteou com mais um dos seus sorrisos maravilhosos, com seus dentinhos brancos e lindos, e eu não aguentei, a beijei com toda a saudade que ficou aqui no meu peito durante todos esses dias, três semanas pode parecer pouco, mas para quem ama é uma eternidade.

O beijo dela continua tão doce e quente, e só agora, enquanto nossos lábios se movem com tanta sincronia uns sobre os outros, eu percebo o quanto senti falta disso, dessa boca sugando minha língua com paixão e carinho, dessas mãos afetuosas segurando minha cintura com firmeza, me fazendo desmanchar nos braços dela, e a tão conhecida e desejada inquietação crescendo dentro de mim.

Nós continuamos nos beijando no sofá como se não fosse possível parar nunca, quando ouvimos um barulho muito baixo, e paramos para ver que foi apenas minha mãe que esbarrou numa cadeira sem querer, nos olhando totalmente sem graça.

– Desculpem garotas. – mama sorriu. – Eu não vou mentir, fiquei olhando vocês, são as coisinhas mais lindas que já vi. – ela completou aumentando o sorriso e eu percebi Lo ficando vermelha, apesar do enorme sorriso em seus lábios, assim como nos meus.

– O-obrigada por liberar minha entrada Dona Sinu. – Lo se ajeitou no sofá e mama acabou sentando na cadeira.

– De nada meu bem.

– Mama, você sabia?! – a olhei em tom de acusação, mas segurando o riso.

– Eu soube apenas agora há pouco, quando ela mandou uma mensagem. Então foi só esperar ela tocar a campainha e a magia acontecer! – nós três rimos.

– A senhora falou igual à DJ agora. – Lo comentou divertida. Como eu senti falta de estar tão perto dela, principalmente à noite, quando eu chorava baixinho até dormir. Mas Lauren não precisa saber disso, e o que me consolava um pouco era que mama quase sempre vinha dormir comigo.

– E como ela está? Os bebês estão bem?

– Sim, sim, muito bem, apesar de tudo... – ela pressionou os lábios e segurou minhas mãos em seu colo.

– Você veio pra levar a Kaki não foi? – Mama nos olhou com ternura.

– S-sim, eu vim levá-la para casa, digo, não que aqui não seja a casa dela, m-mas lá em New York também é, eu sei que ela tem um bom tratamento aqui, mas lá também temos estruturas para dar a Camila o melhor tratamento, tudo, tudo que ela precisar, e eu prometo pra senhora que vou tomar conta dela agora Dona Sinu, eu não vou ficar mais me escondendo, com medo, eu sei que fiz isso antes, e foi bem ruim, sobretudo para Camila, mas eu estou decidida a mudar completamente, digo, não no modo como eu a amo, porque isso nunca vai mudar, mas...

– Eu entendi filha, não precisa ficar nervosa! – Minha mãe sorriu e eu também. Ela estava discursando, até disso eu senti saudades! – E te peço desculpas por ter levado sua noiva assim, mas Alejandro e eu pensamos que estávamos fazendo o melhor para ela.

– Tudo bem, todos nós pensamos. – Ela me olhou e voltou a encarar minha mãe. – Mas agora eu sei que o melhor para ela é ficar onde ela quer, e não sei se estou errada, mas a-acho que ela quer ficar comigo. – e voltou seus olhos tímidos para mim.

– É tudo que eu mais quero, que eu mais preciso. – acabei chorando nos braços dela, estou muito sensível ultimamente, não é para menos. – Eu te amo cariño...

– Eu também te amo muito Camz...

– Bem, eu vou deixar vocês sozinhas, devem ter muitas saudades pra matar, qualquer coisa estou no escritório. – Mama levantou e nós fizemos o mesmo, notei Lauren segurando minha cintura ao fazer isso.

– Claro, muito obrigada mais uma vez Dona Sinu.

– Eu que agradeço a você por ter ouvido seu coração Lauren, e ter vindo atrás da minha filha. Ela merece todo esse amor.

– Merece muito mais. – Lo beijou minha bochecha e eu senti meu rosto esquentando. Mama foi andando e eu fui levando minha noiva pela mão.

– Onde estamos indo? – Ela quis saber.

– Pro meu quarto. – pisquei para ela e Lo arregalou os olhos.

– M-mas Camz, a sua mãe está logo ali no escritório!

– Nós só vamos trocar mais uns beijinhos amor. – sorri com a língua entre os dentes e ela me lançou um sorriso abobalhado. – Mama ajeitou o quarto do térreo pra mim, por que ela não queria que eu ficasse subindo escadas quando chegasse da quimioterapia. – falei assim que entramos, e eu percebi minha noiva olhando o enorme quarto admirada.

– Ela fez muito bem. – seus belos olhos verdes pareciam surpresos com todo o luxo do cômodo, meus pais às vezes exageram, fazer o quê?

– Mas vem cá que eu ainda tô com muita saudade. – a abracei apertado e já iria beija-la novamente, mas Lo me interrompeu.

– Espera anjo, eu tenho que te dizer mais umas coisas.

– Você já me disse tudo meu amor, me dá um beijo vai. – avancei deitando Lauren na cama para ficar por cima, mas ela estava determinada.

– Mas tem mais, é sério Camz. – ela me olhou ainda deitada na cama e eu acabei cedendo.

– Ok. – deitei de lado bem pertinho dela, e Lo sorriu me dando um beijinho na testa

– Eu falei com a Doutora Sônia por mensagem enquanto estava na fila do aeroporto, e ela disse que está tudo preparado para sua volta a New York.

– Certo. – ela fica tão bonitinha planejando as coisas com seu jeitinho metódico.

– E eu também fiquei pensando, depois que falei com ela, que você gosta muito do seu cabelo, ele é maravilhoso. – Lauren afagou minhas mechas castanhas e eu me senti um tanto melancólica.

– Eu sei que eles vão cair... Mas depois eles, eles podem crescer de novo não é? – me segurei para não derramar uma lágrima teimosa, mas ela escorreu pela minha bochecha, e Lauren fez questão de enxuga-la imediatamente.

– Mas não tem que cair não anjo. – Ela sorriu e eu fiquei confusa. – Eu mandei outra mensagem para a Doutora Sônia, e ela me falou sobre uma touca especial que as pessoas estão usando agora enquanto fazem quimioterapia, que não deixa os cabelos caírem.

– Sério?! – eu não sabia disso.

– Sim, aí eu fui pesquisar na internet e bem... Eu já tinha estourado o limite do meu cartão de crédito com nossas passagens, e eu não gosto de fazer isso, mas era uma emergência, então eu mandei uma mensagem pro meu pai e ele... Comprou a touca pra você.

– Awn amor, porque você tem que ser tão incrível...? – eu funguei escondendo meu rosto no pescoço de Lauren.

– Eu nem sou muito Camz, mas eu vou me esforçar pra ser pra você. – ela acariciou minhas costas com carinho e eu me permiti derramar algumas lágrimas no seu ombro. – Chora não anjo, vai dar tudo certo. – e era isso que eu queria ouvir saindo da boca dela, desde o início.

– Com você comigo eu tenho mais motivos pra pensar assim.

– Continue pensando, por que é o que vai acontecer. – Lauren parecia tão convicta, tão segura, totalmente diferente da Laur de um mês atrás, quando desmaiou no consultório da Doutora Sônia.

– Você comprou as nossas passagens pra hoje mesmo?

– Eu não consegui, elas ficaram para amanhã.

– Foi bom, dá tempo de eu me despedir do papa, não sei a que horas ele vai chegar em casa hoje, ele está bem atarefado essa semana.

– Claro. Eu não sabia que seu pai estava com problemas na empresa.

– Não são problemas, é o de sempre, reuniões, planilhas, jantares com acionistas e fornecedores, vida de empresário. – sorri lhe dando um selinho.

– Eu não sei se me acostumaria com esse tipo de vida. – ela fez uma careta fofa e eu ri beijando seu nariz. – Ficar presa o dia inteiro num escritório, ter que jantar com gente que eu nunca vi na vida.

– E se eu fosse sua secretária? Não seria tanto sacrifício assim seria? – mordi o lábio inferior com um olhar sacana e Lauren riu nervosa.

– B-bem, se fosse assim não, mas eu prefiro muito mais tocar piano pra você dançar, seus pais são loucos! – rimos.

– Meus pais adoram essa vida, mas nunca me pressionaram a seguir seus passos, eles sempre souberam que minha vida era a dança.

– E minha vida é você. – ela sorriu carinhosa e meu coração se derretia como sorvete no sol.

– Para de ser tão fofa, senão eu vou te morder! – mordi seu pescoço lhe fazendo cócegas e ela ria como uma criança. Essa risada de bebê é a coisa mais linda do mundo.

– Não anjo! – Ela me parou e me fitou com seus verdes tão intensos, acho que poucas vezes os vi assim. – Eu amo você, não vou deixar nada te tirar de mim.

– Eu não vou a lugar nenhum meu amor, prometo.

(🎵)

Pegamos um táxi no fim da manhã do dia seguinte, consegui me despedir de mama e papa antes deles saírem para a empresa, e assim que eles foram pedi o carro, percebi Lauren nervosa quando viu o motorista, mas não perguntei nada, ele sorriu simpático quando a prestou atenção nela.

– Senhorita! Que coincidência! – o taxista cumprimentou.

– Pois é não é? – Lo sorriu sem graça enquanto ele colocava minhas malas no carro.

– Porque coincidência? – perguntei apenas para ela.

– Eu peguei o táxi dele no aeroporto ontem. – ela fez uma carinha aflita. – Será que não dá tempo da gente pegar outro táxi?

– Porque? Ele fez algo que você não gostou?

– Não, digo, e-ele correu muito da outra vez, eu fiquei com medo. – Eu ri.

– Nós pedimos a ele para não correr tanto dessa vez, mas se formos esperar outro táxi perdemos o voo.

– Pior que sim...

– Pronto, podemos ir? – ele sorriu.

– Claro... – Lauren forçou um sorriso e eu me segurei para não rir.

Entramos no táxi e mesmo antes do motorista ligar o motor minha noiva fez questão de dizer a ele o que combinamos.

– Motorista... É...

– Júnior, pode me chamar de Júnior. – ele disse sorridente. – E obrigada pela gorjeta de ontem, completou o dinheiro que faltava pra eu comprar o relógio que minha esposa queria.

– Não há de quê Júnior. Mas hoje não é mais aniversário dela não é? Então você não precisa correr tanto.

– Oh, entendi moça, desculpe por ontem! – ele riu sem graça. – Eu vou numa velocidade normal agora.

– Eu agradeço.

Ele deu partida e nós fomos numa velocidade agradável, mas no meio do caminho pegamos um baita engarrafamento por causa de um acidente de moto, o tempo ia passando e o horário para chegar ao aeroporto ficando apertado, Lo estava um tanto agoniada e eu tive a péssima ideia de pedir ao taxista para ir um pouco mais rápido quando conseguimos sair daquele mar de carros. Acho que ele não compreendeu que nós queríamos apenas não perder o voo, e não levantar voo.

– Júnior! Que velocidade é essa Júnior?! Para esse carro! – Lauren dizia extremamente aflita, eu ria de nervoso e o motorista estava empenhado em evitar que perdêssemos a hora.

– Já estamos chegando senhoritas, não se preocupem, vocês não vão perder o avião!

– Você vai mesmo descer essa ladeira assim?! – Lo arregalou os olhos e eu acabei fazendo o mesmo, não lembrava desse caminho pro aeroporto.

– Eu sei o que estou fazendo, vai dar tudo certo! É um atalho! – Júnior sorriu e deu de ombros. – Se segurem! – Ele fez uma curva fechada e não tivemos alternativas a não ser fazer o que ele disse.

– Ai misericórdia! – Lo gritou me segurando firme em seus braços e eu não sabia se ria ou se tentava acalma-la, mas não durou muito, porque percorremos apenas mais alguns metros até percebermos que estávamos em frente ao aeroporto.

– Lo, tudo bem? – Fui ajudando Lauren a descer do táxi, e assim que ela o fez apoiou as mãos nos joelhos ofegante. – Cariño, você está bem? – tirei seus cabelos da testa, ela estava suando.

– Eu... Eu acho que... – minha noiva tentava controlar a respiração.

– Vamos, vamos, faltam apenas alguns minutos! – o taxista abriu o porta malas e saiu correndo com minhas malas para dentro do aeroporto.

– Júnior! Espere! – tentei, mas ele estava rápido demais e eu não tive alternativas a não ser arrastar Lauren comigo atrás dele.

– Pronto moças, podem fazer o check in! – Ele acenava para nós ao longe, havia guardado nosso lugar na fila e um homem gordinho que acabara de chegar o olhava de cara feia, eu tive vontade de rir.

– Deus do céu criatura, você quer nos matar? – Falei quando cheguei ao balcão já tirando meus documentos da bolsa. Lauren estava em outra dimensão, então tive que puxar a carteira dela do bolso frontal da mochila.

– Eu evitei que perdessem o voo. – ele riu satisfeito e eu revirei os olhos rindo.

– Pronto, check in feito amor, você está melhor? – Lo assentiu e forçou um sorriso.

– Vou levar as malas de vocês até a esteira. – Júnior carregou as malas, desta vez numa velocidade que podíamos acompanhar.

– Obrigada Júnior, não precisava se incomodar. – falei quando toda aquela loucura finalmente acabou.

– Tudo bem, eu gosto de ajudar. – ele sorriu e Lauren, que já aparentava estar recomposta, pagou-lhe a corrida. – Obrigada, boa viagem pra vocês! – ele acenou e foi embora.

– Obrigada! – respondemos ao mesmo tempo e finalmente fomos para a sala de embarque, não ficamos nem cinco minutos lá, o funcionário já chamava os passageiros para embarcarem.

– Ufa, enfim no avião. – Lo suspirou e sem que eu esperasse me puxou com delicadeza para eu descansar a cabeça em seu ombro. – Você está bem anjo?

– Sim, só um pouquinho cansada depois dessa loucura toda, mas até que foi engraçado! – sorri lhe dando um beijinho na bochecha e me aconcheguei nela.

– O Júnior é maluco! Eu espero não pegar o táxi dele novamente quando voltar a Miami. – ela suspirou de repente.

– Que foi amor?

– Eu não consegui controlar minha ansiedade, desculpe.

– Tudo bem, essa é a primeira vez que a gente se depara com um motorista louco! – eu a fiz rir e ela beijou minha cabeça carinhosamente.

– Espero que a primeira e última!

O voo, ao contrário da corrida de táxi, foi tranquilo, e surpreendentemente não tivemos turbulência alguma, ou pelo menos eu acho que não, porque dormi no ombro de Lauren quase a viagem inteira, isso é uma das coisas que mais percebi de diferente depois que comecei a quimioterapia, tenho sentido muito mais sono que o habitual, é claro que sempre dormi bastante, mas depois de um bom banho e um café da manhã reforçado o sono ia embora e eu ia ensaiar transbordando de energia, mas agora não estou bem assim.

– Ei dorminhoca, estamos chegando. – ouvi a doce voz rouca sussurrar e sorri mesmo antes de abrir os olhos.

– Já? Mas tava tão bom aqui... – falei manhosa ouvindo seu riso e sentindo um beijo quente na testa.

– Se você quiser posso te levar no colo.

– Não amor, não precisa. – fitei seus olhos verdes, ela parecia estar falando sério.

– Eu não me importo, você... Emagreceu um pouco. – Lauren suspirou e cutucou um fiozinho solto do meu casaco.

– Eu vou recuperar logo, você vai ver. – lhe roubei um selinho. – E eu já descansei bastante durante o voo, estou mais disposta.

– Ok, então vamos pra casa.

Assim que saímos no portão de desembarque avistei uma figura familiar e já me senti em casa de novo, é claro que também me sinto lá em Miami, mas é aqui que estou construindo minha própria história, ao lado de Lauren, do filho que ganhei de presente de Deus, meu gordinho lindo, Christopher, da minha irmã que está morando aqui agora, e de todos os meus amigos queridos.

– Senhorita Cabello, seja bem vinda de volta!

– Arnold! – o abracei apertado e me senti a Masha sendo abraçada pelo Urso. – Quantas vezes vou ter que pedir pra me chamar só de Camila? – sorri.

– Vai ser difícil viu? É a força do hábito. – Ele disse sem jeito e nós rimos. – Vou buscar suas malas, volto já.

– Claro, obrigada Arnold. – Lo agradeceu. – Logo chegamos e eu preparo seu almoço rapidinho ok? – Ela me abraçou pela cintura e beijou minha cabeça.

– Ok, mas não faz beterraba não Lo, eu não aguento mais comer beterraba vinte e quatro horas por dia! – fiz bico e ela gargalhou.

– Não seja exagerada Camz! Mas tudo bem se não quiser comer hoje.

– Awn, sabia que eu te amo?

– Mesmo? Eu não sabia não. – Ela brincou me fazendo rir.

– Eu amo, amo muito. – Sussurrei em seu ouvido e sorri ao perceber seus pelos arrepiados.

– Também te amo anjo. – trocamos mais um beijo.

– Que horas você vai buscar o Chris lá na Ally? Estou morrendo de saudades do nosso pequeno.

– Ally pediu pra eu ligar quando chegasse, ela disse que traz o Chris.

– Ótimo, eu vou abraçar tanto aquele safado que ele vai enjoar de mim!

– Eu duvido, é capaz dele me expulsar da cama só pra dormir agarrado em você hoje. – Rimos.

– Malas em mãos garotas, vamos? – Arnold chegou com as malas e nós fomos para o meu apartamento.

Eu fui dormindo no carro, e quando abri os olhos me assustei ao perceber que estava nos braços do Arnold dentro do elevador, parecendo um bebê de colo, Lo estava ao nosso lado e sorriu quando percebeu que eu abri os olhos. Ela acariciou meu rosto e o gigante me pôs no chão quando a porta abriu. Estava tudo muito escuro e silencioso, mais do que eu lembrava que meu apartamento era.

– Nossa, que escuridão, acende a luz antes que a gente tropece Lo.

– Claro amor. – ela acendeu as luzes da sala de estar e eu tomei um susto ao perceber um monte de gente sorridente, com balões, fitas e até uma faixa de “Bem vinda de volta!”

Surpresa!! – eles gritaram, e eu não demorei nem três segundos pra começar a chorar, estavam todos ali, DJ, Mani, Sofi, Nina, Ally, Demi, Harry, Lou, Vero, Lucy, Roger, Rafa, Robbie, Mari, Sally, Tommy, Amber, até a Clara! As crianças... Por falar em crianças.

– Mama!! – ele veio correndo em minha direção com aquele sorriso lindo, os olhinhos claros brilhantes, suas perninhas curtas, como eu amo, como senti falta desse garoto!

– Oh meu filho! – O peguei no colo e o abracei apertado, chorando como uma manteiga derretida.

– Mama, que saudade! – ele se agarrou em mim como um bebê coala.

– Eu também meu amor! – sorri entre lágrimas e beijei sua bochecha vermelha várias vezes. – Que saudades do meu gordinho, meu Deus! – ele gargalhou com sua risada de bebê, tão parecida com a de Lauren, e eu senti os braços acolhedores da minha noiva em volta de nós.

– Ah Chris, desse jeito não sobra nem um pouquinho de Mila pra gente! – Dinah brincou o fazendo rir.

– Tudo bem, eu deixo tia DJ, mas só um pouquinho, porque a mama viajou e tá cansadinha! – Ele disse autoritário e todos riram.

Aos poucos fui cumprimentando cada um deles, primeiro quis saber como estão os bebês Norminah, graças a Deus estão indo muito bem, crescendo fortes e saudáveis, como deve ser, Dinah que está bastante impaciente por não poder fazer esforço, mas a Mani está conseguindo controlar a fera com muito jeitinho e amor.

Harry e Lou estão indo bem, apesar de uma briga recente que os deixou quase duas semanas separados, mas eles voltaram mais fortes e melosos que nunca. Outros dois que estão num mel só são o Robbie e o Rafa, o moreno finalmente teve coragem de se declarar para o crush, e os dois estão naquele clima fofinho de início de namoro. O Roger era só um amigo mesmo para o Robbie, bom, porque ele anda às voltas com um turista italiano.

Vero e Lu, assim como a Mani e a DJ, estão planejando seu casamento, o Jake está eufórico com isso, e não cansa de dizer a quem quer que seja que suas mamães vão se casar e ele vai carregar as alianças, e não sei se é impressão minha, mas acho que está pintado um clima entre o Tommy e a Mariele, eu torço para que sim, porque eles formam um belo casal, assim como a Sally e a Amber, elas acham que conseguem disfarçar, mas todos percebem quando elas somem quase ao mesmo tempo, e voltam vários minutos depois com as bocas vermelhas e inchadas.

Por falar em disfarçar, quem não sabe fazer isso nem um pouco são a Ally e a Demi, elas trocam olhares e sorrisos derretidos a todo momento, sempre dão um jeitinho de se tocarem e segurar a mão uma da outra, sem contar as escapulidas que elas dão, e que sempre voltam do mesmo jeito que Sally e Amber. E sem que eu esperasse Ally e Demi me chamaram e à Lo para conversarmos a sós.

– Então Mila... – Ally começou, seu rosto vermelho como um pimentão. – Você já sabe que Troy e eu nos separamos tem um bom tempo, e que não tem a menor possibilidade de voltarmos. – Ela terminou de falar olhando para Demi.

– Mesmo? – Olhei para ela com vontade de rir, ela definitivamente não sabe disfarçar.

– Sim, com certeza, não há nenhuma possibilidade! – ela sorriu para a cantora. – E... Bem, depois que me separei eu descobri como me divertir, como sorrir de novo... Com a Demi.

– Sei.

– E... Aos poucos eu fui vendo a pessoa maravilhosa que ela é, e... Bem, nós...

– Estamos ficando sério. – Demi completou de uma vez e Lo e eu rimos, enquanto que Ally a fitou com os olhos arregalados.

– Demétria!

– Qual é pequena? Todo mundo já percebeu. – Ela disse carinhosa e minha amiga baixinha sorriu sem jeito. – Nós queríamos contar para vocês primeiro.

– Eu não dou mais de quinze dias pra isso virar um namoro, vocês duas não se desgrudam! – Lo comentou divertida. – Parecem a Camz e eu.

– Verdade! – sorri e dei um beijinho na minha noiva.

– Mas o que me preocupa é como vamos contar isso pra Bebel. – Ally mordeu o lábio inferior.

– Contar o quê mama? – a pequenina chegou perto com as sobrancelhas franzidas.

– N-nada filha, nós só, nós... – Bebel olhou as mãos das duas entrelaçadas.

– Mama, você e a tia Demi estão namorando?

– O-o quê?! – Ally arregalou os olhos.

– É mama, você e a tia Demi sorriem uma pra outra, o tempo todo, e vivem de mãos dadas, e eu já vi uma vez a tia te dando um selinho. – Ally estava boquiaberta.

– Filha, nós vamos te explicar, mas...

– Eu gosto de você tia Demi, o papa fazia a mama chorar... Mas você faz ela rir. – A menina se aproximou da cantora. – Eu gosto muito quando a mama ri, eu fico feliz.

– E... Tudo bem pra você se eu... Ficar com sua mama, e fazê-la rir?

– Sim, quando você deu um beijinho nela, ela riu bem grandão, e eu gostei disso. Tia Demi...

– Oi meu amor.

– Promete que não vai fazer a mama chorar? Que só vai fazer ela rir?

– Eu prometo pequenininha! – Demi riu e abraçou a menina apertado. Ally pôs as mãos na boca contendo o choro. Pobres daqueles que acham que as crianças não notam as coisas, não sabem o que está acontecendo ao seu redor.

Depois fomos conversar um pouco com Clara, fazia tempo que não a via, depois que ela entrou na clínica fomos visita-la algumas vezes, mas quando fiquei doente foi uma correria tão grande que a Lo só falou com ela pelo telefone do lugar.

– Camila, como está? – ela me abraçou.

– Fazendo meu tratamento, estou indo bem até agora. E você?

– Que bom filha, eu também sigo firme no meu tratamento, com uma ajudinha extra. – Ela balançou as sobrancelhas.

– Ajuda extra? – Lo estranhou

– Sim! A Elizabeth finalmente aceitou almoçar comigo!

– Sério? Mas ela não tinha dito que não podia sair com pacientes?

– E não pode, mas a francesa não resistiu ao meu charme. – ela fez uma voz presunçosa e nós rimos. – Mas não é nada demais realmente, ela quer ir devagar, então só vamos almoçar num restaurante pertinho da clínica. Sem bebida alcoólica, esse é o trato.

– Fico feliz por você mãe.

– Eu também, e ela disse que se correr tudo bem podemos jantar na casa dela um outro dia, e ela vai me apresentar à filha, Luca.

– Mas você já está podendo sair quando quiser da clínica? – perguntei.

– Sim, eu tenho ido bem no meu tratamento e eles me deram esse voto de confiança, por isso estou aqui hoje.

– Eu fico muito feliz ao ouvir isso. – Lo se emocionou e as duas se abraçaram. – Espero que continue assim.

– Vai continuar filha, eu prometo. – Ela soltou Lauren e me abraçou. – E você vai ficar boa minha nora, confia, vai dar tudo certo.

Meus amigos não se prolongaram muito no apartamento, disseram que não queriam me cansar, e eu já estava ficando um tanto cansada de ouvir as pessoas me dizendo para descansar, mas eu os entendo, é apenas amor, amor e preocupação, se fosse qualquer um deles no meu lugar acho que faria o mesmo, talvez até um pouco mais exagerada.

Depois de jantarmos Lo chamou Sofi, Nina e Chis para ajudar a arrumar a bagunça que nossos amigos deixaram, eu quis ajudar também, mas ela disse que eu ainda estava cansada da viagem e também por conta da nossa pequena reunião, e não era mentira, eu senti mesmo o cansaço dessa tarde agitada e acabei pegando no sono no sofá, Nina me acordou com cuidado e eu fui tomar um bom banho quente para deitar na minha cama.

– Kaki, a Nina e eu já arrumamos nossa parte, estamos indo dormir ok? – Sofi chegou ao meu lado na cama e me deu um beijo na testa. Dormir, sei...

– Certo... Sofi! – a chamei antes que ela saísse do quarto. – Eu... Só quero te agradecer por ser essa menina tão forte, que me apoiou quando eu mais precisei.

Ela sorriu e sentou ao meu lado me abraçando. – Não precisa agradecer, sou sua irmã, eu te amo sua boba.

– Também te amo muito Sofi. – beijei sua bochecha vermelha várias vezes. – Ei, tem mais uma coisinha.

– Que foi? – ela sorriu.

– Você e a Nina já contaram para Dona Andrea desse namoro?

– Ainda não... – ela coçou a nuca.

– Tá demorando demais, é capaz dela ficar chateada por vocês terem levado tanto tempo pra contar.

– Eu sei, minha sogrinha é fogo, mas ela está tão de bom humor por causa dos netos, acho que vamos aproveitar esse momento.

– Façam isso, não é bom ficar escondendo as coisas.

– Eu sei, boa noite Kaki, dorme com os anjos. – Ela levantou e beijou minha cabeça.

– Você também meu amor. – me aconcheguei debaixo das cobertas quentinhas vendo desenhos, e fiquei esperando Lauren chegar com o Chris, eu já tinha tomado meu banho e agora era a vez dos dois.

– Mama, já estou cheirosinho! – meu bebê se esforçou para subir na cama e eu o ajudei.

– Deixa eu ver. – o apertei nos meus braços e cheirei seu pescocinho o fazendo gargalhar. – Iti Malia, que gordinho mai cheiroso de mama!

– Não mama! – ele ria alto, e eu amando ouvir aquelas risadinhas.

– Ei, eu também estou cheirosa! – Lo chegou no quarto fazendo bico, e eu me desmanchei a olhando apagar as luzes, deixando apenas a luz da TV iluminar o cômodo.

– É? Então vem aqui pra eu ver se está mesmo. – ela subiu na cama com uma carinha sapeca e engatinhou até mim, esticando o pescoço pra eu cheirar.

– Hum, que cheirinho de bebê, meus dois bebês! – agarrei meus amores e nós caímos na cama rindo.

– A Loli é mais bebê que eu! – Chris falou mais alto.

– Ah é, porque eu sou mais bebê que você? – ela o abraçou fazendo cócegas.

– P-por que você chora muito Loli! – Ele riu. – Quando a mama tava em Miami mais ainda. – Lo parou as cócegas de repente e nós nos olhamos por uns instantes.

– Mas agora vai ser diferente Chris, sua mama está aqui, e a gente vai cuidar bem direitinho dela, sem chorar.

– Sem chorar, até a mama ficar boa!

– Isso! – os dois tocaram um high five e eu me acabei derramando umas lágrimas enquanto sorria boba para os dois.

– Mama, é sem chorar. – o pequeno riu.

– Esse acordo é entre vocês tá? Eu estou acima dessas coisas! – Os dois riram e me deitaram na cama me abraçando.

– Ok Camz, você pode a hora que você quiser meu amor. – Ela beijou minha bochecha. – Eu vou estar sempre aqui quando suas lágrimas caírem. – Lo me deu um selinho e desligou a TV.

– Eu também mama. – senti os pequenos lábios do meu gordinho encostando em minha têmpora.

– Eu amo vocês! – me encolhi entre eles, sentindo todo o carinho e proteção dessas duas pessoas tão diferentes em idade, mas extremamente parecidas com seus corações puros.


E o tempo foi passando, eu gostaria de dizer que tudo foram flores, como no dia em que retornei de Miami, mas tive meus altos e baixos, meus cabelos não caíram, graças a touca que meu sogro comprou tão generosamente para mim, mas como era previsto eu emagreci, e fiquei fraca sim, não me envergonho de dizer, eu não podia mais dançar por enquanto, e isso me entristecia, mas para cada lágrima que eu derramei, lá estava Lauren para me fazer dar dois sorrisos em troca.

Não que ela quisesse me impedir de chorar, ou me fazer sorrir a qualquer custo, ela sempre respeitou meu tempo e minha individualidade, não seria agora que isso iria mudar, eu que sou tão boba por ela que era só olhar aquele sorriso lindo, aqueles olhos verdes, e eu já queria sorrir também, agradecer a Deus por ter colocado uma mulher tão maravilhosa no meu caminho, ela pensa que eu a salvei das suas loucuras, do seu mundo onde só havia medo e dor.

Mas ela também me salvou, não falo só do câncer em si, mas também antes disso, eu imaginava o amor de uma forma totalmente equivocada, pra mim era só sentir atração física e o restante viria com o tempo, mas não foi assim com Lauren, eu finalmente pude sentir o amor de uma forma diferente de tudo que já senti antes, talvez como ele deva realmente ser, não tenho certeza se estou certa ou errada quanto a isso, mas o que eu sinto por Lauren me faz ser muito melhor do que um dia já fui.

Com ela eu aprendi a ser paciente, carinhosa, atenciosa, eu não era muito com meus relacionamentos anteriores, mas ela me mostrou seu coração, em um mundo onde as pessoas estão sempre escondendo seus sentimentos, ela sempre foi totalmente verdadeira com ela mesma, suas reações inocentes sempre me dizem como ela se sente quando está perto de mim, talvez um pouco exposta, um pouco boba, mas sempre ela mesma, e isso mudou o modo como eu vejo o amor, eu vi que ele é muito mais e melhor que apenas beijos e abraços, o amor é... Não sei, pra mim o amor hoje é Lauren.

Lauren e seu jeito meigo e formal, sempre certinha e honesta, com todos, e eu acabei me tornando mais assim também, ao longo do meu tratamento conheci pessoas incríveis, e ouvi suas histórias, seus medos, contei os meus também, fui honesta com eles quanto aos meus sentimentos, como Lauren é, e aos poucos nos tornamos amigos, companheiros de quimioterapia, e eu só ganhei com isso.

Conheci uma garotinha linda chamada Shanti, ela é do interior da Índia e sua família muito pobre, mas conseguiram passagens para ela e sua mãe, para vir fazer seu tratamento de sarcoma aqui nos EUA, e a Doutora Sônia, juntamente com seus colegas médicos, estavam custeando tudo para as duas, e foi quando ouvi a história, não só de Shanti, mas também de várias famílias pobres que não têm dinheiro para custear um tratamento tão caro, que percebi o quanto sou privilegiada.

Eu nunca me dei conta de como é difícil para quem não tem dinheiro para pagar um plano de saúde, ter condições de ter um tratamento num hospital, aqui nos EUA não temos um sistema público de saúde, e isso é tão injusto com os mais pobres, eu me dei conta de quanta sorte eu tenho por ter nascido numa família rica, que me deu apoio e condições de ter o que eu tenho hoje, se eu saí na frente de muita gente, é porque nasci com esses privilégios, mas isso não pode ser assim para sempre! Eu tenho que fazer algo.

Dia oito de novembro vai ser um dia que eu nunca vou esquecer, foi nesse dia que eu senti o mesmo medo que minha família e amigos poderiam estar sentindo por mim, foi o dia da cirurgia da Shanti, ela teve complicações e os médicos já estavam preparando sua mãe para o pior, então eu segurei a mão da senhora Indira o tempo todo, ela me ensinou uma oração hindu, e eu acho que nunca rezei tanto em minha vida, mas graças a Deus, ou Vishnu, para quem dona Indira e eu rezamos, Shanti se saiu bem.

Depois que a deixei com a menina desabei num choro incontido nos braços de Lauren, ela derramou suas lágrimas também, mas naquele momento, e também em muitos outros, ela foi a fortaleza que precisava, está sendo, mesmo que às vezes eu fique meio chata e enjoada, já dei algumas patadas na minha bichinha, não me orgulho disso, mas ela não se importa, entende meus momentos de impaciência e pessimismo, e me apoia com seu amor incondicional.

S.M.: Chasing cars – Sleeping at last.

Amanhã é dia vinte de novembro, é um dia muito importante e eu estou uma pilha de nervos, porque minhas sessões de quimioterapia e radioterapia acabaram, e antes de ontem fiz um exame de imagem, o sarcoma diminuiu, isso significa que chegou o momento pelo qual estivemos esperando por todos esses meses, o dia da minha cirurgia.

Não estou me sentindo tão fraca quanto nos outros dias, na verdade até me sinto um pouquinho mais forte, Lauren me enche de comidas saudáveis, e de uns dias para cá comecei a aceitar tudo que ela me oferece, mesmo enjoada, porque eu sabia que o dia estava chegando, e me obriguei a comer até as beterrabas, Lo ficou radiante quando me viu devorando um pedaço enorme da raiz e me encheu de beijos.

Mas neste momento não estou conseguindo dormir, tive um pesadelo horrível, onde o médico dizia que teria de amputar minha perna e acordei chorando baixinho, graças a Deus Lo não acordou, eu não quero preocupa-la, ela está tão ou mais nervosa que eu e custou a pegar no sono, não vou acordar minha branquinha logo agora que ela conseguiu, então estou tentando voltar a dormir sozinha.

Acho já passa da meia noite e eu perdi as contas de quantos copos da água que a Lo deixa no criado mudo já tomei, e de quantas vezes fui ao banheiro por isso. É muito estranho estar debilitada, suas pernas não te obedecem como antes, seus movimentos parecem mais lentos, seu raciocínio também, é como disse um senhorzinho que teve um AVC que conheci no hospital, o seu Raimundo, “parece que a gente mudou de corpo!” ele disse rindo.

Sorri ao lembrar do seu Raimundo e desta vez não tomei água, fui tomar um ar na varanda, se Lo me visse brigaria comigo, diria que eu não posso tomar sereno, às vezes ela é mais maternal que minha própria mãe, é engraçado o modo autoritário e ao mesmo tempo tão carinhoso com que ela me dá bronca. Só a Lo me dá bronca assim.

– Camz, você está tomando sereno anjo. – não disse?

– Desculpa Lolo, é que eu não estou conseguindo dormir. – senti seus braços quentes me envolverem com carinho e sua boca beijar meu pescoço.

– Eu entendo, amanhã é um dia importante, mas não quero que pegue um resfriado. – ela me puxou para dentro do apartamento e fechou a porta da varanda. – Vamos pra cama? Hum?

– Eu não sei porque, não vou conseguir pregar os olhos mesmo.

– Eu canto pra você dormir, o que acha?

– Eu vou amar, mas você cantou antes e eu acabei acordando mesmo assim.

– Teve um pesadelo? – Ela me fitou preocupada. Como sabe?

– Eu... Só acordei e não consigo dormir, só isso.

– Pois eu acho que você teve um pesadelo sim, está com essa ruguinha no meio da testa, você só franze a testa assim quando está com medo. – Ela passou o dedo delicadamente entre as minhas sobrancelhas, eu nem tinha percebido que estava fazendo isso.

Acabei rindo. – Você é chata, porque me conhece tão bem? – descansei a cabeça no seu peito e me surpreendi quando Lauren levou as mãos às minhas coxas e me ergueu do chão me levando no colo para o quarto. – Lo! – sorri me agarrando nela como um coala e eu pensei que minha noiva fosse me pôr na cama, mas em vez disse ela começou a cantar e dançar bem devagar comigo em seus braços.

Eu apoiei a cabeça em seu ombro e me deixei levar pela canção, seus movimentos lentos me ninavam e eu até poderia pedir para ela me descer, por eu ainda ser muito pesada para ela, mas no momento eu não estava em condições de fazer isso, eu precisava desse carinho, do corpo quentinho da minha noiva, dessa dança suave e tão acolhedora, dessa voz rouca sussurrando palavras doces no meu ouvido, eu me sentia uma menina nos braços dela.

– Se eu pudesse não pensaria duas vezes em trocar de lugar com você meu anjo. – Ela disse baixinho.

– Não fala assim, eu não sei se seria tão forte quanto você está sendo. – me afastei um pouco e encostei minha testa na dela fechando os olhos, Lo ainda dançava.

– Eu estou aguentando do jeito que dá, mas eu não posso mentir pra você amor, eu nunca fiz isso e essa não será a primeira vez, eu estou com medo... – ela beijou meus lábios delicada. – Se eu pudesse te dar a minha perna eu te daria, mas infelizmente não posso. – ela terminou de falar com a voz trêmula e eu segurei o choro. Nosso maior medo era que mesmo depois da cirurgia o câncer voltasse, e isso não era algo impossível de acontecer.

– Vem cá. – desci dos seus braços e deitei na cama. – Deita aqui comigo, vamos esquecer de tudo, pelo por algumas horas.

– Tudo bem. – Lo sorriu triste e deitou atrás de mim me abraçando com força, distribuindo beijos na minha nuca.

– Só vamos ficar aqui agarradinhas dengo, esquecer um pouco que o mundo lá fora existe. – entrelacei meus dedos à mão dela que estava na minha barriga.

– Só existe você e eu?

– Isso, só você e eu...

E Lauren cantou baixinho, até eu pegar no sono, nem vi o momento em que tudo ficou mais leve, só sei que dormi como um anjo nos braços do meu amor, sem pesadelos, sem acordar novamente, a não ser pela manhã bem cedo, quando já era hora de me arrumar para ir ao hospital.

– Camz, acorda meu amor, já passa das cinco... – ela disse baixinho e beijou minha bochecha.

– Ainda tá muito cedo... – fiz manha e ouvi sua risadinha.

– Você que não quis dormir no hospital.

– É claro que não amor, eu mal consegui dormir aqui no nosso quarto com você, imagina num quarto de hospital?

– Você sabe que eu passaria a noite com você lá.

– Sei, mas eu prefiro nossa caminha. – Laur sorriu e diria mais alguma coisa, mas algo nos fez rir e encheu nossos corações de ternura.

– Eu já tô pronto pra levar você no hospital mama. – Chris apareceu no quarto com a calça social que usou no casamento de Korra e Asami, a camiseta do homem aranha, Crocs azuis e uma mochilinha vermelha nas costas. Uma combinação maravilhosa! Puxou a Lo.

– Oh meu amorzinho, vem cá! – o chamei e nosso pequeno subiu na cama, não sem antes tirar as Crocs. – A mama queria muito, muito mesmo te levar e segurar sua mãozinha, e ver seu rostinho lindo antes de dormir, mas nós combinamos que você ia ficar com a tia DJ e a tia Mani lembra?

– Eu sei, mas...

– Vamos fazer assim, quando eu estiver lá a Lolo faz uma chamada de vídeo com você, pode ser?

– Tá bom mama, eu vou te mandar um monte de beijos.

– Eu vou querer esses beijos, com certeza!

Nos arrumamos rapidamente e esperamos a Mani e a DJ chegarem, Sofia fez questão de ir conosco e esperar até que minha cirurgia acabasse, e Nina fez questão de acompanhar a namorada, Dinah também queria muito ir, mas a obstetra dela não achou bom ela passar tanto tempo dentro de um hospital, então ela e a noiva ficariam aqui distraindo o Chris, o Jake e a Bebel, porque Ally, Demi, Vero e Lucy também queriam nos acompanhar.

– Vai dar tudo certo meu minion, se cuida, e não ouse se complicar nessa merda dessa cirurgia! – DJ sempre delicada.

– Eu prometo Di, e fica bem aqui também, quero meus sobrinhos saudáveis.

– Pode deixar que eu cuido dela Mila. – Mani me abraçou. – Deus te abençoe baixinha, vai dar tudo certo.

– Obrigada Mani.

– Tia Mila, espera! – Bel veio correndo na minha direção com Jake e Chris, os três carregavam um pedaço de cartolina.

– A gente fez pra você. – Jake a ajudou a me mostrar o desenho que fizeram, acho que era eu, a Lo e o Chris de mãos dadas, com enormes sorrisos numa praia bem colorida.

– É a gente em Miami mama! Quando você ficar boa a gente vai pra lá, pra nadar e fazer castelinhos de areia! – Chris explicou.

– Own meu Deus, obrigada meus amores! – abracei os três, meus olhos já estavam marejados, mas me mantive firme, estava na hora.

Assim que chegamos no hospital encontramos com o Harry, o Lou e o pessoal do espetáculo, eles me deram força e muitas palavras de incentivo, e eu fui me preparar, a Doutora Sônia cuidou de tudo com um carinho e atenção tão grandes, que me senti mais acolhida, mais confortável.

E a Glória, aquela enfermeira gordinha que me ajudou no dia da biópsia, e que acabou se tornando uma boa amiga durante minhas sessões de quimioterapia, também estava lá com seu jeitinho de mãe, cuidou do meu pré-operatório sempre se certificando de que eu estava me sentindo bem, e por falar em mãe, ainda não vi meus pais, e está quase na hora da cirurgia começar.

– Kaki! – mama entrou no quarto junto com meu pai. – Graças, pensei que não ia mais te pegar acordada. – ela se aproximou e segurou minhas mãos.

– Ainda não me botaram pra dormir.

– Eu estou vendo, está com os olhos castanhos mais vivos e lindos ainda. – Meu pai afagou meus cabelos. – Sempre fui fascinado pela vivacidade dos seus olhos filha.

– Eles vão continuar assim papa, por muito tempo. – garanti, eu estava confiante no sucesso da minha cirurgia, e ter tantas pessoas queridas junto a mim era tudo que eu mais precisava nesse momento.

– Camila, está na hora, vamos? – Doutora Sônia entrou no quarto e eu senti um frio enorme na barriga.

– S-sim, Sônia, eu queria que a Lo estivesse no quarto quando eu tomasse a anestesia. Tem algum problema? – Lauren segurou minha mão.

– Não meu bem, sua noiva vai ser o rosto que você vai ver antes de dormir.

– Obrigada. É importante pra mim.

– Eu sei.

Fui levada até a sala de cirurgia e Lauren ficou segurando minha mão enquanto eu tomava a anestesia, aos poucos minhas pálpebras iam ficando pesadas, meus movimentos lentos e minha respiração profunda, eu estava prestes a dormir, e a última coisa que vi foi o rostinho da minha Lo, ela sorria de leve e ainda pude ver seus lábios se mexendo “eu te amo...” e tudo ficou escuro. E claro novamente.

Eu não sabia se estava mesmo acordada ou sonhando, não conseguia me mexer, muito menos abrir os olhos direito, minha boca tinha um gosto estranho, e minha cabeça parecia girar.

Camila...

Ouvi a voz da minha médica e consegui finalmente abrir os olhos, a luz forte da sala os incomodou. – Isso minha querida, está indo muito bem.

– Eu... – tentei falar, mas minha língua estava meio embolada.

– É normal, aos poucos você vai recobrando a consciência. Você ainda vai dormir e acordar algumas vezes, como se sente?

– Já é Natal?

– Não meu bem, porquê? – a médica sorriu com o cenho franzido.

– Por que eu acho... Que o trenó passou por cima de mim... – minha voz saiu mais rouca do que eu esperava. – Com Papai Noel e tudo... E olha que ele é bem gordo. – ouvi sua risada com vontade.

– Você está bem. A cirurgia foi um sucesso! – e eu dormi de novo.

Fiquei nesse dorme e acorda por algum tempo, eu nunca fiz cirurgia com anestesia geral em toda minha vida, e achei isso bem chato, mas não me incomodei tanto, o importante era que minha cirurgia tinha dado certo, Doutora Sônia foi brilhante, e com a ajuda do Doutor O'Donnell eles fizeram um ótimo trabalho na minha perna, é claro que o tamanho do meu tumor, três centímetros,  os ajudou, mas isso não tira o mérito deles em nada.

Mas feliz mesmo eu fiquei quando vi minha noiva, ela entrou no quarto quando finalmente fui transferida, e meus olhos marejaram assim que vi seu lindo sorriso de dentes brancos.

– Amor... – estiquei os braços e ela veio em minha direção me abraçando com cuidado.

– Como você está? Está sentindo alguma coisa, alguma dor? – seus olhos verdes preocupados percorreram meu corpo.

– Por enquanto não, me entupiram de remédios. – torci os lábios e ela sorriu beijando minha testa.

– Vai ficar tudo bem agora anjo, a Doutora Sônia me falou da cirurgia, de como tudo correu muito bem.

– Eu sei, ela me disse, só tenho que esperar o resultado da biópsia do tumor, e depois de me recuperar, mais quimioterapia, e depois fisioterapia... – eu disse cansada.

– Não precisamos pensar nisso agora, uma coisa de cada vez. – Lo afagou meus cabelos e beijou minha testa, e me fez carinho até eu dormir de novo.

Tive alta poucos dias depois, mas antes a Doutora Sônia ainda precisava me contar o resultado da biópsia do tumor, e isso era quem sabe a parte mais importante da cirurgia. Ele foi retirado com uma margem de segurança, que permitiu minha médica se assegurar de que não sobrasse nenhuma célula cancerígena.

E depois descobriríamos se essas células estariam localizadas nas bordas da amostra, se sim a margem seria considerada positiva, o que significa que células cancerígenas podiam ter sido deixadas no local, mas se não houver nenhuma, as margens seriam consideradas negativas e eu estaria relativamente livre do tumor, mas ainda teria de fazer quimioterapia, por garantia, e teria de fazer exames anualmente.

– Camila, Lauren, venham. – Sônia sorriu ao abrir a porta e Lo conduziu minha cadeira de rodas até a mesa dela. – E então moça, como vai essa perna?

– Dói Sônia, isso é normal? – franzi o cenho.

– Sim, nós tiramos um pedacinho do osso da sua perna. – Lauren arregalou os olhos e Sônia completou rapidamente. – Que nós preenchemos na mesma hora, usando as técnicas mais inovadoras que temos disponíveis na medicina. – e minha noiva respirou aliviada. Eu ri e beijei sua bochecha.

– Mas... E o resultado da biópsia Sônia? – Laur perguntou incerta.

– Bom, recebi o resultado há poucas horas, e fico feliz em dizer que as margens são negativas Camila! – era tudo que eu mais queria ouvir depois de todos esses meses.

– Graças a Deus! – Lo me abraçou chorando, com certeza era o que minha noiva esperava ouvir também.

– Obrigada Sônia, muito obrigada! – sorri para minha médica com os olhos cheios de lágrimas.

– De nada meu bem, mas você tem sido uma moça muito forte esse tempo todo, vocês duas. Mas sabe que tem que continuar a quimioterapia por algum tempo ainda não é?

– Sim, eu sei, mas só de ouvir isso me deixa muito feliz, eu estou... Praticamente curada não é?

– Sim, e depois que terminar todas as sessões tenho certeza de que teremos um novo resultado positivo. Você vem respondendo muitíssimo bem a todos as tratamentos.

– Assim esperamos.

– Nós teremos anjo, nós teremos. – Lauren me beijou.

Aos poucos eu estava emergindo à superfície de novo, depois de meses mergulhada em todo esse universo de medicamentos, tratamentos, hospital, diagnósticos, e que sem querer levei as pessoas que amo junto. Eles entraram comigo sem perguntar nem como, nem o porquê, apenas foram, porque me amam, e estamos voltando agora, juntos, como sempre foi.


[N.A.]: Aqui seguem alguns detalhes interessantes sobre a cirurgia de osteosarcoma, pra quem tiver curiosidade em saber mais sobre os procedimentos.

O objetivo da cirurgia é a remoção de todo o tumor, com uma margem de segurança que permita assegurar que não sobrem células cancerígenas. Após a cirurgia, toda a amostra retirada é enviada para análise. Se células cancerígenas forem detectadas nas bordas da amostra, a margem é denominada positiva. Margens positivas significam que algumas células cancerígenas podem ter sido deixadas no local. Quando nenhum sinal de doença é encontrado nas bordas do tecido, as margens são consideradas negativas.

Curetagem. Este procedimento envolve a raspagem do tumor, sem remoção de uma secção do mesmo. Em alguns casos, após a maior parte do tumor ser removida, o cirurgião tratará o tecido ósseo adjacente para eliminar quaisquer células cancerígenas remanescentes. Isto pode ser feito com criocirurgia ou usando cimento ósseo.

Criocirurgia. Neste tratamento, nitrogênio líquido é injetado dentro do espaço criado no interior do osso após a remoção do tumor. Este material extremamente frio destrói as células cancerígenas por congelamento. Este tratamento também é conhecido como crioterapia. Após a criocirurgia, o orifício no osso pode ser preenchido com enxertos ou cimento ósseo.

Cimento Ósseo. O cimento ósseo polimetilacrilato (PMMA) é inserido na cavidade do osso na forma líquida e endurece com o tempo. Ao endurecer, o PMMA emite uma grande quantidade de calor, que destrói as células cancerígenas remanescentes. Essa propriedade do PMMA permite que ele seja usado sem a criocirurgia para alguns tipos de tumores ósseos.

Após a remoção cirúrgica do tumor, o paciente, então, recebe quimioterapia adicional a fim de eliminar qualquer célula anormal residual, e, posteriormente fisioterapia.


Notas Finais


Então, como estão esses coraçõezinhos? Espero que melhor u.u

O que a Camz passou acabou por concientiza-la mais das dificuldades dos mais necessitados.

E do jeitinho que ela é, acho que não vai ser spoiler nenhum se eu disser que vai acabar fundando uma ONG, para ajudar as pessoas carentes com câncer né?

Um adendo final: no parágrafo onde ela fala do seu Raimundo, é uma pequena homenagem a um grande escritor Pernambucano, Raimundo Carrero, que tive o privilégio de trabalhar junto durante três anos. Ele é uma das pessoas mais doces e inteligentes que conheço, um velhinho da hora!

E realmente escreveu um livro chamado "O senhor agora vai mudar de corpo." Onde ele conta a experiência de sofrer um AVC e o que vem depois disso, além de tantos livros ótimos que ele já escreveu. Deem uma olhadinha na obra de Raimundo Carrero, é incrível!

Besitos, até o próximo! 😘😘😘


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